TELEVISÃO
‘Além de ser exemplo do casamento de uma empresa de tecnologia com outra de mídia (Microsoft + emissora de TV NBC), o portal MSNBC sempre foi inovador em suas interfaces.
Bem antes de muito portal de notícias, contava com uma home que poderia ser adaptada a diversas ocasiões – textos, manchetes e fotos poderiam ser abertas em diversos tamanhos e posicionamentos na tela. Enfim, um layout maleável.
Para quem trabalha com interface de notícias, é uma publicação que vale a pena ficar de olho.
Falo isso por que, nesta segunda-feira, um novo layout para as matérias foi lançado.
Fotos e títulos com tamanhos maiores, player com transcrição do conteúdo dos vídeos, uso de linhas do tempo, textos centralizados na tela.
É o que, no release de lançamento, eles chamam de ‘multimedia storytelling’. Em vez dos elementos multimídias (vídeos, fotos) serem alinhados ao lado ou no meio do texto (como tradicionalmente é feito), eles são posicionados de forma sequencial, um abaixo do outro.
Outro detalhe é uma barra de ferramentas que fica na parte inferior. Parecida com a do site da Reuters, permite compartilhar links por email, Twitter e Facebook, além de ter um sistema de notificação que permite saber quando alguém respondeu a um comentário feito por você no portal.
O novo layout já foi pensado para a visualização em tablets.
Para testá-lo, é só clicar em qualquer notícia da home do portal.’
COPA
‘Bastaram dois erros da arbitragem nos jogos da Copa do Mundo deste domingo para começar uma boa discussão sobre o uso de tecnologias para reduzir esse tipo de problema.
Uma vez mais, uma suposta tecnofobia da FIFA foi lembrada.
Nos meus arquivos, resgatei uma matéria da TIME de 2006. Na época, a reportagem cogitava, durante a Copa do Mundo, o uso da tecnologia Smartball, desenvolvida pela Adidas em parceria com uma empresa alemã. Basicamente, era uma bola com chip RFID, que detectaria com mais precisão se ela passou ou não a linha do gol. Tecnologia que, diga-se de passagem, logo depois foi descartada pela Federação Internacional de Futebol.
No final, o máximo de inovação da FIFA na última Copa foi a utilização de dispositivos sem fio para que a arbitragem pudesse se comunicar durante o jogo.
A reportagem da TIME já sentenciava – o futebol é um dos esportes mais conservadores em adotar novas tecnologias. Desde 1999, a Liga de Futebol Americano e o tênis já adotam uma série de tecnologias de replay instantâneo e até 3D para minimizar erros de árbitros.
Quatro anos depois, mais uma Copa do Mundo, situações parecidas, erros grosseiros de arbitragem, as palavras ecoam no blog Coluna Dois, de Gustavo Poli.
‘Existem teimosias ancestrais, teimosias galáticas e teimosias galáticas ancestrais. A decisão de ignorar os recursos tecnológicos em futebol pertence a esse último grupo (…) O erro agride o princípio básico da FIFA – o fair play – porque, ao ser prejudicado de modo acintoso, não há equilíbrio emocional que se mantenha’.’
BLOG
‘‘Parece que todos esses caras estão ansiosos para experimentar plataformas emergentes’
Dessa forma, meio descontraída, David Karp, 24 anos, criador da plataforma de publicação Tumblr, reagiu aos números que chegaram às suas mãos. Em menos de 15 dias, 20 tumblrs foram criados por importantes publicações nos EUA.
NYTimes promete lançar um em breve. As revistas Newsweek, Vice, LIFE, New Yorker, Elle e o portal Huffington Post já estão com os seus tumblrs no ar.
De que existe uma recente onda de uso do Tumblr no jornalismo lá fora não há dúvidas. Mas, sinceramente, com exceção da Newsweek (comentei aqui sobre o uso), ainda não vi nenhuma utilização muito diferenciada da ferramenta por parte dessas publicações.
Por enquanto, parece que tudo ainda está numa fase bem experimental.
Em 2008, utilizei o Tumblr pela 1ª vez durante a cobertura da primeira Campus Party Brasil. É um sistema de publicação parecido com uma mistura de WordPress e Twitter, mas com diversas particularidades que essas publicações precisam estar atentas.
Entre elas, a interação/diálogo com a audiência é um pouco diferente – se dá principalmente pela atividade de ‘reblogar’ um post, equivalente a ‘retuitar’ uma mensagem no Twitter.
Meu tumblr está em tiagodoria.tumblr.com, mas atualmente utilizo para fazer lifestreaming’
TRIBUNAL
‘Nesta semana, uma das notícias que mais causou burburinho foi a vitória do YouTube sobre a Viacom em um processo que durava mais de 3 anos.
A Viacom, responsável pela MTV e Nickelodeon, pedia uma indenização e acusava o YouTube de explorar ilegalmente o conteúdo dela protegido por direitos autorais.
O caso tornou-se uma novela jurídica.
Para quem pegou o bonde andando, esse caso tem uma grande importância simbólica. Para muitos usuários e especialistas, representa o embate entre tradicionais grupos de mídia e o YouTube, entre Hollywood e a Google, que comprou o YouTube em 2006. Ou se quiser utilizar rótulos que já não dizem mais nada – velha mídia versus nova mídia.
Na época de sua abertura, lembro que o processo chamou a atenção. Não tanto pelo fato de um tradicional grupo de mídia estar processando o YouTube, atitude comum quando grandes empresas se deparam com sites deste tipo, mas pelo valor da indenização – US$ 1 bilhão.
O episódio mais marcante do caso aconteceu no começo deste ano, quando emails internos do YouTube foram a público. O que ficou evidente era que os fundadores do YouTube tinham noção de que o site de vídeos abrigava conteúdo ilegal.
Aliás, eles tinham noção do que atraía mais tráfego para o site não era o conteúdo gerado pelos usuários, os ‘vídeos de aniversários’ e de ‘férias com os amigos’, mas sim videoclipes e trechos de programas de TV. Ou seja, o conteúdo protegido por direitos autorais.
Mas, por outro lado, esses mesmos emails revelavam que, enquanto a Viacom prosseguia com o processo, o departamento de marketing do grupo de mídia publicava vídeos no YouTube, justamente o material protegido por direitos autorais que era alvo da indenização.
Achei interessante essa parte do processo por que ela deixou evidente como funcionou o método de criação do YouTube e o quanto o conteúdo que vem da TV é importante para o crescimento do site de vídeos (apesar do discurso público dos fundadores de que o ‘YouTube matou a TV’). Era o tipo de informação interna que nunca chegou ao conhecimento público.
O juiz Louis Stanton, de Nova York, que julgou o caso, aceitou a interpretação feita pela Google da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital (DMCA, sigla em inglês). Criada em 1998, essa lei protege serviços de internet nos EUA de processos por violação de direitos autorais desde que, quando alertados, eles retirem o conteúdo solicitado do ar.
Segundo o juiz, quando notificado, o YouTube retirou os vídeos do ar.
O detalhe da decisão do juiz é que ele partiu do pressuposto de que, até que se prove o contrário, todo conteúdo publicado pelos usuários no YouTube é legal. Somente se o detentor de direitos autorais, ou seja a Viacom, conseguir provar o contrário, o conteúdo é retirado do ar.
A Viacom promete recorrer da decisão, o que pode arrastar mais ainda a novela jurídica.
Caso se encerre por aqui:
Primeiro, ao contrário do que deu a entender alguns tweets publicados por aí, o YouTube continuará a deletar vídeos protegidos por direitos autorais (desde que notificado). Segundo, o caso representa também uma vitória para outros sites que trabalham com conteúdo enviado/publicado pela audiência – Facebook, Flickr, WordPress.com. A perspectiva é que a decisão seja utilizada como referência em futuros processos parecidos.
Terceiro, o caso reforça mais ainda a DMCA, talvez a lei criada há 12 anos seja a grande vitoriosa no embate YouTube vs Viacom. Quarto, concordo com Richard Waters, do Financial Times, essa decisão talvez seja o que faltava para o YouTube começar a ter lucro – como padrão, a Google terá mais liberdade para colocar anúncios em qualquer vídeo.
Por outro lado, acredito que a Viacom não saiu perdendo tão quanto aparenta. Entre a abertura do processo e a decisão do juiz, o YouTube mudou a sua postura. Passou a adotar soluções para facilmente identificar, filtrar e deletar conteúdo protegido por direitos autorais. Entre elas, a Content ID, neste ano, utilizada para deletar os vídeos das paródias do filme sobre Hitler e desabilitar o áudio em vários outros vídeos publicados no YouTube.’
GOURMET
‘Não é de hoje que os tablets, em especial o iPad, são vistos como uma forma de ‘reiniciar’ o mercado de revistas, ao permitir que as atuais publicações cobrem por acesso a conteúdo, mas também ao possibilitar a entrada de novos players e a volta de antigas marcas ao mercado.
Exemplo – lembra da revista Gourmet que encerrou as operações em outubro do ano passado, gerando um ensaio fotográfico marcante sobre o fim da publicação?
A editora Condé Nast, responsável pela revista, resolveu ressuscitá-la, mas em formato de aplicativo (gratuito) para iPad (sem versão impressa), ainda a ser lançado neste ano.
Receitas, novas matérias e resenhas, ensaios fotográficos. Tudo estará presente no aplicativo.
Em entrevista ao NYTimes, Chuck Townsend, diretor geral da Condé Nast, disse que o aplicativo não será equivalente à versão impressa e nem ao site da revista, que também encerrou as suas operações em outubro. Será algo novo. Pergunto – será a revista como software então?
O caso lembra o da revista de fotografia LIFE, que saiu de circulação em 2000. Mas voltou em 2009, somente com a versão digital (site), sem a edição impressa, em uma dinâmica que lembra mais um banco de imagens e em parceria com o site de fotos Getty Images.’
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