Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ O Globo
Quinta-feira, 22 de junho de 2006
TV DIGITAL
Emissoras propõem prazo de dez anos para implantação da TV digital
‘BRASÍLIA. O prazo para que a TV digital seja implantada em todo o país deveria ser de dez anos, período de transição durante o qual funcionarão simultaneamente os sistemas digital e analógico. A proposta foi apresentada ontem pelas emissoras de TV na reunião com os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. No entanto, o governo defende um prazo de sete anos. Nos Estados Unidos, o prazo de transição foi fixado em dez anos, mas a mudança só foi concluída em 12 anos.
As emissoras acreditam ainda que as primeiras transmissões com a nova tecnologia poderão ser feitas seis meses após a escolha do padrão de TV digital. Esta data não foi oficialmente marcada, mas deve ser fixada em 29 de junho.
– O ministro e a ministra estão forçando para reduzir (o prazo de implantação) e as televisões estão preocupadas com tantos investimentos em tantas praças diferentes. Está se discutindo entre sete e dez anos. Dez anos como meta e horizonte para que se desligue o sistema analógico – explicou o diretor-presidente da Rede Bandeirantes, Johny Saad.
Primeiras transmissões devem ocorrer em São Paulo
No início, as transmissões digitais seriam feitas em apenas duas cidades. A idéia, defendida por um dos técnicos presentes ao encontro, é começar as transmissões por São Paulo, depois Rio de Janeiro. No segundo ano poderiam ser incluídas Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. A sugestão é concentrar as primeiras transmissões, o que permitiria, em dois a três anos, transmitir o sinal digital para metade do país.
As emissoras solicitaram ainda ao governo uma linha de financiamento para a troca dos transmissores analógicos por digitais. Segundo o diretor-executivo do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Guilherme Stoliar, para a implantação da TV digital no período de dez anos precisarão ser trocados cinco mil transmissores, já que as emissoras chegam a 98% dos domicílios do país. Estes equipamentos custam de US$ 50 mil, os de baixa potência, a US$ 5 milhões, de alta potência.
Além dos transmissores, os cerca de 70 milhões de aparelhos de TV em funcionamento deverão ser trocados. Os consumidores poderão comprar novos televisores ou conversores, que transformam o sinal digital em analógico. Saad acredita que a indústria nacional deverá fornecer a totalidade dos conversores que serão usados no país e mais de 90% dos transmissores.
O governo vai ouvir agora a indústria, enquanto terminam as negociações com os representantes do consórcio do padrão de TV digital japonês, que deve ser escolhido como a tecnologia a ser adotada aqui, com incorporação de inovações nacionais. Stoliar disse que as emissoras esperam que o governo assine o decreto com a definição do padrão de TV digital o mais rápido possível.
Será formado um fórum ou consórcio permanente com representantes da indústria, pesquisadores e emissoras de TV que vão ao longo do tempo ajustar o sistema digital.’
COPA & POLÍTICA
Futebol e política
‘Nunca houve um presidente que misturasse tanto futebol com política quanto o atual, até mais que o general Médici, cuja imagem com o radinho de pilha colado ao ouvido já se transformou em símbolo daquele período da ditadura militar, justamente o mais violento da repressão política no país. O gosto pelo futebol humanizava o ditador, e já naquela época era utilizado pelas incipientes técnicas de marketing para suavizar a face cruel das torturas nos porões da ditadura.
Dois livros lançados recentemente tratam do futebol na cultura brasileira, um deles, ‘Vida que segue’, da Nova Fronteira, reúne crônicas do João Saldanha e depoimentos exclusivos nos quais João Sem Medo diz, com todas as letras, que foi demitido da seleção em 1970 por ser membro do Partido Comunista, e não ficaria bem o Brasil ser campeão comandado por um comunista em plena ditadura militar.
Não há nada que corrobore essa versão, e ter cismado que Pelé estava ficando cego certamente contribuiu para minar a credibilidade de Saldanha como técnico. Mas o fato é que a história registra que ele ficou sem lugar na seleção depois de resistir à pressão do próprio Médici, que queria escalar Dario no ataque. ‘Eu não escalo o Ministério, e ele não escala a seleção’, teria respondido Saldanha, bem mais polido do que o Ronaldo Fenômeno, que também deu o troco no atual presidente, insinuando que ele bebe muito, afirmação que virou mote do candidato a vice-presidente na chapa tucana.
Um presidente que se meteu a tirar proveito político da seleção corria o risco de um desastre como esse, mas até que Lula se saiu bem do imbróglio, não apenas porque Ronaldo está mesmo gordo. Zagallo, o mesmo que substituiu Saldanha em 1970 mais por ser confiável do que pela competência técnica, deu uma de garoto propaganda do governo, lembrando que o Brasil estrearia no dia 13, seu número de sorte e número também do PT, partido de Lula.
O presidente Lula foi apenas infeliz ao perguntar a Parreira, sem que Ronaldo estivesse presente, se ele estava mesmo gordo. Não quis acusar Ronaldo e provavelmente, como disse na carta que enviou ao jogador, teve a intenção de pôr um ponto final na discussão. Mas, ao pressionar para fazer a videoconferência, e não permitir que os jogadores fizessem perguntas, o Palácio do Planalto quis evidentemente tirar proveito eleitoral para a campanha de reeleição de Lula, o que já está mais que provado que não tem influência política, se é que algum dia teve.
Em 1970, muitos da esquerda torciam contra a seleção para não dar força ao governo Médici, mas esta é uma tarefa política difícil de ser executada. Em 1994, o Brasil foi campeão e Itamar Franco elegeu Fernando Henrique seu sucessor, muito mais devido ao Plano Real do que à Taça do Mundo. Em 1998, o Brasil perdeu na final para a França e Fernando Henrique se reelegeu. E em 2002, o Brasil foi campeão e Fernando Henrique não conseguiu eleger seu sucessor.
É verdade que Lula sempre gostou de futebol e, sobretudo, de metáforas futebolísticas. Lula joga suas peladas e é fruto dessa democratização que só o futebol promove entre os esportes, como analisa com muita propriedade o antropólogo Roberto DaMatta em seu livro ‘A bola corre mais que os homens’, recém-lançado pela Rocco. O livro contém crônicas escritas durante as Copas de 1994 e 1998 e três ensaios sobre o significado social do futebol no Brasil e as lições de igualdade que sua prática proporciona.
DaMatta vê o futebol como ‘formidável código de integração social’. Ele ressalta que é muito raro no cotidiano do brasileiro, ‘um universo onde as instituições públicas estão há décadas desmoralizadas por práticas sociais clientelistas, ideológicas e personalistas desconcertantes’, uma experiência com uma organização coletiva ‘com a qual podemos nos identificar abertamente e que opera integrada para nosso deleite e benefício’.
Uma outra dimensão do futebol, e que se agiganta nos dias de Copa do Mundo em que vivemos, é sua capacidade ‘de proporcionar ao povo, sobretudo ao povo pobre, enganado, mal-servido pelos poderes públicos — povo destituído de bens e, pior que isso, de visibilidade social e cívica – a experiência da vitória e do êxito’.
Roberto DaMatta diz que é no futebol que a massa se sente responsável ‘por vitórias arrebatadoras’. Vitórias que desconhece ‘no campo da educação, da saúde, e, acima de tudo, da política’, ressalta o antropólogo. O futebol, com suas regras próprias compreendidas por todos, e que valem para todos, ‘reafirma simbolicamente que o melhor, o mais capaz, e o que tem mais mérito pode efetivamente vencer’. O que, para DaMatta, é ‘uma potente lição de democracia’. Essa possibilidade de alternância entre vencidos e vencedores ‘é a mais bela lição de igualdade que um povo massacrado pela injustiça pode recebe’.
É bem verdade que, de tempos em tempos, tanto no Brasil quanto em várias partes do mundo surgem escândalos com máfias das apostas de loteria manipulando resultados de jogos, o que põe em risco afirmações como ‘no futebol, portanto, não há golpes’, ou decisões erradas dos juízes que põem em dúvida a tese, também defendida por DaMatta, de que ‘as leis têm que ser obedecidas por todos, são universais, transparentes’.
Quando começava minha carreira jornalística, lá pelos anos 1970, fui chamado pelo diretor de redação do GLOBO, Evandro Carlos de Andrade, para trabalhar como repórter de esportes. E Evandro, que já fora um deles, disse que acompanhar os bastidores do futebol e as politicagens dos cartolas seria muito útil mais tarde, quando fosse tratar da política nacional. Com os mensaleiros absolvidos de um lado e dirigentes esportivos como Eurico Miranda – que não por acaso foi deputado federal – de outro, lamento que seja até hoje um conselho atual.’
DIREITOS AUTORAIS
O mistério dos direitos autorais no Severiano
‘Além de pagar R$ 16,08 de ingresso para assistir a ‘X-Men 3’, no cinema do shopping Iguatemi no início do mês, o técnico em eletrônica Luiz Felipe Rocha teve de desembolsar mais R$ 0,42, descritos no bilhete como ‘direitos autorais’. Esses centavos a mais nos ingressos dos cinemas Severiano Ribeiro, caso do Iguatemi, têm chamado a atenção dos espectadores. Segundo o grupo, é a taxa paga ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) pela execução de músicas nos filmes.
Assim como outros exibidores, o Severiano Ribeiro movia um processo na Justiça contra essa taxação e não era obrigado a pagá-la (o equivalente a 2,5% do valor total do ingresso). Isso até perder a ação em 2004 e ter de pagar a taxa – e desde maio fazer questão de deixar isso claro para o público. Segundo a assessoria do grupo, ele decidiu discriminar os valores para ser ‘transparente com seus freqüentadores’.
– Fui ver ‘X-Men 3’ no cinema Leblon e reparei que foram cobrados R$ 0,20 a mais no valor de cada ingresso – reclama Marcelo Feijó, que passou pela situação no último dia 14. – No ‘X-Men 3’, todos as músicas foram produzidas especificamente para o filme; este custo, portanto, já não estaria previsto no valor final do filme e repassado ao preço absoluto do ingresso? E quando um filme usa uma música dos Rolling Stones, por exemplo, não há uma negociação prévia, com o pagamento que dá o direito de veicular a música ‘n’ vezes por determinado período?
Um projeto de lei que extingue a cobrança de 2,5% do valor do ingresso para o Ecad (que argumenta que a taxação é devido à execução pública da obra) está atualmente no Senado.’
IMPRENSA / EUA
EUA vão rever legislação sobre controle de mídia
‘WASHINGTON. A Comissão Federal de Comunicação (FCC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deu início ontem a uma revisão da legislação sobre a propriedade de grupos de mídia. O presidente da FCC, Kevin Martin, disse que quer tornar mais fácil para uma empresa ter, ao mesmo tempo, um jornal e uma estação de rádio na mesma região. Isso levaria a uma maior consolidação do setor.
– A Comissão tem de levar em conta a realidade competitiva da mídia – disse Martin.
Os grandes grupos de mídia há tempos pressionam por essa mudança. Mas os órgãos de defesa do consumidor já estão se mobilizando contra. Eles afirmam que uma maior consolidação da indústria calaria vozes independentes e reduziria a programação de conteúdo local. A análise da legislação ainda deve demorar um ano. ( Do New York Times)’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 22 de junho de 2006
TV DITIGAL
TV digital terá transição de 10 anos
‘A transição completa do sistema de TV analógica para o de TV digital deverá acontecer no prazo de dez anos, segundo estimativa das emissoras de TV, que se reuniram ontem, no Palácio do Planalto, com os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Comunicações, Hélio Costa. O presidente da TV Bandeirantes, João Saad, disse que as emissoras podem transmitir em sinal digital no prazo de seis meses após a definição do padrão e das tecnologias brasileiras que serão incorporadas ao novo sistema.
O prazo de seis meses para as empresas se adaptarem ao novo sistema é uma estimativa apenas para as emissoras. Para que a população possa assistir TV pelo sistema digital, o prazo dependerá da fabricação de televisores digitais ou aparelhos conversores de sinais digitais em analógicos. Para isso, a indústria nacional precisa de um ano. A idéia das emissoras é começar a transmissão inicialmente nas capitais. Os executivos não deram números sobre o volume necessário de investimentos, mas, segundo fontes do governo, o banco japonês JBIC tem uma linha de crédito de US$ 500 milhões para financiar as emissoras. Já a indústria nacional deverá ter o suporte do BNDES, mas ainda não se sabe o valor do crédito.
O diretor-executivo do SBT, Guilherme Stoliar, disse que as empresas precisam trocar 5 mil transmissores dos sinais de televisão que, dependendo da potência, poderão custar de US$ 50 mil a US$ 50 milhões cada um. No Brasil, segundo ele, existem 50 milhões de lares com televisões e, ao todo, 70 milhões de aparelhos de TV.
NEGOCIAÇÕES
As negociações para definição do Termo de Compromisso para a formalização da escolha do padrão digital com representantes do governo e industriais japoneses não foram conclusivas. Nos próximos dias, o Itamaraty, a embaixada do Japão no Brasil e o ministério japonês das Relações Exteriores tentarão chegar a um acordo em relação a vários pontos. Nos últimos três dias, japoneses e brasileiros discutiram a redação do documento, mas não superaram o impasse em relação à forma como será incorporada a tecnologia desenvolvida no Brasil para a TV digital.
O governo brasileiro trabalhava com a hipótese de formalizar, na próxima semana, a escolha do padrão digital japonês. Inclusive, estava prevista a assinatura do Termo de Compromisso no dia 29, quando estaria no Brasil o ministro do Interior e da Comunicação do Japão, Heizo Takenaka. Ontem, ao final da rodada de discussão técnica, no entanto, já não se confirmava essa data. A delegação japonesa, com 15 representantes do governo e da indústria (Toshiba, NEC, Sony e Panasonic), retornou a Tóquio com a minuta do Termo de Compromisso para discussão com os escalões superiores do governo japonês.
Uma série de inovações foram listadas pelos ministros brasileiros para serem incorporadas ao padrão japonês. O texto do acordo deverá abordar oito pontos, entre eles treinamento de recursos humanos, cooperação na área de pesquisa e desenvolvimento e financiamento para emissoras de TV e indústria nacional de televisores.
Europeus se reúnem com pesquisadores
Apesar da negociação do governo com os japoneses, os europeus não dão sinais de terem desistido. Eles se reuniram ontem com pesquisadores brasileiros, em São Paulo, para discutir como a tecnologia desenvolvida aqui pode ser incorporada ao DVB-T, o padrão europeu. ‘Nossos interlocutores no governo, como a ministra Dilma (Casa Civil) e o ministro Furlan (Desenvolvimento), dizem que a opção está aberta’, afirmou Walter Duran, diretor-executivo do Laboratório Philips no Brasil. A empresa faz parte da Coalizão DVB Brasil, ao lado da Nokia, Siemens, Rohde & Schwarz, ST Microelectronics, Thales, BenQ-Siemens e Sagem.
Participaram do evento 34 pesquisadores do projeto Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), financiado pelo governo. ‘Me parece muito frágil este acordo com o Japão’, afirmou Duran. ‘Quantos acordos o Brasil faz e ninguém cumpre?’ As empresas da Coalizão DVB se comprometem a investir R$ 100 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Eles também negociam com a Argentina e o Chile. RENATO CRUZ’
PUBLICIDADE
Agências do País comemoram prêmios de propaganda na web
‘O Brasil conquistou ontem mais 15 leões na 53ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, o mais importante da propaganda mundial. Em Cyber Lions, categoria que premia os melhores trabalhos de internet, o Brasil levou nove leões, dos quais quatro de ouro, dois de prata e três de bronze. Em peças impressas (Press), foram seis leões, sendo um de ouro e cinco de bronze.
O leão de ouro de impressos foi para peça criada pela agência de publicidade Publicis para a Cepacol. Os cinco de bronze foram para Loducca (KM Casa), DPZ (restaurante Rubaiyat), JWT (HSBC), Loducca (MTV), e Giovanni FCB (Ipas, uma organização não governamental de direitos da mulher). O Grand Prix da categoria ficou com os sul-africanos da FCB Johanesburgo por ‘Periscope’, uma peça criada para a fabricante de brinquedos Lego.
Mas foi a conquista dos leões em internet que causaram maior euforia entre os brasileiros, apesar de o resultado na categoria ter sido pior que no ano passado, quando o País conquistou 23 leões, além do Grand Prix e do prêmio de agência do ano para a DM9DDB.
Para o presidente da DM9DDB, Sérgio Valente, uma nova onda, que faz uso de robótica e recursos mais sofisticados de internet, está para chegar, e a agência está se antecipando a essas tendências. O jurado brasileiro em Cyber Lions, Ricardo Figueira, da Agência Click, disse que ficou surpreso com a quantidade de peças de marketing viral, mas disse que a maioria não chegava a passar de uma ‘gripezinha’. Neste tipo de marketing, as peças trafegam entre internautas sem que um produto ou serviço seja identificado. Só depois é que se descobre que a ação envolve uma empresa.
Os destaques brasileiros no Cyber Lions que conquistaram leões de ouro foram ‘Crash’, da DM9DDB para Itaú Seguros; ‘Oops’, da Euro RSCG4D para Poliflor, da Reckitt Benckiser; ‘Water purifier’, da AgênciaClick para o purificador de água Brastemp, da Multibras; e ‘Scroll’, da F/Nazca S&S para o T-fal, da Arno.
O jurado brasileiro da categoria impressos, Ruy Lindenberg, da Leo, Burnett, acredita que o festival marque uma nova etapa. ‘Houve uma diversificação maior de países ganhadores e as fórmulas foram postas de lado. O que se destacou foi a simplicidade com uma pitada de ousadia, mas nada que faça com que a mensagem do produto se perca.’
A França, anfitriã da festa, ficou em primeiro lugar no ranking de países com maior número de leões de impressos pela primeira vez nos últimos cinco anos, quando Brasil e Inglaterra se revezaram na liderança. A África do Sul ficou em terceiro este ano, atrás da Inglaterra, enquanto o Brasil ficou empatado com a Alemanha em quarto lugar.’
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‘Anúncios devem ficar mais perto da realidade’
‘A agência JWT promoveu ontem um concorrido debate no Festival Internacional de Publicidade de Cannes que reuniu o ator Martin Sheen, a blogueira Arianna Huffington e o roteirista da série americana Sex and the City, Michael Patrick King. Eles falaram de tendências, especialmente de como os consumidores preferem ser tratados hoje. Para Sheen, todos querem a verdade, a maioria detesta mentiras e falsas sensações. Ele afirmou que quanto mais próximo for o desempenho de um ator da realidade, mais sucesso ele tem, e na propaganda a regra também deve ser esta.
A blogueira americana, que se tornou um importante canal de notícias nos EUA, falou da importância da intimidade da conversa com os internautas, a cumplicidade em tempo real. Segundo Arianna, o sucesso dos blogs e fotologs na internet, onde as pessoas podem expor suas idéias e suas fotos, tem a ver com a possibilidade que o meio abriu para que cada um seja o seu meio, tenha a sua credibilidade. King, por sua vez, disse que a produção da série Sex and the City rejeitou contratos de merchandising milionários para não comprometer a história e seus personagens.’
TELEVISÃO
A notícia é Copa
‘Você liga a TV em seu noticiário favorito e lá está ela, a Copa. São correspondentes internacionais, os gols da rodada do dia, as intermináveis entrevistas de Parreira, críticas a Ronaldo… Mas é isso que as pessoas querem ver. Pelo menos é o que aponta o Ibope. Segundo medição na Grande São Paulo, a audiência de jornalísticos da Globo subiram após o início da Copa da Alemanha.
O Jornal Nacional, por exemplo, teve um aumento de cerca de 6 pontos porcentuais em sua média na semana seguinte à estréia do mundial. A média do noticiário, que vinha passeando pela casa dos 38 pontos, pulou para 44 na semana de 12 de junho. O Jornal da Globo também melhorou em audiência. Na semana do dia 22 a 27 de maio, o noticiário alcançou média de 15 pontos. Na semana do 12 de junho, a média pulou para 17 pontos.
Sem os direitos da cobertura, era de se esperar uma queda na audiência dos noticiários das outras emissoras. O Jornal da Band perdeu 1 ponto logo após a estréia do mundial. Os Jornais do SBT também tiveram essa mesma queda. Já o Jornal da Record subiu 1 ponto porcentual (55 mil domicílios) com a cobertura.’
Cristina Padiglione
No ar, o duelo entre Gazeta e Cultura
‘Desde que Albino Castro trocou a TV Gazeta pela TV Cultura, levando uma dezena de profissionais consigo e abrindo, para o Jornal da Cultura, o mesmo horário do Jornal da Gazeta (19 horas), há um olhar de competição no ar. Da Avenida Paulista à Água Branca, há quem meça os decimais de audiência que fazem a diferença entre os dois noticiários.
Até aqui, a Gazeta ainda leva a melhor. A considerar os índices até 16 de junho, o volume de audiência do Jornal da Gazeta está 24% maior que o do Jornal da Cultura.’
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 22 de junho de 2006
TV DIGITAL
Governo prevê cobertura de TV digital no país em dez anos
‘Governo e representantes das emissoras brasileiras de TV definiram ontem o prazo para a implementação da TV digital no Brasil. As partes estimam que em dez anos todo o país estará coberto pela nova tecnologia, a partir da data em que for assinado o decreto definindo o padrão a ser adotado no Brasil.
O problema é que, embora o governo já tenha optado pela tecnologia japonesa, o anúncio oficial da decisão terá de esperar entendimento entre os técnicos dos dois países, mas as partes não estão se entendendo. A maior dificuldade tem sido convencer os japoneses a aceitar definir no decreto a quantidade de inovação brasileira que o sistema irá incorporar.
Um relatório conjunto de técnicos dos dois países será submetido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso a proposta japonesa seja aceita, o anúncio oficial será dado na semana que vem.
De acordo com o presidente da TV Bandeirantes, João Carlos Saad, depois de confirmado a opção pelo padrão japonês, em seis meses será possível terminar os estudos para que possam ser feitas transmissões pilotos em algumas regiões do país, a serem escolhidas. A expectativa do governo é incluir inovações brasileiras em toda a cadeia -da transmissão dos conteúdos, aos aplicativos e à recepção, ou seja, aparelhos e decodificadores.
Segundo o diretor-executivo do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Guilherme Stoliar, há 5.000 transmissores no país que vão precisar ser substituídos. O custo da troca pode variar entre US$ 20 mil a US$ 5 milhões, dependendo do alcance do transmissor. Para isso, as emissoras querem uma linha de financiamento, que poderá ser oferecida por bancos de fomento japoneses.’
TODA MÍDIA
Escondendo o jogo
‘Desde a manhã, na Globo, ‘mistério’. À tarde, ‘o mistério continua’. À noite, ‘e continua o mistério da escalação’. No meio da transmissão de Argentina e Holanda, fim de tarde, o comentarista Falcão assiste à entrevista de Carlos Alberto Parreira e sai cobrando, ‘não definiu absolutamente nada’.
Mas não, observou antes o Globo Esporte, ‘Parreira não está escondendo o jogo do outro lado, do Japão’. Está escondendo da Globo mesmo.
O monopólio global não é nenhuma Microsoft, mas é curioso um paralelo recente.
Semana passada, como noticiaram agência Reuters e outros, o ‘famoso blogueiro da Microsoft Robert Scoble deixou’ a corporação.
Ele ganhou fama com seus posts reveladores, que ‘ajudaram a quebrar a mentalidade de cerco de seu empregador’ e, por outro lado, ‘suavizaram a reputação de destruidora monopolista da Microsoft’.
Não se espera o mesmo do blog do ‘Jornal Nacional’, é claro, até porque o Scobilizer de Scoble era só dele, não um coletivo da corporação.
Ainda assim, é divertido vislumbrar os bastidores da cobertura que tanto defende Ronaldo e Adriano, enquanto ataca Ronaldinho e Cafu.
Do post de uma editora, se dizendo ‘tricolor de coração’, do hino do Fluminense:
– Flamenguista é bicho estranho. Não se desliga do time. Em plena Copa, tá sempre elogiando o Juan (por causa das origens) e exclamando que o Júlio César é o melhor. Tem um ao meu lado na redação. Ameaçou torcer pelo Japão porque é do Zico.
Aos que começam, Scoble deixa, no dizer da Reuters, ‘um conselho sucinto’:
– Entenda a cultura de sua empresa antes de começar a falar pelos cotovelos. Quando você começar a quebrar as regras, é melhor saber que vai estar quebrando as regras.
INCLUSÃO OU TRAIÇÃO
Fernanda e Regina, nos intervalos do horário nobre
Diz Fernanda Montenegro, protagonista de ‘Belíssima’, num comercial no horário nobre, que ‘o Banco do Brasil investe no desenvolvimento, gerando trabalho e renda, e na educação, contribuindo para a inclusão social’.
Ato contínuo, vem a personagem da atriz Regina Duarte e diz ao marido, num comercial de ‘Páginas da Vida’, que vai substituir ‘Belíssima’, que tem ‘vergonha, vergonha de não ter percebido antes o mau-caráter que você é’. Vem o locutor e explica que se trata de ‘uma respeitada médica, que descobriu que está sendo traída’.
LULA OU LULA
Enquanto as capas contra Lula se amontoam, em uma campanha publicitária da revista ‘Veja’ no horário nobre, o site Carta Maior traz em sua home page o lançamento -e reproduz textos- da ‘Revista do Brasil’, ‘viabilizada pela união de 23 entidades sindicais’. Com Lula na capa, mas em outra direção, a revista anuncia em editorial que ‘começa a circular mensalmente, distribuída a cerca de 360 mil sócios dos sindicatos que participam, mas vai crescer e chegar à circulação mensal -e às bancas’.
ESQUISITÍSSIMO
Mais horário nobre.
A blogosfera esquerdista, em sites tipo consciencia.net, abriu até campanha viral de denúncia dos comerciais do ‘esquisitíssimo’ movimento Quero Mais Brasil, ‘apoiado pelo império global’ e com ‘ênfase neoliberal típica’.
MENOS ELEIÇÃO
Mas tem quem defenda que ‘pensem um pouco menos em eleição e futebol’ em Brasília. Gilberto Dimenstein na Folha Online e o ex-ministro Paulo Renato no blog E-Agora estão avisando que ‘não aprovar o Fundeb irá criar uma situação caótica no ensino básico’.’
TELEVISÃO
Record perde uma Rede TV! com a Copa
‘Band, Record e Rede TV! foram as maiores prejudicadas no Ibope pelo monopólio da Globo nas transmissões dos jogos da Copa. O SBT, supreendentemente, não sofreu abalos em suas médias diárias. A TV Cultura até cresceu e tirou da Rede TV! o quinto lugar no ranking das emissoras.
A Band foi a rede que registrou a maior queda de audiência, de 35,7%. Perdeu um ponto (de 2,8 entre 9 e 20 de maio para 1,8 entre 9 e 20 de junho).
Já a Record perdeu 1,3 ponto (o equivalente a toda a audiência diária da Rede TV!) e se distanciou momentaneamente do SBT na luta pela vice-liderança na média diária _a rede de Edir Macedo, no entanto, permanece no segundo lugar no horário nobre. A Record tinha média diária de 7,2 pontos entre 9 e 20 de maio. Nos primeiros 12 dias de Mundial, ficou com 5,9.
A audiência do SBT teve uma queda quase desprezível, de apenas 0,3 ponto _de 7,8 para 7,5. As redes concorrentes afirmam que o SBT não perdeu audiência com a Copa porque seu público seria menos ligado em noticiário e grandes eventos. O SBT tem outro ponto de vista: seu telespectador é mais fiel.
A Rede TV!, que tinha 1,7 ponto de média diária entre 9 e 20 de maio, caiu para 1,3. Foi ultrapassada pela Cultura, que cresceu 0,1 ponto e agora tem média diária de 1,4.
A audiência da Globo cresceu 22,4% com a Copa do Mundo, de 22 para 27 pontos por dia.
RUMO AO IMPÉRIO 1
A Record está montando um escritório em Washington. Até o final do ano, a Globo não será mais a única rede brasileira com correspondente exclusivo na capital dos EUA. A Record se instalará em frente à Casa Branca, no prédio da CNN.
RUMO AO IMPÉRIO 2
Já o escritório da Record em Nova York, onde já trabalha o jornalista Gilberto Smaniotto, será reforçado com mais um correspondente.
SEDUÇÃO AO VIVO
A Band vai exibir ao vivo a final do ‘reality show’ ‘Jogo da Sedução’, na madrugada deste sábado, dentro do ‘A Noite É uma Criança’. O público escolherá qual das 12 participantes do programa é a ‘mais sedutora’. O último episódio será uma festa ‘sexy’ em um spa.
24 HORAS 1
A Gamecorp (que tem entre seus sócios a Telemar e um dos filhos do presidente Lula) já se prepara para ocupar as 24 horas da programação da Play TV (ex-Rede 21) em 2007.
24 HORAS 2
Boa parte da Play TV será ocupada por videoclipes e desenhos japoneses. O canal vai também cobrir os Jogos Panamericanos, no Rio, e lançará dois ‘grandes’ programas: um torneio de RPG e uma competição de game entre escolas.
AGORA É OFICIAL
A Record assinou ontem contrato com a TV Atalaia, que passará a ser sua afiliada no Estado de Sergipe a partir de 17 de julho. Na semana que vem, a Record anunciará oficialmente que está tomando outra afiliada do SBT, a de Maceió.’
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