O Estado de S. Paulo traz nesta segunda-feira interessante reportagem sobre a cada vez mais acirrada briga entre as redes Record e Globo por pontos no Ibope, inclusive no horário nobre. A matéria tem como gancho a estréia do Jornal da Record e o projeto da emissora de se tornar um ‘clone’ da TV Globo, com a contratação de profissionais que já trabalharam na emissora líder.
Outros destaques do dia são os textos de Fernando Rodrigues, na Folha de S. Paulo, e de Carlos Alberto Di Franco, no Estadão, ambos analisando temas relacionados à mídia e o processo eleitoral deste ano. As eleições já estão nas ruas, embora sem candidatos formais, conforme bem observou a cientista política Lucia Hippolito.
Leia abaixo os textos desta segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 30 de janeiro de 2006
ELEIÇÕES 2006
Os marqueteiros
‘Vários publicitários de renome no mundinho político tendem a ficar de fora das eleições neste ano. Nizan Guanaes, Nelson Biondi e Duda Mendonça são alguns -por motivos públicos diferentes.
Há uma profunda mudança em curso na área político-propagandística brasileira. Parece que a moda agora é ser ‘conhecido pela discrição’, como se tal feito fosse possível quando se trata de marketing.
O fenômeno dos marqueteiros no Brasil passou por alguns estágios. Na volta do país à democracia, nos anos 80, a maioria desses profissionais vinha do jornalismo, fazia propagandas pobres esteticamente na comparação com a já boa qualidade técnica da TV nacional. A inflexão foi em 1989, com Fernando Collor -emblematicamente tendo Duda Mendonça entre seus colaboradores.
Os anos 90 foram para os profissionais de marketing político no Brasil uma espécie de eldorado. Cobravam-se milhões de dólares. Os políticos pagavam. Em 98, alguém teve a idéia de levar para um pequeno Estado do Nordeste um técnico em software de edição digital de vídeo. O assombro dos locais foi parecido ao dos índios quando viram Caramuru atirar para o ar com uma carabina.
Políticos ignorantes, publicitários gananciosos e falta de estrutura partidária decente foram três fatores que fizeram a riqueza de muitos desses marqueteiros.
Chegou o século 21 e hoje até os políticos do interior têm acesso à internet. Fazer um clipe com qualidade razoável custa centavos de real. A fórmula de uma campanha eleitoral já é conhecida por todos: pesquisas quantitativas, qualitativas, grupos assistindo ao programa previamente e momento histórico adequado.
É possível que ainda alguns ganhem muito dinheiro na eleição de outubro. Pode até ser. Nesse caso, são políticos e marqueteiros de mãos dadas enganando os eleitores.’
TODA MÍDIA
Cotidiano
‘No meio da tarde de sábado e da narração do futebol, já estava nas rádios.
‘A delegada não quis atender à imprensa por um pedido da Secretaria da Segurança’, dizia a Jovem Pan, mas o assalto com ‘reféns’ à residência de Antônio Ermírio de Moraes era destaque em quase toda parte.
Não na Globo, onde passou batido pelo ‘Jornal Nacional’ e até pelo ‘SPTV’. Também não no ‘SBT Brasil’.
Mas foi a primeira manchete no ‘Jornal da Band’ e a segunda no ‘Jornal da Record’.
Neste início de ano eleitoral, a mesma Secretaria da Segurança retorna hoje às manchetes em outro cenário, com números. Era o que adiantava ontem o próprio candidato-governador, de bate-pronto.
Enquanto as quatro redes se dividiam entre o assalto em São Paulo e a ‘o temporal de duas horas’ no Rio de Janeiro, as imagens chocantes do resgate do bebê em Belo Horizonte, do saco plástico lançado na lagoa da Pampulha, recebiam atenção bem menor.
Mas desde logo, pelo menos para o correspondente da BBC, foram o foco.
Até que chegou o ‘Fantástico’ e dedicou sua abertura inteira às cenas e à narração trágica, com redenção no final -e um juízo açodado da mãe.
O CAOS
Cenas dos tiros no estádio haitiano
Hoje à noite nos EUA, no canal Discovery, vai ao ar um documentário produzido pelo ‘New York Times’ sobre como se desfez a democracia no Haiti. Em destaque, como mostrava ontem o site do jornal, as cenas da morte de ‘torcedores de futebol’ num estádio, por policiais.
É um contraste forte com o ‘jogo da paz’ da seleção brasileira no mesmo Haiti. Mas ainda assim, na reportagem destacada na primeira página do ‘NYT’ ontem, a ONU e o Brasil de Lula foram poupados.
O que ficou flagrante foi como Otto Reich e outros diplomatas ‘falcões’ de George W. Bush articularam a derrocada do presidente democraticamente eleito Jean-Bertrand Aristide -ou, na expressão que o ‘NYT’ evita, o golpe.
NO AR
A Telesur de Hugo Chávez fez a cobertura mais extensa, que foi possível seguir pelo site arcoiris.tv, mas a TV Brasil de Lula, com transmissão pelo site da Radiobrás, desta vez se fez mais presente -ou concorrente. É o esforço conhecido de, como vai o discurso, ‘democratizar’ as transmissões de televisão. Mas, para um Fórum Social Mundial tão concentrado no debate da relação entre os movimentos sociais e os governos seus companheiros, o melhor era acompanhar por uma terceira via. A TV do site Carta Maior, ligado aos movimentos, também cobriu extensamente. Com a vantagem de reproduzir as críticas dos participantes do próprio fórum -à falta de maior ‘independência’ da própria Telesur ou à força de paz no Haiti, ‘patrocinada pelos EUA e chefiada pelo Brasil’.
Google, o mal
A Google acaba de chegar ao Brasil, ainda com a aura -e o bordão publicitário- de fazer ‘o bem’. Segundo o ‘Valor’, por aqui ela ‘já planeja ir além da busca’, com uma ‘educação do mercado’.
Mas a aura quase se desfez, não tem uma semana, com a sua aceitação da censura chinesa. Pelo maior mercado da Terra, ‘removeu algumas informações sensíveis’ do Google.cn.
Entre outras, diz o News.com, aquelas dos sites Save Tibet ou salve o Tibet e BBC.
Google, o bem
Em reação à cobertura e às campanhas de internet lançadas de imediato, a Google bem que abriu alguns sites censurados de início, tipo catholiclesbians.org e budweiser.com.
Mas a esperança da gigante, para recuperar a imagem, está no próximo dia 27 de fevereiro, quando começa o julgamento de uma ação do governo dos EUA -exigindo que abra registros de busca. Como no princípio, a Google resiste ao poder.’
CASO JEAN CHARLES
Dado sobre Jean foi forjado, diz jornal
‘O jornal ‘News of the World’ informou, em sua edição de ontem, que a unidade que monitorava o apartamento de Jean Charles de Menezes no dia em que a polícia de Londres assassinou por engano o brasileiro, 22 de julho passado, foi a responsável pelo erro e falsificou dados de seu livro de registro para se livrar da culpa.
A fonte do tablóide dominical, que tem tiragem de 3,7 milhões de exemplares e costuma pagar muito dinheiro em troca de furos jornalísticos, foi um integrante do governo, não identificado, que teve acesso ao relatório da IPCC, a comissão independente que investigou o caso.
Pela versão da polícia, que é contestada pela família de Jean Charles, no dia da morte um grupo de agentes especiais vigiava o conjunto habitacional onde o brasileiro morava, na zona sul de Londres, pois ali também vivia Osman Hussein, suspeito de ter tentado cometer, na véspera, um ataque a bomba numa estação de metrô, que acabou falhando.
Segundo a reportagem do ‘News of the World’, essa unidade passou para o comando do esquadrão armado da Scotland Yard a mensagem de que aquele era o homem que eles buscavam. Dez horas depois, numa reunião de balanço sobre a missão, a unidade especial de monitoramento, já ciente de que um inocente havia sido assassinado, teria alterado o documento -e, assim, jogado a responsabilidade para o esquadrão armado e os oficiais que lhe deram a ordem para atirar.
A fonte contou ao jornal que as palavras ‘e’ e ‘não’ foram inseridas no informe da identificação de Oman, para que se lesse, ‘e não era Osman’, em vez de ‘era Osman’, como no original. A falsificação no documento é ‘grosseira’, de acordo com a fonte.
O relatório da IPCC é o principal instrumento da investigação. Foi finalizado há 11 dias e encaminhado ao CPS (Crown Prosecution Service, equivalente ao Ministério Público britânico), que decidirá se vai denunciar judicialmente os envolvidos.
Logo após a morte de Jean Charles, o canal ITV News revelou dados, também vazados da investigação da IPCC, que desmascararam a versão original da polícia de que o brasileiro pulou as catracas da estação de Stockwell, não obedeceu ordens para parar e vestia um casado de frio, que poderia esconder bombas.
Foi também a ITV quem informou que o agente responsável pela identificação do suspeito saiu para ir ao banheiro na hora em que Jean Charles deixou o seu apartamento em direção ao ponto de ônibus -o ‘News of the World’ não cita o episódio.
Hoje, uma missão do governo brasileiro que acompanha o caso e já estivera em Londres em agosto, inicia nova visita à cidade. Pretende, segundo nota emitida pelo Itamaraty, ‘compreender as razões de a família ainda não ter tido acesso ao relatório produzido pela IPCC’, dar seqüência aos contatos feitos em agosto, se reunir com a família e os advogados, encontrar com o chefe do CPS e se informar sobre os próximos passos do processo.
‘Cada dia que passa aparece uma coisa nova, e nós só sabemos pela mídia, porque não temos o relatório. Eles [a IPCC e o governo britânico] encobrem erro com erro e tratam a gente cada dia com mais desprezo’, disse Giovani de Menezes, irmão de Jean Charles.’
TELEVISÃO
Rede TV! promete pôr Maradona para correr
‘A Rede TV! fará neste ano 22 transmissões de uma ‘modalidade’ de futebol disputada em uma quadra em que a bola só sai quando entra no gol. Os eventos levarão o título de ‘Show Ball’.
Segundo José Emílio Ambrósio, diretor de jornalismo da emissora, o ‘torneio’ reunirá ex-campeões mundiais, como o argentino Maradona e os brasileiros Dunga, Ricardo Rocha e Zetti. Jogadores ainda em atividade poderão participar, como convidados.
Todos os jogos serão disputados por uma ‘seleção’ master brasileira contra outro time _não necessariamente de outro país. ‘Itália e Espanha já estão confirmadas’, afirma Ambrósio.
Os primeiros quatro jogos serão entre Brasil e Argentina. A estréia será dia 18, provavelmente em Brasília, com Maradona como capitão argentino. Em 25 de fevereiro, a disputa será em São Paulo. Estão programadas outras duas partidas na Argentina em março.
Organizado pela agência Sport Promotion, o ‘Show Ball’ será disputado em uma quadra de 45 m por 25 m (pouco maior do que a do futebol society), em ginásios. Serão oito jogadores de cada lado, incluindo o goleiro.
A quadra terá uma proteção nas laterais e nas linhas de fundo. A bola bate nela e volta ao campo. ‘Vai ter muita correria. O jogo só pára quando tem gol e falta’, diz Ambrósio. Serão dois tempos de 25 minutos cada. As transmissões serão aos sábados, às 18h.
OUTRO CANAL
Aposentadoria 1 A Globo não vai mais usar no Carnaval do Rio a ‘cable cam’ (câmera presa a cabos) que testou na Sapucaí em 2005 e em um amistoso da seleção brasileira. No Carnaval, a câmera virou até notícia no ‘Jornal Nacional’, mas no futebol foi um desastre.
Aposentadoria A Globo desistiu da ‘cable cam’ (alugada de uma empresa dos EUA) porque não gostou do ‘resultado artístico’. Diz que o desfile das escolas de samba segue de forma linear, ao longo da avenida, e que a câmera faz movimentos perimetrais, em volta de toda a área, o que julga não ser ideal para o evento.
Vida real A MTV estréia em fevereiro ‘Vidalog’, um programete sobre seis rapazes e seis garotas comuns que contam suas vidas, como se fosse num blog na internet. Para André Mantovani, diretor-geral da emissora, o programa ‘deve gerar certa polêmica pela crueza dos assuntos abordados’.
Troféu Produzida pela Giros para a DirecTV, a série musical ‘7 X Bossa Nova’ ganhou sexta-feira medalha de prata no Festival Internacional de Televisão de Nova York.
Sem riso Como era de se esperar, a série ‘Avassaladoras’, que estreou sexta-feira na Record, consegue ser pior do que o filme (fraquinho) que a gerou.’
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O Globo
Segunda-feira, 30 de janeiro de 2006
INTERNET
Esquizofrenia e saturação
‘Arevista ‘Wired’de fevereiro traz duas matérias que poderiam nos levar a crer que a Sony sofre de esquizofrenia. A primeira é intitulada ‘Rip-Off Artist’ e diz o seguinte: ‘Seu TiVo acaba de encontrar rival à altura no Vaio XL2 da Sony. O Windows Media Center PC tem um tocador de CD com capacidade para 200 discos que, com um único clique, lhe permite ‘ripar’ este tanto de CDs enquanto você dorme’. Como se sabe, ‘ripar’ um CD é converter as faixas de áudio para arquivos MP3 ou WMA, para depois ouvi-los, trocá-los ou oferecê-los para download. Só que esses dois últimos atos são considerados pirataria.
Quanto ao TiVo, trata-se de marca famosa nos EUA, um aparelho DVR (digital video recorder) que funciona como um antigo gravador de videocassete, só que permite gravação de programas de TV num HD interno, permitindo assisti-lo depois. Comparar um TiVo ao Vaio XL2 Digital Living System da Sony faz até certo sentido. A XL2, com seu item opcional, o tal ‘CD/DVD changer’ para 200 discos, é um paraíso para a turma que gosta de ripar discos originais com finalidades escusas ou não.
A segunda matéria na ‘Wired’ tem o título ‘The Rootkit of All Evil’. Nela se lê que ‘o esquema de proteção anticópias da Sony BMG confunde a linha que separa um hacker de alguém agindo legalmente’. A leitora deve se lembrar de confusão do ‘rootkit’ que se deu em outubro de 2005, quando a Sony bolou um método de proteção em seus CDs que enfiava processos escondidos nos PCs de quem os ouvisse.
Ou seja, a mesma Sony, que pretende impedir que se copiem seus CDs protegidos, anuncia que seu XL2 com 200 CDs/DVDs permite ripá-los com um único clique. Imagine só o que pensaria um júri se a Sony abrisse um processo de pirataria contra um usuário de um Vaio XL2. A própria Sony seria cúmplice do crime. A menos, é claro, que no manual do XL2 viesse escrito em letrinhas bem pequenas que ‘a utilização deste aparelho pode levar o usuário a ser processado por pirataria, caso ripe CDs originais’.
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Duas recentes turbulências no mundo dos blogs. A primeira delas foi logo agora início do ano, quando os jornalistas do ‘Washington Times’ receberam um memorando interno dizendo que ‘qualquer membro do staff que planeje criar ou contribuir regularmente para um blog na internet, website ou qualquer outro sistema de BBS eletrônico precisará antes solicitar e obter permissão dos editores mais graduados’. Os chefões só darão esta autorização se o funcionário concordar por escrito em só atualizar e pesquisar para seu blog particular em horários fora do expediente. Precisa também se comprometer a nele não abordar temas em que esteja trabalhando no jornal. A justificativa da direção é que, em função da existência de máquinas de busca como o Google, um internauta inexperiente poderia confundir as idéias publicadas nos blogs privados com as posturas adotadas pelo jornal, misturando as bolas e prejudicando a empresa.
A segunda confusão foi na semana passada num outro jornal da mesma cidade, o ‘Washington Post’. Jim Brady, editor-executivo, decidiu eliminar por prazo indefinido a área de comentários do blog oficial do jornal. Plenamente consciente do imenso valor que tem o feedback dos leitores do blog, a direção se declarou desapontada com a baixaria dos autores dos comentários, que partiam para ataques pessoais, palavreado profano e escrita odiosa. Diante do custo de filtrar e moderar os comentários, preferiram retirar dos leitores a possibilidade de enviar feedback, pelo menos por enquanto. Garantem que continuam cucando alguma forma de reativar os comentários, mas confessam que ainda não têm uma solução final para a questão.
Naturalmente, a reação da comunidade de leitores do ‘Post’ foi enérgica. Uns acusaram o jornal de ter medo de ser criticado nos comentários. Outros alegaram que não conseguiram encontrar nos comentários nenhuma ocorrência de ataques pessoais, linguajar profano ou mensagens inflamadas. A direção rebateu dizendo que o jornal sempre foi transparente sobre a área de comentários no blog. Quanto ao fato de não terem sido encontrados posts agressivos ou chulos, foi explicado que os moderadores, cumprindo à risca sua função, suprimiram os tais posts que não aderiam às regras estipuladas para os comentários.
Esta decisão do ‘Post’ gerou um acalorado debate, que foi parar até na PBS, a TV pública americana. Na ocasião, Jeffrey Brown entrevistou Jim Brady e Xeni Jardin, responsável pelo premiado blog Boing Boing. Em tempo: o ‘Post’ permitia que os leitores postassem comentários anônimos e sem moderação, ou seja, receita certa para o desastre. Não sei qual foi a surpresa de que tenha dado tudo errado.
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Os links de hoje estão em http://catalisando.com/in foetc/20060130.htm.’
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 30 de janeiro de 2006
DIRETÓRIO ACADÊMICO
Mais jornalismo e menos marketing
‘Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do marketing de alguns políticos. Assiste-se, freqüentemente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferramenta importante para a transmissão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação. Estamos assistindo à morte da política e ao advento da era da inconsistência. Os programas eleitorais vendem uma bela embalagem, mas, de fato, são paupérrimos na discussão das idéias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os candidatos. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos de um espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia verdadeira e amadurecida.
Por isso, uma cobertura de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. Não basta um painel dos candidatos, mas é preciso cobrir a fundo as questões que influenciam o dia-a-dia das pessoas. É importante fixar a atenção não nos marqueteiros e em suas estratégias de imagem, mas na consistência dos programas de governo.
O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa. Na prática, não obstante a teoria da agenda-setting (Maxwell McCombs e Donald Shaw, formuladores da hipótese, afirmam que o debate público é determinado pelas pautas dos jornalistas), atribuir à imprensa uma influência decisiva na determinação da agenda do público, tal poder, de fato, passou a ser exercido pelos políticos. O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.
Outros desvios éticos podem comprometer a qualidade da cobertura eleitoral. Sobressai, entre eles, o perigoso jornalismo de dossiê. Os riscos de instrumentalização da imprensa são evidentes. Os protagonistas do teatro político não medirão esforços para fazer com que a mídia, à sua revelia, destile veneno nos seus adversários. Por isso, é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre uma pauta investigativa: checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? Trata-se de eficiente terapia no combate ao vírus da leviandade.
O esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer o seu intransferível dever de denúncia. A sociedade quer um quadro claro, talvez um bom infográfico, que lhe permita formar um perfil dos candidatos: seus antecedentes, sua evolução patrimonial, seu desempenho em cargos atuais e anteriores, etc. Impõe-se, também, um bom levantamento das promessas de campanha. É preciso mostrar os eventuais descompassos entre o discurso e a realidade. Trata-se, no fundo, de levar adiante um bom jornalismo de serviço.
Os políticos, pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com o rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Além disso, contam com a amnésia coletiva. O jornalismo de qualidade deve assumir o papel de memória da cidadania. Precisamos falar do futuro, dos projetos e dos planos de governo. Mas precisamos também falar do passado, das coerências e das ambigüidades.
Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essas reações nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Recentemente, um inconformado político se referiu à imprensa que desencadeia a pressão popular contra homens públicos aéticos, comparando-a, com cinismo, à ‘ditadura militar’. Tais declarações, marca registrada de políticos apanhados com a boca na botija, não nos devem preocupar. Afinal, todos, independentemente do seu colorido ideológico, procuram o bode expiatório para justificar seus deslizes. A culpa é da imprensa! O grito é uma manifestação de desprezo pela verdade.
Personalidades públicas, inúmeras, têm procurado usar a mídia. Afirmam e depois, cinicamente, desmentem o que afirmaram. Nós não podemos ficar reféns desse jogo. Os meios de comunicação existem para incomodar. Um jornalismo cor-de-rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública. Nosso compromisso não é com as celebridades, mas com a verdade, com a informação bem apurada e com os leitores. E nada mais.
O Brasil está passando por uma profunda mudança cultural. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Mas uma coisa é a miséria do homem; outra, totalmente diferente, é a indústria da corrupção que está aí. Esta, sem dúvida, deve e pode ser combatida com os instrumentos de uma sociedade civilizada. Transparência nos negócios públicos, ética e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las.
Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo para Editores e professor de Ética Jornalística, é diretor para o Brasil de Mediacción – Consultores em Direção Estratégica de Mídia (Universidade de Navarra). E-mail: difranco@ceu.org.br‘
CASO JEAN CHARLES
Policiais britânicos adulteraram prova sobre morte do brasileiro, diz jornal
‘Vários policiais que vigiaram o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto em Londres há 6 meses por agentes que o confundiram com um terrorista, falsificaram provas para ocultar os erros que causaram a execução, publicou ontem o News of the World. O jornal sensacionalista britânico afirma que essa acusação está incluída no relatório da Comissão Independente de Queixas à Polícia, que investigou o caso. O informe indicaria que um diário sobre os últimos movimentos do brasileiro foi alterado por agentes da Brigada Especial da Scotland Yard para ocultar o fato de que eles identificaram erroneamente Jean como um dos terroristas dos atentados de 21 de julho.’
RECORD vs. GLOBO
Globo e Record na novela do ibope
‘‘Quem imita a Globo corre o risco de fazer uma Globo malfeita.’ A tese sustentada anos pelo diretor e veterano da TV, Luciano Callegari, que comandou redes como SBT e Record, parece estar se esvaindo. Pelo menos é isso que apontam os índices de audiência alcançados pela Record nos últimos meses – até então, a 3ª emissora em ibope – e a confusão que a rede comprou com a Globo por conta disso.
Callegari acreditava que, se um canal queria conseguir bons índices, deveria fugir do formato criado por Walter Clark e Boni na Globo nos anos 60: novela/noticiário/novela, que esmaga há tempos a concorrência. Afinal, ninguém faz melhor folhetins e noticiários do que a líder.
A Record não pensa assim.Tanto é que adotou a tática camicase de clonar a programação da Globo. A mais recente investida nessa direção estréia hoje, às 20h15: o novo Jornal da Record. Bancada azul, móveis hi-tech, computadores tela plana na redação ao fundo e Celso Freitas e Adriana Araújo (ambos, ex-Globo) no comando. Na equipe de reportagens, egressos da emissora carioca como Abigail Costa, Silvestre Serrano, Cristiana Gomes e Lúcio Sturm. Na chefia de produção, Luís Malavolta, mestre em reportagens com câmera escondida – na Globo, é claro.
Um telespectador desavisado pode, ao trocar de canal, pensar que se trata de uma nova versão do JN. É justamente essa confusão que a Record quer causar, e lucrar com ela.
‘Claro que nos beneficiamos dessa confusão de canais . É assim que se acaba com a inércia de algumas pessoas de ligar a TV na Globo e deixar’, fala o presidente da Record, Alexandre Raposo.
DOSES HOMEOPÁTICAS
Essa ‘clonagem’ realizada pela rede do Bispo Macedo começou devagar, com uma imitação desacreditada do Fantástico lançada em abril de 2004, o Domingo Espetacular. Vieram, na seqüência, em doses homeopáticas, vinhetas semelhantes às da líder, um remake de Escrava Isaura, ações sociais, jornalísticos locais, pacote milionário de filmes, construção de estúdios no Rio, vendas internacionais, contratações em massa de ex-globais e uma novela feita à sombra e semelhança dos folhetins da Globo, Prova de Amor.
Filhote de Tiago Santiago, autor, e Alexandre Avancini, diretor – ambos ex-Globo -, Prova de Amor passou com facilidade o SBT em ibope e vinha encostando na Globo com a brecha deixada pela famigerada Bang Bang, alcançando médias de 18, 21 pontos. Encostou tanto que, no dia 19, chegou a passar em audiência por alguns minutos o Jornal Nacional, por 25 pontos, ante 21 da Globo. A Record soltou fogos. No dia seguinte, correu atrás do rojão. O índice consolidado mostrava que sua novela tinha apenas empatado com JN por alguns minutos, e que, na média geral, o noticiário tinha vencido. A Record relutou, cobrou explicações do Ibope. Alguns comunicados oficiais depois (Globo e Record estão trocando farpas na impressa), Prova de Amor voltou a encostar no JN, só que na medição de ibope no Rio de Janeiro.
Bastou para a emissora voltar a comemorar e, com isso, despertar a ira da líder, que tem lá sua razão. Nos demais dias o JN se manteve na frente na Record com larga diferença.
‘É de se estranhar que na medição prévia do Ibope Prova de Amor tenha vencido por alguns minutos o JN, e no dia seguinte, com os dados consolidados, a Globo apareça na frente com uma diferença de 4 pontos. Que arredondamento é esse?’, indaga o presidente da Record, Alexandre Raposo. ‘Os dados oficiais do Ibope são os consolidados’, fala o diretor da Central Globo de Comunicação, Luís Erlanger.
Para se defender – quem diria, a Globo se defendendo da Record – a rede esticou o Jornal Nacional mantendo-o no ar mais de 30 minutos ininterruptos antes de dar o primeiro break comercial, tática para segurar a audiência evitando o zapping. Está também renovando a toque de caixa contratos de autores, atores e da equipe técnica de suas atrações.
Também pudera. Além de estrear uma nova novela em março, Cidadão Brasileiro, de Lauro César Muniz – sim, ele também trocou de emissora -, a Record prepara para 2006 uma espécie de Malhação, novelinha juvenil para a faixa das 18h, uma minissérie, um folhetim novo para 19h, uma sitcom no estilo Grande Família, e mais alguns genes clonados da programação da Globo. De três meses para cá, mais de 50 profissionais contratados por obra ou com contrato fixo com a Globo migraram para a Record.
‘Não estamos clonando a Globo, queremos a qualidade dela, que nem dela é, é mundial. Se alguém copiou alguém é a Globo, que copiou líderes mundiais como a CNN’, ataca Raposo, da Record. ‘Não queremos ser a Globo, queremos ser melhor.’
Para Erlanger, da Globo, é prematuro avaliar se essa produção de novelas da Record veio para ficar. O que incomoda mesmo, diz, é essa guerra por elenco baseada na quebra de contratos.
‘A experiência demonstra que, além de não ser criativo, não é bom negócio se apostar em ser cópia. O público acaba preferindo o original’, diz Erlanger.
NÚMEROS
Até quando a Record vai adotar e bancar essa atitude, ninguém sabe, o fato é vem dando resultados. Desde que adotou a estratégia a rede viu sua audiência subir de 5,5 pontos (2004) no horário nobre para 7,2 pontos no ano passado. Na lista dos programas mais vistos na Grande São Paulo no início de janeiro deste ano, Prova de Amor aparece com 16 pontos de audiência, mesmo índice alcançado pelo primeiro lugar do SBT, a sessão de filmes Oito e Meia no Cinema. Justiça seja feita, ambas (Record e SBT) passam longe dos 47 pontos da Tela Quente da Globo e dos 40 de Belíssima.
O reflexo desse crescimento também é sentido em cifras. A Record fechou 2005 com um crescimento no faturamento de 40% em relação a 2004. Para 2006, o crescimento esperado é de 35% em relação a 2005, que girou em torno dos R$ 700 milhões. O mesmo do SBT. Muito abaixo dos 4,3 bilhões da Globo.
‘Em Cidadão Brasileiro esperamos gastar o equivalente a R$ 25 milhões. Se empatarmos em faturamento já estamos ganhando’, fala Raposo, da Record. ‘A Globo se orgulha por ser uma empresa que vive da receita clássica: a venda de propaganda’, alfineta Erlanger, ao tocar no calcanhar-de-aquiles da Record, a proprietária da emissora, a Igreja Universal, que recebe fortunas em doações de fiéis. Ao que tudo indica, a briga vai longe.’
TELEVISÃO
Globo vai lançar canal internacional de futebol
‘A Globo pretende lançar ainda neste semestre um segundo canal pago internacional com programação 24 horas sobre futebol brasileiro. Ainda sem nome definido, o canal está sendo negociado pela Divisão de Negócios Internacionais da Globo para ser lançado no mesmo esquema do já na ativa Globo Internacional, que está em 46 países oferecido por operadoras de TV paga. Bem, é justamente com as operadoras que a rede está negociando.
O Clube dos 13, que vende os direitos dos principais campeonatos do Brasil para a Globo, já acertou com a rede o direito das partidas para o novo canal. Uma das opções da emissora é distribuir o canal na cota de canais que tem acordada com a News Corp., como parte da negociação para a venda do controle da Sky. Essa negociação foi uma das conversas da Natpe, feira internacional de TV que ocorreu em Las Vegas na semana passada.
Além de futebol, a Globo aproveitou para levar para a Natpe três produtos para serem vendidos: América, Sabor da Paixão e Cabocla. A emissora apresentou seus produtos em uma encontro na quinta-feira. Os compradores, em geral, já têm contrato com a rede por vários anos, e a cada uma dessas feiras escolhem as novelas que querem exibir.’
Taíssa Stivanin
Daniela Cicarelli fica na MTV
‘Apesar do furacão que envolveu sua vida no ano de 2005 – casamento com o jogador Ronaldo, separação e perda de vários contratos publicitários -, Daniella Cicarelli segue firme no comando de Beija Sapo, seu programa de namoro, que vai ao ar às quartas, às 22 horas, na MTV.
O contrato da modelo vence em fevereiro e deve ser renovado. Na nova programação 2006, que ainda não foi divulgada, a emissora deve fazer algumas modificações no programa. Os ‘preteridos’, ou seja, os participantes descartados pela princesa, selecionados via internet, também terão de beijar alguém durante o programa.
VIDALOG
A MTV preparou uma estréia relâmpago: reuniu cinco jovens, de 16 a 22 anos, para estrelar o novo programete da emissora, que estréia hoje, às 11h58. Vidalog,como foi batizado, fica no ar durante um mês, até o dia 24.
Serão exibidos dois programas inéditos por dia, de manhã e às 23h58, com reprises durante a programação, entre intervalos de aproximadamente 1h30 cada.
Os jovens, três de São Paulo e dois do Rio de Janeiro, onde a emissora possui afiliada, vão falar sobre suas preferências musicais, amigos, família e sobre o que pensam sobre sexo e outros assuntos do universo adolescente. São eles: Felipe, de 22 anos, estudante de Administração; Carol, de 18, rapper e moradora da Cidade de Deus, Rio; Junior, de 18, DJ; Débora, de 16, vegetariana e vocalista de duas bandas; e Fernanda, de 21, que cursa faculdade de moda e mora sozinha em São Paulo. Os programas vão mostrar drops da vida de cada um deles. Com direção de Lilian Amarante, Vidalog propõe-se a ter um formato gráfico que lembre um blog – diário virtual hospedado na internet.’
INTERNET
Jobs, quem diria, engoliu a Disney
‘Em 1990, Steve Jobs ainda não tinha retornado à Apple e equilibrava-se entre a presidência de duas empresas. Uma, a NeXT, fabricava computadores negros e estupendamente bonitos que rodavam um fantástico sistema operacional. A outra, a Pixar, ele havia comprado fazia pouco tempo de George Lucas – pai das séries de filmes Guerra nas Estrelas e Indiana Jones – e tinha como projeto fazer digitalmente desenhos animados de longa-metragem.
E lá estava um jovem Steve Jobs perante o presidente da Disney, Michael Eisner, e de seu então braço direito, Jeffrey Katzenberg. Charmoso como lhe é típico, Jobs apresentou suas máquinas à dupla até que, conforme começava a demonstrar os programas da Pixar, foi interrompido. ‘Isto aí’, disse Katzenberg apontando os computadores, ‘é comércio. Eu talvez compre uns mil deles. Aquilo ali’ – apontava para a máquina rodando animações rudimentares – ‘é arte. Eu sou dono de toda a animação que existe. Ninguém toca nisso.’
A história, publicada pelo jornalista Alan Deutschman no livro The Second Coming of Steve Jobs (a segunda vinda de Steve Jobs) ficou particularmente irônica esses dias. Quando a Disney finalmente comprou a Pixar com ações, semana passada, fez de Steve Jobs o maior acionista individual da empresa. Katzenberg, hoje sócio de Steven Spielberg, era um empregado da Disney. Jobs agora é dono de fato.
Uma meia dúzia de anos antes, Eisner tinha assumido a presidência da Disney com um discurso de que estúdios de cinema estavam no negócio da criatividade e que não podiam jamais esquecer disto. Ficou pouco mais de duas décadas no comando, afundou a empresa, largou o cargo em meados do ano passado. A primeira coisa que seu sucessor fez foi chamar Jobs. Esta longa história é um bocado reveladora dos impasses correntes.
Toda a história da administração Eisner está bem contada em Disney War, de James Stewart, recém-lançado no Brasil pela Ediouro. É típica das empresas de mídia durante os anos 90: largaram a criatividade de lado e partiram para uma série de aquisições. Incharam. A rede de tevê, o estúdio de cinema, a gravadora de discos, tudo é uma megaempresa só. Por um motivo simples: a Bolsa. Wall Street.
Funciona de maneira simples. Quem joga na Bolsa joga a curto prazo, costuma estar mais preocupado com resultados trimestrais de empresas do que com seu futuro décadas à frente. Tudo muito justo. Só que os grandes conglomerados de mídia passaram a ser dirigidos aos sabores desta trupe de acionistas. Mau negócio – principalmente num tempo em que o produto que a mídia fabrica, seja notícia, seja entretenimento, está deixando de ser analógico para assumir-se digital. É uma época tensa, de mudanças profundas.
Pensar a curto prazo quer dizer tentar fazer muitas coisas ao mesmo tempo na esperança de que algo terá sucesso. Quer dizer também cortar custos, tanto quanto possível – e isso com alguma freqüência quer dizer pessoal. Quando se corta-se gente se perde criatividade por dois motivos. Primeiro porque alguém foi embora. Segundo porque outro alguém terá que trabalhar por dois e quem trabalha por dois o faz no automático, não há espaço para criação. No balanço imediato, a aparência é de uma empresa enxuta e eficiente: continua a produzir gastando menos. As ações sobem. O problema é que aí você faz Irmão Urso mas não faz Branca de Neve. Irmão Urso é insosso.
Steve Jobs rege empresas de forma distinta. Ignora Wall Street e relatórios trimestrais e vai atrás dos maiores talentos que há no mercado. Quem dirige a Pixar, o responsável por pequenas preciosidades como Procurando Nemo, chama-se John Lasseter. É quem assume a animação da Disney. E é cria da Disney, que Jobs levou pela Pixar com uma promessa das mais simples: teria o que quisesse para criar à vontade.
A maneira de sobreviver no mundo digital, onde copiar é fácil que só, é produzir, sempre, os melhores filmes – ou jornais, ou músicas, não importa – possíveis. Quem for o melhor sempre terá público. Ficar sentado reclamando de pirataria não adianta rigorosamente de nada. Ficou fácil: cópias pessoais são fato consumado.’
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