ELEIÇÕES NOS EUA
Google diz não, Obama tira Flickr e loja do NYTimes do ar, 10/11
‘Em entrevista ao canal de negócios CNBC, neste final de semana, Eric Schmidt, diretor geral da Google, disse não a um possível convite de Obama para ser o CTO (Chief Technologist Officer) de seu governo, o primeiro na história dos EUA a ter esse cargo.
O convite não seria totalmente absurdo, Schimdt endossou publicamente e assessorou em assuntos tecnológicos a campanha de Obama.
Muitas pessoas torcem para que o político democrata continue a utilizar ferramentas web – Flickr, Twitter, blogs, redes sociais – em seu governo.
Mas, nesta sexta-feira, quando responsáveis pela sua campanha postaram no Flickr as fotos dos bastidores do dia da eleição, os acessos foram tantos que o site de fotos ficou fora do ar por alguns minutos.
O mesmo aconteceu com a loja do jornal The New York Times, que passou a vender por US$ 14,95 (mais ou menos, 32 reais) a edição histórica impressa do dia 05 de novembro, quando Obama foi eleito. A loja também teve problemas de acesso por alguns instantes.
Pelo visto, para aguentar a ‘Obamania’ e até um possível uso governamental, esses sites vão ter que dar uma ‘turbinada’ em seus servidores.’
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O cara da campanha online de Obama, 7/11
‘Ainda no rescaldo da vitória de Obama, diversos sites aproveitam para revelar bastidores da campanha. A revista Newsweek preparou um enorme dossiê sobre o assunto. Segundo o artigo, uma verdadeira guerra de crackers aconteceu por baixo dos panos.
A revista Fast Company montou um slide de fotos – Como construir uma marca semelhante à do Obama.
E, por sua vez, o site Beet.TV, especializado em vídeos, republicou uma entrevista com Chris Hughes, co-fundador da rede social Facebook, contratado pelo partido democrata para coordenar parte da campanha online de Obama. A meu ver, um dos personagens mais interessantes dessa corrida presidencial.
Primeiro, a campanha democrata contratou como diretor de novas mídias Joe Rospars, responsável pela campanha online de Howard Dean em 2004, e depois finalmente conseguiu convencer Hughes a participar da equipe – ele estava meio com o pé atrás. Política não combinaria com a mentalidade opensource. No final, tornou-se um dos principais personagens dos bastidores da campanha vitoriosa de Obama.
Não será surpresa se o Valleywag, blog sobre fofocas do Vale do Silício, começar a vasculhar a vida pessoal dele, assim como já fizeram com o seu colega Mark Zuckerberg, também fundador da Facebook.
Todo o trabalho de Hughes era feito em Chicago, onde ficava o QG da campanha democrata. O americano de 24 anos passava, em média, 14 horas por dia no local, que, segundo o NYTimes, parecia mais um escritório de uma empresa de internet do que um comitê de campanha.
Formado em Literatura e História por Harvard (ele não é programador), e descrito como uma pessoa tímida e muito inteligente, Hughes foi responsável pelo MyBarackObama.com, a plataforma de rede social que centralizou as atividades da campanha online, também chamada de MyBO.
Quando criou o site, teve uma preocupação central – aplicar os mesmos conceitos da Facebook. Ou seja, a rede social deveria reforçar o local. Indicar quais pessoas perto de você vão votar no Obama ou ainda estão indecisas, quando vai acontecer a festa, o comício mais próximo etc. E ainda ajudar as pessoas a manterem os relacionamentos que já possuem no ‘mundo offline’ do que a criar novos contatos. Reforçar laços.
Assim como a Facebook, o site foi ganhando diversas novas funcionalidades até o último dia de campanha, numa dinâmica ‘work in progress’.
Nessa história toda, é interessante notar que a escolha de Hughes foi bem espontânea, ele havia dado suporte por email para um assessor de Obama que queria criar um perfil do candidato na Facebook.
Conversa vem, conversa vai, e uma hora surgiu o convite para trabalhar na campanha do democrata. Isso em fevereiro de 2007.
Hoje, o futuro de Hughes é incerto. Trabalhará no governo de Obama? Voltará para a Facebook? Vai virar consultor? Vai escrever um livro? Eu torço para que ele trabalhe no governo e realmente ajude a construir um ‘Mandato 2.0″. Uma coisa é você fazer ‘Política 2.0″ durante a campanha eleitoral. Outra coisa é quando está no poder.
Para fechar, segue abaixo uma entrevista rápida com Hughes feita há algum tempo pelo pessoal do blog Jack and Jill Politics.’
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‘Integração entre mídias’ é a grande vencedora das eleições nos EUA, 5/11
‘Arianna Huffington, do site político The Huffington Post, disse que a internet foi a grande vencedora nestas eleições presidenciais nos EUA.
Discordo dela em parte, não foi a internet por si só, mas uma integração estratégica entre internet e TV. Nenhuma mídia tem a capacidade de decidir uma eleição sozinha.
Antes de tudo, Obama utilizou a rede para mobilizar seus militantes a arrecadar doações para a sua campanha, para depois ter mais dinheiro para anunciar mais na TV.
Por si só, de nada adiantaria o candidato arrecadar tanto dinheiro na web. Assim como, a campanha sozinha na TV não se sustentaria sem a arrecadação e mobilização na web.
É essa estratégia de usar a internet casada com outras mídias que foi a grande vencedora. De pensar estrategicamente como a internet pode ser utilizada em uma campanha que envolve TV, rádio e impresso.
Utilizar plataformas de redes sociais, blogs, YouTube, Twitter, foi apenas consequência dessa estratégia. E não ponto de partida.
Não é de hoje que casar mídia é vencedor. Não é preciso pesquisar muito para exemplificar isso.
Quais foram os últimos grandes produtos/projetos na área de comunicação e de entretenimento? Heroes, Lost, iReport etc. Ou seja, justamente os que trabalham com a estratégia de integrar mídias, como um círculo, cada uma reforçando a outra.
E a campanha do Obama foi bem por aí.’
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Vitrine de tecnologias durante apuração nos EUA, 5/11
As empresas de comunicação nos EUA (TVs, rádios, sites de jornais) aproveitaram ao máximo as eleições para testar e apresentar novas tecnologias, integrações e abordagens de conteúdo.
Foi uma verdadeira vitrine. Bastante coisa foi mostrada. Separei o que de mais interessante foi utilizado durante o processo de apuração nesta terça-feira. Se alguém souber de mais, é só escrever nos comentários:
1) No YouTube e na TV – A emissora de TV PBS fechou uma parceria com o YouTube e lançou o Video Your Vote. Convidou as pessoas a registrarem a sua experiência de votar. Os vídeos foram plotados no mapa. Alguns foram exibidos na TV.
É bem parecido ao que a TV Cultura fez durante a cobertura da Virada Cultural neste ano, em São Paulo.
2) O melhor gosto musical – Ao invés de votar em Obama ou McCain por questões políticas, no site de música Imeem você era convidado em votar em qual dos dois tinha a melhor playlist.
3) Um gráfico vale mais que mil palavras – Depois que o NYTimes começou a colaborar com o Many Eyes, projeto da IBM sobre visualização de dados, o jornal passou a utilizar infográficos de acompanhamentos em diversas coberturas.
Durante a apuração, por exemplo, criou um dos melhores painéis para acompanhar os resultados, que centralizou dados da CNN, NBC, Fox; e lançou outro, mais interativo. Você era convidado a dizer qual era o seu estado de espírito em relação ao possível resultado das eleições.
No final, uma nuvem de tags foi montada com os sentimentos dos leitores. Um verdadeiro termômetro da apuração, mais humano, para fazer um contraponto aos números, mais frios.
4) Só falta teletransporte – Depois da sua ‘parede mágica’, a CNN estreou o uso da ‘tecnologia de holograma’ durante a apuração.
Uma repórter que estava em Chicago aparecia no estúdio em holograma, em Nova York.
O músico Will.i.am, do Black Eyed Peas, também foi projetado em 3D no estúdio.
5) Sem olhar para o próprio umbigo – Achei positiva a integração que a CNN fez com a rede social Facebook.
Ao invés de seguir o WSJ e querer reinventar a roda, criando mais uma rede social e forçar os usuários a ter mais um perfil em mais um site, a emissora integrou o seu fórum de discussões à Facebook.
Ao fazer o cadastro no fórum e autorizar a integração, ele puxou todos os dados do meu perfil na Facebook – não precisei criar mais um perfil – e indicou quais dos meus contatos estavam no fórum da CNN.
Fora isso, as discusões que aconteciam no fórum da CNN eram publicadas na Facebook e vice-versa.
6) Fluxo contínuo de informações – Por fim, a emissora britânica BBC montou um livestream das eleições. Um fluxo contínuo de comentários rápidos de colunistas junto a comentários enviados por telespectadores e repórteres da emissora de TV que estavam nas ruas.
A transmissão ao vivo pelo site era acompanhada do livestream.’
WIKIPEDIA
Entrevista ao vivo com Jimmy Wales, 8/11
‘Nesta segunda-feira, a TV Cultura transmitirá ao vivo pela web a gravação do programa Roda Viva em que o entrevistado será Jimmy Wales, criador da Wikipedia.
Será utilizado o mesmo esquema da ‘transmissão experimental participativa’. As pessoas poderão enviar perguntas e fazer comentários via chat, email e twitter. E os bastidores serão transmitidos antes, durante e após a gravação do programa.
A transmissão começa às 11h e poderá ser acompanhada por aqui.’
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