"Após demitir Alberto Dines, um antigo colaborador, que foi editor-chefe do jornal na década de 60, o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, enfrenta nova crise. Dines saiu por fazer críticas públicas à linha editorial do JB. Agora, informa-se que o director editorial, Augusto Nunes e a editora-chefe, Cristina Konder, deverão deixar seus cargos, situação que motiva muitos comentários no meio jornalístico brasileiro.
Segundo a crítica feita por Milton Coelho da Graça, analista dos acontecimentos da imprensa, no site Comunique-se, o proprietário do JB, Nélson Tanure, adoptou uma política pouco ortodoxa: entregou a Paulo Marinho, responsável pela área comercial, o controle da editoria de política. A jornalista Hildegard Angel, dona de uma coluna, passaria a ser responsável pelas outras colunas do jornal e, igualmente, pela área comercial de cadernos especiais. Em geral, as áreas de publicidade e jornalismo são mantidas estanques.
Dessa forma, a crise no JB não é mais segredo. No entanto, Nélson Tanure não modera seu apetite. Além de já controlar o JB e a Gazeta Mercantil de São Paulo, está de olho em outros empreendimentos: deseja participar accionariamente ou até adquirir totalmente o jornal popular O Dia, do Rio de Janeiro; pretende comprar a parte dos herdeiros de Assis Chateaubriand na rede de jornais Diários Associados e ainda tenciona adquirir o comando da rede de TV Bandeirantes, a quarta em audiência do país, a seguir à Globo, SBT e Record. Os Diários Associados foram a rede de comunicação mais importante na década de 70, mas, ainda hoje, controlam os jornais líderes em Brasília e Minas Gerais – Correio Braziliense e Estado de Minas, respectivamente – e têm uma vasta gama de veículos, que inclui o Jornal do Commércio do Rio de Janeiro.
Nélson Tanure é muito criticado por não ser um empresário oriundo da área jornalística. Fez fortuna no sector de petróleo e depois resolveu investir em jornalismo, sempre adquirindo empresas em dificuldades económicas. No entanto, ele tem, a seu favor, o facto de gerar milhares de empregos. Antes de assumir o comando do JB, a centenária empresa estava prestes a ir à falência; quanto à Gazeta Mercantil, o jornal – importante no sector de negócios – mal conseguia circular e, agora, sob o comando de Tanure, jamais deixou de ir às bancas. Os sindicatos de jornalistas do Rio de Janeiro e de São Paulo fazem críticas seguidas a Tanure, acusando-o de contratar os jornalistas não como empregados, mas através de microempresas, que cada um é obrigado a criar. Dizem também que investe pouco nas novas empresas, apenas reorganiza custos e administração. No entanto, Tanure é hoje um nome importante no jornalismo brasileiro e, se expandir seu território, ficará com uma parcela ainda mais significativa dos media brasileiros."