Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

STJ permite jornalista
trabalhar sem diploma


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Quinta-feira, 29 de março de 2006


DIPLOMA EM XEQUE
Demétrio Weber


STJ, em liminar, dispensa diploma de jornalista


‘O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liminar dispensando a exigência de diploma para o exercício do jornalismo. A decisão beneficia exclusivamente o profissional da área de comunicação Vanderlan Farias de Sousa e foi tomada na última quinta-feira pelo ministro José Delgado. Não há previsão de quando será julgado o mérito do mandado de segurança ajuizado por Vanderlan.


Fenaj contesta a tese do direito adquirido


Ele obteve registro profissional de jornalista quando ainda estava em vigor liminar concedida em 2001 pela Justiça Federal em São Paulo que dispensou a exigência de apresentação de diploma de bacharel em jornalismo. A liminar foi posteriormente anulada pelo Tribunal Regional Federal da 3 Região, em São Paulo, o que levou o Ministério do Trabalho a cancelar, este ano, os chamados registros profissionais precários concedidos a não-portadores de diploma no período de vigência da decisão judicial.


O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, disse ontem que a entidade pedirá ao STJ para ingressar como parte interessada no processo, com o intuito de defender a exigência do diploma. Para a Fenaj, a tese do direito adquirido não vale neste caso, uma vez que os registros profissionais foram obtidos em desacordo com a legislação. No caso, um decreto de 1979 que estabelece a obrigatoriedade do diploma para os profissionais do jornalismo.


— É um absurdo falar que alguém tem direito adquirido desrespeitando a legislação. É importante destacar também que esta decisão do STJ só vale para este profissional da Paraíba – disse Sérgio Murillo.


Segundo ele, a decisão da juíza Carla Rister, que dispensou a obrigatoriedade do diploma em 2001, foi anulada pelo TRF da 3 Região em outubro do ano passado.


A Associação Nacional de Jornais só vai se pronunciar hoje sobre o assunto.’


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Elis Monteiro


Parceria tecnológica une Globo e Intel


‘A Intel e as Organizações Globo fecharam ontem uma parceria tecnológica para o desenvolvimento e a implantação de um laboratório de mídias digitais na Globo.com. A parceria também prevê a formação de grupos de trabalho, compostos por executivos das duas empresas, que estudarão modelos para agilizar a distribuição, via internet fixa (computador) e móvel (telefones celulares), de conteúdo audiovisual produzido pelas Organizações Globo.


O anúncio da parceria foi feito no Rio pelo presidente mundial da Intel, Paul Otellini, e pelo presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho.


Entre as funções dos grupos de trabalho está o estudo da utilização de novas tecnologias de distribuição de mídia da Intel, como a Viiv, plataforma de entretenimento digital lançada pela companhia em janeiro e disponível apenas em oito países, além do Brasil.


As duas empresas também pretendem usar o laboratório de mídias digitais para a criação de protótipos e testes de futuras atualizações do Globo Media Center, plataforma de distribuição de vídeo da Globo.com. Há ainda projetos para incrementar a distribuição de fotos, áudio e textos através de múltiplas plataformas nos próximos 12 meses. A expectativa é de que o laboratório de mídias digitais esteja funcionando já no segundo semestre deste ano.


A Globo.com será a primeira empresa no Brasil a adaptar sua programação para a nova plataforma de entretenimento da Intel. A Viiv permite que se transforme um computador em centro do entretenimento digital da casa, substituindo todas as outras formas tradicionais de mídia – como aparelhos de som, TVs em alta definição, DVD players e console de jogos. Permite, por exemplo, que se possa transferir arquivos do computador para a TV e nela acessar vídeos usando o controle remoto. No novo mundo Viiv, o computador é o centro do que a Intel já chama de ‘Lar Digital’.


– Hoje você tem na sua sala um computador e uma TV e um não ‘fala’ com o outro. Mas em ambos você consome vídeo, música, ou seja, entretenimento. A tecnologia Viiv permite a integração entre estas duas redes, é um elo de comunicação entre o micro e a TV – diz Frederico Monteiro, diretor de Marketing da Globo.com.’


TV DIGITAL
Flávia Oliveira e Mônica Tavares


Gilberto Gil e Hélio Costa no cordel da discórdia


‘RIO e BRASÍLIA. O rosário de embates públicos do primeiro escalão do governo Lula ganhou mais uma conta. Dessa vez, os protagonistas foram os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e das Comunicações, Hélio Costa. Convidado a dar a aula inaugural da Escola de Comunicação da UFRJ, ontem de manhã, no Rio, Gil recitou para uma platéia de 300 pessoas o texto de cordel de uma autora pernambucana que continha a defesa de um modelo brasileiro para a TV digital e ofensas a seu colega de ministério. O poema trazia os versos: ‘Hélio Costa/ de fato somente aposta/ no monopólio privado’ e ‘com uma conversa bosta/ só quer saber da imagem/ e do que traz de vantagem/ o comércio de resposta’.


De Brasília, Costa reagiu duramente. Acusou Gil de estar ‘desatualizado e desinformado’ sobre o assunto, que está em discussão no governo. Afirmou que o colega não participa das reuniões, onde é ‘sempre representado pelo verdadeiro ministro da Cultura, que é o secretário-executivo (João Luiz Silva Ferreira)’. E desafiou Gil a ‘falar bosta na frente da ministra Dilma (Rousseff, chefe da Casa Civil, que também integra o grupo interministerial que trata de TV digital)’.


– Só lamento a deselegância do ministro. Não é à toa que alguns amigos dele o chamam de Gilberto Vil. Eu entendo agora a razão deles. Porque para um ministro de Estado, sem me dar conhecimento, fazer uma agressão como essa – disparou Costa, durante entrevista coletiva.


‘Decidi não censurar. Era uma visão agreste’, diz Gil


Para o ministro da Cultura, tudo não passou de um mal-entendido. Ele disse ao GLOBO, no fim da tarde, que recebeu o texto ‘Brasileiros, atenção – O cordel da TV digital’, da jornalista e poeta Luciana Rabelo, semanas atrás e nunca o lera. Durante a aula de ontem, selecionou o texto aleatoriamente na pasta em que guarda o material sobre TV digital. Deu início à leitura e quando se deu conta das referências a Costa, era tarde:


– Nunca havia lido o texto, resolvi ler na hora. Quando vi as referências ao ministro, decidi não censurar. Era uma visão agreste, árida sobre o tema, mas eu estava numa aula sobre comunicação, sobre democracia. Queria mostrar que esse assunto está sendo debatido em todo o país, há vozes e opiniões de todos os lados.


Constrangido, Gil afirmou que o texto não expressa sua posição no debate governamental sobre TV digital nem tampouco sua opinião sobre o colega das Comunicações.


– Quero pedir desculpas ao ministro Hélio Costa, se ele tomou como ofensa. Se soubesse o conteúdo do texto, por uma questão de delicadeza, nem teria lido. Não foi intencional, foi totalmente por acaso. Foi um ato democrático de ecoar qualquer voz – disse o ministro da Cultura, sem conhecer o teor das declarações de Costa.


Para o ministro das Comunicações, o cordel lido por Gil contém ‘idiotices’. Segundo ele, Gil não se preparou para discutir comunicação e TV digital e ‘não teve sequer o cuidado de ler’ sobre o tema:


– Primeiro, ele deveria ter lido o cordel na frente da ministra Dilma. Queria ver se ele consegue falar bosta na frente da ministra Dilma. Se usa o palavreado chulo na frente do presidente, dos ministros de Estado, ou ele não pertence a este grupo ou está lá por acaso.


Para Hélio Costa, o comportamento de Gil foi tão absurdo que ele ‘possivelmente não leu antes’ o cordel:


– No fim, como não podia cortar o embalo do bonitinho, ficou o artista fazendo gracinha para um grupo de estudantes, em vez de se comportar como ministro de Estado.


Costa também sugeriu que Gil estaria se vingando da época em que, como senador, Costa foi contrário ao projeto da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav).


– Ele é o autor de algumas peças absolutamente dramáticas, que eu como senador acompanhei, como a criação do monstro Ancinav, que queria taxar em 4% todas as empresas de comunicação do país, para poder pagar as estripulias do doutor Gilberto Gil e seus amigos. Evidentemente, pode ser a partir daí que ele esteja aborrecido com o senador Hélio Costa e, por sua vez, é deselegante com o ministro Hélio Costa – afirmou.


Para diretora, objetivo não era falar mal de Costa


A aula inaugural da Escola de Comunicação (Eco) da UFRJ foi realizada no auditório Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha, Zona Sul do Rio. Tanto o reitor da UFRJ, Aloisio Teixeira, quanto a diretora da Eco, Ivana Bentes, que assistiram à palestra, não enxergaram na leitura do cordel a expressão do posicionamento de Gilberto Gil no debate sobre TV digital ou sobre o ministro das Comunicações.


– Lamento que isso tenha dado margem a esse mal-entendido. Ele (Gil) estava dando uma aula de democracia, não estava acolhendo uma opinião, mas mostrando críticas que foram feitas ao próprio governo. Destacado do contexto, pode parecer indelicadeza, mas no contexto não foi isso – disse o reitor.


Para Ivana, ‘ficou claro que o ministro estava expressando a opinião da autora, não uma briga de ministério’:


– Não foi caso de polêmica. Se ela existe, não foi colocada na aula. Ele não veio à universidade para falar mal do Hélio Costa.’


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A resposta de Hélio Costa


‘‘Só lamento a deselegância do ministro (Gil). Não é à toa que alguns amigos o chamam de Gilberto Vil. Eu entendo agora a razão deles. Porque para um ministro de Estado, sem me dar conhecimento, fazer uma agressão como essa’


‘E ele sabe, porque participa das reuniões, que não é o ministro Hélio Costa que decide as coisas. Pelo contrário, muito embora ele seja um ausente, e esteja sempre representado pelo verdadeiro ministro da Cultura, que é o secretário-executivo dele. E, às vezes, ultimamente nem o secretário-ministro tem aparecido. Nós já realizamos dezenas de reuniões e ele (Gil) sabe que não é o ministro das Comunicações que decide, pelo contrário’.


‘O despreparo do ministro (Gil) com relação a comunicação e a TV digital é que leva a isto. Ele não teve sequer o cuidado de ler cuidadosamente sobre a TV digital (…) Ele deveria ter lido o cordel na frente da ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil, que participa das discussões sobre TV digital). Queria ver se ele consegue falar bosta na frente da ministra Dilma’.


‘Como ele é o autor de algumas peças absolutamente dramáticas, que eu como senador acompanhei, como a criação do monstro Ancinav, que queria taxar em 4% todas as empresas de comunicação do país, para poder pagar as estripulias do doutor Gilberto Gil e seus amigos, evidentemente que pode ser a partir daí que ele esteja aborrecido com o senador Hélio Costa e por sua vez é deselegante com o ministro Hélio Costa’.


‘É um absurdo a deselegância, possivelmente ele não leu antes (o cordel). E no fim, como não podia cortar o embalo do bonitinho, ficou o artista fazendo gracinha para um grupo de estudantes em vez de se comportar como ministro de Estado’


‘Se tiver que sair candidato faço questão de contratar a banda de Gilberto Gil, aliás é uma das poucas coisas que ele faz bem’ (Costa, sobre a possibilidade de deixar o ministério para disputar as eleições este ano)’


Flávia Oliveira e Cristiane Jungblut


Bate-boca é comum no primeiro escalão


‘RIO e BRASÍLIA. Em três anos de governo, o Ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se envolveu em um punhado de bate-bocas. Um dos mais comentados foi o que opôs o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ao agora titular da Fazenda, Guido Mantega. Em março de 2004, Mantega ainda comandava o Planejamento, quando Rodrigues – irritado com a falta de solução para uma greve de fiscais que causara prejuízo de R$ 500 milhões em produtos que deixaram de ser exportados – chamou o colega de ‘vagabundo’, numa reunião com parlamentares.


No fim do ano passado, foi a vez de a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, numa entrevista, classificar de ‘rudimentar’ a proposta de ajuste fiscal de longo elaborada pela equipe econômica. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, reagiu. Antonio Palocci, então o todo-poderoso da Fazenda, chegou a pedir demissão. No episódio, o presidente Lula foi obrigado a intervir: primeiro, disse que o debate dentro do governo era natural; depois determinou o fim das divergências públicas entre ministros.


O Código de Conduta da Alta Administração Federal, que fixa regras de comportamento proíbe divergências públicas entre autoridades e também que uma autoridade opine publicamente sobre a honorabilidade e o desempenho funcional de um colega. O código também vale para os ministros de Estado.


A Comissão de Ética Pública recomenda ainda que as altas autoridades não opinem sobre temas que poderão vir a tratar, sendo individualmente ou em colegiado. Os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e das Comunicações, Hélio Costa, participam da comissão interna do governo que trata de TV Digital.


O desentendimento de ontem poderia ser enquadrado nos dois casos. Mas a comissão, subordinada ao presidente da República, só pode se pronunciar quando provocada ou se o tema for levantado por um de seus integrantes. Geralmente, cabe ao ofendido entrar com um pedido de explicação. A próxima reunião da comissão será em 24 de abril.’


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Trechos do cordel


‘‘A nossa televisão tá prestes a ser mudada, e pode ser melhorada se o povo se unir e agindo exigir TV democratizada’


‘Quem internet não tem, nem sabe o que é e-mail, desfrutará desse meio e outras coisas também, pois a tal TV contém tudo isso reunido, bastando ser escolhido o modelo ideal pra inclusão social’


‘O governo federal,muito mal representado, tem ministro de Estado teu empresário boçal’.


‘O tal ministro citado, que se chama Hélio Costa, de fato somente aposta no monopólio privado’


‘Três modelos são usados em países estrangeiros. Falta agora o brasileiro que já vem sendo estudado, mas não é incentivado pelo ministro Hélio Costa que com uma conversa bosta ‘só que saber da imagem’ e do que traz de vantagem o comércio de resposta’


‘Não dá mais para ficar da forma como está nas mãos de uma minoria que defende a hegemonia de cruéis monstros Globais’


A desculpa: ‘Não tinha lido antes. Quando vi a referência ao ministro (Costa), resolvi não censurar. Era uma aula sobre comunicação, sobre democracia. (…) Queria pedir desculpas ao ministro Hélio Costa se ele tomou como ofensa. Se soubesse do conteúdo (do cordel), por uma questão de delicadeza, nem teria lido’’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 29 de março de 2006


DIPLOMA EM XEQUE
Folha de S. Paulo


STJ dá direito a jornalista de atuar sem o diploma


‘O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) José Delgado concedeu uma liminar (decisão provisória) autorizando um jornalista, que não tem diploma universitário, a exercer a profissão com o registro provisório.


A emissão de registros provisórios havia sido autorizada em 2001 pela 16ª Vara Federal de São Paulo. Quatro anos depois, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais recorreram ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região e conseguiram cassar a permissão.


Ainda não há uma decisão final sobre a questão. Mesmo assim, em janeiro deste ano, o Ministério do Trabalho e Emprego baixou a portaria nº 03/2006 reforçando a decisão do TRF.


O entendimento do ministro, publicado ontem no Diário Oficial, é uma resposta ao mandado de segurança interposto por Vanderlan Farias de Sousa, que trabalha em jornalismo, mas não tem diploma. Para Delgado, a aplicação da portaria, sem ainda existir uma decisão judicial definitiva, poderia causar prejuízos, como a demissão sumária.


A decisão do ministro tem efeito até o julgamento final do mandado, que será analisado pela 1ª seção do STJ. A decisão vale apenas para Sousa. Mas, como se trata de um órgão superior, este entendimento poderá servir de referência para outros pedidos.’


TV DIGITAL
Italo Nogueira


Gil lê cordel que ataca Costa por TV digital


‘O ministro da Cultura, Gilberto Gil, leu ontem, durante aula inaugural da Escola de Comunicação da UFRJ, cordel feito por ativistas políticos de um grupo chamado Ventilador Cultural, em que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, é chamado de ‘empresário boçal’ e acusado de apostar ‘no monopólio privado’ das comunicações.


‘O governo federal, muito mal representado, tem ministro de Estado, um empresário boçal, e a TV digital, importante instrumento para o desenvolvimento, corre o risco de ficar como sempre esteve e está na mão de pouca gente’, diz o cordel. ‘O tal ministro citado, que se chama Hélio Costa, de fato somente aposta no monopólio privado. E esse empresariado que recebeu concessão de rádio e televisão e quer se perpetuar o único a mandar na nossa programação’, afirma em outro trecho.


Gil apresentou o texto como um exemplo ‘das manifestações de democracia’ que chegam até ele. A entidade autora do texto critica o apoio de Costa ao padrão japonês para a TV digital (defendido também pelas emissoras de TV) e o pouco apoio dado à elaboração de um modelo nacional. Diz também que a posição do ministro das Comunicações é de apoio aos interesses comerciais dos grandes veículos de comunicação.


Gil defendeu, na aula inaugural, ‘mais participação e democratização dos meios de comunicação’. ‘Essa discussão [sobre democratização das comunicações] estava um pouco abafada, mas agora já está sendo discutida melhor’, afirmou. ‘A sociedade está sendo convocada para discutir a TV digital no conjunto de sua importância.’ O ministro declarou não ter preferência por nenhum dos modelos que estão na disputa.


A Folha publicou no último dia 8 que o governo já decidiu pelo padrão japonês. Pesou na escolha a importância política do apoio das TVs em ano eleitoral e a promessa de instalação de uma fábrica de semicondutores japonesa.


Apesar da discussão que diz ocorrer, Gil assumiu, durante a aula, que a pressão de meios de comunicação na decisão do governo é grande. ‘Os meios de comunicação têm muito poder e capacidade de submeter o Estado e outras iniciativas privadas aos seus desígnios’, afirmou ele. ‘É difícil falar de democracia.’


O integrante do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (Indecs) Gustavo Gindre afirma ser uma ‘boa notícia’ a participação da sociedade na discussão sobre TV digital. Gindre disse que o Conselho Consultivo, formado por representantes da sociedade civil para discutir o assunto, não foi convocado desde novembro do ano passado. ‘Reunimo-nos por conta própria, em fevereiro, mas sem a convocação do governo.’


Palocci


Gil evitou comentar a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. O ministro só comentou a saída de Palocci depois de se dizer obrigado a responder por causa da insistência.’Foi uma cerimônia comovente, tocante. (…) Saía um ministro com acusações e entrava um outro ministro’, afirmou o ministro.


Gil irritou-se ao ser questionado se estava preocupado com a crise no governo. ‘Preocupado com o quê? Quero é me ocupar! Dormir tranqüilo em casa, cansado de ter trabalhado o dia todo!’’


Humberto Medina


Para Costa, Gil é ‘despreparado’ e diz ‘idiotices’


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), reagiu agressivamente aos comentários do ministro da Cultura, Gilberto Gil, sobre sua participação no processo de escolha do padrão de TV digital a ser adotado pelo Brasil.


‘Eu só lamento a deselegância do ministro. Não é à toa que alguns amigos dele o chamam de Gilberto vil [pessoa desprezível, repugnante, infame, segundo o dicionário Houaiss]’, disse Costa, após ser informado do conteúdo do cordel lido por Gil na Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) diante de alunos.


‘Ele deveria ter lido o cordel na frente da ministra Dilma [Rousseff, Casa Civil], quero ver se ele consegue falar ‘bosta’ na frente da ministra Dilma’, afirmou Costa.


‘Vamos ver se ele usa o palavreado chulo na frente do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], dos ministros de Estado. Ou ele não pertence a esse grupo [ministro de Estado] ou está lá por acaso’, disse o ministro das Comunicações.


‘Possivelmente, [Gil] nem leu [o cordel] antes. E, no fim, como não podia cortar o embalo do bonitinho, ficou o artista fazendo gracinha para um grupo de estudantes, em vez de se comportar como ministro de Estado’, continuou o colega de Gil no ministério.


Ainda de acordo com Costa, os ataques feitos por Gilberto Gil aconteceram porque ele está despreparado para lidar com o assunto TV digital.


Segundo ele, Gil é ‘um ausente’ das reuniões que são realizadas sobre o assunto, onde é ‘sempre representado pelo verdadeiro ministro da Cultura, que é o secretário-executivo dele [Juca Ferreira]’.


Hélio Costa disse que cantar é uma das poucas coisas que Gil faz bem. ‘Se tiver que sair candidato, faço questão de contratar a banda do Gilberto Gil. Aliás, é uma das poucas coisas que ele faz bem’, afirmou.


O ministro das Comunicações disse que irá convidar o mesmo grupo de alunos ‘que viu o ministro falar essas idiotices’ para ouvi-lo também.


Ainda de acordo com Costa, o ministro da Cultura teria ressentimento em relação a ele que vem do tempo do projeto de lei da criação da Ancinav (Agência Nacional da Cultura e do Audiovisual).


‘Ele [Gil] é o autor de algumas peças [projetos] absolutamente dramáticas, que eu como senador acompanhei, como a criação do monstro Ancinav, que queria taxar em 4% todas as empresas de comunicação do país para poder pagar as estripulias do doutor Gilberto Gil e seus amigos, pode ser a partir daí que ele esteja aborrecido com o senador Hélio Costa’, disse o ministro.’


POLÍTICA CULTURAL
Editorial


Distorções Culturais


‘Em 2005 , o Ministério da Cultura registrou mais de R$ 600 milhões em recursos captados por projetos no escopo da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. O montante é vultoso e o modo de distribuí-lo pede reflexão.


Exemplos de mau uso do dinheiro -de livros de arte que arrecadam mais de R$ 1 milhão e não remuneram colaboradores a filmes que obtiveram apoio mas jamais foram concluídos- surgem com freqüência no noticiário cultural e são reveladores de fraquezas do sistema.


Tal como formulada atualmente, a lei concede dedução integral de Imposto de Renda às empresas dispostas a apoiar um projeto, desde que tenha sido previamente aprovado pelo ministério e que o montante não ultrapasse 4% do tributo devido.


O modelo é criticado por submeter a aplicação de recursos públicos a critérios privados, condicionando o apoio ao interesse de divulgação de uma marca. Não se pode ignorar, contudo, que houve incremento significativo na produção cultural do país desde o advento da lei.


Uma solução para aperfeiçoar o modelo seria tornar mais rigorosos os critérios de aprovação de projetos. Parte das distorções deve-se ao fato de que inexiste uma equipe de pareceristas preparados para barrar projetos deficientes e de alcance restrito.


Outro ajuste poderia vir da criação de linhas de financiamento voltadas a projetos de menor porte, de regiões distantes dos grandes centros. Incapazes de atender aos objetivos de comunicação das empresas, muitos projetos com esse caráter acabam alijados do sistema de captação.


Seria interessante, também, que florescesse nessa área tão dependente do Estado mais apetite para o risco. Mesmo sendo poucos, os projetos que têm chance de se pagar deveriam ser estimulados a buscar recursos não-subsidiados no mercado. Isso contribuiria para ampliar as fontes de financiamento da cultura.’


DONA LU RECLAMA
Painel do leitor


Vestidos


‘‘Em relação ao publicado pela colunista Mônica Bergamo no dia 26/3 (Ilustrada), gostaria de esclarecer que a senhora Lu Alckmin não recebeu 400 peças de alta-costura do estilista Rogério Figueiredo. As poucas peças que dele recebeu já foram doadas para a entidade social Fraternidade Irmã Clara da capital.’ Cristina Macedo, assessora de imprensa de Lu Alckmin (São Paulo, SP)


Resposta da colunista Mônica Bergamo – As informações de que Lu Alckmin recebeu 400 peças de roupa de Rogério Figueiredo foram dadas à Folha pelo próprio estilista, sempre apresentado publicamente pela primeira-dama como o profissional que cuidava de seu guarda-roupa. Em mais de uma ocasião, em entrevistas gravadas, Figueiredo deu declarações e mostrou os croquis e fotos dos vestidos de alta-costura que já fez para a primeira-dama. A reportagem procurou Lu Alckmin há oito dias (em 22/3), pedindo que ela se manifestasse sobre as informações. Foram várias as tentativas, mas a resposta da assessora Cristina Macedo era sempre a mesma: a de que a primeira-dama não fala sobre sua ‘vida pessoal’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Pega leve


‘Fátima Bernardes entrou no final da tarde e chamou Déliz Ortiz, que surgiu séria:


_ Osmar Serraglio começou a ler o relatório citando a Bíblia, Mateus, ‘nada há de encoberto


que não venha a ser revelado’.


E de imediato acrescentou:


_ Entre outros, o relator pede o indiciamento do senador Eduardo Azeredo, do PSDB, dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério.


Ah, encerrou a repórter:


_ O presidente Lula é citado no relatório, que o exime de qualquer responsabilidade.


A escalada do ‘Jornal Nacional’ foi na mesma linha, depois:


_ O relatório final da CPI dos Correios confirma existência de ‘mensalão’, pede indiciamento de um senador tucano e de dois ex-ministros petistas, mas isenta o presidente Lula de culpa.


Naquele fim de tarde, surgia no site do ‘Wall Street Journal’ reportagem intitulada ‘Investigação no Brasil absolve [‘clears’, no original] Lula em escândalo de suborno no Legislativo’.


E a agência Reuters distribuía, para sites de outros jornais pelo mundo, um despacho intitulado ‘Investigação no Brasil deve absolver [‘to absolve’, no original] Lula em escândalo’.


De quebra, o Valor On Line trazia, fechando o dia, o título ‘Mercados: dólar reduz alta após alívio com cena política’.


Em entrevista ao portal UOL, o cientista político Fábio Wan derley Reis comentou que o relatório ‘pega leve’ com Lula, mas ‘surpreende no rigor’.


Rigor com uns e com outros. Daí a reportagem no Globo Online, dizendo, de um lado:


_ Mesmo considerando frouxo o relatório, a oposição admite negociar para flexibilizar ainda mais o parecer.


E também do outro lado:


_ O governo considera duro o relatório e não aceita o indiciamento [de ex-ministro].


Prosseguiam as negociações.


Durante a leitura do relatório, canais de notícias, rádios e sites atiravam para todo lado. O Google Notícias se concentrou, quase o tempo todo, no enunciado ‘Serraglio exime Lula de responsabilidade pelo ‘mensalão’.


Na Folha Online, ‘CPI poupa Lula e pede indiciamento de Azeredo’. Globo Online, ‘Dirceu, Gushiken e Azeredo na lista dos que podem ser indiciados’.


Os blogs, diante das mais de seis mil páginas anunciadas para o relatório e dos detalhes sem fim, acabaram por postar links para a íntegra do relatório. No UOL, Fernando Rodrigues:


_ Um aviso aos navegantes: são arquivos gigantes.


Curiosamente, desde a manhã já se noticiavam as principais linhas do relatório, na cobertura eletrônica, dos ex-ministros ao senador _e as ‘mais de cem’ sugestões de indiciamento.


‘Bom Dia Brasil’, Jovem Pan e Folha Online, entre muitos outros, adiantavam, no expressão da rádio, ‘a principal pergunta de toda a investigação’:


_ E o presidente Lula? Para o relator Osmar Serraglio, ele foi informado, mas não participou.


Na home page do Globo Online, ‘o relatório final diz que presidente pediu providências’.


Início de noite e o relatório que ‘isenta o presidente’, frase usada por Globo e Record, já disputava espaço, nas escaladas, com a contagem que vem desde o domingo, no ‘Fantástico’.


Do ‘Jornal da Record’:


_ Quatro horas e 30 minutos. É o que falta para o tenente coronel Marcos Pontes realizar um sonho e entrar para a história. No Cazaquistão, nossos repórteres acompanham a contagem regressiva para a primeira viagem de um brasileiro ao espaço.


E na escalada do ‘JN’:


_ Chega o dia da partida. O brasileiro Marcos Pontes está a três horas e 14 minutos de viajar ao espaço. Nossos repórteres mostram preparativos em Bai konur e a ansiedade em Bauru.


No wsj.com, ‘Investigação absolve Lula em escândalo de suborno no Legislativo’


Distinção


Causou furor na blogosfera petista, em dia de relatório final da CPI dos Correios, uma pequena nota da coluna de Mônica Bergamo, na Folha. Amigos do Presidente Lula, Por um Novo Brasil e outros trombeteavam como, segundo pesquisa Vox Populi, o caso Francenildo ‘não abalou a popularidade de Lula’.


Entrevistado pela rádio Jovem Pan, o diretor do instituto saiu explicando que ‘o quadro não deve mudar nem nos próximos dias, porque o eleitor de Lula está fazendo uma distinção entre Lula, governo e partido’.


Flexibilização


E o blog de humor Kibe Loko ‘explicou’ o enunciado ‘75% dos brasileiros admitem que seriam capazes de cometer corrupção’, que saiu no UOL:


_ Outros 25% subornaram o pesquisador para marcar ‘não’.


Para além da piada, a diretora do Ibope, ouvida pelo portal, identificou ‘uma certa flexibilização das regras éticas’:


_ Contrariar as regras de repente pode ser válido. Tem um certo pragmatismo na cultura.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Ministério proíbe ‘Pânico’ antes das 20h


‘Depois de um ano monitorando o ‘Pânico na TV’, o Ministério da Justiça decidiu nesta semana reclassificar o humorístico da Rede TV!, antes livre, como impróprio para menores de 12 anos.


Assim, o programa não poderá mais ser exibido antes das 20h por veicular, segundo o ministério, conteúdo inadequado para crianças: ‘cenas de simulações de agressão física, assassinato, acidente doméstico, atropelamento e exposição de cadáver’, além de ‘cenas de exposição de pessoas em situação constrangedora ou degradante, uso de linguagem depreciativa e erotismo’.


Exibido entre 18h e 20h, o ‘Pânico’ tem registrado médias de oito pontos, equilibrando a disputa com SBT e Record.


A rigor, a Rede TV! não é obrigada a cumprir a nova classificação. Mas, se descumprir, corre o risco de sofrer uma ação do Ministério Público Federal (como ocorreu no ano passado com o ‘Tarde Quente’, de João Kléber, que acabou extinto). Foi o próprio Ministério Público que pediu o monitoramento. A nova classificação tem a aprovação do órgão.


A Rede TV! tentará anular a nova classificação na Justiça. Dennis Munhoz, superintendente jurídico da emissora, classificou o ato do ministério como ‘arbitrário’. ‘Não há nenhuma explicação lógica para a reclassificação. Estamos partindo para esfera judicial porque, infelizmente, não há negociação com o ministério’, disse.


OUTRO CANAL


Saia justa 1 Hélio Costa anunciou ontem que não deixará o Ministério das Comunicações para se candidatar ao governo de MG. Mas seu secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica, Joanilson Ferreira, não deve durar muito no cargo.


Saia justa 2 Costa não gostou de saber que Ferreira, sem seu conhecimento, mandou fechar uma rádio mantida pelo governo de Roraima. Descobriu que o secretário agiu para agradar ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), adversário do governador de RR, e que articulava seu nome para titular do ministério caso Costa saísse.


Alta Co-autor da minissérie ‘JK’, Alcides Nogueira acaba de renovar contrato com a Globo. Ficará na emissora até 2012. Após voltar de férias, Nogueira tratará de uma próxima novela das seis.


Murcho Galvão Bueno não é mais o mesmo. Há mais de um mês seu programa no SporTV, o ‘Bem Amigos’, não ganha no Ibope da TV paga da também mesa-redonda esportiva ‘Linha de Passe’, da ESPN Brasil, que vai ao ar no mesmo horário. O programa da ESPN, em média, tem 10 mil telespectadores a mais do que o de Galvão.


Presente Sônia Braga se emocionou e chorou ao agradecer ao autor Manoel Carlos pela ‘oportunidade’ que ele lhe deu em ‘Páginas da Vida’. Foi ontem de manhã, no primeiro encontro do elenco da próxima novela das oito da Globo.’


Folha de S. Paulo


Lima Duarte se desculpa à Globo pelas críticas que fez à rede em entrevista à Folha


‘O ator Lima Duarte enviou carta à direção da Globo e de ‘Belíssima’ desculpando-se pelas críticas que fez à emissora e à novela em entrevista concedida à Folha e publicada na edição do último domingo. Ao jornal, o ator criticara o ‘Fantástico’ (‘a edição transforma qualquer opinião em merda’), o sotaque grego do colega Tony Ramos (‘virou um penduricalho entre o ator e o público’), o merchandising que faz em ‘Belíssima’ (‘fica uma moça do merchandising dizendo como a cena deve ser feita, que tem que virar o rótulo para a câmera, e os diretores ficam quietos’) e a atuação de Fernanda Lima em ‘Bang Bang’ (‘colocaram muita roupa e ela teve de interpretar, aí ficou ruim para ela’). Disse também que há 40 anos se faz a mesma novela e que na Globo, atualmente, ‘tudo gira em torno da produção e não da criação’.


Suas declarações geraram mal-estar nos bastidores de ‘Belíssima’. Em mensagem enviada a Octávio Florisbal, diretor-geral da Globo, e à direção de ‘Belíssima’, o ator, que trabalha na emissora há 35 anos, disse ter sido ‘mal interpretado’ pela reportagem e acrescentou: ‘Sou um ator feito por esta empresa. Tenho muito orgulho de trabalhar aqui’. A entrevista de Lima Duarte a dois jornalistas da Folha foi gravada e acompanhada por uma assessora da Globo.’


Nota do OI: os repórteres que entrevistaram Lima Duarte foram Inácio Araújo e Laura Mattos


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 29 de março de 2006


TV DIGITAL
Karine Rodrigues


Gil lê cordel que chama Costa de boçal


‘Convidado a dar uma aula inaugural na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o ministro da Cultura, Gilberto Gil, leu ontem, durante o evento, um cordel desancando o processo de escolha do padrão da TV digital no Brasil. O texto, de autoria de uma jornalista pernambucana, diz que o governo federal está ‘muito mal representado’ na discussão, pois o ministro das Comunicações, Hélio Costa, é um ‘empresário boçal’, que ‘só aposta no monopólio privado’ e, ‘com uma conversa de bosta, só quer saber da imagem e do que traz de vantagem’.


No meio de uma palestra sobre a importância da democratização das novas tecnologias e da diversificação das fontes de conteúdo, Gil começou a abordar o tema da TV digital. Depois de ressaltar as vantagens e suas inúmeras possibilidades, ele falou sobre a necessidade de regulamentação do projeto. Foi aí que contou ter recebido um cordel feito pela pernambucana Luciana Rebelo e disse que gostaria de ler alguns trechos. Acabou declamando todas as 20 estrofes.


‘Gostaria de ler para vocês sentirem como essa discussão chega, como é que todos nós estamos necessariamente interessados nessa nova tecnologia, o desdobramento que ela pode ter para nós’, explicou Gil, antes de ler os versos, sempre agressivos à condução do processo por Hélio Costa, colega de Gil no ministério de Lula.


O cordel defende a criação de um modelo brasileiro. O ministro das Comunicações tem manifestado sua preferência pelo padrão japonês, em detrimento do europeu e do americano.


Depois de ler os trechos que censuram a forma como governo federal e o ministro vêm debatendo a questão (‘O tal ministro citado, que se chama Hélio Costa, de fato somente aposta no monopólio privado, neste empresariado que recebeu concessão de rádio e televisão e quer se perpetuar o único a mandar na nossa programação’), Gil fez uma pausa e comentou, em tom coloquial: ‘Você vê a crítica aberta ao governo, ao ministro e tal’.


A platéia que lotou o auditório do Fórum de Ciência e Cultura da Escola de Comunicação, na Praia Vermelha, riu quando Gil declamou o trecho que diz que Hélio Costa tem uma ‘conversa de bosta’ e outro que fala sobre ‘um modelo de cocô lá dos Estados Unidos’, que vem sendo testado para rádios digitais. O ministro informou o endereço eletrônico de Luciana no início e no fim da leitura, que durou quase seis minutos, e foi concluída sob aplausos de estudantes e professores da universidade.


‘A Luciana Rabelo está vocalizando, vociferando mesmo’, concluiu, destacando a importância de ‘mais democratização, mais espaço, mais acesso’ das novas tecnologias.


Ao ser questionado por um estudante sobre o papel do Ministério da Cultura na discussão, Gil afirmou que sua pasta faz parte de um grupo interministerial criado para decidir os rumos da TV digital. E afirmou que, nos últimos meses, o governo chamou para si o processo de escolha do padrão, que vinha sendo discutido ‘de forma pulverizada’. ‘O governo está discutindo com mais propriedade do que vinha discutindo, ou não vinha discutindo, até três meses atrás’, declarou.’


Gerusa Marques


Costa critica despreparo e deselegância


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, fez um duro revide ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, que leu versos de cordel com críticas à sua atuação no processo de escolha do padrão de TV digital (ver texto ao lado).


‘Só lamento a deselegância do ministro. Não é à toa que alguns amigos dele o chamam de Gilberto Vil’, afirmou. ‘Eu entendo agora a razão deles (dos amigos). Porque, para um ministro de Estado, sem me dar conhecimento, fazer uma agressão como essa…’. Para Costa, Gil não agiu como ministro de Estado.


Ele acrescentou que embora Gilberto Gil esteja ausente das reuniões de discussão da TV Digital, deveria saber que não é o ministro das Comunicações quem decide. ‘O despreparo do ministro (Gil) com relação à comunicação e à TV digital é que leva a isto’, afirmou.


O ministro das Comunicações continuou desafiando Gil a ler o texto entre os colegas de governo: ‘Se ele usa o palavreado chulo na frente do presidente, dos ministros de Estado, ou ele não pertence a este grupo, ou está lá por acaso’.


Costa não pretende encaminhar o caso à Comissão de Ética do governo federal, mas pediu aos alunos que ouviram o ministro da Cultura, que ‘agora recebam o ministro das Comunicações, que vai lá dizer como é que o senhor Gilberto Gil está desinformado sobre a TV digital’.


Irritado, Hélio Costa lembrou que Gilberto Gil é autor de algumas propostas, como a de criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), que foi qualificada de ‘monstruosa’ pelo setor. Segundo ele, a Ancinav foi proposta ‘para taxar em 4% todas as empresas de comunicação do País, para poder pagar as estripulias do doutor Gilberto Gil e seus amigos’.


Costa disse que provavelmente o ministro da Cultura não leu o cordel antes de declamá-lo para os estudantes de Comunicação. ‘E no fim, como não podia cortar o embalo do bonitinho, ficou o artista fazendo gracinha para um grupo de estudantes, ao invés de se comportar como ministro de Estado’.


No fim da entrevista, quando fez comentários sobre sua eventual candidatura ao governo de Minas Gerais, Costa aproveitou para atacar novamente seu colega: ‘Se tiver de sair candidato, faço questão de contratar a banda de Gilberto Gil. Aliás, é uma das poucas coisas que ele faz bem’.’


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‘Três modelos são estrangeiros. falta agora o brasileiro’


‘Mas essa realidade


tão sonhada por a gente


depende do presidente


reagir com mais verdade.


E nós, a sociedade,


entrar nessa discussão.


Que é nossa a televisão!


O ar, as ondas, a terra!


E só o que nos emperra


é tanta concentração.


O governo federal,


muito mal representado,


tem ministro de Estado


um empresário boçal.


E a TV digital


importante instrumento


para o desenvolvimento


corre o risco de ficar


como sempre teve e tá


nas mãos de um poder nojento.


O tal ministro citado,


que se chama Hélio Costa,


de fato somente aposta


no monopólio privado,


neste empresariado


que recebeu concessão


de rádio e televisão


e quer se perpetuar


o único a mandar


na nossa programação.


Três modelos são usados


em países estrangeiros.


Falta agora o brasileiro


que já vem sendo estudado,


mas não é incentivado


pelo ministro Hélio Costa


que com uma conversa bosta


‘só quer saber da imagem’


e do que traz de vantagem


o comércio de resposta.


Hélio já quer escolher


o modelo do Japão.


E nós, a população,


queremos compreender


por que não desenvolver


um modelo brasileiro


e trocar com o estrangeiro


a nossa experiência?


É preciso paciência


não pode ser tão ligeiro.


E a nossa rádio querida


um meio tão genial?


Também vai ser digital,


mas já tá sendo ferida


por decisão desmedida


que em teste colocou


um modelo de cocô


lá dos Estados Unidos


que precisa ser banido


extirpado com ardor.


Eles querem capital,


nada mais lhes interessa,


e vêm com uma conversa


de que querem o bem geral.


Mas só o comercial


de fato os movimenta,


e a gente não mais agüenta


tão grande desigualdade,


tão louca sociedade,


que tanto nos atormenta.’


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Ministros pedem mais tempo para escolher TV digital


‘Os nove ministros que compõem o Comitê de Desenvolvimento da TV Digital não concluíram o relatório no qual darão suas opinões sobre o modelo que o País adotará. A entrega do relatório ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava prevista para hoje, mas o ministro das Comunicações, Hélio Costa, informou que seus colegas ainda necessitam de mais tempo para o detalhar a proposta.


Os ministros deverão opinar qual padrão digital deve ser adotado no Brasil, se o japonês, o europeu ou o americano. Além disso, cada um deles apresentará sugestões sobre o modelo de negócio que deve ser observado nas transações para a implantação da TV Digital.


A proposta de modelo de negócio, diferentemente da escolha do padrão digital, deve ser encaminhada ao Congresso. Costa defende que o modelo figure na Lei de Comunicação de Massa, cujo debate dificilmente ocorrerá neste ano.


Segundo ele, o processo eleitoral dificultará essa discussão no Congresso. Para o ministro, essa é uma discussão de longo prazo. ‘Vamos esbarrar, no começo, na grande discussão sobre o que é radiodifusão e o que é telecomunicações’, afirmou.


Ele continua afirmando, no entanto, que a implantação da TV digital começará neste ano. Integram o Comitê de Desenvolvimento os Ministérios das Comunicações, da Casa Civil, da Ciência e Tecnologia, da Cultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Educação, da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão e das Relações Exteriores.


Na reunião do comitê amanhã, de acordo com Costa, serão discutidos detalhes da viagem que uma comitiva de ministros fará ao Japão e à Coréia, no próximo mês. Eles vão negociar a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil.


Integrarão a delegação os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, das Relações Exteriores, Celso Amorim, da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, além do próprio Hélio Costa.’


TELEVISÃO
Beatriz Coelho Silva


‘O povo é sábio e percebeu que eu estava sendo verdadeira’, diz a vencedora Mara


‘‘Nunca soube o que é riqueza. Só vou saber depois’, disse a auxiliar de enfermagem Mara, baiana, de Porto Seguro, de 33 anos, casada. Ela é a nova milionária da sexta edição do Big Brother Brasil, que terminou na noite de terça-feira. ‘O povo é sábio. Viu que eu estava sendo verdadeira ali.’


Mara, que teve 47% dos votos, contra 24% da modelo paulista Mariana e 19% de Rafael, o professor de Santana do Parnaíba, entrou no programa por sorteio, depois de dar um único telefonema, por insistência da filha Aracy. Ela queria ganhar um carro para levar a menina, que sofre de paralisia cerebral, à fisioterapia. Ganhou um da Fiat e também R$ 1 milhão e já tem planos para o dinheiro: quer comprar uma casa nova e ampliar a escola que mantém nos fundos da atual, onde oito professores trabalham como voluntários. Os próprios finalistas reconheceram que esse jeito ‘mãezona’ conquistou o público e deu uma vitória quase absoluta a Mara.


Mara vai investir no tratamento da filha, mas pretende continuar com o mesmo médico de Porto Seguro que atende a menina há anos. Ela ganhou também uma viagem à Flórida, com direito a levar Aracy, e pretende pagar a passagem do marido. Ainda quer ajudar os irmãos e outro amigo, Iran.


Mariana ganhou R$ 50 mil pelo segundo lugar e tem planos ambiciosos também: abrir um negócio para a família, continuar sua carreira de modelo (ela conta que nunca deslanchou aqui, mas fez bastante sucesso no Oriente) e, quem sabe, posar nua. ‘Vai depender da proposta, vou estudar bem’, disse ela. Mariana, no entanto, não pensa em fazer novela ou teatro. ‘Não tenho jeito nem talento para isso.’ Ela confirmou o namoro reatado com o professor Rafael, terceiro colocado e ganhador de R$ 30 mil, que aproveitou o último programa para declarar seu amor à moça e os dois saíram em clima romântico da casa.


A Rede Globo divulgou ontem à noite a audiência do programa em São Paulo: 51 pontos e 67 de share (porcentagem dos aparelhos que estão ligados na emissora). Já há planos (e contrato obrigando) de realizar pelo menos mais duas edições, em 2007 e 2008.’


ESTADÃO & JT PREMIADOS
O Estado de S. Paulo


‘Estado’ e ‘JT’ recebem prêmios


‘O Estado de S. Paulo e o Jornal da Tarde receberam, na noite de terça-feira, o Prêmio Veículos de Comunicação nas categorias Jornal de Assuntos Gerais e Edição de Esportes, respectivamente.


O jornalista José Carlos Cafundó de Morais, editor-coordenador de Suplementos, recebeu o troféu pelo Estado. Pelo Jornal da Tarde, recebeu o troféu o jornalista Sidney Mazzoni, editor de Esportes. Antonio Hércules, diretor de Marketing e Mercado Leitor, representou o Grupo Estado no evento.


O Prêmio, com indicações feitas pela Academia de Marketing, é uma realização da Editora Referência que, na oportunidade, também comemorou o cinqüentenário de sua revista Propaganda.


Armando Ferrentini, principal executivo da Editora Referência, disse ter grande orgulho de a revista Propaganda, em seus 50 anos, jamais ter deixado de circular mensalmente apesar das turbulências do mercado.’


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