‘O uso do software livre, apesar do preço, pode ser confuso e dispendioso para empresas. Uns poucos programas de distribuição gratuita, como o sistema operacional Linux e o servidor da Web Apache, ficaram bem conhecidos, mas sua eficiência ainda não está comprovada.
Portanto, as empresas freqüentemente precisam fazer seus próprios testes e aprimoramentos para ver se tais programas de código aberto – softwares que os programadores podem modificar ou aperfeiçoar livremente – funcionam de forma confiável. Esse obstáculo tem desacelerado a sua adoção.
Para tratar do problema, a Carnegie Mellon University, a Intel e a SpikeSource, uma empresa que apóia e testa projetos de código aberto para empresas, criaram um sistema de classificação destinado a diminuir a confusão e as conjecturas na avaliação de tais softwares. A iniciativa, denominada Business Readiness Ratings, foi anunciada ontem na Convenção de Código Aberto O’Reilly, em Portland, Oregon.
O sistema de classificação, dizem os patrocinadores, empregará um modelo com notas estabelecidas por aqueles que usam os programas. A idéia pode ser vista como uma versão para software do guia de restaurantes Zagat, pelo qual os clientes determinam a classificação.
Serão analisadas 12 categorias, incluindo funcionalidade, facilidade de uso, qualidade, segurança, documentação e assistência técnica, com nota de 1 a 5. Haverá, também, ferramentas de filtragem, para que um usuário empresarial possa especificar suas considerações mais importantes. O sistema está descrito em www.openbrr.org.
‘Nós demos a partida aqui, mas isso vai viver ou morrer conforme a aceitação e a participação da comunidade’, disse Anthony Wasserman, professor da Carnegie Mellon University. O sistema parece promissor, dizem alguns usuários empresariais.
A Fidelity Investments, empresa de fundos mútuos, usa software livre por mais de dois anos para construir aplicativos sob medida e o processo de teste tem sido árduo. ‘Se tivesse havido uma iniciativa como essa há dois anos, poderíamos ter progredido muito mais’, disse Charlie Brenner, vice-presidente sênior da Fidelity.
As empresas querem gastar tempo e dinheiro construindo softwares úteis, que possam ajudar a ganhar clientes e melhorar serviços e não ficar avaliando blocos de software por conta própria, disse Kim Polese, presidente da SpikeSource.’
TV GLOBO
Daniel Castro
‘Globo faz ‘megavestibular’ de programas’, copyright Folha de S. Paulo, 3/08/05
‘Toda a cúpula da Globo está reunida em Angra dos Reis (RJ) discutindo novos programas que serão testados no final de 2005 para virar atrações fixas em 2006.
A Folha obteve lista de todos os projetos. São 15, dos quais oito podem ser testados nas sextas de novembro e dezembro. O número é recorde _em 2004, foram testados cinco. Em 2006, já é certo que a Globo exibirá novas atrações às sextas à noite.
Seis propostas são seriados de humor, quatro são sitcoms (com cenário único e platéia) e cinco, infantis. Dois seriados (‘Correndo Atrás’ e ‘Quem Vai Ficar com Mário?’) já foram testados em 2004 e podem ter nova chance.
Os novos seriados são ‘Levando a Vida’ (uma espécie de ‘A Diarista’ com motoboys, do diretor do ‘Casseta’, José Lavigne), ‘Os Amadores’ (quatro homens se encontram numa UTI e revêem a vida), ‘Velhos Amigos’ (de Ronaldo Santos e Boninho, sobre cinqüentões que levam a vida como quando eram jovens, nos anos 70) e ‘Tudo Outra Vez’ (mulher com filhos que se apaixona por homem com filha).
As quatro sitcoms são ‘Cá entre Nós’ (de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, sobre dois casais que se separam e trocam de parceiros), ‘Beto, Beth e Cia.’ (casal separado que divide a mesma casa), ‘Os Flores’ (família dona de funerária) e ‘Primo Prima’ (primos que tiveram namorico na infância e se reencontram).
OUTRO CANAL
Criança Os cinco infantis que concorrem na Globo à exibição em quatro domingos no final do ano são: uma nova versão de ‘Shazan e Xerife’, ‘As Aventuras do Avião Vermelho’ (menino fantasia que viaja pelo mundo), ‘Clara e o Chuveiro do Tempo’ (menina com máquina do tempo traz figuras históricas aos dias de hoje) e os já testados ‘O Pequeno Alquimista’ e ‘A Terra dos Meninos Pelados’.
Nova ordem As ex-’Casa dos Artistas’ Analice Nicolau e Cinthia Benini serão dispensadas do departamento de jornalismo do SBT com a estréia de Ana Paula Padrão, no dia 15.
Flashback Nos bastidores do SBT, já se especula que Cinthia e Analice podem ocupar o espaço diário de Adriane Galisteu com um programa que lembraria o ‘Fantasia’. Nessa hipótese, Galisteu, que andou discutindo com Silvio Santos, passaria para os sábados.
Baixa Ex-namorada de Alexandre Frota e ex-assistente de Milton Neves, Daniela Freitas foi dispensada anteontem do SBT, onde era comentarista de esportes. Foi vítima da ‘Era Ana Paula Padrão’.
Acerto A operadora Sky, cujo conteúdo nacional é controlado pela Globo, distribui a partir do próximo dia 8 o canal de agronegócios Terraviva, do Grupo Bandeirantes. Executivos dizem que a Band, apesar do acordo, se manterá como parte (contrária) no processo de fusão da Sky com a DirecTV, que considera monopolizadora.’
Folha de S. Paulo
‘Globo compra a badalada série ‘Lost’ ‘, copyright Folha de S. Paulo, 2/08/05
‘A Globo comprou os direitos de exibição da primeira temporada da série norte-americana ‘Lost’, veiculada no Brasil pelo canal pago AXN. Sucesso de audiência nos EUA, conta a história de 48 sobreviventes de acidente aéreo.
Tudo começa com a queda de um Boeing numa ilha deserta, mostrada em seqüência extremamente realista no primeiro episódio. O terror só aumenta com o passar dos capítulos e o surgimento de mistérios e mais mistérios na praia paradisíaca.
A Central Globo de Comunicação afirmou que a data de exibição de ‘Lost’ não foi definida.’
CHICO NA TV
Janaina Fidalgo
‘Com três novos episódios, série leva Chico a Budapeste ‘, copyright Folha de S. Paulo, 3/08/05
‘‘Sonhei que o fogo gelou/ Sonhei que a neve fervia/ E por sonhar o impossível, ai/ Sonhei que tu me querias.’ Eis mais um piropo de Chico Buarque, um galanteio cantado em ‘Outros Sonhos’, canção inédita que vai ao ar neste domingo em ‘Romance’.
Trata-se do sétimo episódio da série ‘Chico Buarque’. Dirigido por Roberto de Oliveira, produzido e exibido pela DirecTV, o programa falará sobre as canções de amor na obra do compositor, tendo ao fundo as margens do rio Sena, em Paris, em cenas noturnas.
‘Piropo é uma expressão muito usada na língua espanhola e no português de Portugal, mas pouco empregada no Brasil. É um galanteio para a mulher amada’, conta Oliveira. ‘No programa, ele diz que Vinicius [de Moraes] foi o maior ‘piropeiro’ do país.’
‘Outros Sonhos’, feita durante as gravações em junho deste ano, é a terceira canção inédita de Chico mostrada na série -as outras foram ‘As Atrizes’, em ‘À Flor da Pele’, e ‘Risotto Nero’, em ‘Vai Passar’. ‘Acompanhamos a música nascendo. É bacana, é um envolvimento muito grande.’
O projeto, anunciado em trincas, segue agora com três novos programas. ‘Esse trabalho começou no ano passado e está sendo interessante, porque, além de vê-lo revisitar sua história, estamos mostrando o que Chico está pensando hoje. O projeto o está provocando a fazer músicas’, diz.
Os primeiros episódios -’Meu Caro Amigo’, ‘À Flor da Pele’ e ‘Vai Passar’-, mostrados também pela Band, chegam em DVD nesta semana às lojas. A caixa com os três custa R$ 149. Separadamente, cada um custa R$ 52.
A bola e os livros
Idealizador da linha de passe Pelé-Garrincha-Didi-Pagão-Canhoteiro, Chico Buarque tem sua relação com o esporte nacional desvelada em ‘O Futebol’. O oitavo episódio, com exibição em setembro, está em fase de montagem. ‘Traz um depoimento bem bacana do Chico no Maracanã vazio. A equipe considera que foi o mais bonito dos que ele já fez.’
Com cenas rodadas no Rio e imagens de arquivo de jogos de Chico, um deles com os veteranos do Santos, na Vila Belmiro, e de uma visita feita pelo centroavante Pagão, pouco antes de morrer, em 1991, ao campo do Polytheama.
‘O Futebol’ traz ainda gravações feitas em Budapeste e em Portugal. ‘Budapeste porque a seleção húngara de 54 é importante para ele’, diz o diretor da série.
Cidade onde se passa parte da trama de seu último livro e nunca antes pisada por Chico Buarque, Budapeste é a estrela de ‘Uma Palavra’. Neste nono episódio, programado para outubro, fala sobre as letras de suas canções e sobre literatura. ‘Ele não conhecia a cidade, só a imaginava. Disse que se sentia como se estivesse voltando no tempo’, conta Oliveira.’
João Wainer
‘Compositor viaja no tempo e desbrava capital húngara ‘, copyright Folha de S. Paulo, 3/08/05
‘O vôo 879 da companhia húngara Malev Airlines deixou Zurique sem atraso naquele sábado de junho em que o Brasil venceu a Alemanha por 3 a 1 na Copa das Confederações.
Na segunda fileira um passageiro lia atentamente o jornal húngaro ‘Szép Szó’ e preenchia as palavras cruzadas impressas no caderno cultural. Com dificuldade, consultava a cada instante um livro verde de capa dura sobre a mesinha da aeronave. O passageiro era Chico Buarque de Hollanda, prestes a aterrissar pela primeira vez em Budapeste, cidade que, apesar de não conhecer, inspirou-o e deu nome a seu último romance, publicado em 2003. O livro ao lado do jornal era um dicionário húngaro-inglês. Começava ali a viagem do autor -assim como seu protagonista, o escritor José Costa-, não apenas por Budapeste mas também pela língua húngara que, segundo seu livro, de tão complexa é a única que o Diabo respeita.
O primeiro contato com o povo húngaro deu-se ainda no avião. A aeromoça da Malev, linda, loura e de nome Érika, servia os passageiros. Chico pediu: ‘Et wiz kera’ (‘Uma água, por favor’). ‘Mineral water?’, respondeu a aeromoça, em inglês, com sotaque carregado nos ‘erres’, típico do Leste Europeu, para a decepção do compositor empenhadíssimo no aprendizado do húngaro.
Evoluindo lentamente nas palavras cruzadas, Chico demonstrava ansiedade que ficava mais clara à medida que o vôo chegava ao fim. ‘É estranho. Fiquei muito tempo, dois anos, me imaginando nesta cidade. Quero ver quando pisar lá o que vai acontecer.’
Em sua chegada à cidade, jantou um prato típico húngaro, despediu-se e saiu sozinho, caminhando rápido com seu sotaque paulista nos pés pela margem do rio Danúbio. ‘Quando estou andando pela cidade, parece que eu estou dentro do livro’, confessou o escritor.
Chico Buarque desbravou Budapeste. Uma de suas descobertas foi a estátua do escritor anônimo no Városliget. A estátua representa um historiador que trabalhava para o rei Bélla 3º no final do século 17 e prestava-lhe anonimamente serviços literários. Foi ele quem escreveu ‘Gesta Hungarorum’ (‘História dos Húngaros’), um dos mais importantes livros de história da Hungria. Sua identidade jamais foi descoberta.
No romance ‘Budapeste’, o protagonista José Costa é um ghost-writer que escreve textos para que outros assinem. No final da viagem, Chico afirmou que ao livro não cabem modificações em edições futuras, mas a estátua seria a única que ele poderia acrescentar após conhecer a Budapeste real.
‘Chegando aqui, pude confirmar que algumas coisas que eu tinha escrito com base em pesquisas estavam erradas, como o cigarro da marca Fecske que não existe há mais de 20 anos, ou o jornal onde meu protagonista publica um anúncio num domingo e que não sai aos domingos. Por outro lado, coisas que eu tinha inventado são reais, como a rua Toth, em que Kriska morava, que realmente existe. Fui até lá e descobri que há uma estação de metrô ao lado, exatamente como descrito no livro. A intuição também funciona muito’, afirmou.
Na periferia de Budapeste houve um torneio de futebol entre o time da embaixada brasileira, reforçado por Chico e seu empresário, Vinicius França, contra equipes formadas por ex-jogadores húngaros, alguns com passagem pela seleção local. Os brasileiros jogaram duas vezes e venceram ambas. Chico não fez gol, mas jogou bem e deu boas assistências aos gols de Vinicius.
‘Escrever sobre uma cidade que você não conhece é um pouco como escrever sobre outros tempos. Quanta literatura já não foi escrita sobre tempos remotos, ficção científica e tal. Chegar aqui a Budapeste é como se eu pudesse chegar ao Brasil da invasão holandesa da peça ‘Calabar’, que escrevi com o Ruy Guerra, que se passa em 1631. É claro que qualquer peça ou romance histórico é feito com base em pesquisas, mas deve ter muito desacerto. Chegar a Budapeste é como se eu pudesse viajar no tempo.’
‘Ao lado da estranheza inicial, me senti como se de fato conhecesse Budapeste. Me senti à vontade aqui’, disse Chico Buarque, momentos antes de despedir-se e embarcar para Paris, local onde ele afirma que encontra a paz necessária para trabalhar. Chico finaliza, a partir de agora, as composições de seu próximo disco, com previsão de lançamento no final deste ano.
O repórter-fotográfico João Wainer é diretor de fotografia da série ‘Chico Buarque’.’
TV CULTURA
Ronaldo Evangelista
‘Cultura abre grade para música erudita ‘, copyright Folha de S. Paulo, 2/08/05
‘Mais um passo acaba de ser dado em direção à sedimentação e popularização da música erudita no Brasil. A TV Cultura estréia, no próximo final e começo de semana, nove novos programas dedicados ao gênero, em três faixas diferentes de horário -aos domingos ao meio-dia e à meia-noite, e às segundas, quartas e sextas por volta de uma da manhã.
Além dos tradicionais programas de apresentação de concertos, há também idéias inovadoras, aplicando conceitos de música pop ao mundo erudito. Entre os novos formatos, por exemplo, existe um ‘show de calouros’, uma mesa-redonda para discutir ópera e um programa que pretende acompanhar e mostrar como funciona o universo das grandes orquestras.
José Roberto Walker, diretor da rádio Cultura FM -que tem programação totalmente dedicada à música erudita- e implementador dos novos programas na TV Cultura, faz questão de afirmar que a nova programação tem como principal objetivo atrair um novo público.
‘A idéia é fugir do lugar-comum e acrescentar um valor a mais na programação. Você abre uma porta para o público em casa que não conhece muito’, diz Walker. Segundo ele, o projeto busca atrair o público jovem, que ainda não tem o ‘ouvido viciado’. ‘Esse é o papel mais importante que a televisão pode desempenhar, é indispensável. Não estaríamos cumprindo nossa obrigação social se não fizéssemos isso.’
Uma das estréias mais interessantes será já neste domingo, ao meio-dia. O primeiro programa da série será ‘Por Dentro da Orquestra’, que se propõe a contar histórias e explicar o funcionamento de uma orquestra. Durante o programa, a apresentadora Estela Ribeiro deverá mostrar a rotina, os bastidores e a preparação de um concerto. Nesta primeira edição, ela acompanhará a Osesp em seu local de ensaios e apresentações, a Sala São Paulo.
Depois de atrações dedicadas à ópera e dança, haverá, no último domingo do mês, dia 28, a maior novidade da programação: um programa de auditório dedicado aos calouros da música erudita. Certamente uma inovação, ‘Prelúdio’ vai mostrar por programa quatro ou cinco solistas calouros competindo entre si, tocando seus instrumentos acompanhados por uma orquestra. Até júri haverá. A proposta do programa é descobrir e revelar novos talentos, mas deve gerar diversão por sua premissa pouco usual.
Sempre aos domingos, à meia-noite, surge a série ‘Fortíssimo’, trazendo exibições de concertos e apresentações. Cada semana será dedicada a uma variação: no primeiro domingo do mês será exibido sempre um concerto da Osesp, filmado pela Cultura; no segundo domingo, ‘Fortíssimo Ópera’ (que será acompanhado de uma mesa-redonda para discutir o estilo); no terceiro domingo, ‘Fortíssimo Dança’, e, finalmente, no último domingo de cada mês, concertos internacionais.
Nas madrugadas (à 1h) de segundas, quartas e sextas, Artur da Távola apresenta ‘Repertório’, que -assim como o programa que exibia na TV Senado- mostra e comenta concertos e recitais brasileiros e internacionais, agora, retirados do acervo musical da TV Cultura.’
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‘Festival tem primeira eliminatória amanhã’, copyright Folha de S. Paulo, 2/08/05
‘Amanhã, às 21h30, acontece a primeira eliminatória do ‘Festival Cultura – A Nova Música do Brasil’. A apresentação será no teatro do Sesc Pinheiros e será exibida ao vivo pela TV Cultura. Com 48 selecionados entre 5.198 inscritos, o festival foi lançado em março deste ano e tem a proposta de ser um evento importante para a música brasileira, mostrando o que acontece de novo e relevante hoje. Exatamente como acontecia nos históricos festivais da Record nos anos 60, que dividem sua história com as de artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elza Soares, Jair Rodrigues e tantos outros. O coordenador do novo festival, não coincidentemente, é Solano Ribeiro, o mesmo dos festivais dos anos 60.
Se nos antigos festivais o enfoque estava nos mais novos artistas, neste pelo menos metade dos participantes são músicos com mais de dez anos de carreira. Sobre isso, Solano diz: ‘O novo não é necessariamente uma coisa moderna. Tudo que é desconhecido é novo. A intenção é abrir uma janela para a música popular, onde os novos tenham espaço’.
A grande questão que surge é se um festival hoje ainda é capaz de ter o mesmo impacto que tinha nos anos áureos da MPB. Solano aposta na importância do festival e aponta uma possibilidade: ‘No passado tivemos um catalisador, que foi a Elis. Se nesse novo festival aparecer também um catalisador, com certeza ele terá mais força. Esse catalisador pode ser qualquer coisa -o próprio festival, um grupo, uma cidade’.’