Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Ricardo Valladares

‘A idéia de que a televisão conduz à passividade é o lugar-comum favorito do intelectual que finge que não assiste à novela. Mas até para quem gosta de televisão às vezes fica difícil discordar da crítica. Muitos programas esticam por vários blocos quadros que renderiam no máximo alguns segundos. O mais surpreendente é que conseguem segurar o espectador dessa forma: em alguns casos, até dobram a audiência média de suas emissoras. Você talvez já tenha se sentido incapaz de desgrudar os olhos da telinha durante um desses programas. Depois de desperdiçar seu precioso tempo à espera de uma entrevista pífia – que fora prometida como bombástica – ou para saber de um escabroso caso de adultério, só lhe resta uma pergunta: ‘Por que estou vendo isso?’ Bem, há uma resposta: a televisão dispõe de uma série de técnicas para enrolar o espectador incauto, além de explorar suas fraquezas e carências humanas.

João Kleber domina essas técnicas com maestria em seus dois programas na Rede TV!. Seu carro-chefe ainda são os testes de fidelidade, nos quais atores se insinuam para homens ou mulheres comprometidos, enquanto os respectivos parceiros observam tudo por meio de câmeras ‘ocultas’. A diretora do quadro, apresentado no Eu Vi na TV, é a mulher do apresentador, Wanya de Barros, ex-amante de PC Farias e Pedro Collor. Quem agüenta ver pela enésima vez a namorada flagrando seu parceiro engraçar-se com uma (má) atriz em roupas mínimas? João Kleber tem uma série de bordões para manter atiçada a curiosidade do espectador. Com frases como ‘Você quer ver isso’ e ‘Não é brincadeira’, ele consegue aprisionar a audiência por longos minutos. O expediente de Luciana Gimenez para evitar que o espectador recorra ao controle remoto é um pouco mais sofisticado – do ponto de vista tecnológico, pelo menos: na base da tela, o gerador de caracteres está sempre ativo, anunciando as atrações escandalosas que virão em seguida. A impostação de voz também é outro truque recorrente. Nesse quesito, ninguém supera Márcia Goldschmidt em seu programa de relacionamentos na Bandeirantes. Além da voz histriônica, ela também é campeã em fazer caras e bocas de quem está horrorizada. Depois de dois meses e meio à frente do Jogo da Vida de Márcia, o diretor Roberto Manzoni, o Magrão, afirma que o programa deveria ser cortado de quatro para uma hora. ‘Já falei para a Marlene Mattos, nossa diretora artística: No máximo duas, senão fica muito arrastado’, diz. Conselho de quem entende de enrolação: Magrão dirigiu o programa de Gugu Liberato por mais de quinze anos.

Outro que está pedindo para ser enxugado é Gilberto Barros, que consegue fazer um programa diário de duas horas com apenas três temas. Claro que quanto mais idiota ou absurdo o tema, melhor. Na terça-feira passada, ele enrolou o telespectador com uma conversa maluca sobre extraterrestres. Amigo de uma frase de efeito, Gilberto jurou repetidas vezes que sensacionalismo não é com ele. Essa nobre declaração de princípios não o impediu de colocar no ar uma entrevista com um sujeito que dizia já ter se comunicado com um ET. ‘Não sei como o Gilberto consegue segurar um programa com um desfile de lingerie, um crítico de moda e uma entrevista’, diz Rodrigo Scarpa, que faz o personagem Repórter Vesgo, do Pânico, sátira dos programas de auditório. O Repórter Vesgo, porém, acaba respeitando os padrões estabelecidos pelos programas de que debocha. Está lá o mesmo gerador de caracteres de Luciana Gimenez, reproduzindo interminavelmente frases estúpidas como ‘Não saia daí, vamos mostrar algo bem interessante em breve’. A metalinguagem do lixo continua sendo lixo.

Por que programas tão ruins alcançam níveis de audiência respeitáveis? A ociosidade e o esforço para evitar deveres (ou até prazeres mais exigentes) contam. ‘A pessoa tem uma coisa para fazer, como sexo com a patroa ou uma tarefa profissional, e o programa serve de desculpa para deixar tudo para mais tarde’, diz Lidia Weber, professora de psicologia da Universidade Federal do Paraná. Muitas vezes, há também um elemento de sadismo em quem admira a apelação. ‘As pessoas gostam de ver certas imagens para se sentir melhor que os que estão lá sofrendo’, diz Lidia. O reality show Tá na Mão, apresentado até a semana passada por Otávio Mesquita, foi um exemplo vergonhoso. Com edições diárias de trinta minutos e um programa final de uma hora, exibia o sofrimento de pessoas que ficaram em pé por mais de 65 horas para ganhar um carro. Num momento excepcional de sinceridade, Mesquita reconhece: ‘A gente enrola mesmo. Só não vou dizer nomes porque o pessoal freqüenta a minha casa’. Mas não é só na vida social de Otávio Mesquita que apresentadores de programas ruins têm um papel. Programas ruins curiosamente dão bons tópicos de conversação. Mas, na hora de comentá-los com os amigos, é bom se valer da velha desculpa: ‘Eu estava só zapeando’.’



MTV
Keila Jimenez

‘Marcos Mion fará egotrip na MTV’, copyright O Estado de S. Paulo, 20/09/04

‘O bom filho à casa torna. Esse não é bem o caso de Marcos Mion em relação à MTV, mas digamos que o rapaz esteja de volta à emissora que fez sua fama. Depois de muitas negociações – foram mais de seis meses conversando – o apresentador fechou contrato sexta-feira com o canal musical.

Mion deve voltar ao ar na MTV em outubro – sua estréia está marcada para o dia 17- mostrando agora seus dotes dramáticos. Sim, Mion tem formação de ator. Seu novo programa nada terá a ver com videoclipes: ele fará uma sitcom, inaugurando a linha de dramaturgia que a MTV pretende lançar.

A série será uma espécie de egotrip, ou seja uma biografia da carreira de Mion na TV, contando a história do apresentador desde o seu início na MTV – quando apresentava o Piores Clipes – passando pela ida para a Band e a volta ao canal musical este ano.

A trama, estrelada pelo próprio, vai misturar fatos reais com ficção. Sua contratação, sua saída do canal e as confusões em torno do episódio: tudo deve virar sátira no programa, que ainda não tem nome definido.

VJs e atores contratados vão participar da sitcom. O apresentador também irá colaborar na produção dos roteiros do programa.

Mion assinou um contrato de um ano com a MTV, com previsão de ganhar uma nova atração em 2005 na linha de shows.

A volta de Mion tem a ver também com o lançamento, este ano, da MTV 2, novo canal da empresa, que concentrará mais programas musicais. A emissora fará inicialmente um rodízio de VJs entre os dois canais, mas poderá, mais adiante, separar quem fica em cada uma das MTVs.

Justiça – Mesmo com ponteiros acertados entre a emissora e Mion, o processo que o canal move contra ele continua na Justiça.

MTV e Mion trocaram acusações em 2002, quando ele foi para a Band apresentar o Descontrole. Na época, a emissora musical entrou com ação contra o ex-VJ, acusando-o de plagiar algumas de suas atrações.’



CIDADE DOS HOMENS
Keila Jimenez

‘Acerola e Laranjinha vão à Vila Brasilândia’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04

‘Quarta-feira, 10 horas da manhã, Vila Brasilândia, periferia pobre da Grande São Paulo. Um barracão de escola de samba abandonado está cercado por policiais, fitas de isolamento e por uma multidão de curiosos. Do lado de dentro não há corpos, bandidos, protestos, desapropriação de casas, nenhum grande acidente com vítimas. Apenas Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva) gravando mais um episódio de Cidade dos Homens, série que volta ao ar na Globo nesta sexta-feira, em sua terceira e penúltima temporada. O programa que retrata as realidade de dois jovens nos morros cariocas veio tirar uma casquinha das favelas de São Paulo. E que casquinha. Foram 5 dias de filmagem, 12 horas por dia e uma equipe de mais de 40 pessoas envolvendo produção e figurantes – todos selecionados na comunidade local. Voltemos à gravação. O dia estava reservado para cenas de dança e grafitagem. Laranjinha e Acerola, representantes da cultura funkeira carioca, vão conhecer um pouco da diversão e da arte da periferia paulistana. Grafiteiros e b-boys – guarde esse nome, são dançarinos de break- foram convidados para participar das gravações. Para completar, DJs conhecidos no cenário do hip-hop paulista, como DJ King e DJ Cia, estão a postos em suas pick-ups (aparelhagem de som) para fazer o ‘pancadão rolar’. Opa, pancadão é gíria do funk, e funk é coisa do Rio, o negócio aqui é outro, é hip-hop, rap. O galpão está cheio. Figurantes com calças largas, bonés e tênis coloridos se misturam entre câmeras e maquiadores. É difícil encontrar logo de cara, entre eles, Douglas e Darlan. Eles fazem parte dessa realidade, por isso se misturam tão bem a ela. Logo o assistente de direção grita: ‘Agora, só no fingimento!’ – vai começar o ensaio da cena. Darlan e Douglas assumem seus lugares. Cresceram, o cabelo mudou, a voz engrossou. Como na série, Darlan e Douglas estão naquela fase de transição da adolescência para a fase adulta. São quase homens. Laranjinha (Darlan) vai entrar em cena aprendendo a samplear uma música ao lado de um DJ. Ensaia uma, duas, três vezes. Diverte-se com o barulho do disco que parece estar riscando a cada movimento de sua mão. ‘Todo mundo dançando!’, grita o assistente de direção. E só ele grita. O diretor e roteirista do episódio, Philippe Barcinski, fala baixinho. A cena sai perfeita. Laranjinha parece ter aprendido a samplear em poucos minutos. Duro é arrancar Douglas e ele do lado do aparelho de som. ‘Olha isso daqui!’, grita Douglas, enquanto arranha o disco, mostrando como seus dotes de DJ melhoraram em poucos segundos. ‘Olha!!!’, grita de novo. O diretor ri. Ele também. Difícil é ver Douglas sem sorrir. Ele insiste na brincadeira por alguns minutos, mas logo é chamado para continuar com o trabalho. A próxima cena é mais difícil. Chegou a hora do break.

Pé-de-valsa – Se no Rio basta rebolar para cair no funk, em São Paulo não dá para enganar muito na dança de rua, a preferida entre os jovens das comunidades de baixa renda do pedaço. Na série, Acerola aprende a dar seus primeiros passinhos no break. Na vida real também. Douglas olha atento os movimentos do garoto que vai ensiná-lo. Sua cara é uma mistura de espanto com desespero. Mas ele não se acanha. A gravação é retomada e Acerola passa a fazer passos de break acompanhando o colega paulistano. ‘Muda o passo, Acerola!’, pede o diretor. Douglas cai na gargalhada. Ele só aprendeu a fazer dois passos, não pode mudar. O diretor manda seguir mesmo assim. Já é 1 hora da tarde e Darlan começa a mostrar os primeiros sinais de cansaço. Deita no chão no intervalo da gravação e reclama que está com fome. Do lado de fora do barracão a multidão aumenta. O barulho, idem. Crianças com uniforme de colégio começam a se aglomerar. O assistente de direção – de novo ele – começa a pedir silêncio pelo megafone. Pede para alguém da rua em frente desligar a barulhenta moto. Até um serralheiro, que trabalhava ao lado, acabou cedendo ao voto de silêncio. ‘Só fico quieta se o Laranjinha me der um beijo!’, grita uma tiete. Os produtores se divertem. Tentam acalmar os fãs. Entre eles, o cantor de rap Rodrigo Wilson e o desempregado Osmar de Faria, ambos de 19 anos. ‘Cidade dos Homens mostra a nossa realidade’, fala Rodrigo. ‘Na novela todo mundo é branco, tem olho azul, é rico e feliz. Tudo acaba bem. É uma grande mentira’, completa Osmar. ‘Que bom que agora eles vieram gravar aqui em São Paulo, as favelas do Rio são muito diferentes das daqui’, fala Osmar. Do lado de dentro do barracão, o trabalho segue. É hora de Acerola e Laranjinha aprenderem a grafitar. É a parte de que eles mais gostam. A gravação da cena é rápida, mas os meninos não soltam mais o spray. Darlan começa a pintar um de seus tênis de roxo. Não satisfeito, sai pintando os tênis do pessoal da produção, que corre. Enquanto isso, Douglas pega a claquete eletrônica de um produtor e passa a abrir e fechar sua trava diante das câmeras. Aos 17 anos de idade, os garotos de Cidade dos Homens, por um momento, parecem estar longe de se tornarem adultos. A julgar pelas gargalhadas durante o expediente, são ainda, felizmente, os meninos Acerola e Laranjinha.’

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‘Nova temporada enfoca transição para fase adulta’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04

‘Acerola e Laranjinha cresceram. Na terceira temporada de Cidade dos Homens as brincadeiras de criança e o envolvimento com as primeiras namoradinhas é deixado para trás pelos personagens. No lugar entram argumentos mais sérios, como gravidez, futuro profissional e o papel da família na comunidade. A dupla passa a viver os conflitos prematuros da passagem da adolescência para a fase adulta. As dificuldades vão da gravidez da namorada de Acerola à procura incansável de Laranjinha pelo pai.

Entre as novidades da série está o fato de os episódios agora terem continuidade entre um capítulo e outro. ‘Temos uma única história que irá evoluir do primeiro ao quinto episódio’, fala o diretor-geral dessa nova temporada, Paulo Morelli. Ele assume o posto de Fernando Meirelles, que assina alguns roteiros do seriado, mas está tocando projetos fora do Brasil.

O episódio que marca a volta da dupla à TV é Estréia, que vai ao ar nesta sexta-feira. Como diz o nome, o enredo mostra o empenho de Acerola e Laranjinha em perder a virgindade. Para a grande noite, preparam até rituais afrodisíacos. Enquanto Acerola se apavora na hora agá, Laranjinha acaba transando com Poderosa (Roberta Rodrigues), namorada de um perigoso traficante. Após ajudar o amigo a fugir dessa enrascada, Acerola consegue também transar com sua namorada, Cristiane (Camila Monteiro).

Cao Hamburger e Regina Casé dirigem outros dois episódios. O de Regina, Pai e Filho, encerra a temporada com as cenas de um baile de debutante coletivo no morro. Philippe Barcinski também roteirizou e dirigiu um dos episódios da nova safra. É dele, por sinal, o episódio em que a dupla vai a São Paulo.

Eles só tinham saído do Rio uma vez, quando foram visitar o presidente Lula em Brasília.

Laranjinha e Acerola saem do Rio rumo a São Paulo atrás de trabalho. Ao lado de dois amigos, eles pretendem fechar um negócio envolvendo CDs piratas.

Paralelamente, a dupla carioca acaba conhecendo um pouco da cultura das favelas e periferias paulistanas ‘Há um encontro entre as músicas proibidas e rebolativas do funk do Rio com o hip-hop engajado de São Paulo’, explica Barcinski. ‘Logo que chega a São Paulo, a dupla passa pelo Viaduto do Chá. A idéia é mostrar um pouco da cidade na série’, continua. ‘Um episódio em Cidade dos Homens não pode ser só mais um episódio, há sempre um diferencial que dá todo charme a cada história.’’

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‘‘Na favela daqui o pessoal tem mais dinheiro. No Rio, morro é morro’’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04

‘Se antes as pessoas já os confundiam – tinha gente que pensava até que eram irmãos -, agora, ficou pior. Laranjinha (Darlan Cunha), que era identificado por suas trancinhas, hoje está com o cabelo curtinho, igual ao de seu companheiro Acerola (Douglas Silva) no início da série. Cabelo trançado agora é a marca registrada de Acerola, que, segundo Darlan, o imitou e não larga mais esse visual.

‘O que vale é o original: eu. O resto é cópia’, brinca Darlan, ao lado de Douglas em entrevista ao Estado durante o almoço, no intervalo das gravações. Animados com a volta do seriado, eles falam dessa nova fase de Cidade dos Homens, sobre o fim do programa e a respeito dos convites para outros trabalhos. Entre uma brincadeira e outra – Douglas não sossega um minuto – a dupla também fala sobre o amadurecimento na ficção e na vida real, e ainda abre o jogo sobre escola, namoradas e amigos. Coisas de adolescentes comuns. Bem, nem tão comuns assim.

Estado – O que mudou em seus personagens nessa nova temporada?

Douglas – Além da mudança física, estou mais bonito (risos)… Tô brincando.

Os personagens estão descobrindo o mundo adulto, começando a pensar no futuro. Vão lidar com a gravidez na adolescência, começar a procurar uma forma de ganhar dinheiro, ter mais responsabilidade…

Darlan – Eles vão perder a virgindade e vão começar a se preocupar com o que irão fazer da vida. Vamos tirar documentos e procurar trabalho. A brincadeira vai começar a dar espaço para os problemas de verdade…

Estado – Vocês também estão passando por essa mudança na vida real?

Douglas – Também… Mas acho que temos responsabilidade há muito tempo.

Desde os 9 anos me preocupo com as conseqüências do que faço.

Darlan – A gente tá evoluindo também. Estamos perto dos 18 anos, as coisas vão mudar… A série desde o início acompanha o que sinto, o que eu e meus amigos já passamos na vida. Há uma identificação muito grande.

Estado – Vocês já pensam no final da série?

Douglas – Já, mas não fico triste. Estamos na penúltima temporada e prefiro tocar a vida para frente do que ficar preocupado. Não tenho medo. Nunca sonhei em ser famoso, tive uma chance e experimentei. Aproveito as oportunidades e vou levando a vida. Ah! (ele faz um sinal com a mão pedindo um tempo para engolir o refrigerante), ainda tem o filme. Não nos falaram muito sobre isso, mas já sabemos o que vai rolar.

Darlan – Penso no final da série e fico feliz. Acho que será o fim de algo que acompanhou o nosso crescimento. Uma hora tinha que acabar e é melhor acabar bem. Vamos atrás de outras oportunidades…

Estado – Já apareceram outras propostas de trabalho?

Douglas – Já, já gravei vários comerciais.

Darlan – Já, sim. Acabei de gravar o filme Meu Tio Matou um Cara, do Jorge Furtado. Por isso até tive que cortar o cabelo (lamenta, enquanto passa a mão na cabeça). Também estou fazendo comerciais e acho que vai rolar uma peça de teatro.

Estado – E que personagem você fez no filme?

Darlan – O Duca, sobrinho do tio que matou um cara (risos).

Estado – E vocês gostaram de gravar em São Paulo?

Douglas – É sempre legal gravar em outro lugar. Só estranhei essa favela (na Brasilândia, na Zona Norte). Não considero esse lugar aqui morro, favela. As casas são legais. Acho que na favela daqui o pessoal tem mais dinheiro. No Rio, morro é morro, é dureza mesmo. Não tem casa mais ou menos, bonitinha.

Darlan – Já tinha vindo para São Paulo várias vezes e gosto daqui. Acho estranho esse assédio das pessoas. No Rio, o povo está mais acostumado com a gente, não pedem mais tanto autógrafo.

Estado – Como é a rotina de vocês longe das gravações ?

Douglas – Vou na escola. Quando terminar aqui, vou ter que me matar de estudar. Perdi muitas aulas e tenho que recuperar…A gente arruma uma dispensa na escola, mas depois tem que correr atrás. Fora isso, saímos com os amigos, sei lá, vida normal…

Darlan – Terminando as gravações vou procurar um professor particular para recuperar as aulas. Gosto também de sair, tenho meus amigos do morro e meus amigos da rua onde moro agora.

Estado – Vocês deixaram o morro e moram agora na zona sul do Rio. Já se acostumaram?

Douglas – Já, sim. No começo estranhei, mas agora já está normal. Tenho um amigo que diz que você tem que se adaptar ao meio em que está. É isso que eu faço.

Estado – E a mulherada? O assédio é grande?

Douglas – Imaginaaaaaa (risos). Não sei o que é isso, não….Como eu disse, me adapto ao meio (risos). Acho engraçado essa história de ser famoso, não dá para levar a sério. Hoje, qualquer um que aparece na TV é famoso…

Darlan – Tem assédio, mas sou comprometido. Tô namorando sério. (Ele namora Benedita, filha de Regina Casé). Sou um cara sério agora…’