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Fabio Kadow
Depois da crise, qual o preço do Super Bowl?
‘A partida será apenas no dia 7 de fevereiro de 2010, em Miami, mas o debate já começou: qual o preço dos famosos 30 segundos dos intervalos do Super Bowl para a 43º edição do evento? No ano passado, a rede NBC anunciou em setembro que já havia vendido 80% do espaço por US$ 3 milhões cada spot de meio minuto. Veio a crise, diversos anunciantes desistiram e os 20% finais chegaram a US$ 2,3 milhões.
Agora é a rede CBS que está negociando com os anunciantes e o discurso, segundo o site AdAge, é ‘quanto você pode pagar’. Feita a oferta, os executivos vão dizer se aceitam ou não a proposta. Esse movimento, segundo especialistas, é para que CBS sinta o mercado e somente assim defina um preço.
A concorrência com os pacotes para as Olimpiadas de Inverno, que será disputada também em fevereiro na cidade canadense de Vancouver e tem grande audiência nos EUA, é outro fator que vem atrapalhando as negociações.
Mas os preços tendem a cair. Os departamentos de mídia das agências de publicidade são unânimes ao afirmar isso, já que a redução aconteceu em todos os setores e com o esporte, mesmo que seja o Super Bowl, não pode ser diferente.
Do outro lado a CBS começa a planejar alternativas para que o preço médio fique, pelo menos, acima dos US$ 2 milhões. Não definir e publicar um preço agora faz parte dessa estratégia, pois existe a expectativa de melhora na economia daqui para o fim de ano. E a própria AdAge divulgou, em janeiro deste ano, números que comprovam a eficácia dessa ação. Para os executivos de marketing o Super Bowl é um evento único.’
MÍDIA E POLÍTICA
Liberdade de comunicação e o político
‘Nos últimos tempos, decisões judiciais têm impedido a publicação de notícias a respeito de atos envolvendo personalidades públicas. O fundamento destas manifestações do Judiciário é a preservação da imagem e da honra.
É tema controvertido. A cidadania merece, de conformidade com o texto constitucional, a inviolabilidade de sua intimidade, honra e imagem. Constituem garantia clássica. Vem de tempos antigos.
As Ordenações do Reino – particularmente as Filipinas – vedava o ingresso das autoridades no domicílio das pessoas. Era determinação das leis do Reino, o que não impediu as atividades do Tribunal da Inquisição, jurisdição religiosa.
Após as vitórias das grandes revoluções ocidentais – a Inglesa, a Americana e a Francesa – e a chegada da Idade Moderna os constitucionalistas de matriz liberal foram enérgicos na defesa da intimidade, honra e imagem. Este movimento se reafirmou nos documentos do constitucionalismo contemporâneo.
Não há, pois, dúvidas a respeito da exigência constante da preservação destes importantes valores. Isto vale para todos os cidadãos.
A pergunta que se coloca é se a preservação destes valores universais se aplica extensivamente às personalidades públicas, ou seja, políticos, artistas, professores, jogadores de todos os esportes.
A resposta deve ser oferecida de maneira negativa. Todo aquele que se expõe aos olhos da comunidade, em razão das atividades que exercem, sofre limitação das garantias oferecidas ao comum das pessoas.
Se isto vale para as categorias apontadas, como mero exercício de explicitação, mais se amplia a exigência de publicidade quando se trata de político, aquele atua em nome da cidadania, em prol da cidade (polis), entendida como Estado.
O político não tem privacidade. Os seus negócios privados devem ser conhecidos. A origem de seus bens exige clareza. Não podem suas atividades públicas sofrer promiscuidade com as particulares.
Os seus filhos, genros, noras e netos, quando apanhados no aproveitamento da influência exercida pelo político integrante do clã familiar, também sofrem a mesma restrição das garantias concedidas à privacidade.
Agridem, eventualmente, à primeira vista, esta vertente da análise do tema. Deve-se, contudo, ter consciência que o político e sua vida pertencem à comunidade. Foi o próprio político que optou pela nobre missão de preservar a coisa pública.
A única justificativa do poder político é estar a serviço da coletividade. Jamais de si próprio ou de sua tribo. Todos os integrantes da cidadania têm o dever de vigiar os políticos, seus atos e fragilidades.
Eles – os políticos – não se pertencem. Por isto, precisam ser monitorados pelas pessoas comuns, destinatárias de suas ações. Ainda porque todo político deve saber que a honestidade é melhor que qualquer política.
Ora, forma de monitorar os políticos é a liberdade de expressão exercida pelos meios de comunicação. Todos eles. Os eletrônicos e os tradicionais como a imprensa.
Sem os veículos de comunicação – elos entre a sociedade e o Poder – não pode a comunidade exercer fiscalização e refletir sobre os votos que concederá nos vários pleitos em que confere a sua vontade.
Há, particularmente no caso dos políticos, a necessidade de ponderação entre dois valores: o direito à preservação da intimidade e aquele concedido à coletividade correspondente ao direito de ser informada.
Sem maiores especulações, coloca-se em posição sobranceira o direito da coletividade de ser informada sobre todos os acontecimentos verificados nos cenários públicos.
Nada é opaco na democracia. Tudo é expresso e público. O político, como agente democrático por excelência, não pode se furtar a escancarar todos os atos de sua vida, inclusive os privados.
Foi ele que optou pelo exercício do sacerdócio imposto a todos os agentes públicos e, de maneira mais acentuada, aos políticos possuidores de mandatos populares. Não podem contar com biombos. Suas vidas e decisões são públicas.
Estas são emanações do voto popular e, consequentemente, de parcelas da própria soberania nacional. O político que age como um aproveitador de seu cargo não merece proteção plena das garantias constitucionais.
Ele – o político – optou por uma missão nobre. Não pode fugir ao dever de franquear suas vidas e haveres à visitação pública, sob pena de levantar fortes suspeitas sobre seu modo de agir.
O Brasil está sendo passado a limpo. Alguns não perceberam ainda, especialmente membros do Poder Judiciário, que, ao limitarem os meios de comunicação, prestam um desserviço à democracia e ferem o direito da coletividade em ser informada.
Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.’
TELEVISÃO
Márcio Alemão
Deve ser coincidência
‘Só pode ser.
Imaginem vocês que eu chego pensar que os canais esportivos, todos eles, dedicam muito mais tempo a comentar os esportes do que a mostrá-los. É verdade que não posso assistir à TV em certas manhãs ou tardes espetaculares.
Por isso continuo com as mesmas ilusões olímpicas. Explico melhor: queixei-me muito durante os jogos olímpicos e durante os caríssimo jogos cariocas de inverno - vulgo Pan, que consagrou Nuzman e sua turma sobre a seleção dos esportes que nos mostraram. Pensem: uma olimpíada! E o que nos foi apresentado? Nada que tenha ido muito além dos eventos praticados em uma quadra poliesportiva.
Mas deve ser coincidência. Bem na hora que ligo a TV a turma de comentaristas aparece.
Mais uma: bem na hora que passo por algum reality dou de cara com algum participante ou uma parelha deles, dizendo uma asneira. Certamente é uma brutal e injusta coincidência porque não se pode duvidar que aquelas pessoas sempre têm muito a nos oferecer.
Não pensem que me restrinjo aos nacionais. Reality é o que mais o mundo da televisão tem produzido no planeta. Coincidentemente, o perfil dos que deles participam é sempre muito parecido.
Talvez Freud explique. E por falar nele, não seria interessante confinar em uma casa, em uma fazenda, em um hospital, um grupo de psicólogos e psiquiatras?
Outra: vi a Marília Gabriela na semana que passou fazendo uma apresentação sensacional sobre a sua entrevistada, que seria a Wanessa Camargo. Pois vejam que loucura essa coincidência: nunca calhou de eu ouvir uma música interpretada pela moça que tivesse me agradado. Confesso que nunca consegui chegar ao final de nenhuma delas. E isso só pode ser uma infeliz coincidência. Sucesso de público e entrevistada da Marília?! A moça deve ser um arraso.
Tem muito programa sobre comida/gastronomia ou trata-se de mais uma coincidência e tenho zapeado justo na hora que eles vão para o mercado ou para a cozinha?
Tem mais comercial na TV a cabo do que programa? Nem é preciso dizer que essa é uma gritante coincidência. Fato é que, volta e meia, começo a passar de um canal para outro e só encontro comerciais.
A Luciana Gimenez faz muito merchan de umas tais fibras ou seria mais uma coincidência eu passar por lá e dar de cara com sua bancada de vendas? Deve ser, pois todo mundo sabe que o forte do Super Pop é o conteúdo.
As vozes que dublam pesssimamente os programas da TV fechada são sempre as mesmas ou todos que fazem isso são maus profissionais? Ou, claro, por mais uma espetacular coincidência, tenho apenas visto os ruins; Os bons devem estar ouvindo as obras primas da Wanessa Camargo.’
1984
(Nada) Respeitável público
‘George Orwell escreveu em 1948 seu famoso ‘1984’, ainda no clima das ideias e ações dos ‘ismos’ dos ditadores da década entre 1930 e 1940, Stalin, Hitler e Mussolini. A ficção de Orwell narra um mundo administrado por meio de câmeras, que escondidas, olham as ruas e as casas, verificam minuciosamente o que acontece nas camas e nas mesas e alimentam de informações um Estado feroz, que invade a intimidade e a comensalidade de seus habitantes. As lentes governamentais procuram detectar os cidadãos que não se enquadram nos padrões estabelecidos para fazer de todos servidores do Estado.
Em 2009 chegamos ao ‘1984’. Mas o toque de recolher não se realizou com o clarim, mas por um vírus com nome de senha, ‘Influenza A (H1N1)’ e codinome de bicho. As recomendações inquestionáveis vêm de especialistas de jaleco branco, legitimadas por vastos currículos. As ordens secas, goela abaixo, explicitam as boas intenções, a responsabilidade social de quem quer salvar as crianças, os velhos, os obesos, os desavisados.
A comunicação, com tom de manual e linguagem didática, orienta a lavar as mãos muito bem várias vezes ao dia, ficar longe do outro, evitar os apertos de mãos e os beijos. As cidades se transformaram em grandes enfermarias e procura-se remediar a falência da estrutura e da política de saúde pública: hospitais sucateados e gestão sofrível, médicos e paramédicos mal-pagos, quase sempre humilhados e desqualificados na atividade de servidores públicos.
Em nosso ‘2090’ como Orwell, a data invertida em razão da pressão de seus editores, a sociedade elege como inimigos a comida, o sexo, o afeto e a festa.
Mais higiene
Em São Paulo, a recente proibição da circulação de ônibus fretados, que transportam diariamente milhares de passageiros, tem a mesma cara da chamada ‘Lei Cidade Limpa’ que, em 2007, proibiu a propaganda ‘fora das regras’, nos outdoors, cartazes e placas na cidade.. Medida higienizante.
A ordem municipal vem no embalo da promessa de avenidas e ruas mais fluidas e limpas para os carros particulares, que levam, na maioria dos casos, apenas um passageiro cada. E quer esconder a paralisia do Estado nas questões do transporte público e da mobilidade nas grandes cidades, em particular em São Paulo, onde sempre se privilegia o transporte individual, aquele que vende, aos milhões, carros e motocicletas, na política do ‘salve-se quem puder’.
No mesmo tsunami de medidas sob medida para uma sociedade que adora medidas espetaculares e celebridades, o estado paulista caminha para transformar em criminoso o fumante, que fica proibido de fumar em todos os lugares, menos na rua e dentro de sua própria casa, por enquanto.
Em uma sociedade de excessos, desequilíbrios e profundas contradições, velhas e novas doenças se alastram, os não-viciados se incomodam, as grandes manobras geram pequenas e localizadas riquezas e o autoritarismo comanda esse espetáculo.’
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