Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Venda de jornais cresceu
4% em 2005, diz Instituto

Reportagem do jornal O Globo informa nesta quinta-feira que ‘a circulação de jornais no país – que inclui a venda em banca e por assinatura – cresceu 4% em 2005, de acordo com auditagem do Instituto Verificador de Circulação (IVC).’ ‘Houve uma melhora na conjuntura do país. Além disso, as ações das empresas, com promoções para conquistar e manter leitores e mudanças no conteúdo ou projeto gráfico dos jornais, colaboraram para esse crescimento’, afirmou o diretor do instituto ao Globo.


Outro destaque do dia é a novela da TV Digital, agora com as novas ofertas da União Européia para que o Brasil adote o padrão europeu no País.


Leia abaixo os textos desta quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006


TV DIGITAL
Humberto Medina


Europeu faz oferta por TV digital


‘Os representantes do padrão europeu de televisão digital (DVB) ofereceram vantagens ontem para o Brasil. Para continuar, porém, na briga com o padrão japonês, preferido pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), precisam demonstrar que se enquadram tecnicamente nos requisitos do governo. Um teste será feito hoje, em São Paulo, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.


‘A parceria vai além da seleção do padrão de TV digital. Essa parceria é sobre investimento na indústria, é sobre desenvolvimento da sociedade do conhecimento, sobre colaboração em pesquisa’, disse Viviane Reding, comissária para mídia e sociedade da informação da Comunidade Européia, após reunião com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Hélio Costa. Também participaram da reunião representantes de indústrias que apóiam o padrão europeu, como Nokia, Philips e Siemens.


Segundo Reding, haveria colaboração para pesquisa e desenvolvimento nas universidades e indústrias brasileiras para construir aplicativos específicos para as necessidades do país. Também foi oferecida ao governo brasileiro participação no Fórum DVB -o Brasil participaria das decisões que determinam a evolução tecnológica do padrão europeu.


Ainda de acordo com Reding, foi feita uma oferta de retorno de 100% dos royalties que seriam pagos pelo Brasil em investimento em ciência e tecnologia, além de um empréstimo de até 400 milhões para pesquisa. Investimentos feitos por empresas que apóiam o padrão europeu no Brasil poderiam, segundo Reding, gerar aproximadamente 9.000 empregos diretos e 23.000 empregos indiretos nos próximos dez anos.


Costa disse que os europeus precisam demonstrar que se enquadram nas exigências técnicas brasileiras. ‘Eles apresentaram uma proposta mais comercial do que técnica’, afirmou o ministro.’


Luís Nassif


Não é a tecnologia, ministro


É blefe o anúncio do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de que nos próximos dias o governo brasileiro escolherá o padrão japonês de TV digital. Na terça-feira foi montado um comitê restrito de ministros -o das Comunicações, o do Desenvolvimento, Luiz Furlan, a da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o da Fazenda, Antonio Palocci- para conduzir as negociações com os diversos padrões.


Daqui até o final do mês, o grupo entrevistará os representantes dos padrões americano, europeu, japonês e brasileiro, discutindo em cima de vários aspectos, não apenas o que as emissoras preferem.


A rigor, a última coisa que deveria preocupar seriam as diferenças tecnológicas entre os diversos padrões. Assim como em outras tecnologias, na TV digital há uma corrida em que a última versão de um padrão sempre é a melhor. Os europeus tinham um padrão melhor que o americano, os japoneses entraram com um padrão novo, incorporando e melhorando o padrão europeu. O próprio consórcio de instituições brasileiras definiu melhorias em vários aspectos do padrão japonês. Em breve, os americanos (na verdade a tecnologia é da coreana LG) atingirão o estágio do padrão japonês, assim como os europeus. É mera questão de tempo.


Os pontos centrais de análise devem ser outros:


Política industrial: qual sistema permitirá a criação de uma base de venda interna e de exportações de aparelhos.


– No modelo americano, além do próprio mercado dos EUA, o Brasil ajudaria a criar mercado para ele, à medida que pudesse induzir outros países da América Latina a aderir a ele.


– O sistema europeu é adotado por mais de 50 países, portanto, nesse quesito teria vantagens.


– O sistema japonês é adotado exclusivamente por países asiáticos, que não são importadores de eletroeletrônicos.


Desenvolvimento tecnológico interno: há apenas duas alternativas à vista:


– Criação de um padrão brasileiro, partindo do zero, com a dificuldade de não ter mercado externo para permitir ganhos de escala.


– Adesão ao modelo europeu, um consórcio aberto em que as implementações tecnológicas de seus membros são negociadas em pacote. Aspectos inovadores do desenvolvimento brasileiro poderiam ser incorporados pelo consórcio.


Acessibilidade: o custo do aparelho para o consumidor final, levando em conta ser um país de baixa renda e com uma amplíssima base instalada de televisores analógicos. Os europeus sustentam que o seu modelo é o único flexível, permitindo atender dos consumidores menos aos mais sofisticados. Os japoneses e os americanos sustentam ser possível oferecer produtos de baixo custo. Do debate, nascerá a verdade.


Condições de competição: aferir até que ponto o modelo permitirá isonomia na competição entre os diversos atores, TVs abertas -único grupo de capital nacional-, telefonia fixa e celular, cabo, produtores independentes.


No endereço do Projeto Brasil (www.projetobr.com.br) há um documento-mestre que permite entender os principais pontos do debate, como entrevistas, trabalhos e pontos de vista de todas as partes envolvidas na discussão.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Aqui embaixo


‘E George W. Bush lançou mesmo seu pró-álcool, no discurso sobre ‘o estado da união’. Não citou o Brasil, mas citaram por ele. De seu assessor Dan Bartlett, ao ‘Washington Post’, ‘Guardian’, ‘Times’ etc.:


– Como alguns de vocês que viajaram com o presidente Bush lá para o Brasil recordam, há coisas interessantes ocorrendo lá embaixo, onde boa parte da mistura de combustível deles vêm da cana-de-açúcar. De fato, há tecnologias verdadeiramente interessantes, que mostram que podemos converter celulose e outros refugos em combustível.


Já o ‘New York Times’ tratou de destacar em sua reportagem a ‘ausência’, no discurso de Bush, de um ‘passo óbvio’:


– Embora tenha louvado o etanol como substituto para a gasolina, Bush não mencionou a idéia de baixar as barreiras de importação de modo que países como o Brasil possam suprir os EUA. Em vez disso, sublinhou o etanol ‘produzido em casa’.


Da revista on-line ‘Slate’:


– O Brasil tem tido sucesso com um tipo mais eficiente de etanol feito de cana [em vez de milho]. Mas, num discurso cheio de críticas abstratas ao protecionismo, Bush não falou da tarifa de US$ 0,50 por galão que mantém o etanol brasileiro fora do mercado americano.


Até a agência Reuters, em seu despacho, criticou a perspectiva de ampliar a produção de etanol a partir do milho. E contrastou:


– O Brasil é o maior produtor e exportador de etanol do globo, derivado da cana. Já mistura sua gasolina com 25% de etanol e quer dobrar as exportações, de olho em EUA, Japão e Índia.


O ‘NYT’, apesar de Larry Rohter, gosta demais do Brasil.


No editorial sobre o discurso, ‘O estado da energia’, entre os elogios e as críticas ao programa energético de Bush, deu o Brasil como modelo para os EUA:


– Deveria ser um choque de humildade para os líderes americanos que o Brasil tenha se tornado auto-suficiente em energia num momento em que os EUA estão concentrados em produzir seus SUVs [veículos utilitários esportivos] cada vez maiores.


E tem mais, diz o ‘NYT’:


– Muito da pesquisa relativa aos carros já foi realizada -o Brasil alcançou a independência em energia descobrindo como levar seus cidadãos do trabalho para casa em veículos que se movem sem muita gasolina.


PERSPECTIVAS


Cenário da futura Al Jazira internacional


Prossegue a campanha contra a Google. O destaque do dia foi a professora chinesa Yuen-Ying Chan, no fórum sobre liberdade de expressão que a Al Jazira faz no Qatar, com repercussão pela Europa. Reclamou ela que ‘uma coisa é a China bloquear o site, outra é a Google ajudar a bloquear’. Antes, internautas chineses conseguiam contornar os bloqueios impostos pela ditadura e acessar o Google. Agora, só o Google.cn.


Mas nem Google nem as estrelas da nova mídia, como Dan Gillmor: o foco do fórum, ao que parece, é divulgar o canal em inglês da Al Jazira, que vai ao ar no primeiro semestre. O ‘Guardian’ ouviu o diretor, que prometeu que a cobertura de Washington, uma das futuras sedes do canal, seguirá a ‘perspectiva americana’. E explicou:


– Nós queremos ser líder de mercado.


A BALA


Caiu no crime, de vez, o confronto de audiência entre o ‘Jornal Nacional’ e o ‘Jornal da Record’. O primeiro ainda se esforça por manter as aparências, como se ainda se tratasse de um escândalo político. A manchete, ontem:


– Primeiro o ‘Jornal Nacional’ denuncia um abuso. Vereadores fingem participar de cursos, enquanto eles fazem turismo com o dinheiro dos cofres públicos.


É ou devia ser o outro lado da manchete do ‘JN’ do dia anterior, com o mesmo assunto e que conseguiu conter a ascensão do ‘JR’. Este reagiu a bala, ontem na escalada:


– Ex-combatente do Iraque é rendido pela polícia nos Estados Unidos. Ele recebe ordem para se levantar e, quando obedece… [Na imagem, é atingido por três tiros.]


Aproximação 1


No ‘Clarín’, o presidenciável peruano Ollanta Humala, novo alvo da histeria antiesquerdista na América Latina, garantiu que o venezuelano Hugo Chávez não o ‘assessora’, acrescentando:


– Me aproximei não só de Venezuela, mas também Bolívia -e estou me aproximando de Argentina, Uruguai, Brasil.


Como ecoou pelas Américas, em despacho da AP, ele aceitou convite de Lula e vem ao Brasil.


Aproximação 2


Ao que parece, a atenção de Bush está toda aqui ‘embaixo’ -e não só no Brasil. No final da tarde, entrou nos sites dos EUA à Argentina a informação de que ele telefonou para o boliviano Evo Morales, antes um pária, e cumprimentou pela vitória na eleição presidencial. Com certo atraso, mas cumprimentou.’


ISLAMISMO vs. MÍDIA
Folha de S. Paulo


Jornal francês amplia crise com islâmicos


‘O jornal francês ‘France Soir’ publicou ontem uma charge sobre o profeta Muhammad, fundador do islamismo, que já havia causado uma série de problemas diplomáticos ao ser publicada pelo periódico dinamarquês ‘Jyllands-Posten’.


Já quando publicada na Dinamarca, a charge, considerada ofensiva pelos muçulmanos -a religião proíbe imagens do profeta, a fim de impedir a idolatria-, provocou um boicote aos produtos dinamarqueses, protestos na faixa de Gaza e diante da embaixada dinamarquesa em Ancara, na Turquia, reclamações de ministros de países árabes, e a retirada, pela da Arábia Saudita, de seu embaixador em Copenhague.


Além disso, a Dinamarca chamou ontem seu embaixador na Síria de volta, após o prédio de sua representação diplomática em Damasco haver recebido uma ameaça de bomba.


Apesar dos protestos, o ‘France Soir’ publicou a charge de Muhammad numa página encabeçada pela frase: ‘Sim, nós temos o direito de caricaturar Deus’.


O jornal francês dedicou duas páginas à charge do periódico dinamarquês. Em uma delas estava texto do editor, Serge Faubert, afirmando que ‘chega das lições desses fanáticos! Não há nada nessas charges com conteúdo racista ou que denigram alguma comunidade’.


O jornal alemão ‘Die Welt’ também publicou parte da charge -composta de 12 quadros-, afirmando que o ‘direito à blasfêmia’ é fundamentado nas liberdades democráticas.


Na Dinamarca, o editor do ‘Jyllands-Posten’ afirmou que ‘as ditaduras negras venceram’, em referência à onda de protestos contra as charges de Muhammad. O jornal chegou a se desculpar por haver ofendido os muçulmanos, mas não pela publicação das figuras.


Com agências internacionais’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Lucro do Google desaponta investidores


‘As ações do Google caíram ontem como conseqüência da divulgação do resultado da companhia no quarto trimestre de 2005. A empresa, líder em buscas na internet, não obteve prejuízo -ao contrário, seu lucro líquido aumentou 82% no período-, mas os números ficaram abaixo da previsão de Wall Street.


Fechando o ano de 2005 com lucro de US$ 372,2 milhões, o Google teve suas ações valorizadas em US$ 1,54 por ação. Analistas consultados pela Thomson Financial previam um ganho de US$ 1,76.


O anúncio foi feito anteontem, depois do fechamento do mercado. Para Scott Kessler, analista da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, ‘isso mostra que o Google não é inatingível’.


Larry Page e Sergey Brin, que fundaram a empresa há sete anos, têm insistido em manter seu modo de gerir os negócios, ignorando pressões do mercado quanto a metas de ganho.


Até então, a diferença entre previsão e lucros do Google não havia sido um problema. Com capital aberto desde agosto de 2004, a empresa superou as estimativas em todos os cinco trimestres precedentes.


Acostumados à valorização que fez o valor de mercado do Google mais que quadruplicar em menos de 18 meses, os investidores tiveram um choque desta vez.


No fechamento da Nasdaq, ontem, o preço da ação havia caído US$ 33,97, para US$ 398,69.


Page e Brin, que nesta semana previu, em visita a São Paulo, que a empresa terá um ‘alto crescimento no Brasil’, contam com novos produtos e a melhoria das relações com os usuários para continuar crescendo.


Entretanto, Lee Westerfield, analista da Harris Nesbitt de Nova York (que tem classificação ‘neutra’ para as ações do Google), advertiu: os novos produtos do Google ‘podem deslanchar ainda nesta década, mas não devem ter seu valor embutido no preço atual das ações’. O analista acrescentou: ‘Essa empresa tem um histórico excelente no setor de buscas da internet, mas eu não quero contar com as galinhas antes de ter os ovos na mão’.


Time Warner


A Time Warner, maior empresa mundial de mídia, informou que o seu lucro aumentou 21% no quarto trimestre de 2005.


O lucro líquido da empresa -que tem entre seus ativos o canal de TV a cabo Cartoon Network e a revista ‘Fortune’- saltou para US$ 1,37 bilhão, ou US$ 0,29 por ação. No mesmo período de 2004, foram US$ 1,13 bilhão, ou US$ 0,24 por ação, disse ontem a companhia em comunicado divulgado pela agência de notícias Business Wire. As vendas aumentaram para US$ 11,9 bilhões, contra os US$ 11,1 bilhões dos últimos três meses de 2004.


O principal executivo da Time Warner, Richard Parsons, está sendo pressionado a melhorar os lucros de divisões como a America Online.


‘A empresa precisa mostrar por que há vantagem em manter suas diferentes divisões’, disse Thomas Eagan, analista da Oppenheimer & Co. de Nova York, que tem recomendação de compra das ações da Time Warner. Ele deu a declaração antes da divulgação de lucros da empresa.


O investidor Carl Icahn lidera uma campanha para tirar Parsons do comando da Time Warner. Nesta semana, Icahn anunciou ter recrutado o ex-principal executivo da Viacom, Frank Biondi, para dirigir a empresa, caso seja indicado ao conselho executivo.’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Vilão das 8 vira ‘Poderoso Chefão’


‘O novo visual de Marcello Antony, o vilão de ‘Belíssima’, terá cada vez mais um ar de ‘Poderoso Chefão’, de acordo com a figurinista da novela, Gogóia Sampaio.


Seu personagem, André, que já vem trocando gradualmente os ternos claros pelos mais escuros, ficará ‘ainda mais sombrio’. A transformação acompanha a própria mudança de rumo do galã, que passa de mocinho a bandido.


‘Ele usará tons fortes e ternos bem escuros’, conta a figurinista.


Segundo ela, as roupas do novo vilão estão sendo desenvolvidas pelo estilista Ricardo Almeida.


‘Ele irá fazer peças especialmente para o Marcello, que tem 1,90 m de altura, acima da média do brasileiro’, diz Gogóia.


André, casado com a heroína Júlia (Glória Pires), irá roubar dela a fábrica Belíssima, além de manter um caso com a enteada, Érica (Letícia Birkheuer). Para a filha má, não haverá mudança de visual. ‘Com aquela carinha não precisa de mais nada. Além disso, a Érica já usa roupas sensuais.’


Fashion


Já Vitória (Cláudia Abreu), quando se recuperar da facada que levou na prisão, seguirá com o estilo hippie-chique, hit das vitrines populares e sofisticadas no verão. Apesar de terem sido descartados nas coleções de inverno apresentadas na SP Fashion Week e de não estarem mais no topo do ranking de ligações da Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) da Globo, seus vestidos ‘ainda têm fôlego’, na opinião da figurinista. ‘Não sigo obrigatoriamente a tendência da moda’, diz.


No CAT, Vitória foi desbancada pela fashion Rebeca (Carolina Ferraz), o que deverá também se refletir no comércio da vida real. Suas roupas ‘descoladas’ ocupam as quatro primeiras posições do ranking (a primeira é uma bata branca amarrada com laço atrás).


Dois vestidos de Vitória aparecem em quinto e sexto lugares.


Para Gogóia, o sucesso do look de Rebeca, dona de uma agência de publicidade, compensou o desaparecimento da vilã ultrachique Bia Falcão (Fernanda Montenegro). A figurinista afirma que o núcleo de Rebeca e de sua sócia, Karen (Mônica Torres), ‘é a cara da cidade de São Paulo’ e privilegia grifes paulistanas.


Rebeca, revela Gogóia, veste, entre outras marcas, Huis Clô, Cris Barros, Reinaldo Lourenço, sapatos de Paula Ferber e do braço mais moderno da Arezzo.


As roupas de Ornela (Vera Holtz) também agradam o público. Uma túnica vermelha e dourada usada por ela está em oitavo lugar na central de atendimento.’


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O Globo


Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006


MERCADO EDITORIAL
O Globo


Venda de jornais no Brasil cresceu 4% em 2005


‘A circulação de jornais no país – que inclui a venda em banca e por assinatura – cresceu 4% em 2005, de acordo com auditagem do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Segundo o diretor-geral do IVC, Ricardo Costa, fatores como a conjuntura econômica e ações promovidas pelas empresas jornalísticas contribuíram para o resultado positivo.


– Houve uma melhora na conjuntura do país. Além disso, as ações das empresas, com promoções para conquistar e manter leitores e mudanças no conteúdo ou projeto gráfico dos jornais, colaboraram para esse crescimento – afirmou Costa.


Para o diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Fernando Martins, já no primeiro semestre de 2005 o aumento na circulação de jornais era superior a 3%, percentual que, segundo ele, foi bastante comemorado pelo setor, após três anos de estagnação. Segundo Martins, o crescimento no ano passado foi em grande parte impulsionado pelos jornais populares.


– Houve uma estagnação na circulação entre 2001 a 2004. No primeiro semestre de 2005, verificamos uma recuperação, com indicativo de que os jornais populares puxaram essa alta, já que tiveram um aumento de venda em banca de 7% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2004. São veículos que chegam a uma parcela expressiva da população – diz Martins.


Martins também acredita que a situação econômica no país foi determinante nos resultados de 2005. Ele acredita que em 2006 também haverá crescimento, desta vez pela influência de eventos de interesse coletivo como a Copa do Mundo, que acabam sendo um fator positivo para o aumento na venda de jornais.


Entre os jornais com maior crescimento em 2005, o ‘Lance’, editado no Rio e em São Paulo, teve alta de 34%, seguido do jornal ‘A Tribuna’, do Espírito Santo, com 15%. O jornal ‘Extra’, também do Rio, teve crescimento de 12% e o ‘Diário Gaúcho’, de Porto Alegre, de 10%. Entre os principais jornais do país, O GLOBO teve crescimento de 7% e a ‘Folha de S.Paulo’ apresentou queda de 1% na comparação com 2004. O ‘Jornal do Brasil’, que já não figura entre os dez maiores diários do país, teve queda de 10% na circulação, e o jornal ‘O Dia’, de 11%.


O balanço do IVC também apontou crescimento de 6% em 2005 no total de empresas filiadas. O maior número de filiações foi de agências de propaganda (10%), chegando a 150 no ano passado.


– As agências de propaganda cada vez mais se filiam ao IVC pela necessidade de melhores resultados para seus clientes. Também tivemos crescimento no número de jornais filiados, que passou de 71 para 75, um aumento de 6%.


Busca na internet gera polêmica


A Associação Mundial de Jornais (WAN na sigla em inglês) – entidade que representa 18 mil jornais – está lançando uma ofensiva contra o uso gratuito de seu conteúdo na internet por ferramentas de busca, como as oferecidas por Google e Yahoo. Para a associação, tal uso é uma ‘exploração de conteúdo, sem uma compensação justa’.


Segundo a WAN, apesar do aumento do número de visitas às páginas dos jornais, as empresas de busca têm objetivos comerciais e, portanto, devem pagar pelo uso de material alheio.’


INTERNET
Dor de cabeça com pregão online


Patricia Eloy


‘Sites fora do ar, linhas telefônicas ocupadas e até prejuízos têm feito cada vez mais parte do dia-a-dia dos pequenos investidores em ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com os seguidos recordes da Bovespa – que subiu 26% em três meses – aumentaram também os problemas dos aplicadores, que reclamam que os sistemas de corretoras não têm suportado o número crescente de operações no chamado home broker , que permite a compra e venda de ações online. As queixas atingem algumas das maiores do mercado, como a VipTrade, da Ágora Senior (líder, com 30% de participação), Banif Primus (EconoFinance), Fator e InvestShop.com (Unibanco).


Ontem, o home broker da Ágora completava dois dias inteiros fora do ar. Em novembro, ficou três dias seguidos sem operar. Na EconoFinance, as operações via home broker ficaram paralisadas nos dias 19 e 20 de janeiro e, na Fator Corretora, a conexão caiu por 15 minutos no dia 23 e os problemas voltaram na última sexta-feira. Clientes também relatam queda no InvestShop.com.


– Aí, temos que ligar para o 0800, que não consegue atender à demanda. E segundos a mais para fechar uma operação podem significar perda de negócios e dinheiro – reclama o engenheiro aposentado Ronaldo Pinto, cliente da VipTrade.


O também engenheiro Caio Proiete, que mora em Angola, na África, teve problemas na VipTrade e na EconoFinance:


– Imagine ver suas ações caindo e você perdendo dinheiro com o home broker fora do ar, ligar para a mesa de operações e saber que está gastando mais de US$ 10 por minuto em ligação.


Guilherme Horn, diretor da Ágora, diz que houve uma saturação do sistema, mesmo com o investimento de mais de R$ 5 milhões em tecnologia:


– O volume de operações e o número de clientes cresceram cerca de 40% nos últimos três meses, por isso, estamos acelerando os investimentos.


Roberto Fonseca, gerente da Fator, explica que houve problemas isolados e o sistema pode suportar uma maior demanda dos investidores. Bruno Padilha, diretor do InvestShop.com, nega problemas no home broker e Rodrigo Puga, superintendente da Banif Primus Corretora, diz que problemas de telefonia e na Bovespa geraram a queda no acesso, e não o aumento no número de investidores, cuja média de cadastros dobrou em três meses.


Mas Ricardo Nogueira, superintendente de operações da Bolsa diz que, desde meados de 2005, não há erros no sistema:


– Quem não investiu na expansão da capacidade do sistema, como a Bolsa, pode ter problemas para arcar com o número maior de investidores, que atingiu o recorde de 45 mil pessoas em dezembro.


Fator, Ágora Senior e EconoFinance dizem que avaliarão caso a caso e vão arcar com eventuais prejuízos dos clientes com uma queda no sistema.


Bolsa bate novo recorde e chega aos 38.484 pontos


A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começou fevereiro com novo recorde: avançou 0,27%, para 38.484 pontos. O dólar a subiu 0,59%, para R$ 2,228. O risco-país recuou 2,26%, para 260 pontos centesimais, menor nível histórico.


Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que inaugurou ontem os negócios com dólar à vista, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo, disse que, com as operações, o volume de negócios no mercado de câmbio deve dobrar em breve. O mercado à vista, que funciona a partir das mesas de operação de bancos e corretoras, movimenta diariamente cerca de US$ 1,5 bilhão. Ontem, na estréia na BM&F, foram negociados US$ 358,35 milhões (R$ 796 milhões) em 235 contratos.


COLABORARAM: Paula Dias, do Globo Online, e Ronaldo D’Ercole’


CARMEM POR RUY CASTRO
Cora Rónai


Carmen Miranda, além do mito


‘Até outro dia, nunca consegui pensar em Carmen Miranda como uma pessoa de verdade. Sei de muitas histórias, conheci Aloysio de Oliveira, Millôr me contou coisas do tempo que passou em Hollywood na sua casa, ao lado de Cesar Lattes e Vinicius, algumas vezes folheei os livros de uma antologia de humor que ela lhe deu e que até hoje está no seu estúdio. Cheguei a ter em mãos a plataforma que usou em sua última apresentação, no show de Jimmy Durante, reverente e cuidadosamente guardada por Ricardo Cravo Albin – mas, apesar disso, em nenhum momento minha imaginação conseguiu levar-me além de um ícone pré-fabricado, um produto de exportação bem-sucedido, mas sem ligação com a realidade.


Vi seus filmes, ouvi sua voz em dezenas de gravações, vi uma quantidade de shows em sua homenagem – o mais recente, a maravilha imperdível criada por Marília Pêra, em cartaz no João Caetano.


E nada.


Há 15 dias, encontrei umas revistas velhas na casa da Laura, minha irmã. Na última página de ‘O Cruzeiro’ de 12 de abril de 1952 havia a crônica de Rachel de Queiroz sobre meus tios, que reproduzi semana passada; e, no miolo do mesmo exemplar, uma ‘reportagem’ de David Nasser (autor de ‘A vida trepidante de Carmen Miranda’, conforme informa a revista) sobre ‘a estrela ingrata’: ‘Carmen – volte para os bugres’.


‘Carmem é ainda Carmen’ – começa o texto. – ‘Seu sucesso, nos EUA, não decresceu e a temporada que realiza no Copacabana prova isto, bem como a recepção que lhe fazem os texanos, disparando os seus revólveres e dando hurras em louvor da fabulosa intérprete. Num ponto, apenas, Carmen não é mais Carmen. É na saudade que não tem do Brasil, na indiferença que há alguns anos parece dedicar à sua terra adotiva e à platéia que a consagrou, antes de todas as platéias do mundo. As reportagens para um país chamado Brasil, localizado no hemisfério latino, e onde se fala a língua portuguesa, não interessam a Carmen Miranda.’


Segundo ‘O Cruzeiro’, para obter as fotos que ilustravam o texto, teve que recorrer a uma agência francesa: apenas convencida de que as fotos circulariam em Paris, e não no Brasil, Carmen teria concordado em fazê-las.


‘O Brasil saiu de suas cogitações artísticas e não figura, sequer, no seu carnet de turista. Nem ao menos para as suas férias Copacabana serve. E não vem ao Rio, sua cidade de adoção, nem mesmo em visita aos seus irmãos, aos seus amigos, aos seus fãs. Mesmo assim, teimosamente, o Brasil não se esquece de sua favorita. Que aconteceu a Carmen Miranda? Que mal o Brasil lhe fez? Este grande e generoso Brasil, que abriu os braços aos nossos pais, imigrantes cheios de esperanças, que acolheu há quase meio século a família do barbeiro José Maria Pinto da Cunha, pai de Carmen Miranda, que abriu os braços à própria Carmen Miranda, ainda menina, nascida portuguesa (….)’


‘De uma hora para outra, sem nenhuma razão presumível, (essa moça portuguesa) riscou do mapa a grande terra que a hospedou durante tantos anos, esqueceu a língua portuguesa, desaprendeu o ritmo do samba que ela notabilizou, e trocou as rendas da baiana pela fantasia de cow-girl do Texas.’


O pior, naturalmente, estava guardado para o fim, para o parágrafo com que David Nasser, o biltre, encerrava a ‘reportagem’:


‘Não tem importância, Carmen. Você pode riscar o Brasil de seu calendário artístico. Pode não sentir saudade, sequer, da terra que generosamente a acolheu, e dos amigos que deixou aqui. Pode dar-se ao luxo de recusar as páginas de uma revista brasileira e dar bananas, como nova Chiquita, à platéia que descobriu o seu talento enorme. Quando, porém, o inverno chegar, quando o frio dos Estados Unidos, no clima e na platéia, envolvê-la, quando o imposto de renda americano depená-la, volte, querida Carmen, para a maloca dos seus bugres. O Brasil a receberá de braços abertos, como quando você veio de Portugal.’


Pois o veneno desta cascavel asquerosa (perdão, cascavéis!) conseguiu realizar o que nenhuma história, homenagem ou lembrança carinhosa conseguira até então: dar à moça por baixo das fantasias e dos turbantes a dimensão humana que eu não conseguia ver. A pretensa ‘reportagem’ me encheu de tal revolta, me deu tanta raiva e tanta pena da sua vítima, que tudo que eu queria era voltar no tempo, pegar Carmen Miranda no colo e niná-la, assegurando-lhe que, exceto nos romances do Harry Potter, não se deve dar ouvidos às serpentes (perdão, serpentes!).


Resultado: as páginas repulsivas da revista me atiraram direto às páginas acolhedoras de ‘Carmen’, de Ruy Castro. Subitamente, senti vontade de saber mais sobre a diva que, afinal, eu era capaz de ver como uma pessoa vulnerável, de carne e osso.


‘Carmen’, o livro, é uma felicidade. Escorado numa pesquisa monumental, Ruy Castro criou um retrato vivo, divertido e minucioso, não só de Carmen Miranda, mas de toda a sua época; ele nos leva de um balcão de chapelaria na Rua do Ouvidor a Hollywood dos anos dourados, passando pelo Cassino da Urca e pelos bastidores da Broadway – e nem nos damos conta de que, em dois tempos, devoramos quase 600 páginas. O que fica claro, terminada a leitura, é que nunca houve mulher como Carmen; e que nunca mais conseguiremos vê-la apenas como um exótico produto enlatado.’


TV DIGITAL
O Globo


Conversor digital pode custar R$ 50


‘O conversor para que os televisores analógicos recebam as imagens da TV digital poderá custar R$ 50 logo após a implementação da tecnologia no Brasil. A estimativa foi feita ontem pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, em audiência pública na Comissão de Educação do Senado. Atualmente, o set-up box (o decodificador) custa pouco mais de R$ 200, contra 300 euros (US$ 362) na Europa e no Japão e US$ 80 nos Estados Unidos.


Segundo Costa, a indústria eletroeletrônica brasileira está preparada para atender à demanda digital. Ele disse que o aparelho é o mesmo para todos os padrões (japonês, europeu ou americano) e, portanto, a definição do modelo não terá impacto sobre as decisões industriais. Apenas um chip diferencia os equipamentos.


A decisão sobre o padrão será exclusivamente tecnológica, disse o ministro, pois as contrapartidas oferecidas por Europa e Japão são muito semelhantes. A proposta americana já é considerada fora do páreo. Agora, informou Costa, o DVB (padrão europeu) terá que fazer testes em São Paulo (ou em ambiente semelhante, com muitos prédios) e mostrar os resultados. Já foram feitos os testes dos outros padrões.


No Senado, Costa retomou a metáfora de futebol usada na véspera, sobre o ‘gol de placa’ do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na escolha do padrão:


– Ele vai fazer (gol) com muitos outros produtos importantes na pauta que tem até o fim do ano. Mas principalmente o gol de placa que ele vai fazer em novembro.’


INTERNET
Adauri Antunes Barbosa


Vendas online devem crescer 56% este ano


‘As vendas do varejo pela internet devem somar R$ 3,9 bilhões em 2006, o que representa um aumento de 56% sobre os R$ 2,5 bilhões negociados no ano passado. A previsão foi divulgada ontem pela e-bit, empresa de marketing online. Em 2005, as vendas do varejo online já haviam crescido 43% sobre o faturamento de 2004, com um tíquete médio (valor de cada compra) de R$ 272.


Desde 2001 – quando a e-bit fez pela primeira vez o balanço do setor – até o ano passado, o comércio eletrônico já acumula expansão de 355%.


– Esse crescimento se deve principalmente ao fato de as pessoas comprarem com mais freqüência, mas também ao aumento do número de consumidores – explicou o diretor da e.bit, Pedro Guasti, que coordena a pesquisa Web Shoppers, sobre o mercado de varejo online.


CDs e DVDs lideram, com jornais e revistas em segundo


O diretor da e.bit ressaltou que a compra de produtos de maior valor, como eletroeletrônicos, também contribuiu para a alta no faturamento.


Segundo Guasti, o crescimento previsto para este ano tem como base a ampliação do uso da tecnologia da banda larga e a maior confiança do consumidor nas compras online:


– Para 2006, estamos apostando que novos consumidores vão entrar nesse mercado.


Os produtos mais vendidos pelo comércio eletrônico no ano passado, segundo a Web Shoppers, foram CDs e DVDs, com 21%. No entanto, o grupo ‘demais segmentos’ – que inclui alimentos, vestuário, flores, perfumes e cosméticos, brinquedos e ingressos – representou 37% das vendas online em 2005. No ranking dos mais vendidos ainda estão livros, jornais e revistas (18%), eletrônicos (9%), saúde e beleza (8%) e informática (7%).


Em 2005, segundo a pesquisa – que teve o apoio da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara-e.net) – 4,77 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma compra pela internet. Em 2004 foram 3,28 milhões e em 2003, 2,51 milhões. O setor espera uma nova leva de consumidores com a utilização da certificação digital (processo de legalização de documentos transmitidos pela rede).’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006


TV DIGITAL
Isabel Sobral e Gerusa Marques


Lobby pelo padrão europeu de TV expõe vantagens


‘Os europeus engrossaram ontem o lobby para a escolha do seu padrão de TV digital pelo Brasil. A comissária européia para a Sociedade da Informação e Comunicações, Viviane Reding, passou o dia nos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios a fim de de se contrapor à pressão do ministro das Comunicações, Hélio Costa, em favor da tecnologia japonesa.


O presidente do Forum ATSC, representante do padrão americano, Robert Graves, disse que a Globo é a principal interessada no padrão japonês. Os americanos também tentam vender sua tecnologia.


Hoje, será a vez dos japoneses, que apresentarão sua proposta a Costa e aos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Antonio Palocci, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Ainda esta semana, passarão por Brasília os americanos.


A principal vantagem apresentada pelos europeus foi a possibilidade de ganho de escala – a produção de aparelhos para um mercado mais amplo. O vice-presidente da Phillips do Brasil, Cesar Vohringer, afirmou que, se o padrão europeu for o escolhido, haverá condições de produzir rapidamente os aparelhos que convertem sinal digital em analógico, que seriam usados num período de transição. Assim, o início da TV digital seria mais rápido.


‘O padrão europeu ainda é competitivo, dependendo, evidentemente, do que ele se propõe a oferecer’, desafiou Costa, ao final de uma audiência na Comissão de Educação do Senado, onde novamente deixou clara a sua preferência pelo padrão nipônico. ‘Espero que eles nos dêem algum outro motivo para pensarmos mais no sistema europeu’.


Costa deu as declarações antes do principal contato de Viviane em Brasília, no Palácio do Planalto, com os quatro ministros envolvidos na negociação. Depois da reunião, ele afirmou que as propostas apresentadas pelos europeus são muito semelhantes às dos japoneses. ‘As diferenças voltam a ser rigorosamente técnicas’, afirmou.


Ele alertou que o governo brasileiro vai exigir dos europeus que façam testes, já feitos pelos japoneses, para provar que seu sistema atende às exigências de permitir a alta definição de imagens, interatividade e, principalmente, portabilidade e mobilidade – a capacidade de receber imagens em aparelhos portáveis como o celular e em movimento. ‘Nós questionamos a robustez do sinal’, disse Costa.


Segundo o ministro, o governo não marcou prazo para os testes, mas deu a entender que terão de ser feitos imediatamente, uma vez que o dia 10 de fevereiro, data prevista para a escolha, está próximo. ‘Isso é um problema deles’, afirmou.


Durante a reunião no Planalto, Viviane Reding apresentou outra suposta vantagem: a exportação de aparelhos de TV produzidos no Mercosul para a Europa seria feita com alíquota zero. Essa isenção, porém, ocorreria no escopo do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia, cujas negociações estão empacadas.


PARTICIPAÇÃO


A comissária começou seu dia na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. ‘O modelo é aberto e já conta com a participação de mais de 50 países. Não se trata de um sistema proprietário, de uma única nação, e permite que cada país parceiro desenvolva partes do sistema e os adapte às suas realidades’, afirmou a comissária.


Ela informou aos deputados que uma das ofertas a ser feita pelos europeus ao governo brasileiro é a possibilidade de o País participar do conselho gestor que define as políticas de gerenciamento dos projetos de desenvolvimento desse padrão digital. ‘Trata-se, assim, de um sistema que não é imposto de cima para baixo, mas que cresce de baixo da cima e com a ajuda de todos os parceiros’, disse.


Presente à reunião na Câmara, o vice-presidente da Philips ressaltou as vantagens econômicas de se adotar o padrão europeu, mas ressalvou que a indústria de eletroeletrônicos manterá o seu interesse nessa indústria de TV digital, ‘seja lá qual for o sistema escolhido pelo governo’.’


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‘Não tem jeito de chutar para fora’


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, assegurou ontem aos senadores da Comissão de Educação do Senado, onde participou de debate sobre TV Digital, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um ‘gol de placa’ na escolha do padrão de televisão digital a ser usado no País.


‘Não tem jeito de chutar para fora’, garantiu o ministro, respondendo ao senador José Jorge (PFL-PE).


Terça-feira, Costa havia dito na Câmara que havia colocado ‘a bola na marca do pênalti’, e que o presidente teria três opções: ou chutaria e faria um gol de placa, ou chutaria devagar e faria um gol ‘de mansinho’, ou chutaria para fora.


Ontem, Jorge quis saber se ele estava se referindo aos três padrões em estudo (o japonês, o europeu e o americano) e se havia a possibilidade de o presidente fazer uma má escolha e chutar para fora.


Costa não confirmou nem desmentiu, favorecido pelo fato que os senadores fizeram várias perguntas que foram respondidas em bloco.


Ele, porém, prosseguiu em analogias futebolísticas ao assegurar ao senador que Lula não tomaria uma decisão equivocada. ‘Vou modificar um pouco as regras do futebol. Já que eu coloquei a bola na marca do pênalti, vou diminuir a distância e, em vez de 11 metros, vou botar a 2 metros da linha debaixo da trave. Aí, o presidente não tem jeito de chutar para fora. Nem querendo ele não consegue chutar para fora. Não tem jeito.’


Questionado ao final da sessão sobre a que se referia quando falou em encurtar a distância entre a bola e a trave, Costa explicou que se referia ao fornecimento do máximo possível de informações técnicas para embasar a decisão do presidente.


Segundo Costa, a partir de amanhã, o presidente Lula já terá condições de tomar uma decisão sobre que padrão de TV digital o País deverá adotar.


Até lá, segundo Hélio Costa, o governo já terá conversado com os detentores dos três padrões em estudo para saber das contrapartidas comerciais que eles oferecem.


‘Quem decide é o presidente. Não sei se ele vai decidir durante o fim de semana, ou semana que vem. Mas acho que, a partir de sexta-feira, estará em condições de tomar a decisão’, afirmou o ministro.’


CASO CHATÔ
Beatriz Coelho Silva


Diretor de ‘Chatô’ nega ter dívida com a Ancine


‘O diretor e ator Guilherme Fontes disse ontem que não tem dívida com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), que o acusa de dever R$ 30 milhões relativos a financiamentos para o filme Chatô, sobre o empresários das comunicações Assis Chateaubriand, que ele começou a produzir em 1997 e não terminou. A quantia equivale à correção monetária de R$ 8,5 milhões obtidos pelas leis Rouanet e do Audiovisual em 1996 para a produção do filme. ‘A Ancine me cobra uma dívida que já foi definida como inexistente pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2001’, disse Fontes.


Segundo ele, o filme está rodado. ‘Mas preciso de recursos para montagem, sonorização e computação gráfica’, disse o ator, que acusa a Ancine de impedi-lo de terminar o trabalho. ‘No ano passado, eu estava proibido de receber recursos e não pude usar as verbas que tinha conseguido para esse fim’, afirmou, sem explicitar quanto era e quem eram os patrocinadores.


Em 2000, o Ministério da Cultura começou a cobrar a realização do filme e propôs intervir na produção. Como os filmes financiados pela Lei do Audiovisual têm cotas vendidas a acionistas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fez uma inspeção nas contas de Chatô que foram levadas também ao TCU. Em dezembro de 2001, ele foi inocentado pelo TCU, que concluiu não ter havido má-fé.’


TV PAGA
Isabel Sobral


Cade arquiva pedido de medida cautelar contra Sky e DirecTV


‘O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) arquivou ontem por unanimidade o pedido de medida cautelar apresentado pela emissora de TV Bandeirantes contra a fusão entre as operadoras de TV a cabo Sky e DirecTV. A Band apresentou o pedido ao Cade há duas semanas, temendo que o contrato que tinha com a DirecTV para trasmissão do canal fechado Band News não fosse prorrogado. O contrato terminava a 31 de janeiro. No entanto, segundo o relator do caso, conselheiro Luiz Prado, a própria Band desistiu do pedido às vésperas do julgamento no Cade porque o contrato acabou sendo prorrogado até que ocorra o julgamento final da operação de fusão entre as operadoras a cabo.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Record estica novela até a Copa


‘Prova de Amor estreou na Record com a previsão de ter 140 capítulos. Muita gente da direção da emissora já achava a aposta ‘grandinha’ demais, os mesmos que agora pedem que a trama seja esticada em mais de 50 capítulos.


Batendo recordes de 19, 21 pontos de audiência, Prova de Amor aumentará de tamanho, tática que costuma ser usada pela Globo para aproveitar até a última gota dos seus sucessos em dramaturgia.


‘A princípio seriam 140 capítulos, depois passou para 197 e ia terminar em junho. Com o sucesso, querem aumentar mais. Não sei ainda exatamente quanto’, fala o autor do folhetim, Tiago Santiago. Na Record, comenta-se que Prova de Amor deve ser espichada até agosto, passando por toda a Copa do Mundo. Muito? Tiago Santiago acha que não.


‘Pedi mais alguns atores e cenários para a novela. Vou surpreender. Tenho planos misteriosos, que não contei nem para minha mãe’, brinca o autor.


Além de um elenco mais recheado, Prova de Amor deve ganhar investimento em tramas paralelas, sem utilizar muito flashbacks de cenas para ganhar tempo na trama. ‘Eu não pretende ter barriga nesta novela. Acompanho no Orkut a comunidade da novela para ficar atento ao que agrada e desagrada. Tenho um arsenal de histórias e uma equipe competente comigo’, fala ele. ‘Imaginava que faria sucesso, mas veio mais rápido e forte do que eu pensava. Se vierem mais dois ou três pontos pra novela, vamos passar à frente da Globo. É uma delícia ver que isso é possível.’


É tão possível que a Record tratou de renovar o contrato de Santiago até 2009. ‘Além de autor, sou consultor do Núcleo de Teledramaturgia da Record. Meu grande projeto é estabilizar esse núcleo e firmá-lo como concorrência sólida’, fala ele.’


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Jornal do Brasil


Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006


CRISE POLÍTICA
Gilson Caroni Filho


Se podes olhar, vê


‘Mais que o embate entre o bloco tucano-pefelista e o atual governo, o que será decidido nas próximas eleições ultrapassa fronteiras. O terreno ideológico em que transcorrerá o debate sucessório tem componentes distintos do pleito anterior. Desta vez, estará em jogo o mapa político da América Latina. Qualquer ‘crítica pela esquerda’ que ignore esse fato será de grande valia para a direita. O campo é pantanoso e não comporta hesitações. A grave crise vivida pelo PT não pode deixar sua militância à mercê da razão cínica. Há que se lutar contra formulações simplistas e idealizações enganosas.


Como destacou o cientista político Fábio Wanderley Reis, o Partido dos Trabalhadores representou experiência singular na vida partidária brasileira. Combinou a origem popular de suas mais destacadas lideranças com conteúdo ideológico e competitividade eleitoral. Se o realismo político era fundamental para viabilizar o governo Lula, o destempero na dosagem comprometeu ‘a dimensão ética do capital simbólico da agremiação’. A sangria será demorada, mas a reparação é possível, dependendo do ajuste das correntes internas e da repactuação de forças. Não há por que falar de ‘fim de ciclo’ ou tolices afins.


Aos que se queixam de traição à agenda histórica, cabe indagar se seria possível fazer política de enfrentamento em uma formação que ainda vive sob hegemonia neoliberal. Qual seria a base de sustentação? A parcela expressiva da classe média que oscila entre o autoritarismo conservador e o anseio pelo moderno? O eleitorado popular que, alheado do processo político pelo caráter fracionado da sociedade brasileira, dificilmente respaldaria o ideário original do PT? Segundo Wanderley, ‘pesquisas mostram há tempos que o apoio do povão à imagem de Lula com seu simbolismo popular difuso, é do mesmo tipo do tradicional apoio a partidos ou lideranças populistas’. Bom, diriam os jacobinos, e os movimentos organizados? Apesar do papel que desempenharam, nenhum deles teve peso determinante na vitória eleitoral. A realidade costuma ser mais complexa do que nossos sinceros desejos. Avanços são moleculares e comportam momentos erráticos.


A agenda tucana prevê, entre outros retrocessos, a retomada de negociações no âmbito da Alca e o progressivo esvaziamento do Mercosul. Segundo o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, a prioridade da política externa brasileira deveria ser ‘um pacto político com os EUA, em troca de vantagens comerciais claras’. Para o senador tucano, ‘o governo Chávez só se sustenta graças às milícias que procuram intimidar as oposições e ao alto preço do petróleo’. Isso soa como música ao imperialismo estadunidense. Em termos precisos: a vitória de Serra ou de Alckmin provocaria fratura irreversível no eixo de articulação da integração regional. O fim da ditadura do medo, feliz definição de Galeano para o que significa a vitória de Evo Morales, na Bolívia, pode ser um breve interlúdio antes do retorno ao continente do ideal de ‘privatizações saneadoras’.


Se aqui ainda se fala em polarização falsa, conceituados analistas estrangeiros não titubeiam. O sociólogo suíço, Jean Ziegler é taxativo: ‘O que se passa hoje na América Latina é entusiasmante. Por isso é que as próximas eleições brasileiras são tão importantes. O eixo Chávez, Fidel, Morales e o Chile só pode impor coletivamente uma política antiglobalização se contarem com o Brasil’. Para o filósofo egípcio Samir Amin a saída de Lula seria traumática. ‘Com as opções que há no Brasil, levaria a uma ruptura, para a direita, infelizmente. Eu penso que sua queda leva o eixo da América para a direita’. Aos dois se somam pensadores que estiveram no Fórum Social Mundial, em Caracas. Criticam o governo Lula, mas a distância não os impede de ver em perspectiva. Não padecem da cegueira que acomete parte da nossa esquerda. Para ela, talvez valha a epígrafe do ótimo livro de Saramago: ‘Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara’.’


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