Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Terra Magazine

TELEVISÃO
Márcio Alemão

O velho e ruim Fantástico voltou, 26/5

‘Cheguei a elogiar algumas vezes o Fantástico. Não faz tempo e eram os tempos que o programa colhia uma baixa audiência.

Fiquei sabendo através da imprensa que mudanças aconteceriam. Passei um tempo sem assistir ao programa e nesse domingo que passou passei por ele. E o que vi foi um velho Fantástico, aquele que entediou gerações. Um sujeito que teve a pontinha de um dos dedos da mão decepada por uma hélice de um aeromodelo, mostra que o dedo ‘voltou a crescer’, com uma unha espetacular, digna de profundos estudos. Declarou o sujeito que a nova unha cresce sem controle e todos os dias ele precisa cortá-la. José Mojica, o nosso Zé do Caixão, certamente deceparia todas as pontas de seus dedos para ter unhas que crescem diariamente sem controle. De volta à matéria, ela acabou segundos depois. Um cientista de Pittsburg, EUA, afirmou que nada é certo mas quem sabe um dia seja uma esperança, o tal pó feito com a bexiga de porcos, para pessoas que perderam partes de seus membros.

Tomara, mas isso é coisa de filme de terror. Essa questão poderia ter sido abordada na matéria: como uma pessoa encararia uma perna que vai crescendo, ou um braço? Simples como o toquinho de dedo do senhor com unhas fora de controle? Sei não, mas ver um braço crescendo deve deixar uma pessoa bem perturbada. Ou poderá incentivar o surgimento de uma geração de Van Goghs. Homens insatisfeitos com o que Deus lhes deu também poderão tentar recorrer ao pó. Ou seja: a matéria poderia ter dado muito pano para manga (trocadilho intencional).

Também sem muitas explicações ou considerações ou análises de profundidade superior a de um pires, passaram as matérias sobre uma nova eventual Serra Pelada onde o pau já começou a comer. Vazia também a matéria com os Caiapós que decidiram atacar o engenheiro. E nela, o mais impressionante é ver que, durante o ataque dos índios, ninguém vai em auxílio do homem branco. O que se vê são cinegrafistas desesperados para pegar a melhor tomada das bordoadas.

Fazendo parte, acredito, do quadro de Max Gehringer, um sub-quadro patético que deveria ter alguma graça mostrando o dia-a-dia de um escritório. Foram alguns dos minutos mais longos e deprimentes do programa.

Supreendentemente, até o sempre melhor que a média Maurício Kubrusly embarcou num ônibus que prometia render: de Bauru para São Paulo, trazendo drag queens para a grande parada. Um fiasco total. Nada, nada, nada de minimamente interessante aconteceu. E quando o Fantástico com seu velho estilão, falando de tudo sem dizer nada, chegou finalmente ao fim, entrou o Faça a Sua História. Sempre posso me enganar, mas não vejo chance de prosperar algo tão sem sabor, tão sem graça, tão… nada.

Márcio Alemão é publicitário, roteirista, colunista de gastronomia da revista Carta Capital, síndico de seu prédio, pai, filho e esposo exemplar.’

 

 

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