Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Terra Magazine

TELEVISÃO
Márcio Alemão

Galisteu vai para o Guinness

‘O programa de Adriane Galisteu já tem o meu voto: o mais chato do mundo.

Eu perdi mais de uma hora de vida na última sexta-feira assistindo ao muito, muito chato ‘Toda Sexta’. Um programa ruim, sem pauta, com atrações que oscilam entre o medíocre e o constrangedor.

Um programa com excesso de sua apresentadora, que, infelizmente não tem o menor carisma. Tem, sim, uma espetacular assessoria de imprensa e só.

Senti-me em uma sala de reunião diante de uma apresentação mortificante.

Os quadros são longos e aborrecidos.

Destaque especial para os rapazes do calendário.

Fazia tempo que não via espetáculo de tamanho mau gosto na TV aberta.

O velhíssimo ‘O céu é o limite’ com o nome de ‘Quem sabe vale ouro’, onde pessoas respondem sobre um assunto específico, ficaria muito melhor se comandado por Gilberto Barros.

Confesso que não sei o que esperar de Adriane. Eu não espero muita coisa, mas pelo menos algum quadro que tivesse menos de cem anos. Algo mais fresco.

O programa teve um assunto chave: o artista de rua Marcelo das embaixadinhas tentou entrar para o Guinness.

Até que ele fizesse sua proeza Adriane foi torturando sua audiência, tentando fazer daquele momento que viria um momento único na história da TV brasileira. Uma corrida de cágados, 100 metros livres, teria sido mais emocionante.

Marcelo conseguiu. Está de parabéns. Que seja feliz.

Não cheguei a ficar tão emocionado como a apresentadora se declarou. Mas o problema não foi o bravo Marcelo. O Guinness é, na minha opinião, uma gigantesca bobagem.

Resumindo, falta o básico no programa: assunto. Raras vezes na TV vi uma pauta tão fraca. Raras vezes vi um programa tão carente de ritmo. Colocar a moça falando sem trégua não ajuda em nada.. Irrita, para ser franco.

Na primeira semana ele derrubou a audiência da BAND. Ainda não sei o que aconteceu na última sexta. Ficarei espantado se tiver melhorado. Adriane nunca foi boa de audiência.

E curiosamente, até o Super Pop de Luciana Gimenez vira uma bom programa perto do Toda Sexta.

Vamos ver quanto tempo ficará no ar.’

 

O FUTURO DOS JORNAIS
Eduardo Tessler

Vida longa aos jornais

‘Os alarmistas e apocalípticos de plantão já escolheram o alvo preferencial desta década: os jornais. Com a mesma sabedoria de quem decretou a extinção do veículo que ainda teima em correr de mão em mão em casas, aviões, bares e metrôs do mundo inteiro há mais de 200 anos, os analistas dizem que em 10 ou 15 anos já não haverá mais jornais no planeta.

Pura bobagem. Erro de cálculo de quem insiste em não entender os hábitos dos cidadãos e prefere confiar em business plan ou em dados de algum gênio. Jornal é um produto rápido, prático e barato. O problema não é o objeto jornal, mas o jornal ruim, o jornal que parou no tempo, o jornal que procura informar coisas que seus leitores já sabem. E ainda tentam cobrar o equivalente a um litro de leite ou a uma cerveja por um exemplar de notícia velha.

É verdade que nos Estados Unidos alguns jornais tradicionais fecharam as portas. Mas uma análise mais apurada revela que em nenhum caso o motivo foi a chegada de novos meios – como a Internet ou qualquer plataforma digital. Eles deixaram de circular porque estavam mal administrados. Em algum momento os administradores entenderam que o dinheiro rendia mais aplicado em bolsa de valores do que na odisséia da notícia. A crise de setembro de 2008 acabou com o sonho. Quebra total de quem aplicou onde não devia.

A prova que jornal é um bom negócio é que mesmo em tempos de recessão empresas que enxergam o futuro lançam mais títulos no mercado, muitas vezes saturado. Semana que vem a Venezuela recebe um novo jornal, ‘El Mundo Economia y Negocios’, voltado pra a área econômico-financeira. E no início de maio Portugal conhecerá o ‘i’, jornal de informações gerais especializado em análise dos fatos. Ou seja, há espaço, há que saber descobri-lo.

Jornal é um produto de consumo imediato e tem curta duração de vida. Há mais de 100 anos é assim. O que mudou foi a velocidade da informação. Hoje a notícia chega por diversas formas, pela televisão ligada durante o almoço, pelo rádio do carro, pela Internet, pelos telefones celulares, pelos amigos, pelo papo de bar. Mas se a notícia envelhece durante o dia, para que serve o jornal? Para explicar. Para traduzir o enorme manancial de informações que corre pelos olhos do cidadão em informação útil. Quem souber ir mais além do fato, trabalhar o next e o why, não corre o risco de fechar.

O problema é que poucos entenderam isso no Brasil. Na esmagadora maioria dos dias, as manchetes dos principais jornais brasileiros é exatamente o tema de abertura dos telejornais da noite anterior. Parece até que esperam a fala dos apresentadores para definirem a primeira página. Ora, os tempos mudaram. Não há mais espaço para a perda de tempo. A culpa não é da crise, mas da falta de criatividade dos jornais. O medo dos diretores é o que comanda a falta de ousadia dos jornais brasileiros.

O Brasil não tem um The New York Times, um The Guardian ou um El País. Na vala comum da imprensa nacional os jornalões falam da farra das passagens aéreas na Câmara ou da taxa Selic. E pretendem que alguém compre um exemplar por isso. Pura ilusão.

Os jornais não estão ameaçados. Mas os jornais ruins, desnecessários, estes sim estão condenados.’

 

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