Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tiago Dória Weblog

DIREITOS AUTORAIS
Tiago Dória

Frase da semana

‘As pessoas estão se acostumando a ter tudo na internet sem pagar nada. Isso vai ter que mudar. Nós temos que deixar o Google roubar nossos direitos autorais?’

Em uma declaração vista desde contraditória a desesperada, Rupert Murdoch, diretor geral da NewsCorp, que, entre outros, administra o jornal Wall Street Journal e a MySpace, esquentou, nesta semana, o clima para o Encontro da Associação Americana de Jornais.

Na terça-feira que vem, Eric Schmidt, diretor executivo da Google, participará pela primeira vez do evento. Sua apresentação é bem aguardada, já que, em geral, os jornais sempre trataram o Google como um inimigo, bicho-papão de seu conteúdo e tráfego.’

 

TWITTER
Tiago Dória

No final, tudo termina em busca (atualizado)

‘E o burburinho que começou na quinta-feira à noite e segue nesta sexta-feira nos sites de tecnologia é que a Google entrou em negociações para comprar o Twitter.

A fonte de todos os sites é única: o blog Techcrunch, que, por sua vez, conversou com 3 pessoas próximas às negociações.

O Techcrunch foi aquele blog que deu em primeira mão a notícia de que a Google compraria o YouTube. Isso em 2006. Na época, o jornal Wall Street Journal (WSJ) utilizou o Techcrunch como fonte.

O principal interesse da Google seria na busca do Twitter, já que o serviço de microblogging não é rentável. O Twitter teria algo que o Google não tem muito bem definido, busca em ‘real time’. Ou seja, mostra o que está acontecendo neste exato momento (porém existe uma extensão do navegador Firefox que permite mesclar os resultados da busca do Twitter com os da Google).

É, mais ou menos, a mesma especulação de 2005, quando diziam que a Google compraria o buscador em blogs Technorati por que ele traz resultados mais imediatos, mostra o mais recente e não o mais importante na internet (hoje definido pelo PageRank).

Seria também a 2ª vez que Evan Williams, criador do Blogger, venderia um aplicativo para a Google (no livro Startup, Williams admite que não tem o costume de se focar muito, começa um site, espera crescer e depois passa para frente).

Vale lembrar que a Google já tem uma plataforma de microblogging, o Jaiku, que foi comprado pela empresa de busca em 2007 e, diferente do Twitter, é em código aberto desde o mês passado. O Jaiku é visto pelo mercado como uma forma da Google frear o crescimento do Twitter.

Além disso, ontem em entrevista ao programa de Stephen Colbert, BizStone, cofundador da ferramente de microblogging, disse que o Twitter caminha para ser ‘uma empresa independente rentável’.

O que levantou a suspeita de que a possível aquisição seria, na verdade, uma simples negociação para uma parceria com a Google na área de busca, o que foi ratificado por Kara Swisher, no WSJ..

O certo é que já começou aquela especulação da qual vive o ‘mercado de internet’ e que deve durar todo o final de semana. O ReadWriteWeb, por exemplo, um dos blogs mais importantes na área, se adiantou e até abriu uma enquete – Google comprou o Twitter. É bom ou ruim?

(Atualização) – Biz Stone assina uma nota oficial no blog do Twitter.

Segundo ele, não é nenhuma surpresa que o Twitter esteja conversando regularmente com diversas empresas a respeito de vários assuntos. E repetiu o que disse no programa de Stephen Colbert, o Twitter pretende ser uma empresa independente e rentável.’

 

LIVRO
Tiago Dória

Em 2009, ‘O culto do amador’ não fede nem cheira

‘Andrew Keen (foto) é um escritor que, em 2007, lançou um livro chamado ‘O culto do amador’, no qual fazia duras críticas a toda cultura e mitificação criada em torno de sites como YouTube, MySpace, blogs e Wikipedia. Na época, foi chamado de anticristo, ‘traidor do movimento’, dinossauro.

Acho que teve blogueiro e porta-bandeira das mídias sociais que até queimou a foto e os livros de Keen em praça pública. O caso deixou evidente o quanto alguns gurus das novas mídias agem iguais aos da antiga – não querem ou não sabem ouvir críticas.

Com a polêmica, o livro foi traduzido para 12 idiomas. A versão em português (207 páginas) chegou neste mês ao Brasil pela editora Zahar. Mas chegou datado.

Para começar, é preciso deixar algo claro. Keen não é qualquer um. Tentaram desqualificá-lo na época do lançamento do livro alegando que o escritor era um paraquedista em questões envolvendo a internet. Keen foi investidor e empreendendor no Vale do Silício, antes da bolha, em 2001 (lançou o site Audiocafe, de distribuição de música).

Fora isso, era arroz de festa em Foocamps, Barcamps e outros eventos do tipo. Ou seja, é uma crítica vinda de dentro da ‘web mais colaborativa’.

O livro chega datado em 2009 por que as críticas de Keen soam óbvias atualmente, ou seja, já não são novidade. Segundo Keen, sites como MySpace são um terreno para a prática de diversos crimes, inclusive pedofilia. Conteúdo gerado pelo usuário por si só não é atestado de qualidade. Existe uma confiança excessiva na participação do usuário, como se ela fosse o ‘santo graal’ de alguma coisa.

Uma boa parte dos vídeos do YouTube são lixo, coisa que interessa apenas a quem fez. Os blogs estão ajudando a criar novos poderes – de 3 a 4 colunistas de revistas de tecnologia para 5 ou 6 blogs de tecnologia que definem o que é hype e legal na internet.

É um tipo de pensamento que, em 2007, tinha impacto, quando as críticas ao modus operandi da web ainda eram muito escassas.

Em meados de 2007, auge da chamada Web 2.0, seu livro soou como um alerta, uma reação, numa época em que se apontava e glorificava apenas o lado positivo da internet e o discurso tecnopopulista de que qualquer um com um computador poderia se tornar qualquer coisa estava em alta.

Acredito que seja por causa disso que na forma de se expressar no livro Keen é seco, direto e monótono. Repete a mesma idéia várias vezes nos primeiros capítulos, o que o torna cansativo. Parece um panfleto, é nervoso em alguns momentos. É mais reação que qualquer outra coisa.

Ele quer a todo custo que apoiemos as suas idéias e estejamos ao seu lado. Neste sentido, lembra um pouco o trabalho do cineasta Michael Moore.

Por isso que se você quiser críticas mais embasadas e profundas em relação à internet e à ‘revolução digital’, apesar da fama, ‘O culto do amador’ com certeza não é o livro mais indicado.

Howard Rheingold, que é contra a atual crença exagerada em torno do poder das redes sociais, Michael L. Dertouzos, do MIT, já falecido, mas que fez críticas ainda atuais, e Nicholas Carr, por exemplo, fazem (ou fizeram) um trabalho bem melhor.

Keen se perde totalmente nos capítulos 4 e 5, nos quais aborda as transformações nas indústrias fonográfica e de cinema. Segundo ele, a hora em que as pessoas puderem baixar mais filmes pela internet não irão mais ao cinema.

Ir ao cinema e assistir a um filme num computador ou na televisão são experiências diferentes. Por isso que está acontecendo algo contrário ao que Keen prevê. As pessoas estão indo mais ao cinema.

O escritor evolui melhor as suas idéias no capítulo final ‘Soluções’, quando diz que a dinâmica dos sites deve caminhar para o meio termo, nem muita ou pouca abertura. E o que estamos vendo é isso. A Wikipedia, por exemplo, aumentando a moderação, se fechando mais, e a enciclopédia Britannica se abrindo mais, permitindo a edição de alguns verbetes. Antes rivais, Wikipedia e Britannica caminham rumo ao meio termo.

Pelo que percebi o autor se dá melhor em entrevistas e em sua coluna diária de mídia no jornal The Independent. Mesmo com as observações feitas neste post, Keen consegue fazer um trabalho de pesquisa melhor que muito de seus críticos.

A quantidade de pesquisas e referências citadas no livro chama a atenção, algo raro em livros voltados para um público não-acadêmico, o que rendeu elogios até de Larry Sanger, co-fundador da Wikipedia, e de Michiko Kakutani, crítica de livros do NYTimes..

Mas sabe aquele livro que não causa nenhuma reação em você? Que não faz nenhuma diferença você ter lido ou não? Não sei quanto a você, mas foi essa a sensação que tive após ler o ‘O Culto do Amador’ . Talvez por que tenha passado quase dois anos do lançamento do livro original (em inglês).

Em 2009, a obra vale mais pelo seu valor histórico e como consulta já que são citadas diversas pesquisas.’

 

FOTOGRAFIA
Tiago Dória

LIFE está de volta

‘Conforme o anunciado, a revista de fotografia LIFE, que saiu de circulação em 2000, estreou o seu site, a sua nova versão. A revista volta apenas na internet, sem versão impressa, e como um grande banco de images, parceria com o site Getty Images.

É a 4ª vez que a revista tenta voltar ao mercado. Entre 2004 e 2007, a publicação foi distribuída apenas como encarte de jornal.

Além de images atuais, o site conta com mais de 3.000 fotos do acervo da revista que surgiu em 1936 (novas fotos serão adicionadas a cada dia).

As images estão separadas por seções – celebridades, esportes, animais etc. Também há uma loja online onde é possível comprar produtos relacionados à revista

A LIFE tem uma grande importância, é responsável por algumas das melhores images do fotojornalismo.’

 

NOVIDADES
Tiago Dória

Mais uma vez o ‘tabu da concorrência’ foi quebrado

‘Mais um veículo de comunicação (pelo menos em sua operação online) está quebrando aquela política de não cobrir personagens ou não citar conteúdos associados a concorrentes, um tabu que existe há tanto tempo nas empresas de mídia.

No mesmo dia em que o NYTimes lançou a sua versão global, a emissora de TV Fox, considerada conservadora, colocou no ar o The Fox Nation, site de notícias e opinião que tenta surfar no sucesso do The Huffington Post.

Em outras palavras, funciona como um agregador de informações, curador de conteúdo, com links para diversos sites, inclusive para os da concorrência. Existem links externos para matérias da MSNBC, do NYTimes e do LATimes, por exemplo.

Tudo dentro daquela premissa que já é utilizada por alguns blogs e fórum de notícias há bastante tempo – indico bom conteúdo na rede, os leitores gostam, depois voltam para pegar mais indicações.

O The Fox Nation tentará também incentivar a participação dos leitores, que poderão comentar nas matérias e dizer se concordam ou não com outros comentários postados por outras pessoas.

Somente para registrar, desde o ano passado, o jornal Washington Post já tem um projeto parecido ao The Fox Nation – é o Political Browser.’

 

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NYTimes virou global

‘O NYTimes lançou a sua versão online global. Na prática, todo jornal quando migra para a internet potencialmente torna-se global, atinge um público global, maior, que vai muito além do atingido pela naturalmente limitada distribuição da versão impressa.

Na verdade, essa ‘versão global’ é formada por conteúdo do jornal International Herald Tribune (IHT), do qual o NYTimes é proprietário. É uma mesclagem dos conteúdos do NYTimes e do IHT, que teve o seu site desativado.

Na home da ‘versão global’ do NYTimes, mais destaque a questões de geopolítica e a separação e o destaque de algumas informações por região. A intenção é aumentar o tráfego com a união dos dois sites e deixar todo o conteúdo ‘debaixo de um único chapéu’, uma única marca e url, o que deixaria o NYTimes mais ‘fortalecido comercialmente’ (o jornal anunciou a demissão de 100 funcionários na semana passada).

Outro que seguiu pelo mesmo caminho na questão de ser global, mas de forma mais estruturada, foi o ElPais, que, em 2007, se assumiu como o ‘jornal global em espanhol’.

O site passou a ser utilizado para atingir um público global, nunca antes trabalhado pelo jornal. Um mercado natural, maior e além das fronteiras.

E o impresso ficou mais focado nas questões locais, da Espanha. Até por que o impresso tem um problema de distribuição, não pode estar acessível de qualquer lugar do mundo.

Será que algum veículo em português vai se assumir na web como o ‘jornal global em português’?’

 

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