Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Vannildo Mendes


‘O deputado Professor Luizinho (PT-SP) protagonizou uma confusão ontem, ao sair de depoimento na Polícia Federal. Irritado com o cerco dos jornalistas, o deputado reagiu aos gritos quando foi indagado se tinha participado de festas promovidas pela cafetina Jeany Mary Corner.


Esses encontros ocorriam no Hotel Gran Bittar, em Brasília, por encomenda do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.


‘Isso é uma infâmia! Eu tenho família!’, berrou Luizinho, ameaçando o repórter que fizera a pergunta. ‘O senhor é um infame e eu vou lhe processar!’


Ele foi chamado a depor porque está sob suspeita de, em dezembro de 2003, ter sacado R$ 20 mil da conta da agência de publicidade SMPB, de Marcos Valério no Banco Rural, em Brasília. Luizinho alegou que havia pedido ajuda do partido para correligionários que disputavam eleição de vereador em seu Estado e não sabia que o dinheiro – providenciado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares – era oriundo de caixa 2.


CRIMES


A PF começou a dar formato ao relatório final do inquérito sobre o mensalão, que pretende enviar até o final deste mês ao Supremo Tribunal Federal (STF).


No documento, Valério, Delúbio e o publicitário Duda Mendonça deverão constar como cabeças de uma organização criminosa envolvida com lavagem de dinheiro, remessas ilegais de divisas ao exterior, sonegação de impostos, formação de quadrilha e movimentação de recursos de caixa 2 em favor de vários parlamentares e partidos aliados.


O relatório deverá sugerir o indiciamento dos cabeças do esquema e dos parlamentares que sacaram recursos das contas de Marcos Valério. Até agora, nenhum mostrou provas ou argumentos que convencessem a PF da sua inocência.


ADIAMENTO


O ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP), alcançado pelas investigações como avalista político do esquema, adiou o depoimento que daria ontem e seus advogados ficaram de marcar uma nova data na próxima semana.


O mesmo ocorrerá com dois sacadores de recursos das contas de Marcos Valério, os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, e Pedro Henry (PP-PR).’



Adriana Fernandes


‘Diana Buani nega oferta da ‘Playboy’ ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 16/09/05


‘Um dia depois de apresentarem o cheque que comprometeu definitivamente o deputado Severino Cavalcanti, o empresário Sebastião Augusto Buani e sua mulher, Diana, voltaram ao trabalho ontem na administração de dois restaurantes e uma lanchonete no prédio do Ministério da Fazenda.


Musa do mensalinho, Diana não quer saber, por enquanto, de posar nua para revistas masculinas. ‘Não aceitaria’, disse ontem, após um dia de trabalho como caixa do restaurante. Ainda assustada com a notoriedade, ela negou ter recebido oferta para posar para a revista Playboy por R$ 1 milhão.


Vaidosa, não esconde que gostou de ser chamada de musa: ‘Ser musa é bom’. Estudante de Direito, Diana tem uma filha de 7 anos com Buani.


Ao lado da mulher, o empresário afirmou que não teria problema em ver a mulher nua numa revista. Ele ficou irritado com uma pergunta sobre a possibilidade de pagar as suas dívidas com o dinheiro das fotos. ‘Não preciso disso. Minhas dívidas são pequenas.


Com o risco de ter o contrato dos restaurantes revisto, Buani mostrou apreensão. ‘Estou com as minhas contas em dia e prestando um bom serviço’, afirmou. ‘Estou revoltado. Esse é meu ganha-pão. A corda sempre arrebenta no lado mais fraco.’ O empresário diz que pôs um ponto final na denúncia de cobrança de propina pelo presidente da Câmara, ao apresentar a cópia do cheque de R$ 7.500 sacado pela secretária do deputado, Gabriela Martins. ‘Minha história acabou ali. Não agüento mais.’’



Barbara Gancia


‘Delúbio é uma Marilena Chaui anabolizada ‘, copyright Folha de S. Paulo, 16/09/05


‘O caldo vai entornando e a gente começa a perceber as nuances em seu cozimento. Depois da maquiagem promovida por Duda Mendonça, o termo ‘petista xiita’ caiu em desuso. Mas, diante do estoicismo inesperado (ao menos para quem vê de fora) do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, convém rever alguns conceitos: Delúbio é aquele que se recusava a tomar Coca-Cola, o refrigerante ‘símbolo do imperialismo’. Delúbio é aquele que ocultava a cigarrilha de Lula debaixo da mesa, para que o chefe pudesse dar suas tragadas escondido. Delúbio é aquele que aceitou calado a culpa por todos os pecados do PT. Movido pela convicção de um homem-bomba, o ex-tesoureiro resolveu entrar para a história como mártir. E será imolado, não em nome da fidelidade a José Dirceu, como muitos pensam, mas em nome da lealdade a uma causa e a seu grande mestre. Que vem a ser o mesmo mortal a quem Roberto Jefferson chamou de ‘malandro e preguiçoso’ em seu discurso de despedida.


O advogado Anésio Lara Campos, que, por admirar Paulo Maluf, se antecipou aos defensores contratados e entrou com pedido de habeas corpus em favor do ex-prefeito, é meio-irmão do senador Eduardo Suplicy e já foi indiciado por seus ideais neonazistas.


A família do ex-prefeito demonstra despreparo na lida com a crise. Um lanche levado pelo copeiro de Paulo Maluf à sede da Polícia Federal, onde ele e o filho estão sendo mantidos, foi embalado em uma sacola da Russell and Bromley, loja de Londres que vende calçados a R$ 1.200 o par. Não podiam ter usado uma sacola do Pão de Açúcar?


Em entrevista ao Bandnews, Paulo Maluf afirmou que ‘não foi permitida’ em sua cela a entrada da quentinha servida aos presos. Chega a ser cômico. Mesmo preso, ele se acha no direito de permitir ou deixar de permitir.


É bom lembrar que o propósito da prisão dos Maluf é impedir que eles interfiram na investigação a que estão sendo submetidos por pilhagem dos cofres públicos, não para impedi-los de comer o que quer que seja.


Entre os alunos da escola onde estudam os filhos de Flávio Maluf, a prisão do pai e do avô é assunto tabu.


Para terminar, uma pergunta: quem pagou as campanhas de Eduardo Suplicy, Aloizio Mercadante e Heloísa Helena?


QUALQUER NOTA


Mixo


Na quarta-feira, em bate-boca no plenário, reiteradas vezes o deputado que usa o cognome Professor Luizinho (PT) se referiu a Denise Frossard como ‘o parlamentar’. Ué, como mestre, Luizinho não sabe que parlamentar é substantivo de dois gêneros? Ou será que ele instilou contra a colega o mesmo ranço que Severino usou contra Gabeira?


Seriedade em falta


Luiza Erundina ocupa seu lugar ao sol ou vai dar PSOL.


Sangue novo


Um grupo de tucanos já pensa em lançar o nome de Andrea Matarazzo para governador.’



Folha de S. Paulo


‘Apenas o começo’, Editorial, copyright Folha de S. Paulo, 16/09/05


‘A cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), por 313 votos contra 156, representa uma pequena vitória da Câmara num momento em que esta se vê acossada pela mais grave crise da história recente do país. Se secundada de mais punições para outros legisladores que quebraram o decoro do cargo, pode ser o início de um salutar processo de resgate da Casa.


Roberto Jefferson decerto prestou um serviço ao país ao denunciar o amplo esquema de corrupção que estava enquistado no Palácio do Planalto e se infiltrava por toda a República. O fato de ter oferecido à nação a inestimável oportunidade de conhecer as entranhas do poder não altera, porém, os ilícitos que cometeu e que configuram, sem nenhuma dúvida, quebra de decoro parlamentar.


Foi o próprio Jefferson, em suas teatrais intervenções, quem admitiu ter recebido recursos ilegais para a campanha de 2004 e confessou ter traficado influência em estatais, em especial no Instituto de Resseguros do Brasil. Diante disso, aos deputados só restava destituí-lo de seu mandato e torná-lo inelegível por oito anos após o fim da atual legislatura.


Outras acusações que constavam da peça de Jairo Carneiro (PFL-BA), relator do caso Jefferson no Conselho de Ética da Câmara, parecem de fato menos sólidas. Mas basta que uma seja consistente para que se materializem as razões para a cassação.


É importante agora que a Câmara dê seguimento ao processo de depuração ora iniciado. É fundamental que os demais legisladores acusados de participar do chamado ‘mensalão’ e de outros esquemas de corrupção também sejam destituídos. É vital que as investigações se aprofundem e outros eventuais parlamentares beneficiários sejam identificados e punidos. É crucial também que as apurações não se limitem ao Congresso Nacional e cheguem às fontes políticas do escândalo -o Poder Executivo- e àquelas que financiaram a corrupção.


Os legisladores precisam entender que, se fizerem menos do que isso, estarão contribuindo para desacreditar ainda mais a já tão desprestigiada instituição política brasileira.’



MALUF NA CADEIA


Rodrigo Pereira e Marcos Rogério Lopes


‘Timóteo bate boca com jornalistas na PF ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 16/09/05


‘O vereador Agnaldo Timóteo (PP) bateu boca com um jornalista ontem, depois de visitar o ex-prefeito Paulo Maluf na custódia da Polícia Federal. Timóteo dizia que Maluf era ‘um preso político para aliviar a barra pesada em Brasília’ e estava sendo ‘maltratado, mal alimentado e no meio de traficantes’ na PF quando o repórter Marco Antônio Sabino, da Rede Globo, questionou o uso de carro oficial pelo vereador, que estacionou em local proibido.


Timóteo disse aos gritos que parava o carro onde bem entendesse e chamou os jornalistas e a Globo de perseguidores, covardes, canalhas e vagabundos. ‘Os senhores são os detentores do ódio neste país’, repetiu várias vezes, com o dedo em riste na direção do repórter. ‘Vocês (Globo) têm o monopólio de mandar prender, pressionar a Justiça, pressionar a polícia’, acrescentou.


‘O carro do vereador fica aonde eu quiser’, disse Timóteo, ante a insistência do repórter, a quem chamou de Zé Mané. ‘Vá extravasar seu ódio no inferno. Eu tenho bronca de vocês. Canalhas. Lembrem-se. Quanto maior o gigante, maior o tombo, seus vagabundos.’


REGALIAS


A mulher de um português preso há três meses na PF, Rosana Paula Santos, afirmou que ‘lá dentro (na carceragem) estão todos revoltados’ com as regalias que os dois presos ilustres estariam recebendo. ‘A gente tem de se ver no pátio, enquanto eles (os Maluf) tiveram uma sala especial para ficar com a família’, protestou.


Ela se mostrava contrariada porque a PF estaria beneficiando o ex-prefeito e seu filho. ‘Quem chega por último fica no chão, sempre foi assim, mas com eles não foi isso que aconteceu. Entraram e já ganharam um beliche.’


‘E qual a explicação para eles poderem falar sempre por telefone?’, perguntou após saber que Paulo Maluf havia conversado algumas vezes com sua mulher, Sylvia, e com seu amigo Jesse Ribeiro. ‘Os presos só podem telefonar na quarta-feira e mesmo assim por um ou dois minutos.’’