FATURAMENTO
‘Nesta semana, saiu mais um relatório indicando que a internet vai passar os jornais impressos em faturamento publicitário nos EUA. Um dos principais motivos para esse crescimento é o aumento do uso da banda larga nos EUA, além da mudança do comportamento do leitor.
A notícia foi comemorada com festa, principalmente por quem trabalha com… internet.
Porém, a notícia em si não traz novidades. É um caminho mais do que natural a internet passar os jornais (o que não quer dizer que eles vão ‘morrer’). A internet surgiu justamente para ser uma plataforma de entrega/troca de informações mais eficiente que os jornais impressos.
Situação parecida acontece quando ocorrem tragédias e eventos de grandes proporções – terremotos, enchentes, furacões. Sempre aparece um ‘especialista em mídias digitais’ com um ‘artigo bombástico’ sobre o fato da internet ter sido o único meio que se manteve íntegro (as pessoas tinham apenas o Facebook e o Twitter para se informar). Como se isso fosse algo fora do normal. A notícia será quando a internet não se mantiver intacta num caso desses.
Basta lembrar que ela foi criada para ser uma rede de troca de informações que se mantivesse sem danos em caso de grandes tragédias ou ataques. Por isso, que, como plataforma de comunicação, ela é ‘device agnostic’, não é restrita a um único dispositivo. Praticamente pode ser acessada por meio de qualquer dispositivo – celular, laptops, tablets, carros etc.
Portanto, se a internet não está se sobressaindo aos jornais impressos e menos ainda sendo a plataforma de comunicação intacta durante uma tragédia, é sinal de que alguma coisa está errada, não está saindo conforme o planejado.’
TELEVISÃO
‘Em seu livro Free, Chris Anderson, editor da Wired, já mostrava que o Grátis é uma ótima tática para quem está tentando entrar em um mercado. Aliás, não foi o editor da Wired que inventou ou descobriu essa estratégia. Ela é utilizada há um bom tempo em vários mercados.
Para dar um exemplo atual, é o caminho utilizado pela Google quando deseja entrar em um mercado. Enquanto todos estão oferecendo uma versão paga de um produto, a Google vem e passa a oferecer produto semelhante de forma gratuita. Dessa forma, conquista mercado.
Isso acontece por que o gratuito, em muitas situações, tem um apelo maior frente ao pago. Porém, não é algo que funciona para todos os públicos e ocasiões.
Às vezes, oferecer um produto/conteúdo de forma gratuita é um verdadeiro tiro no pé.
Partindo do pressuposto de que concorrentes estão começando a cobrar por conteúdo na web e em outras plataformas – iPad e celulares, a emissora de TV Al-Jazeera lançou uma estratégia de disponibilizar o seu conteúdo de forma gratuita em todos os canais possíveis (se eles estão cobrando, nós oferecemos de graça). É uma tática contra os crescentes paywalls.
Não é a primeira vez que a Al-Jazeera adota esse tipo de postura para conquistar espaço no Ocidente, região onde a emissora tem mais rejeição e dificuldade de entrar no mercado. Desde 2008, a Al-Jazeera vem utilizando, de forma incisiva e sem muitos custos, plataformas de redes sociais e, principalmente, o YouTube para distribuir o seu conteúdo para o público em inglês.’
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Folha de S. Paulo