Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Roberta Oliveira

‘Lauro César Muniz já decidiu: a encenação de ‘O santo parto’, sua mais nova peça, será dedicada a Frei Betto e Leonardo Boff.

– Pena que não vão poder aceitar a dedicatória, nem aplaudir, porque têm vínculos fortes com a Igreja Católica, mas sei que, no fundo, vão estar aplaudindo – brinca o autor.

As razões para a descrença estão na própria sinopse da peça, que estréia no dia 10 de junho no Teatro do Leblon, dirigida por Luiz Arthur Nunes. Escrita em 2003, ‘O santo parto’ conta a história de Padre José (Roberto Bontempo), vigário que vê sua paixão por um jovem metaleiro (Sérgio Marone) resultar numa inusitada gravidez, indesejada e proibida.

– É um texto irreverente, contundente e até desrespeitoso, mas há nele o carinho de alguém que adora toda a liturgia – diz Muniz, que está preparado para o que der e vier. – Já sei que vou ter problemas.

Mas ‘O santo parto’ também é respeitosa, pelo menos no que diz respeito à pesquisa. Afinal, embora nascida de um insight , ela foi calcada numa ampla pesquisa em livros sobre o sexo na Igreja Católica e em artigos de jornais sobre pedofilia.

– É um tema que me incomoda há tempo – diz o autor.

retoma crítica à Igreja Católica com mais fervor

Há mais tempo ainda, incomoda a Muniz a Igreja Católica. Não à toa há 40 anos ele estreou como autor com ‘O santo milagroso’, que também falava dos desacertos da Igreja a partir da história de um padre católico e de um pastor protestante que se aliam para forjar um falso milagre.

– Falava-se muito em ecumenismo e a peça era uma crítica àquilo – diz Muniz, lembrando as reações da platéia. – Os católicos fervorosos se aborreciam, mas é água com açúcar.

Especialmente se comparada a ‘O santo parto’, em que é sugerida a cena de sexo entre o padre e seu amante.

– O que mais me incomoda é o eterno descompasso da Igreja Católica em relação ao mundo, nos últimos 40 anos, ela só andou para trás – desabafa Muniz. – A pedofilia é o resultado natural do celibato.

Escrever sobre temas polêmicos não é novidade para Muniz, que já levou à televisão temas até então intocados, como divórcio (‘A escalada’) e eutanásia (‘Os gigantes’).

– Nunca tive a ambição de antecipar nada, mas fico me perguntando se foi por acaso que ‘A escalada’ antecipou a Lei do Divórcio em dois anos… Talvez estivesse no ar e eu captei – especula Muniz.

Nem sempre ser polêmico lhe custou barato. Nos anos 70, fincou tanto o pé que não queria fazer merchandising em ‘Os gigantes’ que foi demitido da Rede Globo.

– Errei, fui teimoso – lembra ele. – Voltei anos depois. Não arrependido, mas um pouco mais esperto.

Muniz sonha refilmar ‘O casarão’, um de seus sucessos

‘O santo parto’ marca a volta de Muniz ao teatro depois de 12 anos. Após ‘Luar em preto e branco’, ele dedicou-se ao cinema (os filmes ‘As feras’ e ‘Forever’, de Walter Hugo Khouri) e à televisão (as minisséries ‘Chiquinha Gonzaga’ e ‘Aquarela do Brasil’). Agora, não quer mais deixar o palco e começou a esboçar outra peça, que tem como título provisório ‘Guerrilha delicada’.

– Quero retomar o caminho de teatro que estava perdido – diz ele.

Os planos não prevêem novelas. Em televisão, Muniz opta pelas minisséries. Ele gostaria de, em 2005, levar à telinha ‘Mãe terra’, adaptação de ‘A mãe da mãe de sua mãe e seus filhos’, de Maria José Silveira. Sonho mesmo seria refilmar a novela ‘O casarão’.

– Daniel Filho acha que nunca será refilmado porque virou cult . Não sei – duvida César Muniz, que tem vontade de reescrever ‘O casarão’ de maneira que a história, que antes se passava entre 1900 e 1976, chegue até 2004. – Não usaria novas tecnologias para passagens de tempos porque gostava da forma que se davam. Abria-se uma porta em 1936 e se estava em 1976.

A nova tecnologia é só o que ele elogia na teledramaturgia de hoje.

– Com a globalização, o aspecto estético ficou abafado, submetido aos interesses de mercado – analisa. – Hoje, nem a melhor minissérie atinge o nível de qualidade que as novelas tinham nos anos 60 e 70.

Muniz tem respaldo para falar. Depois de Walter Negrão, foi quem mais assinou novelas e minisséries.

– Não me orgulho disso. É sinal apenas de que trabalhei bastante – diz, modesto.’



MTV GAY
Folha de S. Paulo

‘MTV americana lança canal para o público gay’, copyright Folha de S. Paulo / Financial Times, 27/05/04

‘Reconhecendo a popularidade de programas de televisão com temática gay e o poder de compra de gays e lésbicas, a MTV Networks anunciou anteontem que vai lançar uma rede a cabo visando principalmente esse público.

A ação tem sido discutida dentro da Viacom (conglomerado do qual a MTV faz parte) há meses, enquanto grupos de mídia tentam conseguir anunciantes visando a crescente e visível população gay dos Estados Unidos. A rede, chamada Logo, está prevista para ser lançada em fevereiro do ano que vem nos principais mercados norte-americanos, incluindo Atlanta, Boston, Los Angeles, Nova York, Filadélfia e San Francisco. A companhia espera que a Logo esteja entre 10 e 14 milhões de casas no fim do ano que vem, e que atinja o ‘break-even’ (ponto de equilíbrio em que receitas e despesas se igualam) em dois ou três anos.

Não há planos imediatos de levar o canal para fora dos EUA, mas uma porta-voz disse que a companhia espera ver a Logo expandindo-se internacionalmente, como aconteceu com a MTV, a VH1 e o Nickelodeon.

Apesar do progresso nos direitos civis e na crescente visibilidade do público gay nos negócios e na sociedade, ‘o que tem feito falta é um espaço na TV que esse público possa realmente considerar deles’, disse Tom Freston, presidente e chefe-executivo da MTV Networks.

A Logo vai oferecer uma mistura de programas próprios e de terceiros, de todos os gêneros, e tem feito acordos para obter mais de cem filmes.

Brasil

A MTV brasileira é uma das pioneiras em dedicar programas a esse público. Em 2001 e 2002, o programa ‘Fica Comigo’ -uma espécie de ‘Namoro na TV’- dedicou edições a participantes gays e lésbicas.’



ELEIÇÕES NA TV
Daniel Castro

‘Candidatos vetam mudança em debate’, copyright Folha de S. Paulo, 26/05/04

‘Foi por água abaixo a proposta da Globo de fazer um debate inovador entre os principais prefeituráveis de São Paulo e do Rio de Janeiro em 1º de julho. O modelo do debate, que seria apoiado em uma pesquisa que apontaria as soluções que os eleitores dariam para os principais problemas de cada cidade, foi recusado pelos partidos. O encontro, se for mantido, terá a fórmula convencional.

Antes do debate, o Ibope faria à Globo uma pesquisa com 30 perguntas sobre problemas urbanos. Os entrevistados diriam, como se fossem prefeitos, qual solução (entre duas propostas pela Globo) dariam aos problemas.

No debate, dez dessas perguntas seriam sorteadas e repetidas aos candidatos. O candidato poderia escolher uma das soluções propostas na pesquisa ou apresentar uma idéia diferente. Só depois a Globo revelaria qual foi a alternativa mais votada pelos eleitores.

A Folha apurou que partidos ficaram com medo de eventual uso da pesquisa na campanha eleitoral. Determinado candidato, hipoteticamente, poderia ser apresentado como ‘desafinado’ com a população caso suas respostas no debate não coincidissem com os resultados da pesquisa.

A realização do debate, apesar do recuo da Globo, não estava confirmada até ontem. Dois partidos ainda não tinham aceitado regra de que só os cinco primeiros colocados em pesquisa de intenção de voto debaterão na Globo.

OUTRO CANAL

Telhado 1

Foi por água abaixo também a contratação de Monique Evans pela Band, como queria a diretora artística da emissora, Marlene Mattos. O veto partiu da alta cúpula da rede.

Telhado 2

Na quinta passada, Monique gravou um quadro sobre sua intimidade para o ‘Boa Noite, Brasil’, de Gilberto Barros. Mas a gravação não foi ao ar _no lugar, a Band exibiu uma reprise. A emissora diz que houve um problema técnico.

Quase lá

A top model Fernanda Tavares deve assinar com a MTV nesta semana. Irá apresentar um programa de ‘transformações’ (embelezamento, decoração, mas sem cirurgias plásticas).

Boa notícia

Para os fãs de ‘Os Assumidos’ (‘Queer as Folk’): o seriado mais gay da TV volta a ter episódios inéditos (da quarta temporada) exibidos no canal pago HBO Plus (TVA, DirecTV) no próximo dia 4, à 1h. E a quinta temporada da série está confirmada _deve entrar no ar nos EUA em abril de 2005.

Mais séries

O canal Sony estréia no próximo dia 7 o seriado ‘Whoopi’, protagonizado por Whoopi Goldberg. Nos EUA, a série acaba de ser cancelada, após a primeira temporada, por falta de audiência. No mesmo dia, o Sony também volta a exibir ‘Becker’.

Força

Dercy Gonçalves vai ser repórter do ‘Domingo Legal’.’



DA COR DO PECADO
Daniel Castro

‘‘Pecado’ bate ‘Celebridade’ no Nordeste’, copyright Folha de S. Paulo, 25/05/04

‘Melhor desempenho da faixa das 19h da Globo desde 1996, ‘Da Cor do Pecado’ está dando mais audiência do que ‘Celebridade’ em Recife e Salvador, no Nordeste, e no Distrito Federal (Centro-Oeste). Em Belo Horizonte, empata com a novela das oito, tradicionalmente a maior audiência da Globo em todo o país.

Os dados, do Ibope, são de abril. Na média nacional do mês, ‘Celebridade’ foi o programa mais visto, com 51 pontos. Em seguida, vieram ‘Da Cor do Pecado’ (48) e ‘Big Brother Brasil’ (47).

De oito regiões metropolitanas pesquisadas, ‘Celebridade’ foi campeã em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Os dados mostram que o Sul e parte do Sudeste preferem a novela das oito, enquanto a novela das sete se sai melhor na parte mais setentrional. Os números mais impressionantes são os de Recife. Lá, ‘Da Cor do Pecado’ teve 55 pontos em abril. ‘Celebridade’ (50) ficou atrás até da novela das seis, ‘Chocolate com Pimenta’ (54). Recife é atípico também com as demais emissoras. é a única capital em que um programa local é líder no SBT. Na afiliada da Record, os três primeiros são locais.

A superioridade de ‘Da Cor do Pecado’ no Nordeste não se deve apenas ao fato de a novela ter imagens do Maranhão. ‘Lá, as pessoas chegam em casa mais cedo e dormem antes do que no Sudeste e no Sul’, analisa Antonio Ricardo Ferreira, diretor do Ibope.’