INTERNET
Frase da semana
‘‘Internet é tão vital quanto água e gás’
Em artigo publicado no Times, o primeiro ministro britânico Gordon Brown defende que o acesso pleno à internet seja tratado como algo tão importante quanto serviços públicos como água e gás.’
GESTÃO DE DADOS
Guardian também trabalha com crowdsourcing em documentos
‘Nos comentários, a Fernanda Santos lembrou bem. Parecido ao DocumentCloud, que comentei no post abaixo, o Guardian vem trabalhando num projeto que se apóia no conceito de crowdsourcing. Da mesma forma, é voltado à gestão de dados e informação.
São mais de 700 mil documentos relacionados aos gastos do parlamento britânico publicados em um hotsite do jornal. Os leitores são convidados a ajudar na investigação, a auditar e a fazer anotações nesses documentos, caso encontre algo interessante ou que aponte ilegalidade nos gastos.
É bem válido o Guardian coletar, arquivar esses documentos, e convidar os leitores a ajudar na análise desse material. Para um projeto desses dar certo, depende muito do nível dos leitores, mas o Guardian tem um nível de qualidade na audiência que pode ajudar nesse trabalho.
Porém, acredito que falta adicionar ‘inteligência’ a isso. Cruzar esses dados para descobrir detalhes que estavam ocultos enquantos essas informações estavam dispersas e não relacionadas. Ou seja, analisar eletronicamente esses documentos junto à análise humana.
É nesse modo híbrido de analisar os documentos que pode estar o diferencial do projeto.’
IRÃ
Tiago Dória
Um bom blog é um bom começo no Irã
‘‘Será necessário mais do que um site para mudar esse país.
Mas um bom blog é um bom começo’
Antes e durante o ano de 2005, período das eleições no país, esse foi o mantra de muitos autores de blogs iranianos. Na época, a pouca imprensa que existia foi abafada. Para furar o bloqueio, manifestantes, observadores internacionais e cidadãos do Irã se voltaram para os blogs.
Era a ferramenta que simbolizava a luta pela liberdade de expressão. Alguns foram tirados do ar, outros conseguiram manter-se online. Com a importância que essas ferramentas adquiriram, o presidente eleito Mahmoud Ahmadinejad passou a assinar um blog, idéia que depois foi abandonada.
No massacre da praça da Paz Celestial, na China, em 1989, estudantes utilizaram um aparelho de fax para burlar o bloqueio à imprensa e passar por cima da imprensa chapa branca. Publicaram textos e fotos que eram enviados direto para universidades e hospitais do país. O fax era o Twitter da época.
Desta vez o que menos importa é a ferramenta que os manifestantes iranianos estão utilizando (YouTube? Twitter? Friendfeed?), o fato é que agora o povo está em rede nas ruas e na internet. Isso é o que se repete e está mais evidente (se isso vai causar alguma mudança profunda e prática é outra história).
Em 2005, os blogs iranianos concentraram as atenções. Conquistaram respeito internacional, mas censura interna. Hoje o seu uso não está sob holofotes no Irã devido a anos de bloqueio que, a meu ver, os deixaram engessados. Um de seus principais autores e ícones, por exemplo, está preso desde o ano passado e o seu blog fora do ar.
No final das contas, o uso do Twitter roubou a cena, o que ajuda a alimentar o receio de que quanto mais visibilidade uma ferramenta adquire, menos ela poderá ser utilizada no futuro como mecanismo de liberdade de expressão. Portanto, não será nenhuma surpresa se o Twitter tiver um futuro parecido ao de alguns blogs, ou seja, o bloqueio e o cerceamento permanente no Irã.’
PRÊMIO
Tiago Dória
Site para rastrear os erros da imprensa
‘Foram divulgados os vencedores do Knight News Challenge 2009, da Fundação Knight, prêmio que elege os melhores projetos de comunicação com foco na área de inovação tecnológica. Os ganhadores recebem financiamento para tocar os seus projetos em frente.
Em relação aos anos anteriores, percebe-se que, nesta edição, os nove projetos selecionados são mais voltados à gestão de dados e informações do que à transparência no trabalho dos jornalistas.
Em primeiro, ficou um que tem Aron Pilhofer, gestor de tecnologias interativas do NYTimes, entre seus idealizadores. A idéia do DocumentCloud é criar um ‘banco de dados’ onde diversos documentos e informações obtidas pela imprensa em investigações possam ser cruzadas.
A idéia é que jornalistas de diversos veículos possam alimentar e acessar essas informações. É o conceito de crowdsourcing misturado ao que o NYTimes vem pesquisando há algum tempo, de trabalhar com grandes quantidades de informação jornalística e técnicas de data mining.
Em 2º lugar e que chamou a minha atenção, ficou um site que promete rastrear os erros da imprensa. No MediaBugs, os leitores poderão registrar erros que perceberam em uma reportagem. Os jornalistas poderão responder aos leitores por lá.
O MediaBugs vai funcionar como uma plataforma entre o leitor e o jornalista, sendo que a comunicação entre os dois será pública. O site também mostrará um ranking dos veículos que mais erram. O projeto não está no ar, mas pelo que entendi seria algo próximo do Get Satisfaction. Ou seja, uma espécie de site de ‘relacionamento com clientes’ na área de jornalismo.
O Councilpedia ficou em 3º lugar e é um projeto que usa wikis e a participação dos leitores para a cobertura política (doações a campanhas e políticos).
Outro prêmio importante, ligado à inovação e comunicação, e que, em breve, deve divulgar os resultados é o Knight-Batten Awards for Innovations, que, em 2005, revelou o Chicago Crime, um site que mapeia os crimes da região de Chicago e que serviu de inspiração para projetos semelhantes aqui, no Brasil, e lá fora.’
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