O 1º Encontro de Jornalismo Ambiental da Costa da Mata Atlântica marcou o lançamento do Núcleo de Jornalismo Ambiental de Santos. Com o objetivo de propor discussões sobre o tema, o Núcleo levou profissionais de jornalismo até a fortaleza da Barra Grande, em Guarujá, no sábado (26/4), para dialogar com interessados de diversas áreas.
O ponto de convergência apresentado pelos palestrantes foi o desconhecimento dos jornalistas em relação ao tema meio ambiente. Para José Alberto Pereira Sheik, assessor de imprensa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o jornalista precisa se informar mais, pesquisar sobre a pauta antes de se lançar na entrevista com a fonte. ‘Leiam, aprendam os conceitos’, sugere Sheik. ‘Vejo muita paixão e pouca informação nos recém-formados’, avalia.
No entendimento de Sheik, as discussões sobre o tema abrangem diversas áreas e os problemas devem ser discutidos em conjunto. Para Sheik, a questão do meio ambiente é de preservação da espécie e da sua cultura. ‘Não há como discutir meio ambiente separadamente de cultura’, aponta.
Envolver áreas distintas
Defendendo a prática na redação, o jornalista Diogo Caixote, do caderno ‘Porto & Mar’ de A Tribuna, assumiu o despreparo dos colegas. ‘As empresas passam as informações de ações ambientais e a imprensa ‘compra’ e publica. Poucos são os repórteres que vão atrás, que têm conhecimento e questionam os dados. É preciso não perder o senso de indignação e crítica’, afirma.
O repórter listou ainda diversos assuntos que merecem destaque na mídia por conta dos impactos ambientais com a ampliação dos portos, como a dragagem, a preservação do mangue, o despejo da água de lastro – ainda sem normatização e fiscalização adequada – e a dificuldade que a imprensa enfrenta para pautar meio ambiente nas questões de porto.
Trazendo a ótica da biologia, o professor de Biologia e vereador de Santos Fabio Nunes (PSB) fez uma retrospectiva da discussão sobre meio ambiente, voltando até a carta de Pero Vaz de Caminha, citando um dos trechos que ilustrava ‘aqui se plantando, tudo dá’. Na opinião do biólogo, encarar as riquezas do país como abundantes e infinitas, nos dias de hoje é um erro e por isso é preciso entender o tema pela transversalidade, envolvendo áreas distintas e avaliando os impactos para o planeta.
Informações precisas e consistentes
A participação da Organização Não-Governamental (ONG) Amigos da Água incorporou o lado lúdico para lembrar da qualidade da água que consumimos, um assunto que abrange todo o planeta. Miguel Scandon, presidente da ONG, apresentou uma maquete de gesso de um bebê em posição fetal para lembrar que água é vida, que nascemos através dela e nos nutrimos dela para subsistir.
Na cerimônia de posse, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do estado de São Paulo, José Augusto Camargo, destacou a importância da formação continuada do jornalista e a relevância no contexto nacional do Núcleo, único no país como instância do Sindicato dos Jornalistas.
Nilson Regalado, diretor da regional de Santos, chamou a atenção para a oportunidade do tema, citando como exemplo o abalo sísmico da última terça-feira (22/04), que atingiu a Baixada Santista e outros pontos no Sudeste. Segundo Regalado, as informações precisam ser precisas, consistentes e a cobertura de meio ambiente não deve esbarrar no alarmismo. Como membro do conselho consultivo, acrescentou ainda a discussão proposta pelo Núcleo de entender o papel do jornalista a partir de agora, nesse cenário.
Objetivos e posse
Os objetivos do Núcleo foram apresentados por Marcelo Di Renzo (UniSantos), membro do conselho consultivo tripartite. Entre os destacados:
• Estimular e capacitar para uma prática profissional jornalística ética, crítica e consciente, voltada para a defesa sócio-ambiental;
• Trabalhar pela educação ambiental dos associados e não-associados e pela capacitação comunicacional de agentes públicos envolvidos na questão sócio-ambiental;
• Atuar em favor da implantação de políticas públicas sócio-ambientais;
• Acompanhar a atividade jornalística regional, de modo sistêmico, amparado em metodologia específica, tornando público o resultado aferido;
• Contribuir com a difusão de informações jornalísticas pertinentes às práticas sócio-ambientais.
A expectativa da coordenadora-geral do Núcleo, Marina Medina, é de que o Núcleo possa fazer um intercâmbio de conhecimento muito maior do que o que acontece hoje, por meio de palestras, debates, fóruns, visitas técnicas e publicações. ‘O Núcleo vai ser um grande centro de informações. Quem participar vai apurar o olhar e enxergar a transversalidade que existe quando o assunto é nosso ambiente’, destaca.
Na seqüência, tomaram posse a coordenadora-geral, Marina Medina; o coordenador de Projetos, Telmo Toledo; a coordenadora de Comunicação, Catharina Apolinário; a coordenadora de Formação Profissional e Cultura, Luz Fernández; a secretária, Paula Nobre, e os conselheiros consultivos, Miguel Scandon, (ONG Amigos da Água), Marcelo Di Renzo (UniSantos) e Nilson Regalado (regional de Santos do Sindicato).
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Jornalista