HACK DAY
Mais um dia de hacker de jornal
‘O Guardian está gostando mesmo dessa história de ‘hackear sites de jornais’. Neste final de semana, aconteceu a segunda edição do Guardian Hack Day.
O esquema foi o mesmo. Um encontro entre desenvolvedores e jornalistas e uma competição para criar aplicativos e mashups em torno do site do jornal. O evento foi organizado por Matt McAlister, ex-Yahoo! e atualmente diretor da rede de desenvolvedores do site do jornal britânico
Dos aplicativos criados lá:
1) Um que mostra quais partidos políticos respondem e recebem mais perguntas no Twitter. É uma forma de mostrar quem realmente dá atenção aos eleitores no Twitter.
2) Mapa da gripe suína, que relaciona matérias que foram publicadas e áreas onde a epidemia está presente. É um pouco para uso interno, para alertar a redação sobre quais áreas estão carentes de cobertura sobre o assunto.
3) Um aplicativo que permite às pessoas classificarem como quiserem as matérias, inserirem as palavras-chaves que desejarem. Normalmente, quem define que tal assunto deve entrar na editoria de política ou cultura é o jornalista.
No caso, quem define é o leitor. Ele pode achar que um assunto tem mais a ver com tecnologia do que com economia. Enfim, ele é quem faz a classificação, ele pode definir novos rótulos. Existe essa possibilidade, além da categorização tradicional.
Em breve, esses aplicativos poderão ser inseridos como novos produtos ou novas funcionalidades oficiais do site do Guardian.
Com a realização desses ‘dias de hacker’, de um jeito ou de outro, o Guardian está adotando a mesma estratégia do Twitter, de trazer inovação de fora, conforme expliquei melhor no post Compra do Summize pelo Twitter mostra a importância da API pública.’
WALL STREET JOURNAL
Vão tentar reinventar a roda
‘Acho que já é a 3ª vez que o Wall Street Journal quer ‘reinventar a roda’.
No ano passado, o jornal lançou uma rede social própria. Além de não representar facilidade – os leitores teriam que fazer mais um perfil, decorar mais um login e senha, em mais uma rede social – , falei que não faria sentido, seria como querer ‘reinventar a roda’ no momento em que seus leitores já estavam em redes sociais – Facebook, Linkedin, aSmallWorld – comentando e interagindo com o conteúdo do jornal.
O Journal não tem necessidade de criar ‘discussões e comunidade’, mas agregar ‘discussões e comunidade’. O caminho mais natural seria trazer para o site do jornal essas discussões em torno de seu conteúdo que já acontecem na rede, mas estão longe de seu chapéu.
Não deu outra. Foi um fracasso. Hoje, a WSJ Community é quase uma ‘cidade fantasma’. Agora, outra vez, tentarão ter uma nova rede social própria. Desta vez a tecnologia será terceirizada, não será própria, desenvolvida pela Slingshot Labs, segundo adianta o Techcrunch.
A intenção seria pegar participação de mercado da rede social Linkedin. Em tempos de Facebook Connect (para mim, um dos melhores recursos lançados ultimamente), usado pelo Washington Post, CBS, Billboard, e que integra a rede social Facebook a outros sites, é um caminho contrário.
Uma vez mais, fica a pergunta: ‘Por que não agregar/integrar-se a redes sociais existentes em vez de reinventar a roda?’’
PARCERIA
Microsoft e Yahoo! vs Google
‘Nesta quarta-feira, Microsoft e Yahoo! anunciaram um acordo histórico na área de buscas. As operações de busca das duas empresas serão integradas. Existe uma previsão de 2 anos para o acordo ser implementado, que ainda passará pela aprovação de acionistas e agências reguladoras.
Caso seja colocado plenamente em prática, o Bing será o motor de busca do Yahoo!, que ficará responsável pela parte de publicidade nas buscas.
Para a Microsoft, representa um aumento de participação na área de buscas. Antes menos de 10%, a previsão agora é chegar a 30% de mercado (O Google é líder, tem 65% de participação).
Para o Yahoo!, o acordo significa economia. A empresa espera economizar US$ 200 milhões por ano com o desenvolvimento de sua antiga busca.
Para os usuários é bom, mais inovação, mais uma opção de busca. Para quem produz conteúdo, existe a possibilidade de ter uma nova fonte de tráfego.
Se isso vai abalar o Google a longo prazo? A resposta é incerta.
O Google tem um ativo muito valioso, que é o hábito das pessoas em utilizar o sistema de busca.’
MULTIMÍDIA
‘Jornalista de mochila’ está de volta
‘Chamou a minha atenção essa notícia de que a CBS, emissora líder de audiência na TV aberta nos EUA, voltou a trabalhar com o conceito de ‘Backpack journalist’ ou ‘Solo journalist’, como é chamado o jornalista multimídia que faz uma cobertura móvel sozinho com o uso de ferramentas digitais – celulares para produzir vídeos, laptops para transmitir e editar o conteúdo.
A emissora contratou Mandy Clark, que trabalhará direto do Afeganistão.
A idéia é aproveitar o máximo possível a digitalização de conteúdos, as redes de comunicação e equipamentos cada vez mais leves de carregar para fazer uma cobertura jornalística. O ‘backpack’ vem de mochila mesmo. O jornalista carrega tão poucos equipamentos que cabem numa mochila.
Esse conceito ganhou espaço durante a cobertura da Guerra no Iraque em 2003. Ao invés de trabalhar com uma equipe grande numa zona conflito, opta-se por um jornalista, ganhado assim mais agilidade, principalmente em zonas de conflitos onde é necessária uma certa mobilidade.
Um dos pioneiros na aplicação desse conceito foi Kevin Sites.. Conheci o trabalho de Kevin em 2005 (vídeo no final do post), quando ele foi contratado pelo Yahoo! e o seu blog transferido para o portal. Antes ele cobriu a Guerra no Iraque para a NBC News.
Na época, as polêmicas imagens da execução de um iraquiano desarmado e ferido numa mesquita de Falluja por um Marine ganharam repercussão na rede. As imagens foram captadas por Kevin. Sua cobertura sempre chamou a atenção por ser muito ágil em comparação com as das emissoras de TV.
O jornalista até lançou um livro sobre a sua experiência em cobrir conflitos sozinhos.
Se antes o conceito era associado à agilidade na cobertura, hoje é ligado bem mais à economia de custos. Em entrevista ao New York Observer, Paul Friedman, vice-presidente da CBSNews, disse que o ‘velho modelo’ não se aplica mais, as emissoras não precisam mais de uma grande estrutura para cobrir uma guerra. O que, de certa forma, é verdade. Oportunidade para os ‘peixes pequenos’.
Porém, eu acredito que cada caso é um caso. Nem sempre cobrir sozinho um conflito é bom. Mas para emissoras e portais de notícias que não têm condições de enviar uma equipe grande para cobrir uma guerra ou algum outro tipo de conflito, é algo interessante de se pensar.’
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