Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
TV PÚBLICA
TV Brasil já se prepara para virar rede em março
‘Menos de quatro meses após começar oficialmente a operar, a TV Brasil, emissora pública criada pelo governo federal, vai se transformar na Rede Brasil de Televisão, presente inicialmente em 22 Unidades da Federação. A decisão começou a ser concretizada com a constituição do Comitê de Rede das emissoras, formalizado na semana passada, em Brasília.
O grupo – do qual participam até estações oficiais de Estados governados por tucanos, como São Paulo e Minas, apesar da oposição oficial do PSDB à nova TV – trabalha com a segunda quinzena de março de 2008 como prazo para estréia da nova estrutura.
‘Não é uma iniciativa do governo, é um esforço para criar um instrumento público de comunicação’, disse ao Estado o diretor de Relacionamento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), operadora da TV Brasil, Mário Borgneth.
Às antigas TVs Educativas do Rio e do Maranhão e TV Nacional do Distrito Federal (que era da Radiobrás) – as três foram fundidas para formar a TV Brasil, que também tem dois canais em São Paulo – juntaram-se outras 19 emissoras públicas no comitê. Estão na estrutura as TVs Educativas de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina; TVs Cultura do Amazonas, Pará e São Paulo; TVs Universitárias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Caxias do Sul (RS); Rede Minas (MG); TV Aperipê (SE); Rede Sat (TO); TV Aldeia (AC); e TV Antares (PI). Elas formarão o núcleo da futura rede que poderá, inclusive, nascer ainda maior, segundo Borgneth.
‘O fato de começarmos com essas TVs não quer dizer que não possamos incluir na rede outras emissoras comunitárias, universitárias e legislativas’, disse o diretor da EBC. ‘Nosso modelo é diferente do das TVs comerciais, que têm em cada Estado um representante. Queremos estimular articulações.’
O Comitê de Rede criou cinco grupos de trabalho: Articulação Institucional, Compartilhamento de Programação, Jornalismo, Serviços e Infra-Estrutura. Cada emissora indicará um representante para cada um dos agrupamentos, que discutirão ‘o modelo de negócios’ da nova Rede Brasil. Segundo Borgneth, as discussões se darão em torno de três ‘vetores’: compartilhamento de programação, processos colaborativos de produção de conteúdos e projetos de desenvolvimento de infra-estrutura.’
ARTE
Maria Hirszman
Um ano morno movido a crises
‘2007 não foi um ano memorável no campo das artes visuais. Algumas poucas exposições de grande destaque, o acirramento de crises institucionais que vêm se arrastando há tempos e um curioso revival da década de 70 parecem ter sido os aspectos que mais se sobressaíram ao longo deste ano insosso, que terminou de forma bombástica com o furto das telas de Picasso e Portinari das salas de exibições do Masp. Sem que houvesse um vigia, alarme ou mesmo câmera de infravermelho que permitisse identificar os assaltantes, as telas foram retiradas em menos de três minutos das salas de exposição do segundo andar durante a troca de guarda, evidenciando mais uma vez a profunda fragilidade da instituição que se vangloria de ter o maior acervo de arte moderna da América Latina, mas que há anos vem se fragilizando em função de uma administração centralizadora e da inexistência de mecanismos eficazes e democráticos de transição.
Evidentemente, se pensarmos do ponto de vista daqueles que se dedicam à arte no País, há uma certa injustiça nesse diagnóstico. Afinal, ocorreram exposições de grande qualidade e os artistas continuaram produzindo enquanto se debatiam os rumos da Bienal ou se prolongava a crise do Masp. No entanto, foram acontecimentos solitários, incapazes de dar ao circuito o vigor do qual ele parece estar profundamente necessitado.
No campo dos já tradicionais eventos programados a cada dois anos, o destaque ficou por conta da Bienal do Mercosul que, na sua 6ª edição, mostrou ser possível conciliar correção administrativa e respeito ao projeto curatorial, dois aspectos em falta na sua congênere paulistana. A grave e complexa crise de longo prazo vivida pela instituição cinqüentenária parece ter se acirrado este ano. Centralismo, acusações de desvios perpetrados pela presidência da fundação, inexistência de um projeto maior que sustente e justifique a realização das mostras, profundo descompasso entre a instituição e os principais atores do circuito compõem um cenário complicado.
A explicitação dessa situação, no entanto, pode ser vista como algo positivo, já que a exposição das chagas ajuda a pressionar na direção das reestruturações que a instituição tanto precisa. É seguindo esse caminho que Ivo Mesquita assumiu a curadoria e propôs substituir a edição de 2008 do evento por um grande debate em torno do projeto da Bienal. Trata-se de uma iniciativa promissora, mas que só terá efeitos concretos se for além da mera maquiagem e dos golpes de impacto, por si só estéreis. Para gerar frutos, a reflexão proposta deve, necessariamente, vir acompanhada de vontade política, de ações efetivas de saneamento e transformação da instituição e de seu projeto cultural.
Ainda no campo da política cultural, alguns acontecimentos marcantes ocorreram neste ano. Em destaque a celebrada transferência do MAC para o Detran – o projeto de reforma está a cargo de Oscar Niemeyer, ainda na ativa apesar de seus 100 anos, muito celebrados ao longo de 2007 – e a iniciativa da Prefeitura para retomar o MuBE. O resgate do museu para fins mais nobres do que aluguel para eventos, feirinhas de antiguidades e exposições de qualidade duvidosa talvez venha a ser o legado mais importante do ano, mas ainda depende de decisão judicial, que deve sair ainda no primeiro semestre de 2008. Mais do que viabilizar a realização de projetos culturais de maior densidade, a possível recuperação do espaço sinaliza também uma maior esperança de que o poder público passe a desempenhar com mais afinco seu papel no controle das instituições culturais do País, muitas vezes deixadas à mercê de pequenos grupos de poder.
No que se refere à programação expositiva propriamente dita, pode-se dizer que predominaram as mostras individuais de qualidade, seja em galerias comerciais ou em espaços museológicos (Só para citar alguns exemplos, podemos mencionar as mostras de Paulo Pasta, Carmela Gross, Emanoel Araújo, Thomas Ianelli, Iran do Espírito Santo…). No campo das grandes coletivas, foram poucos os destaques. Dentre eles se sobressai O Cinético, ainda em cartaz no Instituto Tomie Ohtake. Trata-se de um amplo panorama da produção cinética internacional e sobretudo latino-americana, organizado pelo Museu Reina Sophia, da Espanha, que seduz o olhar e amplia a reflexão sobre uma arte feita de luz e movimento.
Outra mostra a propor um apanhado geral, desta vez da arte brasileira reunida na coleção do Itaú, acabou transformando-se num dos grandes escândalos do ano. O problema não foi a seleção proposta, mas a forma como as obras foram exibidas, deitando telas ao chão de maneira um tanto leviana, privilegiando o espetáculo em vez de fruição da obra. Uma curiosidade que ganha vulto quando se analisa retrospectivamente os principais destaques da programação de 2007 é a grande recorrência de exposições voltadas para a produção da década de 70, possibilitando uma compreensão mais ampla da importância da arte conceitual no País, com destaque para as mostras de Paulo Bruscky no MAC e a curadoria de Glória Ferreira, também no Instituto Tomie Ohtake.
Já o Panorama do MAM, outro evento já tradicional que nos últimos tempos tem caído nos anos ímpares, parece vir mantendo uma mesma toada morna. Do Cristo de rapadura apresentado em 2005 por Caetano Dias à lombada feita de paçoca por Débora Bolsoni, pouco parece ter mudado. Organizadas em torno de projetos independentes, as mostras apresentam uma mescla de obras muito interessantes (como os trabalhos de Gil Vicente, Marepe e Chelpa Ferro, na edição atual) a propostas de menor interesse, ou de impacto imediato, mas que se diluem com o tempo.
Nem mesmo as esperadas mostras internacionais (como as de Anish Kapoor Leonardo da Vinci e Yoko Ono), ou as leituras históricas (Almeida Jr., Aleijadinho ou Missão Francesa) conseguiram romper a sensação de marasmo. Apenas um desses eventos importados, a histriônica mostra exibindo corpos humanos plastificados parece ter conseguido atrair o público em peso, ora alegando que se trata de um trabalho ‘artístico’ de tão perfeito, ora atribuindo a si um encantador poder didático ao exibir entranhas ‘reais’ num mórbido e bastante questionável espetáculo.
O Masp, que finalmente acordou para a necessidade de ter um curador capaz de dar sentido às suas atividades, também deixou a desejar com mostras de grande potencial midiático, como a exposição enlatada dedicada a Charles Darwin. Mas parecia indicar um caminho interessante de resgate de seu acervo, colocando em cena uma nova releitura das obras-primas dessa coleção e dedicando-se a mostras menos retumbantes, mas de grande qualidade, como o conjunto de gravuras de Goya. O furto de duas das telas mais chamativas – não necessariamente as mais valiosas – do acervo revela, no entanto, que não basta meias soluções para resolver o problema do museu. Apenas uma política transparente, coerente e ativa, com o envolvimento efetivo da sociedade civil e do poder público – que há mais de uma década oscilam entre o conformismo e os protestos de pequeno efeito -, pode tirar esse museu da profunda crise financeira, administrativa e identitária na qual ele se encontra.’
TELEVISÃO
Stulbach: ‘A TV não nasceu para ser cult ou trash’
‘O premiado ator Dan Stulbach foi atrás de seus projetos e hoje é o que se pode chamar de agitador cultural. Comanda um teatro, toca um programa de sucesso no rádio, se prepara para dirigir uma peça com Joana Fomm e ganhou o papel principal na primeira minissérie do ano da Globo: Aos Meus Amigos, de Maria Adelaide Amaral. Está feliz não só por ser o protagonista Léo, um intelectual que se suicida, mas pela oportunidade de trabalhar em uma história que mostra a efervescência cultural paulistana dos anos 80. ‘Esse é o tipo de trabalho que melhora a vida do ator.’
Há quatro anos, seu sonho era fazer um grande personagem em uma minissérie. Você chegou lá, não é?
Cheguei sim e de uma maneira muito especial. Eu ia trabalhar na minissérie Nassau, de Maria Adelaide Amaral, que foi cancelada. Em uma conversa, falei de minha admiração pela geração dos anos 80, pela efervescência cultural em São Paulo, que ela retrata bem no romance Aos Meus Amigos, e sugeri a minissérie. Ela me chamou para fazer o protagonista Léo, inspirado no escritor e publicitário Décio Bar, morto em 1986.
Do que se trata a minissérie?
De um sujeito que se suicida. É uma história sobre amizade e morte, que retrata bem uma época rica, da qual fazem parte a literatura de Maria Adelaide, de Caio Fernando Abreu, Madame Satã e o movimento Lira Paulistana. A minissérie começa com a morte de Léo.
Como é entrar em um personagem marcado para morrer?
Adoro o tema do tempo. A consciência da finitude nos faz acordar para o mundo, a nos tornar mais sinceros e a não perdermos tempo com bobagens. Esse é um tipo de trabalho que melhora a vida do ator. Sinto a sensação de urgência toda vez que vou gravar, esse personagem me deixa mais sensitivo.
Você sente que a televisão te absorveu de alguma maneira?
Já fui o ator de teatro que deu certo na TV, agora me sinto um ator de teatro e de TV. Nunca fui desses atores que falam mal da televisão, porque acho que é um veículo que tem alto valor cultural no País. Sempre tive ótima relação com a Globo, já tive contrato longo, mas agora tomei a decisão de tê-la como parceira e ser dono do meu tempo e fazer outras coisas das quais gosto.
Você se tornou diretor do espaço teatral da Livraria Cultura. Qual é o seu projeto?
A idéia de fazer o teatro lá foi minha. Montei o projeto e passei mais de um ano convencendo o Pedro Herz a trocar a construção de um auditório convencional por um teatro de 180 lugares. Quando consegui, Pedro me pediu para cuidar do Teatro Eva Herz, que foi inaugurado com Fernando Pessoa em Remix, com Jô Soares, cuja temporada foi um sucesso. Temos agora um espetáculo infantil Morgana, com Rosi Campos, que tem lotado. A idéia é montar espetáculos com atores de São Paulo que não têm oportunidade de mostrar seu trabalho em um bom teatro. Quero ministrar cursos de interpretação, afinal passei 11 anos da minha vida dando aula de teatro na EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e outras escolas.
Você se sente preparado para tocar o projeto?
Visitei muitos teatros pequenos em Nova York para ver como funcionavam e fiz um curso de administração de teatro em Berlim. Tenho uma equipe pequena, mas eficiente. Não é fácil, porque só temos o ingresso para bancar a estrutura. Acho que o caminho é buscar patrocínio, tenho mostrado o projeto a muitas empresas e consegui o patrocínio da Omint, uma companhia de seguro de saúde.
Você atua em muitas frentes. Em qual delas você se sente mais à vontade?
Gosto muito de atuar. Adoro fazer o programa de rádio (Fim de Expediente, na CBN), afinal fiquei mais de um ano com essa idéia na cabeça até convencer uma emissora a topar o projeto. Não imaginava que o programa fosse dar tão certo.
E como você lida com a sua popularidade?
Mas não gosto muito de aparecer porque assim as pessoas acreditam mais no personagem. Não gosto da idéia de aparecer nas revistas em castelos e campos de golfe. Quero um outro tipo de imagem, que me credencie a tocar os meus projetos.
Qual foi seu melhor papel: no teatro, cinema e TV?
Foi o papel de Clauszevits, da peça Nova Diretrizes em Tempos de Guerra, de Bosco Brasil, que deu a grande força à minha carreira de ator.
E o ruim?
Foi em O Rei do Gado. Quando fiz a oficina de atores da Globo, eu e Lavínia Vlasak fomos contratados. Passou-se um ano sem me chamarem e quando o fizeram, para O Rei do Gado, eu não pude ir porque estava em turnê no Paraná com Édipo Rei. No final da novela me requisitaram para fazer praticamente uma ponta: o jornalista que dá a notícia da queda de Bruno Mezenga, personagem de Antônio Fagundes.
Você já recebeu proposta de outras emissoras?
A Record já me chamou para fazer novela. E o SBT me ofereceu um salário muito alto para apresentar um programa feminino no domingo, entre o programa do Gugu e do Silvio Santos, enquanto rodasse o futebol na Globo. Não topei.
Como um articulador cultural, como você o conteúdo da televisão brasileira?
Por causa de seu compromisso comercial, da luta pela audiência, a televisão resvala muitas vezes para programas sem o mínimo valor cultural, para a exploração do ridículo e para o preconceito. E há momentos em que ela se liberta desse compromisso e ousa. Não sou partidário de nenhum desses extremos. Acho que a sabedoria está no equilíbrio. A TV não nasceu para ser cult e nem para ser trash.
O que você acha ruim e bom?
Os programas de auditório que travestem crianças de adultos. Exemplo bom foi a série Soy Loco Por Ti América, que Denise Fraga fez no Fantástico.
Você tem outros projetos em mente para a televisão?
Houve uma sondagem para eu protagonizar uma novela em 2008, mas não sei se vou aceitar. Vou dirigir uma peça com a Joana Fomm e quero voltar ao palco como ator. Quando estou viajando com uma peça eu sou muito feliz.’
Thaís Pinheiro
De olho nos infantis
‘As emissoras de TV estão apostando nas férias escolares e, durante o mês de janeiro, a programação infantil se intensifica. A TV Cultura preparou sessões de cinema para as crianças aos sábados, sempre às 19 h, até o dia 26 de janeiro. Entre os filmes de diversas nacionalidades, o destaque fica para o brasileiro Os Xeretas que tem direção e roteiro de Michael Ruman (montador em No Coração dos Deuses e Castelo Rá-Tim-Bum) e participações de Francisco Cuoco e Ana Lúcia Torre.
Na TV paga, Cartoon Network e Boomerang apresentam mais novidades para entreter crianças e adolescentes.
O Cartoon traz o desenho inédito Storm Hawks, história de cinco adolescentes aventureiros, a partir do dia 5 de janeiro, às 14 h. A emissora abre ainda mais um horário para Cinemania em janeiro. O programa vai trazer filmes como Harry Potter e a Câmara Secreta, de segunda a quinta, às 17 h e às 22 h.
O público teen terá uma overdose de Rebelde no Boomerang. A série mexicana terá episódios inéditos de segunda a sexta, às 21 h, e reprises às 18 h. Aos domingos, das 20 h à meia-noite, serão reapresentados os capítulos da semana.’
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
É NATAL
Notícias do dia 24
‘RIO DE JANEIRO – Como todo mundo de imprensa na minha geração, peguei o tempo em que nenhum jornal saía nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro. A idéia era a de que os jornalistas precisavam descansar e os leitores, também.
O que não quer dizer que os fatos não continuassem acontecendo. Mas havia nas Redações uma sensação de que, na véspera de Natal ou na última noite do ano, nada era importante para justificar plantões ou edições extras. No Rio, pelo menos, nenhum Papai Noel ficaria entalado na chaminé, o réveillon de Copacabana ainda era um privilégio de milhares, não milhões, e a única dúvida era se iria ou não dar praia no dia seguinte.
O que de bom ou ruim que rolasse no dia 24, os jornais só publicariam no dia 26. Mas, a provar que o 24 de dezembro nunca foi desprezível em matéria de notícia, eis algumas amostras do que já aconteceu nele.
Nesse dia, em 1851, a biblioteca do Congresso dos EUA, em Washington, queimou inteira (e, claro, foi integralmente refeita). Em outro 24 de dezembro, só que de 1865, quem também botou as primeiras tochas para arder foi a Ku Klux Klan, no Tennessee. E, nessa mesma data, em 1888, em Arles, França, o trágico Van Gogh pegou a navalha e, num surto, tirou um bife de sua própria orelha esquerda.
Também no dia 24 de dezembro, em 1907, o pessoal da Ópera de Paris lacrou duas urnas com 24 discos de astros como Caruso, cantando de Bizet a Rossini, e guardou-as para que, abertas dali a cem anos, em 2007, se ouvisse a ‘música da época’. O prazo foi dado por vencido no outro dia e elas vieram à luz. Mas deu-se um senão. Não nos discos, porque o equipamento para tocá-los é sopa. O problema está nas urnas. Foram envoltas com cintas de amianto, material altamente cancerígeno. O homem conseguiu botar a morte entre ele e a música.’
CAMPANHA
Juíza manda PT pagar publicitário petista
‘O publicitário petista Fausto Ferraz, 41, ganhou na Justiça o direito de receber do Partido dos Trabalhadores R$ 544 mil por serviços prestados e não pagos durante a campanha eleitoral de 2002. A direção do PT pode recorrer.
O publicitário cuidou da campanha petista em Mato Grosso, após indicação do então vice-presidente do PT mineiro, Romênio Pereira, hoje secretário nacional de Organização do PT.
‘Tínhamos candidaturas importantes como a da senadora Serys Slhessarenko e a do deputado federal Carlos Augusto Abicalil, mas a nossa prioridade era a disputa presidencial’, diz Ferraz que, na mesma época, filiou-se ao partido.
Segundo o publicitário, o pagamento foi interrompido em 2005 com a queda do ex-tesoureiro Delúbio Soares, apontado como um dos operadores do mensalão. ‘Eu negociei o contrato de R$ 490 mil com Delúbio. Depois dessa história, não foram pagos R$ 251 mil.’
Em agosto deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) abriu processo criminal para apurar a suposta participação de Delúbio e de outras 39 pessoas no mensalão, como ficou conhecido o escândalo de compra de voto da base de apoio do governo federal.
Decisão
Em novembro, a juíza Edleuza Zorgetti Monteiro da Silva, da 5ª Vara Civil do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, reconheceu o direito de Ferraz e condenou o diretório estadual a pagar R$ 544.389,64 -soma do valor em atraso mais multa.
A decisão é de primeira instância e o PT pode recorrer.
Para o publicitário, a dívida é do Diretório Nacional, que teria se comprometido a assumir o pagamento mensal.
‘Desde o início ficou acordado que o valor seria assumido pelo PT Nacional. À época, Delúbio explicou que o PT de Mato Grosso não tinha nenhuma condição de arcar com esse pagamento, pois tinha uma estrutura muito precária’, diz.
Reportagens de três jornais de Cuiabá, do dia 1º de agosto de 2002, registram a contratação do publicitário. Numa delas, publicada em ‘A Gazeta’, o então membro da coordenação de campanha estadual , Paulo Xavier, que ainda integra o comando estadual do PT, diz que ‘há garantia de que a Direção Nacional irá arcar com todas as despesas do trabalho do marqueteiro’.
Cópias das reportagens foram anexadas ao processo.
‘Não queria fazer barulho para não prejudicar o PT. Tentei resolver internamente, procurei a comissão de ética do partido, mas não consegui nada’, afirma Ferraz.
O publicitário diz que, além da campanha estadual, também durante a eleição de 2002, ajudou na arrecadação de verbas para a campanha presidencial de Lula. ‘Quero mandar um recado para Lula: é justo um cara que te ajudou tanto durante a campanha passar por isso? Acontece uma coisa dessas com Delúbio e eu fico sem receber? Eu sou o punido? Como essas pessoas que nem pagam uma dívida querem se perpetuar no poder?’, indaga.’
TECNOLOGIA
Folha de S. Paulo
Gigantes japonesas se unem para fabricar TVs de tela plana
‘As empresas japonesas Canon, Hitachi e Matsushita anunciaram ontem um acordo para fabricar telas de cristal líquido (LCD) e orgânicas de diodo emissor de luz (Oled, em inglês). O objetivo é aumentar a competitividade internacional no setor.
A aliança cria a terceira maior empresa do segmento no Japão, atrás das parcerias da Sony com a Samsung e da Sharpe com a Toshiba -esta, anunciada na semana passada. O trio de gigantes tecnológicos deve compartilhar custos de investimento em sistemas LCD, cada vez mais usado em TVs, celulares e câmeras digitais. As empresas pretendem também aumentar investimento na produção de telas LCD e Oled.’
CINEMA
Histórias em família
‘O cineasta Vladimir Carvalho escuta até hoje um som que, desde a década de 1940, cessou de tocar em seus ouvidos.
Era com uma campainha que o Cine Teatro Ideal avisava à população de Itabaiana (PB) que haveria sessão, nos dias em que o trem chegava trazendo rolos de filme. ‘Ainda ouço aquele som’, conta Carvalho.
Filho do intelectual autodidata e comunista convicto Luiz Martins de Carvalho, Vladimir ia ao cinema ainda criança.
Quando viu ‘O Homem de Aran’ (1934), do mestre dos documentários Robert Flaherty, deu-se conta de que gostaria de viver fazendo algo semelhante, ou seja, ‘uma arte que não é sectária, mas não tem a gratuidade da firula estética; que é compromissada com uma idéia de transformação’, resume ele.
No mês passado, Vladimir estava na platéia que assistia ao encerramento do Festival de Brasília quando os auto-falantes ecoaram seu nome, comparado não a Flaherty, mas a outro ícone do documentarismo.
‘Dedico este prêmio ao meu tio, Vladimir Carvalho, o Vertov do sertão’, disse Lula Carvalho, representante da terceira geração da família Carvalho dedicada ao cinema. Ele recebia o troféu Candango de melhor fotografia pelo curta ‘Trópico das Cabras’.
Filho do multipremiado fotógrafo Walter Carvalho, Lula (homônimo do avô) dedicou o prêmio a Vladimir, que lhe ensinou a ser ‘flamenguista e comunista, coisas que são pilares de uma visão de mundo’.’
Influência caseira marca trajetória dos Carvalho
‘Vladimir Carvalho se esquiva de comentar sua influência política sobre o sobrinho Lula, que diz ter aprendido com ele a ser ‘flamenguista e comunista’. ‘Andei emprestando uns livros a ele’, desconversa.
Mas da doutrinação futebolística ele não se furta. ‘Quando Lula nasceu, levei um enxovalzinho vermelho e preto. Deu tão certo que nem precisei me preocupar com o segundo [sobrinho, Lucas]. Hoje vamos os três juntos ao Maracanã.’
Walter Carvalho, pai de Lula, não herdou do irmão Vladimir a paixão rubro-negra, mas está seguro de que deve a ele sua escolha profissional. ‘Se Vladimir fosse médico, eu não teria feito cinema.’
Vem da infância a primeira memória de Walter que relaciona Vladimir e o cinema. Deitado numa rede, na casa em João Pessoa para onde a família se mudara, Walter ouvia palavras como ‘plano’, ‘corte’, ‘enquadramento’.
Elas vinham da sala, onde Vladimir e o amigo Linduarte Noronha tratavam de construir um roteiro de filme.
Kulechov
‘Nunca tínhamos feito aquilo nem sequer nada parecido, mas conseguíramos um exemplar do ‘Tratado de la Realización Cinematográfica’, do Leon Kulechov, que seguimos à risca’, lembra Vladimir.
O roteiro originou ‘Aruanda’ (1960), dirigido por Noronha, e que se tornou um marco no cinema brasileiro. O título trata da população de uma área remanescente de quilombo na Paraíba, tema que Noronha já abordara antes, numa reportagem jornalística.
O manual de Kulechov foi um dos livros que Vladimir teve de deixar para trás, poucos anos mais tarde, em 1964, no set de outro clássico, ‘Cabra Marcado para Morrer’, de Eduardo Coutinho, de quem era assistente de direção.
Quando o Exército passou a perseguir a equipe, Vladimir providenciou às pressas um abrigo para Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira, o ‘cabra marcado’.
Em seguida, ele se refugiou em Campina Grande (PB). De lá seguiu para o Rio de Janeiro, camuflado na fictícia identidade de José Pereira dos Santos.
Instalado no Rio, Vladimir retomou o trabalho em cinema. Foi ser assistente de Arnaldo Jabor em ‘Opinião Pública’ e viveu na cidade até o fim da década de 60, quando a trocou por Brasília, onde reside até hoje.
Foto de Che
A carreira do hoje multipremiado fotógrafo Walter Carvalho partiu do Rio de Janeiro, onde ele foi ser estudante da Escola Superior de Desenho Industrial, depois de também conhecer de perto a repressão do regime militar.
Em 1968, numa passeata em João Pessoa, Walter tentou hastear uma foto de Che Guevara. Foi detido e passou a noite sob golpes de cassetete.
Na semana seguinte, já em casa, Walter tomou o cuidado de jamais tirar a camisa na frente de sua mãe, dona Mazé, a quem não contara sobre a surra que levara.
Décadas depois desse episódio, quando dirigia ‘Cazuza – O Tempo Não Pára’ (2004), Walter se surpreendeu emocionado no set, filmando a cena em que Frejat (Cadu Favero) diz a Lucinha Araújo (Marieta Severo): ‘Minha mãe é como as outras: ela não sabe de tudo’.
Quando decidiu filmar ‘Incelência para um Trem de Ferro’ (1971), Vladimir chamou Walter para ser seu fotógrafo. Sem experiência no cinema e temeroso de errar, Walter titubeou.
Vladimir tranqüilizou-o com a promessa: ‘Você é meu irmão. Se der errado, não conto a ninguém’. Deu tão certo que Walter recebeu um prêmio pelo trabalho e nunca mais se afastou do cinema.
Os convites para filmar foram tantos e em lugares tão dispersos que Walter adotou o hábito de levar Lula para o set, nas férias escolares, para não passar muito tempo longe do filho.
‘Eu ia ao trabalho do meu pai, assim como ia ao da minha mãe [a instrumentista Lia Gandelman]’, diz Lula.
A sedução do cinema foi maior que a da música -que Lula também ‘ama’- em grande parte por causa da câmera e de suas promessas de revelar mundos escondidos aos olhos do garoto.
Olho
‘Eu via aquele instrumento e o achava enigmático. Dava vontade de colocar o olho ali’, diz.
Aos poucos, Lula passou a executar funções nos sets, contrariando as ordens de seu pai, mas com a conivência do restante da equipe.
O filho tornou-se tão perito que o pai acabou se rendendo. No próximo dia 15, ambos começarão a rodar ‘Budapeste’, adaptação do livro homônimo de Chico Buarque. Walter assinará a direção e Lula, a direção de fotografia.
Em fevereiro, quando as filmagens deverão ocorrer em Budapeste, ‘Tropa de Elite’, fotografado por Lula, competirá no Festival de Berlim.
Não é exatamente como internacional que Lula classifica essa etapa de sua carreira, mas sim ‘com menos fronteiras’.
O mundo está ficando pequeno para o clã de cinema dos Carvalho, mas continua fincado em Itabaiana, ecoando a campainha do Cine Teatro Ideal.’
INTERNET
The Second Husband (o segundo marido)
‘Quer saber o que a ministra Marta Suplicy, do Turismo, anda fazendo? É só acessar o blog de seu marido, Luis Favre, no endereço www.leituras-favre.blogspot.com. Numa das matérias da semana passada, Favre dizia: ‘Parabéns: gastos de turistas estrangeiros no país batem recorde em 2007’. Em outra, relatava a ‘descontração durante a entrega da medalha da Legião de Honra a Marta Suplicy’, com fotos em que também aparece. Favre transcreve, sem traduzir, textos em inglês, espanhol e francês. Dá dicas culturais e de vídeos do YouTube como ‘Intermezzo com a voz de coloratura da soprano Rita Streich cantando Villanelle de Eva Dell’acqua’ e ‘Nat King Cole Christmas song’. Também informa quem é no perfil que transcreveu da Wikipedia, onde se diz que é conhecido do grande público como ‘segundo marido de Marta Suplicy’.’
TELEVISÃO
‘Tem uma idéia? Então não me conte’
‘O autor Walcyr Carrasco, atualmente no ar com a novela das 19h, ‘Sete Pecados’, se diz ‘surpreso’ ao ver sua trama anterior, ‘Alma Gêmea’, ser acusada de plágio em um processo que tramita na 5ª Vara Cível do Rio. A atração, exibida entre 2005 e 2006 pela TV Globo, teria elementos do livro ‘Rosácea’, de Shirley Costa, que ainda nem foi publicado. Ela afirma ter provas de que seu texto chegou às mãos do novelista. Ele falou à coluna.
FOLHA – O senhor plagiou o livro de Shirley Costa?
WALCYR CARRASCO – Nunca li. Nem para apresentar defesa no processo. Pedi para outra pessoa fazer isso para mim. Nem conheço essa pessoa. Sei apenas que o livro dela sequer foi publicado. É apenas um xerox. Estou muito surpreso com a história toda. Mas ‘tô’ tranqüilo, absolutamente tranqüilo.
FOLHA – O senhor costuma ler os textos que recebe?
WALCYR – No passado, eu costumava mandar meus textos para os mais experientes darem uma olhada. Hoje em dia, eu cometo até injustiças porque sou antipático com quem me manda sinopses. Recebo material por e-mail e deleto sem ler. Sabe por quê? Porque no Brasil foi criada uma indústria de processos, em que as pessoas querem ganhar dinheiro. Quando alguém chega e me fala: ‘Tenho uma idéia para você’, eu respondo: ‘Tem uma idéia? Então não me conte!’. Falo isso para tentar evitar este tipo de problema que você está vendo aí. E as pessoas gostam muito de inventar mentiras também, né?
FOLHA – Como o quê?
WALCYR – Um exemplo: chegaram a dizer que eu não gostava da [atriz] Priscila Fantin. Estou na quarta novela com ela, gente! A coitada até chorou quando soube dessa história. Mas daí, é a minha palavra contra a da imprensa.
FOLHA – Muitos artistas entraram no movimento para tentar impedir a transposição do rio São Francisco. O que o senhor acha?
WALCYR – Tem artista com posições mais extremadas. Eu, minha filha, aos 25 anos, também tinha opinião sobre tudo, sabe? Falava da queda do Muro de Berlim, de qualquer coisa. Não que eu não seja mais engajado. Mas, hoje, me abstenho!’
Mariana Botta
Teoria do caos inspira série da Globo
‘‘Casos e Acasos’, especial de fim de ano que a Globo exibe hoje, às 22h55, parece ter um quê de inspiração no efeito borboleta, da teoria do caos -segundo ela, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, até, provocar um tufão do outro lado do mundo.
Esta percepção é a base argumental da comédia de situação, escrita por Daniel Adjafre e Marcius Melhem, que mostra três histórias cotidianas que se entrelaçam, mostrando como atos de cada indivíduo podem interferir na vida de outros.
‘A relação entre as histórias é o molho de ‘Casos e Acasos’. Não vou entregar onde elas se cruzam, mas isso pretende mostrar que cada movimento nosso, por menor que seja, estabelece uma relação de causa e conseqüência com a vida de pessoas que às vezes nem conhecemos’, diz Melhem.
A idéia foi bem aceita na emissora, e a atração deve estar na programação de 2008. ‘Vamos mostrar histórias de pessoas comuns, sempre com um elenco diferente; o que vai permanecer é a estrutura da narrativa’, diz o diretor Marcos Schechtman, que gravou grande parte das cenas com uma câmera só e optou por cenários vazados (a partir de um ambiente é possível ver outros).
Além de uma idéia original (pelo menos para a TV aberta), ‘Casos e Acasos’ inova no elenco: traz novatos como Érika Evanttini, Fabio Araújo, Alexandre Nero e Bethito Tavares ao lado dos conhecidos Francisco Cuoco, Ricardo Tozzi, Thiago Fragoso, Danton Mello, Antonio Calloni, Taís Araújo e Humberto Martins. ‘Os atores foram um achado do Schechtman e do Daniel Berlinsky, produtor de elenco’, diz Melhem’.
Lucas Neves
Taxista é o elo entre tramas suburbanas de especial
‘Foi durante uma conversa num restaurante carioca, há cinco anos, que o escritor João Ubaldo Ribeiro contou ao roteirista Geraldo Carneiro a sua idéia para um programa de TV: esboçar três histórias paralelas e deixar o público escolher qual delas deveria ganhar uma continuação no episódio seguinte.
Com roteiro de Carneiro, o especial cômico ‘Faça Sua História’, que a Globo exibe amanhã, às 23h05, é um amadurecimento daquela conversa: as tramas imbricadas à la Robert Altman continuam lá, ao contrário da interatividade.
O narrador onisciente que estabelece o elo entre as histórias é o taxista Oswaldir (Stepan Nercessian). Circulando pelo subúrbio do Rio, ele garimpa os detalhes da crise conjugal vivida pela manicure Ivonete ou da relação não propriamente espiritual de Marlicene, musa da Penha, com um pai-de-santo. ‘Oswaldir é uma figura empática, chora, sofre e não mente: as histórias já são tão mirabolantes que ele não precisa’, diz Carneiro.
Ambientar na periferia carioca uma trama de humor que tem um taxista e uma manicure não é aproximá-la muito do universo de ‘A Grande Família’? ‘É que o subúrbio do Rio tem uma mitologia própria’, argumenta o roteirista, frisando não haver núcleo familiar em ‘Faça’. ‘E se o especial virar seriado, não será ancorado no Rio. Imagino histórias na Bahia e em São Paulo.’
Nos planos de Carneiro também está uma série cômica passada numa delegacia. ‘Vejo Patrícia Pillar como delegada, Osmar Prado como investigador e Luana Piovani como a loura do gângster’, sonha.’
Margy Rochlin
Ninguém questiona ‘Christina quem?’
‘Existe uma lista de razões que convenceram Christina Applegate a abandonar sua decisão de deixar de lado os seriados de TV. É mais ou menos a seguinte: ‘Quebrei o pé, perdi minha peça, consegui a peça de volta, perdi meu casamento, voltei para casa e ninguém sabia quem eu era’.
Ela estava se referindo a um período de 13 meses iniciado em Chicago com uma fratura, quando ela protagonizava uma apresentação de pré-temporada do musical ‘Sweet Charity’, e que inclui a decisão dos produtores de cancelar a temporada, o apelo de Applegate que os convenceu a mudar de idéia, seu divórcio do ator Jonathan Schaech e sua falta de sorte em conseguir papéis em Hollywood depois que a temporada se encerrou, em 2005.
Não é à toa que, dos muitos roteiros para pilotos de séries que lhe foram oferecidos, ela tenha escolhido o de ‘Samantha Who?’, sobre uma executiva do setor de imóveis que é atropelada, passa oito dias em coma e acorda em um leito de hospital sofrendo de amnésia.
Ao longo da maior parte da série, que está na primeira temporada [e é exibida no Brasil pelo canal pago Sony], Samantha não sabe bem quem é ou onde está, mas segue determinada a reconstruir sua vida.
Ela revive, em flashbacks, os momentos que lhe valeram, antes do acidente, a reputação de festeira e irresponsável. Não é fácil determinar qual das duas personas vale mais risos para Applegate: a Sam boazinha, roída pela culpa, ou sua contraparte, alegremente amoral.
Ainda que esta seja a quinta série de TV de Applegate, ela é mais conhecida por seu papel como Kelly Bundy, a filha de ‘Married… With Children’. Applegate, 36, já trabalhava em TV aos sete ou oito anos.
Mas, se um dia ela decidir escrever suas memórias, não terá muito a dizer sobre esses primeiros anos. ‘Nós estávamos no Alabama’, ela começa, relatando sua estréia no cinema em ‘Jaws of Satan’, um filme de terror de baixíssimo orçamento produzido em 1981. E a história termina alguns segundos depois com ‘e havia um treinador de cobras com um dedo esquisito’; ela dá de ombros e diz ‘só me lembro disso’.
Parte de ‘Samantha Who’ é exatamente uma certa qualidade de improviso vivaz, a sensação de que Applegate e seus colegas veteranos de televisão estão funcionando bem juntos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI’
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