‘João Baptista Figueiredo (1918-1999) era o homem da Operação Condor no Brasil. Convidado pelo general Augusto Pinochet para a reunião de fundação da aliança, em 1975, em Santiago, o então chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) não foi, mas enviou um representante.
O Brasil, entretanto, não concordaria com todas as ações da Operação Condor, em especial no que se referia a assassinatos cometidos fora da América Latina. Por isso, teria também alertado a própria CIA sobre esses planos.
As revelações foram feitas à Folha por John Dinges, jornalista norte-americano que viveu no Chile entre 1972 e 1978, como correspondente do jornal ‘Washington Post’, e que, desde então, dedica-se a estudar documentos sobre ditaduras latino-americanas.
Dinges, que virá ao Brasil na próxima semana lançar ‘Os Anos do Condor – Uma Década de Terrorismo Internacional no Cone Sul’ (leia ao lado), teve acesso a documentos do governo dos EUA tornados públicos durante a gestão de Bill Clinton (1993-2001).
A partir deles, esmiuçou as três fases de atuação da Operação Condor. A fase um estava baseada na troca de informações entre os seis países-membro, Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. A fase dois dizia respeito a perseguições dentro do território desses países, enquanto a fase três referia-se a assassinatos fora da América Latina.
Leia os principais trechos da entrevista que Dinges concedeu à Folha, por telefone, da Venezuela, às vésperas de viajar para o Brasil.
Folha – Como você chegou à divisão em fases da Operação Condor?
John Dinges – As três fases estão num documento do FBI de setembro de 1976. Quando Pinochet foi preso em Londres, em 1998, uma avalanche de informações sobre as ações veio à tona. Muitos documentos americanos que foram tornados públicos confirmavam a evolução em três fases da Operação Condor, além de revelarem um envolvimento dos EUA maior do que se pensava.
Folha – Como o Brasil pode ajudar a compreender melhor a operação?
Dinges – A pessoa chave é João Baptista Figueiredo.
Folha – Ele foi o ‘homem Condor’ no Brasil?
Dinges – Sim. Confirmei isso depois que a versão em inglês do meu livro já tinha saído, e adicionei a informação posteriormente. Essa é uma nova informação sobre Figueiredo. Descobri que o convite para a reunião de fundação da Operação Condor foi entregue diretamente a ele.
Folha – Você quer dizer a reunião em 1975, em Santiago?
Dinges – Exatamente.
Folha – E ele compareceu?
Dinges – Não, o convite foi enviado diretamente a ele, mas ele enviou um representante.
Folha – Sabemos quem é?
Dinges – Não. O que sabemos é que o Brasil estava lá, por meio de documentos da CIA, de uma fonte minha no FBI e de uma entrevista que fiz com um dos participantes da reunião. Mas o Brasil não assinou o documento que criou a Operação Condor naquela ocasião. Oficialmente, só se juntou à operação a partir do segundo encontro, em junho de 1976.
É muito interessante, ao analisar os documentos americanos sobre o Brasil, que o país sempre aparece como relutante, negando-se mesmo a participar das operações do Condor fora da América Latina. É possível afirmar que o Brasil participava do Condor em suas fases um e dois. Mas está claro que ficou de fora da fase três.
Isso é importante, mas aqui há algo interessante. Uma pessoa da CIA que entrevistei observou que o Brasil parecia ser a origem de todas essas informações. Em outras palavras, o Brasil pode ter sido a fonte da CIA para saber das ações da fase três da Operação Condor.
Folha – Como um agente duplo?
Dinges – Exatamente. Fica claro que o Brasil não se sentia confortável com a fase três, e teria contado à CIA sobre isso. Mas aí não dá para saber se foi o próprio Figueiredo ou pessoas próximas a ele.
Folha – Acha que os arquivos brasileiros sobre a ditadura, aqueles que o governo mantém sigilosos, podem aclarar essa questão?
Dinges – Já houve documentos sobre o Condor revelados no Brasil. Então certamente deve haver outros que podem jogar luz a todo o período de repressão.
Folha – Como você vê o fato de um governo de esquerda agir dessa maneira?
Dinges – No que diz respeito a assuntos de Inteligência, eu acho que os governos são muito parecidos. Eles protegem seus segredos. Nos EUA, governos liberais também não abriram arquivos. Os governos querem proteger seus serviços e agentes de Inteligência. Mesmo Clinton, que abriu tanta coisa, não repreendia a CIA.
Folha – A partir da documentação que você analisou, como dá para avançar com relação à participação dos EUA na Operação Condor?
Dinges – Antes, se acreditava que os EUA sabiam apenas da existência da fase um. Isso se revelou falso. Os EUA conheciam as três fases, antes mesmo da morte de Letelier, em Washington. Não só isso. Os EUA estavam, também, numa posição de prevenir os assassinatos.
Folha – Você conta no livro que os EUA emitiram um comunicado a seus diplomatas na AL para que se reunissem com os governos militares para tentar interromper os assassinatos fora do continente. Por que essa ordem não foi cumprida?
Dinges – Henry Kissinger havia enviado uma ordem aos embaixadores, pedindo que fossem aos oficiais que comandavam o Uruguai, a Argentina e o Chile e lhes dissessem que os EUA sabiam dos planos de execuções fora da AL e que isso não tinha a aprovação deles. Entretanto, por razões que nunca foram bem explicadas, as instruções não foram obedecidas.
Tenho um documento que confirma que, um dia antes do assassinato de Orlando Letelier, uma nova mensagem chegou aos embaixadores, dizendo ‘não tomem mais nenhuma atitude’ com relação à ordem anterior de avisar os cabeças de governo. É claro que isso não tem nada a ver com o assassinato propriamente dito, pois esse já estava a caminho e a mensagem não teria efeito sobre ele.
Folha – E de onde veio esse documento?
Dinges – Ele foi solto em 1991, como um documento isolado, para alguém que pediu por ele, mas que aparentemente não entendeu do que se tratava. É um documento de apenas cinco linhas e que só pode ser compreendido se confrontado com o resto da documentação que veio antes.
Folha – E quem pediu o cancelamento das ações?
Dinges – Os dois oficiais que passaram a ordem são conhecidos. Mas ele dizem que não se lembram do porquê. A razão é um mistério até hoje. Em outros casos, entretanto, os EUA conseguiram impedir operações semelhantes. Um deles foi a tentativa de matar o venezuelano Carlos, o Chacal. Também havia dois chilenos, da Junta Coordinadora Revolucionária (JCR). Eram duas operações na Europa, uma em Paris e a outra em Lisboa. Nesses casos, a intervenção americana funcionou e nada aconteceu.
Folha – Os EUA, então, estavam de acordo com as fases um e dois, mas nunca com a três?
Dinges – Não, nunca com a três.
Folha – Manuel Contreras, chefe da Dina (Dirección de Inteligência Nacional), voltou a falar, em maio, sobre o caso Letelier, e acusou Pinochet. Seus argumentos batem com os documentos analisados?
Dinges – Contreras sempre se defendeu dizendo que foi a CIA que matou Letelier. Criou pistas para fundamentar essa versão. Um dos assassinos, Michael Townley, era um americano que tinha contato com a CIA anos antes de começar a trabalhar para a polícia secreta do Chile. Contreras sabia disso e o contratou para quatro assassinatos fora da AL. A idéia era poder responsabilizar um americano que tinha ligações com a CIA.
Em maio, Contreras disse que a ordem de matar Letelier veio de Pinochet, mas seguiu reforçando que a DINA não tinha executado o plano, e sim a CIA.
Folha – Qual é a importância de um livro como o seu ser publicado num momento em que o passado da ditadura vem sendo revisto por alguns países da América Latina?
Dinges – É a de mostrar como se pode avançar no conhecimento da história se for possível ter acesso a arquivos. Cada um interpreta o passado à maneira que lhe convém politicamente. Se os documentos não são acessíveis, cada um lê o passado como quiser.’
CASO TIM LOPES
‘O segundo cadáver de Tim Lopes’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 26/05/05
‘Na noite de 2 de junho de 2002, o bando do traficante Elias Maluco capturou, julgou, condenou, torturou, matou e queimou duas vítimas no feudo que dominava, o Complexo do Alemão, no Rio. Uma delas era o jornalista Tim Lopes. A identidade da outra ossada, que inicialmente se pensava ser do jornalista da TV Globo, permanece oficialmente desconhecida até hoje. Quem era? Por que morreu? Por que continua sem identificação? Esta reportagem tenta contar essa história.
A história de Tim Lopes é conhecida. Jornalista renomado, ele foi capturado enquanto fazia uma reportagem para a TV Globo sobre a exploração sexual de menores e a venda de drogas em bailes funk financiados pelo tráfico no Complexo do Alemão. Da outra vítima a sociedade nada sabe. Os dois morreram na mesma noite, da mesma forma, executados pelo mesmo grupo. Mas enquanto os assassinos de Tim Lopes estão sendo julgados (o líder do grupo, Elias Maluco, foi condenado a 28,5 anos de prisão), a outra ossada dorme em algum lugar do Instituto Médico Legal à espera de um exame de DNA.
Em um caso, a sociedade se mobilizou, foi às ruas, fez passeatas, criou comissões; a mídia – não só a Rede Globo – cobrou, pressionou; as autoridades públicas faziam promessas, mostravam preocupação, exibiram diligência. Após 108 dias de caçada, Elias Maluco foi preso. E dos outros oito acusados, seis foram presos, dois morreram.
Passados três anos dos dois crimes ligados por uma série de coincidências no início, o desfecho dos casos é bem diferente. A primeira leva de ossos foi achada no dia 3 de junho, ainda fumegante, no local conhecido como micro-ondas, no alto do Morro da Caixa d’Água, no Complexo do Alemão. Foi encaminhada para o Laboratório Sonda, da UFRJ, já que a polícia do estado do Rio não era – e continua não sendo – capacitada para exames periciais de DNA. Segundo a doutora Concy Maya Rinzler, responsável pelo procedimento, o conjunto de ossos era possivelmente de uma única pessoa, mas certamente essa pessoa não era Tim Lopes. Como não era de Tim, e não havia então nenhuma pista que ajudasse a identificação, o saco com ossos foi encaminhado ao IML.
A segunda leva de ossos chegou no dia 7 de junho e foi coletada na Grota da Pedra do Sapo, na Vila Cruzeiro, ainda no Complexo do Alemão, mas distante cerca de 3km do primeiro local. Eram diversos fragmentos de ossos. Segundo Concy, certamente não pertenciam a uma única pessoa. Alguns pedaços eram de uma vítima do sexo feminino. E não foi descartada sequer a hipótese de que, no material colhido, existissem ossos de animais.
Na época, as autoridades anunciaram e a imprensa divulgou com estardalhaço que os dois locais eram cemitérios clandestinos com dezenas de mortos. Três anos depois, as certezas sobre o número de pessoas enterradas nos dois locais evaporaram. Sobre o caso de maior repercussão enquanto era chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira reconhece hoje não saber quantas ossadas existiam no local. Nem ele nem ninguém. E ninguém sabe porque ninguém procurou saber. ‘Para verificar isso, demoraria mais de um ano. É um trabalho forense complicado. Não era esse o nosso objetivo’, explica a doutora Concy. O objetivo era identificar se no material estavam restos de Tim Lopes. E estavam.
Uma questão de interpretação
Segundo a investigação da polícia, há indícios fortes de que a outra vítima da selvageria do grupo de Elias Maluco seja um metalúrgico de 25 anos, Marcelo Cesário de Souza. Um jovem moreno, baixinho, nordestino, favelado, pobre, filho de pai não declarado, sem bons contatos na mídia ou na política, Marcelo não poderia ter um perfil mais comum. Ele teve uma origem humilde em Vicência, na zona da mata pernambucana. Veio para o Rio com 16 anos. Fez vários serviços até se firmar como ajudante industrial em Duque de Caxias, na Metalúrgica Vulcano Ltda, uma micro-empresa, com seis funcionários, que faz peças para tornos mecânicos. Era um bom profissional, responsável e confiável, segundo o patrão. Nos finais de semana, ele matava a saudade de casa indo a bailes de forró em Caxias. Foi lá que conheceu a esposa. Passaram a viver juntos na Caixa d’Água, no Complexo do Alemão. Fez amigos na comunidade. Marcelo é descrito por vizinhos como uma pessoa brincalhona e bem-humorada, carinhoso e atencioso com a mulher. Freqüentava a Igreja Universal do Reino de Deus e construía a própria casa, que deixou inacabada. Ajudava os vizinhos a construir as deles.
O casal estava junto havia três anos quando, na noite de 1º de junho de 2002, Marcelo foi procurado por traficantes a mando de André da Cruz Barbosa, o André Capeta, e Maurício de Lima Matias, o Boizinho, gerentes da boca de fumo na Caixa d’Água, uma das 18 comandadas por Elias Maluco. Marcelo foi acusado de ser um estuprador. De ter violentado uma menina de 14 anos – a própria sobrinha. A acusação foi feita pelo irmão de Marcelo, morador da favela. A família viu o rapaz ser levado de casa pelos traficantes. E ainda ouviu o recado: não era para ir atrás. Poucas horas depois, quando foi encontrado em uma rua próxima, Marcelo tinha sido espancado e perfurado com facas nas costas e nas nádegas para que confessasse o crime. O que não fez. Liberado após a tortura, Marcelo foi levado para um hospital. Quando voltou para casa, os vizinhos fizeram um culto para ele.
Na noite seguinte, os traficantes voltaram para buscá-lo. Dessa vez, Marcelo não seria poupado. Foi arrancado de casa por um grupo de homens armados e chefiados por Boizinho e André Capeta. Foi morto a tiros. O inquérito informa que o corpo ‘foi colocado no interior de uma caverna, onde foi carbonizado, tendo após seus restos mortais introduzidos em galões de óleo diesel’. Tudo isso ocorreu a cerca de 700 metros da casa onde Marcelo morava e onde sua família ainda mora. O registro de ocorrência informa que ele foi morto entre 22h do dia 2 e 4h do dia 3. Identificados no inquérito de Marcelo e no de Tim, Boizinho e André Capeta morreram meses depois.
‘Aqui, as coisas são resolvidas por interpretações. Quando começa a escadaria aqui (escadarias delimitam a favela), a lei muda. Na cidade, para comprovar um estupro, há uma série de profissionais envolvidos, peritos, psicólogos… Na favela, não tem exame. Basta uma acusação e a vontade de demonstrar poder’, desabafa, baixinho, um vizinho e amigo da família. ‘Se ele fosse culpado, não haveria problema. Mas ele não vacilou. Ele foi injustiçado.’ A investigação posterior da polícia chegou à mesma conclusão. Marcelo era inocente. O irmão de Marcelo, suposto autor da denúncia, desapareceu da favela.
E o baile continua
A ossada de Marcelo foi encontrada no dia seguinte, quando a polícia procurava vestígios de Tim Lopes, desaparecido na mesma noite, poucas horas antes. Responsável pela investigação, o inspetor Daniel Gomes lembra que pedaços do corpo estavam fumegando, o sangue no chão ainda estava vermelho, o aço do pneu estava preso a pedaços da mandíbula e cápsulas vazias de balas espalhavam-se pelo local.
Na época, não havia pista sobre a vítima. A comunidade silenciou. Nenhum familiar ou conhecido se apresentou para ajudar na investigação. Em 18 de fevereiro do ano seguinte, após a morte de Boizinho e André Capeta, o inspetor Daniel foi procurado por uma testemunha. ‘Várias pessoas nos procuraram com histórias diferentes. Mas ela foi a única com indícios plausíveis de alguém que morava na comunidade, desapareceu naquele dia e naquelas circunstâncias’, lembra Daniel, que investigou o caso e acredita que a ossada seja mesma de Marcelo. Certeza só com o exame de DNA. A solicitação ao Ministério Público foi feita pela então delegada titular da 22ª DP (Penha), Adriana Belém, seis dias depois, em 24 de fevereiro de 2003.
Em algum canto do IML, a ossada que se pensou ser de Tim Lopes aguarda há mais de 800 dias a vez de ser submetida ao exame de DNA. As condições necessárias para isso são as mesmas da ossada de Tim Lopes: a existência de parentes diretos que possam fornecer material para a comparação de uma série de seqüências pré-determinadas de DNA cujo formato difere de pessoa para pessoa. Marcelo deixou um filho, uma filha, duas irmãs, um irmão e uma mãe ainda vivos que poderiam ter seus DNAs comparados à ossada. O detalhe é que o exame custa R$ 7.500. O de Tim Lopes foi pago pela Rede Globo. A assessoria da emissora explica que, como ele era funcionário da Globo, havia interesse em agilizar o processo. Exames pagos, como o de Tim, ajudam a custear exames gratuitos, como o de Marcelo. Mas para esses, a fila é grande.
Até que isso ocorra, Marcelo continua sendo apenas uma das 38.327 pessoas que, oficialmente, simplesmente desapareceram no Estado do Rio nos últimos 10 anos (de 1995 a 2004). O auge dessa tragédia ocorreu, justamente, em 2002, quando desapareceram 4.981 pessoas – 2.044 apenas na capital. Uma delas era Marcelo.
Procurada por NoMínimo , a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio ignorou as solicitações de informações. O delegado Eduardo Clementino de Freitas, titular da 22ª DP (Penha), onde o inquérito dorme desde dezembro do ano passado, não retornou as diversas ligações. O Instituto Médico Legal não se pronunciou sobre o assunto. Através da assessoria de imprensa do Ministério Público, NoMínimo perguntou ao procurador-geral do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, se há alguma explicação jurídica ou burocrática para que casos semelhantes, como os de Tim Lopes e Marcelo, tenham encaminhamentos tão diferentes. Não obteve resposta. Por enquanto, a ossada não tem dono. Marcelo é um desaparecido. Sua família ainda vive a 700 metros de onde ele morreu.
E o baile funk que Tim Lopes iria denunciar continua ocorrendo todo sábado.’
TODA MÍDIA
‘Uma ou outra ética’, copyright Folha de S. Paulo, 30/05/05
‘Eduardo Suplicy, ao que parece, livrou a cara de Lula, petistas e simpatizantes. Do blog de Luiz Carlos Bresser-Pereira:
– A decisão de assinar a convocação foi mais uma prova do notável homem público que ele é. Um extraordinário político bem-sucedido que limita as concessões que faz a um mínimo inimaginável entre os políticos bem-sucedidos e honestos.
Para Bresser, enquanto ‘estes usam a ética da responsabilidade, que envolve consideração de resultados e os constrange a compromissos desagradáveis’:
– Suplicy fica sempre com a ética da convicção, que privilegia os princípios. Uma ética que tem custos elevados para quem faz política porque os demais, inclusive os bons políticos, rejeitam aqueles que a praticam.
Outro blogueiro, Marcelo Tas, trata o senador como ‘o único lúcido neste baile de bêbados’.
E ontem lá estava o senador na avenida Paulista, segundo o site Mix Brasil, ‘no chão tirando fotos com drag queens’. Fez mais, noticiou o Terra pouco depois:
– O senador conseguiu calar uma multidão de dois milhões e emocionar a Paulista ao cantar versos da música de Bob Dylan durante discurso na Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).
EMOÇÃO TOTAL
No relato do site G Online, ontem no início da tarde:
– A emoção é total na entoação do Hino Nacional.
Institucionalizada, a Parada do Orgulho GLBT, para a Folha Online, virou ‘palanque eleitoral’. Além de Eduardo Suplicy, também andou por lá Marta Suplicy.
– Vestindo camisetas com a inscrição em vermelho ‘Marta 2006’, militantes ‘lançaram’ sua candidatura.
A ex-prefeita, pré-candidata ao governo, desfilou no trio elétrico do clube The Week e teria sido recebida na avenida Paulista aos gritos de ‘Marta, eu te amo’.
Também José Serra andou por lá. Se Marta se fez acompanhar de ‘seu cabeleireiro, Celso Kamura’, o prefeito compareceu ‘acompanhado do vereador e cantor Agnaldo Timóteo’. No enunciado da Folha Online, Serra ‘evitou apoiar o projeto de união civil’ e se limitou a dizer, em frase reproduzida também na Globo News:
– O importante, como prefeito, é que a cidade é aberta às diferenças e que não exercita a palavra discriminação.
Número um
Eleito o vilão do desmatamento na Europa, o governador de Mato Grosso e ‘rei da soja’, Blairo Maggi, deu uma entrevista ao ‘El País’, intitulada ‘Minha empresa não desflorestou nem um hectare da Amazônia’.
Defendeu-se longamente e insinuou que o ‘recorde de produtividade’ no Estado ‘acaba ferindo os interesses comerciais de outros países’. Mas voltou a ser tratado como ‘o inimigo número um dos ecologistas’.
No papel
Larry Rohter, do ‘New York Times’, voltou-se agora para o Fome Zero, com a reportagem ‘Esforço para reduzir pobreza e fome fica aquém do objetivo’.
Ele foi a Acauã, no Piauí, ‘um dos locais mais pobres’ do país, e avaliou que ‘alguns projetos não saíram do papel, outros estão atolados em burocracia ou emaranhados em política partidária’, no caso, municipal.
O orgulho
O ‘Los Angeles Times’, no editorial ‘Um Brasil que pode dizer não’, saudou o ‘reconhecimento da realidade’, pelo governo George W. Bush, da necessidade da ‘relação estratégica’ com o Brasil. Para o jornal, o país ‘deve encorajar o Brasil em sua liderança regional’ como parte do ‘amadurecimento de uma das mais importantes relações estratégicas do hemisfério’:
– A questão não é se [os dois] têm áreas de concordância, mas como eles se acomodam quando discordam. Lula e Bush têm que engolir um pouco o orgulho.
Divididos
Por outro lado, um artigo no ‘Miami Herald’ sublinhou que ‘a América Latina está dividida profundamente, apesar da retórica’. Cita os conflitos Brasil/ Argentina, Chile/Bolívia e, claro, Venezuela/Colômbia.
DESAFIO Na manchete do site do ‘Le Monde’, a França rejeitou ‘claramente’ a constituição. O site do ‘Libération’ foi além e disse o mesmo sem palavras, na charge acima. Na avaliação do ‘International Herald Tribune’, o resultado ‘desafia a União Européia, que apostou seu futuro na constituição’’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, FSP
‘Processamento de dados’, copyright Folha de S. Paulo, 28/05/05
‘‘Com referência ao artigo de Josias de Souza ‘Governo Lula aperfeiçoa os males da gestão FHC’, publicado no dia 22/5 pela Folha, a Unisys esclarece que: os equipamentos Unisys utilizados para processamento de informações pela Previdência Social (servidores de grande porte) são considerados a forma mais segura de operar sistemas críticos (que não podem parar) e de grande volume de transações, como são os da Dataprev. Esses mesmos equipamentos são utilizados por instituições públicas, financeiras e corporações em todo o mundo; a Unisys não só entende a decisão de alguns clientes de migrar para sistemas abertos como também possui experiência comprovada em serviços de migração em vários lugares do mundo, além de oferecer opções de servidores que rodam software livre. A Unisys já manifestou por diversas vezes à Dataprev e ao Ministério da Previdência sua disposição e disponibilidade em apoiar qualquer decisão de migração para plataformas abertas; os contratos relacionados aos serviços da Unisys para a Dataprev foram firmados na observância da legislação brasileira e atendendo os procedimentos previstos em lei. Análises independentes atestam que os preços estão corretos e em total consonância com a realidade de mercado.’ Mauro Segura, vice-presidente de Marketing & Comunicação da Unisys América Latina (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Josias de Souza – A endêmica sucessão de fraudes no pagamento de benefícios previdenciários, de fato, demonstra que ‘os equipamentos Unisys utilizados para processamento de informações pela Previdência Social são a forma mais segura de operar sistemas críticos’. Os contratos, firmados sem licitação por três décadas, foram auditados pela CGU, pelo TCU e pelo Ministério Público. O diagnóstico foi unânime: há superfaturamento.’