Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Votação de projeto de controle da rede é adiada


Leia abaixo os textos desta quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 8 de novembro de 2006


CONTROLE NA INTERNET
Folha de S. Paulo – Editorial


Burocracia na rede


‘A PRETEXTO de corrigir distorções na legislação sobre ‘crimes na área de informática’, o projeto de lei a ser submetido à análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, em data ainda não definida, incorre em erros ainda maiores. A proposta parte de uma premissa equivocada -a de que é possível legislar sobre a internet em termos nacionais- e ameaça criar sérios entraves burocráticos aos usuários.


O objetivo expresso no projeto é ‘tipificar condutas realizadas mediante uso de sistema eletrônico, digital ou similares, de rede de computadores, ou que sejam praticadas contra dispositivos de comunicação ou sistemas informatizados e similares’. A tentativa é circunscrever a uma cobertura penal específica condutas criminosas difíceis de enquadrar com base na legislação atual.


A motivação é compreensível. A disseminação da internet tornou corriqueiros delitos graves, muitos dos quais julgados a partir de analogias genéricas com crimes como roubo e estelionato. Criar uma tipificação adequada às características próprias dos novos crimes significaria formular instrumentos normativos mais precisos para a ação penal.


O problema são os critérios. Práticas como envio de vírus e quebra de privacidade de banco de dados, compreensivelmente criminalizadas, foram equiparadas à de ‘permitir acesso por usuário não identificado e não autenticado’. Os provedores de acesso à internet que incorressem em tal prática ficariam sujeitos à pena de dois a quatro anos de detenção. ‘Grosso modo’, seria o mesmo que responsabilizar uma revendedora de automóveis pelo mau uso que um comprador dele fizesse.


O disparate não é menor do ponto de vista operacional. Para evitar punição, os usuários teriam de fornecer nome, endereço, número de telefone, da carteira de identidade e do CPF às companhias provedoras, às quais caberia a tarefa de confirmar a veracidade das informações. Num país com mais de 30 milhões de usuários de internet, não é preciso testar o modelo para que ele se mostre inexeqüível.


O projeto ignora ainda que muitas fraudes podem partir de máquinas ou provedores estrangeiros, obviamente impermeáveis à legislação brasileira. O recente litígio entre o Ministério Público Federal de São Paulo e o Google, motivado por acusações de pedofilia entre os usuários de um site de relacionamentos, é exemplar a esse respeito. A empresa recusou-se a fornecer os dados dos usuários e ameaçou fechar o escritório no Brasil.


É evidente que ainda há muito a caminhar nesse setor. Mas o necessário aperfeiçoamento da legislação não pode ser levado adiante à custa da privacidade do usuário e da qualidade na prestação do serviço.’


 


Fernanda Krakovics e Ranier Bragon


Votação de projeto sobre uso da internet é adiado


‘Diante da controvérsia gerada, o projeto de lei que exige a identificação e o cadastro do usuário que acessar a internet foi retirado da pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), adiando a votação que estava prevista para hoje. A intenção dos senadores é realizar uma audiência pública sobre o projeto, revelado pela Folha na segunda-feira.


Seu artigo 20 afirma que ‘todo aquele que acessar uma rede de computadores local, regional, nacional ou mundial deverá identificar-se e cadastrar-se naquele provedor que torna disponível esse acesso’. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator da matéria, disse que só será exigida a identificação do usuário em operações de interatividade, embora isso não esteja especificado no projeto.


Ainda segundo ele, a identificação será exigida para o contrato de acesso com o provedor, para criar um e-mail e para comprar produtos na internet, mas não para baixar músicas, conversar em salas de bate-papo e criar blogs. Essas especificações também não constam do projeto de lei.


Os dados exigidos do usuário seriam nome completo, data de nascimento, número de documento de identidade e endereço completo, além do identificador de acesso e senha. O acesso sem identificação prévia seria punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores ficariam sujeitos à mesma pena se permitissem o acesso de usuários sem a devida identificação e autenticação.


O objetivo seria coibir crimes praticados na internet, como pedofilia, difusão de vírus, clonagem de cartão de crédito, roubo de senhas e acesso indevido a meio eletrônico. Principal alvo do cibercrime, bancos e administradores de cartões de crédito querem a identificação prévia dos internautas.


Os provedores de acesso à internet argumentam que o projeto vai burocratizar o uso da rede e que já é possível identificar os autores de cibercrimes, a partir do registro do IP (protocolo internet) utilizado pelos usuários quando fazem uma conexão. O número IP é uma espécie de ‘digital’ deixada pelos internautas. A partir dele, chega-se ao computador e, por conseguinte, pode-se chegar a um possível criminoso.


A decisão de retirar o projeto da pauta foi tomada no final da tarde pelo presidente da CCJ, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e Azeredo concordou. ‘Eu pediria a Vossa Excelência que retirássemos o projeto da pauta e distribuíssemos aos senadores para que tomem melhor conhecimento’, disse ACM, enquanto o relator defendia a proposta na tribuna.


O Ministério das Comunicações e o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), se opuseram à exigência de que os usuários da rede mundial de computadores se identifiquem antes de realizarem operações que envolvam interatividade, como troca de e-mails e participação em salas de bate-papo.


‘O ministério está especialmente preocupado com a questão da identificação proposta pelo projeto porque isso prejudica a inclusão digital no país’, disse o consultor jurídico do Ministério das Comunicações Marcelo Bechara.


Rebelo disse que o projeto não representa a melhor proposta para o combate aos crimes virtuais. ‘Privar de liberdade qualquer um para alcançar aquele que abusa da liberdade não é o melhor caminho. Sou favorável à preservação do ambiente democrático, de ampla liberdade, que existe na rede mundial de computadores’, afirmou.’



TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O fantasma na máquina


‘Foi destaque do dia de eleição nos canais de notícias e sites dos EUA, caso do conservador ‘Washington Post’. Foi a manchete no liberal ‘New York Times’, ‘Conforme os eleitores fazem seu julgamento, muitos enfrentam obstáculos técnicos’ (‘bugs’ ou insetos no original, com sentido de defeito no programa). Sites locais usavam a expressão ‘o fantasma na máquina’.


Descrevendo seguidamente o ‘grande número de corridas apertadas’ que devem ‘decidir o controle do Congresso’, o ‘NYT’ não escondeu sua preocupação. E registrou que uma das máquinas veio com ‘manual com 42 passos… os problemas eram de esperar’. Já o ‘WP’ relatou sem maior dramaticidade as longas filas causadas por ‘falha de máquina’ no país todo.


SEM CONTROLE


A reportagem de Elvira Lobato, anteontem no jornal e no site da Folha, corre o mundo. O projeto que ‘obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação’, que tem Eduardo Azeredo de relator, foi ‘retirado de pauta do Senado’, na manchete do UOL.


Mas ecoa sem parar. Além da esperada controvérsia na blogosfera brasileira de mídia, o caso avançou por sites como o Slashdot, um dos principais do setor nos EUA, Broadband Report e Techdirt, sob títulos como ‘Políticos brasileiros dizem que ninguém pode ser anônimo on-line’ e com comentários ironizando a burocracia já projetada. Ao longo do dia, o caso ganhou até ares de movimento.


‘BBB’ No Slashdot, ‘O fim do anonimato de internet no Brasil’ e a ilustração de um binóculo. O Broadband ilustrou com um olho de ‘big brother’


SEM CENSURA


Por coincidência -e sem citar o Brasil ou o projeto- ontem foi um dia inteiro de mobilização mundial contra a censura na rede. Como destacou o blog de Tiago Dória, a organização Repórteres Sem Fronteiras liderou a ação e divulgou uma lista com os 13 países que mais restringem o acesso à internet, com a China à frente, Cuba no meio e, desta vez, a Líbia de fora. Note-se que a RSF vem sendo questionada há tempos por receber fundos do governo dos EUA e outros, com contrato para ceder informações.


AS TELES CHEGARAM 1


Na manchete de ontem do jornal ‘Valor Econômico’, a disputa pelo controle da TIM, travada entre o mexicano América Móvil, o mesmo de Claro e da TV paga Net, e a Brasil Telecom, do portal iG.


Na submanchete do jornal, a notícia de que o ‘BNDES aprova R$ 2,4 bilhões para a Telemar’, tele de outro grupo, no que se configurou como o ‘maior crédito da história no setor das telecomunicações’.


AS TELES CHEGARAM 2


E ontem o site Pay-TV dizia da ‘crise do mercado’ de TV paga com o avanço das teles e dos mesmos grupos. No caso, a associação encabeçada pela Net, que inclui ainda a Globo, avaliou que o ‘desequilíbrio’ na TV paga ‘é necessário para haver equilíbrio no mercado de telecomunicações todo’.


Por outro lado, o Pay-TV deu detalhes da disputa pela TIM, que envolveria Daniel Dantas, Naji Nahas e outros.’




CADEIA
Folha de S. Paulo


Jornalista é condenado a 10 anos de prisão em MS


‘A Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul condenou a dez anos de detenção sob acusação de difamação o jornalista Fausto Brites, 48, um dos editores do jornal ‘Correio do Estado’. Ainda cabe recurso da sentença, que permite a substituição da pena de prisão pela prestação de serviços à comunidade.


O autor da queixa-crime contra o jornalista foi o governador eleito do Estado, André Puccinelli (PMDB). A reportagem que motivou a condenação foi publicada em março de 2005 e trata de uma ‘devassa feita pela Polícia Federal em Campo Grande’. O texto diz que ‘endereços investigados [pela Polícia Federal] coincidem com [os do] ‘lixogate’. ‘Lixogate’ é uma referência a um escândalo ocorrido em 1999 na cidade de Campo Grande (quando Puccinelli era prefeito), envolvendo um projeto de reciclagem de lixo.


O então prefeito havia indicado um empresário italiano como representante do consórcio que participaria do projeto. A PF descobriu que o italiano apresentara um falso depósito de R$ 1 milhão para realizar o projeto, que não chegou a ser concluído. Segundo a assessoria de Puccinelli, ele não chegou a ser alvo da investigação.


Em março de 2005, a PF realizou nova operação em Campo Grande, desta vez contra crimes financeiros. Segundo a reportagem que gerou a condenação, um dos endereços vasculhado foi a casa onde fora localizada, em 1999, a sede do consórcio que tinha participação do empresário italiano.


Segundo a decisão da juíza Cíntia Letteriello, baseada na Lei de Imprensa, ‘emerge cristalinamente do texto a vontade do redator de macular a reputação do querelante [Puccinelli], ao correlacionar a data de um escândalo político com a época em que este era prefeito’.


Brites afirmou que irá recorrer da decisão. Segundo ele, o pedido foi uma forma de intimidar o jornal a não publicar reportagens contra Puccinelli: ‘Há cerca de 40 ações judiciais do Puccinelli contra o jornal’. André Puccinelli Júnior, filho e advogado do governador eleito, negou a acusação: ‘Houve apenas a reação normal de quem teve a honra ofendida’, disse.


A ANJ (Associação Nacional de Jornais) decidiu não se pronunciar sobre o caso, por considerar que a sentença não ofendeu a liberdade de imprensa.’



TECNOLOGIA
Folha de S. Paulo


Verizon pode ter YouTube no celular


‘A Verizon, operadora de telefonia e televisão dos EUA, está negociando com o YouTube, que foi comprado pelo Google, para exibir o conteúdo do site de vídeos em celulares e televisões, segundo reportagem do jornal norte-americano ‘The Wall Street Journal’.


Os vídeos do site poderiam ser acessados no celular e também no serviço de televisão que a Verizon está lançando.’



TV


Daniel Castro


Calendário do Pan favorece grade da Globo


‘A guerra aberta pela Record contra a Globo pelos direitos dos torneios de futebol chegou aos Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro.


A Record se prepara para travar uma batalha contra a Globo, no comitê organizador do Pan, pelos horários de competição dos atletas brasileiros.


A programação preliminar (ainda não oficial) elaborada pelo comitê favorece a Globo, se encaixando na grade da emissora. Os principais jogos de esportes coletivos do Brasil, que atraem mais audiência, estão previstos para as 16h e 22h, os horários da Globo para transmissões esportivas.


A cerimônia de abertura, por exemplo, será às 16h de 13 de julho. No dia seguinte, o futebol feminino brasileiro entra em campo às 16h, e o vôlei feminino, às 22h. Para a Record, o comitê do Pan teve o cuidado de não programar competições entre 18h30 e 22h, aparentemente para não interromper o ‘JN’ e a novela das oito, os produtos mais nobres da Globo.


A Record irá protestar contra essa programação em uma reunião marcada para dezembro. A emissora não quer jogos às 22h.


O comitê do Pan nega que esteja favorecendo a Globo. Diz que seu cronograma atende ‘aos requerimentos técnicos dos esportes’ e ‘distribui eventos de interesse ao longo de todo o calendário, de forma a contemplar as diversas necessidades das emissoras de rádio e TV’. A Globo não comentou.


A CASA SUBIU A Globo está construindo uma nova casa para ‘Big Brother Brasil’, desta vez de alvenaria, à prova de chuvas. A equipe do programa aproveitou para fazer pequenas mudanças no local, mas nada muito diferente do já se viu.


A CASA CAIU A ‘velha’ casa de ‘BBB’, depois de resistir a duas fortes tempestades (uma delas com inundação) no início deste ano, foi parcialmente destruída por uma chuva dois meses após o final do último programa.


SBT É CULTURA ‘O SBT continua a apoiar a cultura.’ Assim começa nota distribuída anteontem pelo SBT convidando jornalistas a cobrirem a reestréia de uma peça de Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos.


NOVELA DAS SETE 1 A ‘novela das seis’ da Record, ‘Alta Estação’, que começou há duas semanas às 18h e já passou pelas 18h30, agora está entrando no ar às 19h. Nos antigos horários, era humilhada por ‘Chaves’ (chegou a levar de 11 a 4 do SBT na última quarta).


NOVELA DAS SETE 2 A mudança começou bem. Anteontem, concorrendo com a mexicana ‘A Feia Mais Bela’, ‘Alta Estação’ deu sete pontos, contra cinco do SBT.


MUDA TUDO Reviravolta no SBT. ‘Minha Vida É uma Novela’ não entrará mais no lugar do ‘Charme’ em janeiro. E o programa de Adriane Galisteu, que a princípio ficaria de férias até março, no máximo sairá do ar em janeiro. Mas ainda pode ser reprisado durante esse mês.’




DICIONÁRIO
Luiz Fernando Vianna


Música popular ganha seu ‘Houaiss’


‘Com seus 5.322 verbetes, o ‘Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira’ é o maior livro do gênero já produzido no país. Até hoje, a empreitada mais ambiciosa tinha sido a ‘Enciclopédia da Música Brasileira’, lançada em 1977 por Marcos Antônio Marcondes, atualizada em 2000, mas não tão extensa.


Ainda assim, o calhamaço lançado nesta semana tem um gosto levemente amargo para o seu criador, Ricardo Cravo Albin, 65.


‘É uma dilaceração. A não ser quando ficou pronto esse livro tão bonito, foi mais sofrimento do que prazer, porque significou decepar informações que foram colecionadas ao longo da vida’, diz o pesquisador.


O lamento se explica na internet. O site Dicionário Cravo Albin (www.dicionariompb.com.br), no ar desde 2001, tem mais de 7.000 verbetes e espaço ilimitado de texto.


Pelos cálculos de Ricardo Cravo Albin, o material virtual equivale a 32 dicionários impressos com o tamanho deste que está sendo lançado -1.176 páginas.


‘O livro é a essência, a súmula. Para ampliar, a pessoa vai no on-line. Eles são complementares’, diz.


Foi em 1999 que o Instituto Cultural Cravo Albin começou a produzir verbetes. Há cinco anos, com ajuda de uma fundação do Estado do Rio de apoio à pesquisa, a página é atualizada diariamente na internet -no momento, por quatro pessoas.


Para a versão impressa, Cravo Albin se aliou ao Instituto Antônio Houaiss, que montou uma equipe de 11 lexicógrafos responsáveis por padronizar os verbetes e reduzi-los.


‘Felizmente, sem a minha participação, porque nessa dor eu não fui tão longe’, conta o pesquisador.


Sem crítica


O que coube a ele, anos atrás, foi a concepção dos verbetes: com a maior quantidade possível de informações -em parte extraídas de seu próprio acervo- e sem juízos de valor.


‘Nem poderia ser outra coisa. Dicionário não pode ser crítico, não há sentido’, afirma. ‘Não é um trabalho de análise, mas um banco de dados’, complementa Heloísa Tapajós, que assumiu neste ano a coordenação dos pesquisadores no lugar de Júlio Diniz.


Mulher do compositor Paulinho Tapajós e irmã dos músicos Dadi e Mú Carvalho, Heloísa teve como uma de suas funções mapear um número grande de instrumentistas, especialmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como muitas vezes eles não têm composições nem trabalhos solo, costumam ficar à margem das obras de referência.


‘Eles são os patinhos feios da música. Nós os priorizamos’, diz Cravo Albin.


Outra particularidade do dicionário é sua iconografia. Em vez de fotos, mais de 500 ilustrações, principalmente caricaturas. Cássio Loredano reuniu trabalhos seus, de Nássara, J. Carlos, Luís Trimano, Jaguar, Lan, Chico Caruso e outros grandes desenhistas.


‘Esse é o toque de sedução do livro e a sua absoluta originalidade mundial’, aposta Cravo Albin.


Não houve tempo para o dicionário conter informações de 2006. O objetivo é atualizá-lo de quatro em quatro anos. ‘Na música popular, as pessoas nascem, crescem e morrem com muita velocidade. O livro não é uma obra jamais fechada, muito menos completa. Vão me perdoar, mas vai haver muitos erros, como tem que haver numa matéria com esse dinamismo’, diz o pesquisador.



Verbete sobre Cravo Albin é maior do que o dedicado a João Gilberto


‘Ricardo Cravo Albin diz ter ficado ‘indignado’ com o tamanho de seu próprio verbete. Ele ocupa quase uma página (123 linhas) do dicionário, mais que os de João Gilberto, Hermeto Pascoal, Cazuza e outros artistas importantes. ‘Isso me aborreceu muito. Eles [pesquisadores] prestaram uma homenagem indevida. Não pode homenagear me desgostando. Vou tirar na próxima edição’, afirma.


Ele diz que o Instituto Cravo Albin dividiu os verbetes em três segmentos ao repassá-los ao Instituto Antônio Houaiss: no A ficariam os nomes que deveriam sofrer o mínimo de cortes; os do B poderiam ser mais cortados, e os do C, ainda mais.


‘Eu me incluí no C, assim como toda a crítica, pois não somos estrelas. Mas me desobedeceram’, diz ele, que ficou no B. O verbete é muito maior do que os de outros pesquisadores de música popular, como João Máximo (15 linhas), José Ramos Tinhorão (14), Jairo Severiano (zero) e Haroldo Costa (zero). Mesmo Mário de Andrade ficou abaixo: 52 linhas.


Os cortes produziram outros pequenos problemas em alguns verbetes. No de Caetano Veloso, há vários discos citados, detalhes sobre seus últimos anos, mas trabalhos importantes como ‘Velô’ (1984) só estão na discografia. No de Zeca Pagodinho, dá-se um salto de ‘Alô, Mundo’ (1993) para ‘Zeca Pagodinho ao Vivo’ (1999), pulando os discos que foram a grande guinada do sambista, como ‘Samba pras Moças’ (1995).


Sobre Chico Buarque, há um pequeno erro: diz-se que ‘Pelas Tabelas’ e ‘Vai Passar’ viraram hinos das Diretas Já, mas as músicas foram feitas após a campanha -sob influência dela, sem dúvida. São problemas inevitáveis numa obra desse porte, mas muito menores que o valor do dicionário.


DICIONÁRIO HOUAISS ILUSTRADO DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA


Editora: Paracatu


Quanto: R$ 160 (1.176 págs.)’



ENTREVISTA
Folha de S. Paulo


Madonna fala sobre polêmica adoção


‘A cantora Madonna, em entrevista a Oprah Winfrey, dá sua versão sobre a polêmica adoção do bebê africano David Banda. A conversa será exibida hoje, às 20h, pelo canal GNT. Madonna conta que ela e o marido, Guy Ritchie, planejavam adotar uma criança havia dois anos. Eles chegaram a David por meio de um organização que mantêm no Malauí. ‘Estou financiando um documentário sobre órfãos no Malauí, por isso, tive permissão para assistir a um vídeo e ver fotos de uma porção de crianças. Uma menina de oito anos, que está contaminada com o vírus HIV, segurava esse menino. Fiquei encantada com ele’, contou Madonna. Grupos de direitos humanos protestaram contra a decisão do governo de permitir que a cantora adotasse David. Eles acusam Madonna de ter ‘comprado’ as autoridades. David, que tem pouco mais de um ano, morava em um orfanato com outras 500 crianças. Madonna diz que não sabia se o menino era saudável quando o escolheu. Ela diz ter levado um pediatra para consultar todos no orfanato e teria recebido os resultados dos exames de David (que não tem Aids) somente quando já estava com ele. ‘Quando o encontrei, ele estava extremamente doente, com uma pneumonia severa que mal o deixava respirar. Agora está melhor, embora ainda fraco’, disse a cantora. THE OPRAH WINFREY SHOW


Quando: hoje, às 20h


Onde: GNT’



MÉRITO CULTURAL
Folha de S. Paulo


Lula transforma Racionais em cavaleiros da cultura


‘O grupo de rap Racionais MC’s será condecorado hoje com o título de cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural. A homenagem, concedida pelo governo federal desde a década de 90, é conferida a personalidades e instituições por contribuições à cultura brasileira.


Além dos rappers -cujo líder, Mano Brown, é historicamente ligado a Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT-, outros 40 nomes serão homenageados hoje, em Brasília. As insígnias serão entregues pelo presidente e pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, no Palácio do Planalto.


Segundo a assessoria do Ministério da Cultura, os Racionais informaram que não comparecerão à solenidade e alegaram ‘compromissos de agenda’. Os músicos enviarão dois representantes a Brasília.


O escritor Lauro César Muniz, que deixou a Globo para escrever a novela ‘Cidadão Brasileiro’ para a Record, também está na lista para receber o título de comendador.


Autor de ‘O Salvador da Pátria’ (1989), cujo herói teve inspiração em Lula, Muniz disse à Folha, em março deste ano, estar decepcionado com o governo, ‘apesar de ter votado no Serra em 2002’, e, em tom de brincadeira, afirmou que sua novela hoje teria de se chamar ‘O Traidor da Pátria’.


Da TV, será homenageada ainda a atriz Laura Cardoso. Do cinema estão Júlio Bressane (‘Matou a Família e Foi ao Cinema’), Paulo César Saraceni (‘O Viajante’), o documentarista Vladimir Carvalho e o diretor argentino Fernando Birri.


Na lista, há nomes in memoriam, todos condecorados com o grau grã-cruz, o maior da ordem. Entre eles, o modernista Mário de Andrade, o artista plástico Mário Pedrosa e o maestro Moacir Santos. Também recebem a grã-cruz o crítico de teatro Sábado Magaldi, o bibliófilo José Mindlin e o Ministério da Cultura da Espanha.’



TV NO CELULAR
Mariana Barros


Telefones móveis incorporam função de televisão de bolso


‘Se, há algumas décadas, os amantes de futebol dependiam dos radinhos de pilha para acompanhar os jogos de seus times, hoje os torcedores podem assistir a tudo pelo celular. A transmissão de canais de televisão pelos telefones portáteis é oferecida pelas operadoras Claro, Tim e Vivo.


O pacote Idéias TV, da Claro, oferece programas de canais como Bloomberg, Cartoon Network, CNN, Discovery, ESPN, The History Channel e Nickelodeon. Os preços do pacote variam conforme sua duracão: R$ 3,30 para programação diária, R$ 10 para a semanal e R$ 30 para a mensal.


Já a Vivo dispõe de conteúdos da Rede Globo, da Fox, da Nickelodeon e da Discovery. Além disso, também oferece transmissão ao vivo do canal Bandeirantes e do português RTP Internacional.


A Tim oferece o TV Acess, que, por R$ 0,92 por minuto, coloca à disposição de seus usuários a programação dos canais Bloomberg, Climatempo e SAT 200, do Vaticano. A oferta mostra que os custos são salgados: um programa de meia hora sai por R$ 27,60.’



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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 8 de novembro de 2006


ELEIÇÃO NOS EUA
O Estado de S. Paulo


‘NYT’ e ‘Post’ apóiam oposição


‘Dois dos mais influentes jornais dos EUA, ‘The New York Times’ e ‘The Washington Post’, publicaram ontem editoriais recomendando o voto em candidatos democratas. O ‘NYT’ indicou aos leitores o voto nos senadores Hillary Clinton, por Nova York, e Roberto Menéndez, por New Jersey. O ‘Post’ publicou uma lista de candidatos – democratas, na maioria – que apóia em Washington D.C., Maryland e Virgínia.’




DE NOVO, NÃO!
O Estado de S. Paulo


Cheney sai para caçar e é motivo de piadas


‘O vice-presidente americano Dick Cheney passou o dia da eleição caçando na Dakota do Sul. Foi a primeira vez que ele saiu para caçar desde fevereiro, quando mirou em uma codorna, mas acabou atingindo um amigo por engano. Ontem, o vice-presidente passou a manhã trabalhando na Casa Branca e em seguida foi para um campo de caça. A volta de Cheney às caçadas foi motivo de piada o dia todo nas TVs dos EUA.’



IMPRENSA NOS EUA
O Estado de S. Paulo


Editor que se recusou a demitir deixa o ‘LA Times’


‘O editor do Los Angeles Times, Dean Baquet, deixou ontem o jornal. Sua saída se dá apenas algumas semanas depois de o publisher do jornal, Jeff Johnson, ter sido forçado a deixar o cargo, após uma disputa com a controladora do periódico, a Tribune Co., sobre corte de custos.


Baquet e Johnson se recusaram publicamente a efetuar os cortes pedidos pela Tribune. Quando Johnson foi substituído, Baquet disse que poderia permanecer em seu cargo e tentar convencer a controladora a aumentar os investimentos no jornal.


O substituto de Johnson, David Hiller, porém, deixou claro a Baquet na semana passada que os cortes estavam começando. Baquet teria dito que não poderia administrar mais demissões no jornal.


Baquet confirmou sua saída em um e-mail para seus colaboradores mais próximos, minutos depois que a notícia saiu no site do Wall Street Journal. ‘Acreditem, eu não gostaria de sair dessa forma’, escreveu.


A Tribune Co. enfrenta uma crise e se colocou à venda, depois de sofrer muita pressão de seus maiores acionistas – incluindo a família Chandler, ex-dona do Los Angeles Times -, insatisfeitos com os preços das ações em queda. Segundo a companhia, três grupos de investidores fizeram ofertas por toda a companhia. Mas notícias publicadas na semana passada informavam que a empresa estudava a venda em partes, porque as propostas recebidas eram muito baixas.’



PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


Prêmio de Mídia do ‘Estadão’ já tem os vencedores


‘Foram revelados ontem os vencedores do Grand Prix da 9ª edição do Prêmio de Mídia do Estadão. Na categoria Cases, conquistaram o prêmio os publicitários Silvio Luiz Calissi, Andréa Santos Ferreira, Monique Aziz Costa e Rafael Segato Martins, da agência DM9DDB, com o trabalho ‘Como pendurar 60 milhões de brasileiros ao vivo’, uma ação de merchandising para a cola Super Bonder dentro do programa Big Brother Brasil 6, da TV Globo.


Já na categoria Monografia ganharam Leonardo Vendrame e Adriano Medeiros, da Publicis Brasil e Ergon Comunicação, com o trabalho ‘Copa do Mundo na TV: um golaço da mídia’. Em junho, já havia sido entregue o prêmio de Mídia, com destaque para a agência AlmapBBDO, que levou o troféu Eficiência como a agência com melhor participação no prêmio. Hilda Cajade, diretora de pesquisa de mídia da Lowe, foi a mídia do ano.


O troféu Mérito Estadão ficou com Karla Regina Patriota, professora orientadora da Universidade Salgado de Oliveira, em Pernambuco. Os vencedores deste ano já ganharam uma viagem para Boston, nos Estados Unidos, para visitar o Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT).’




APOIO
O Estado de S. Paulo


Teleton 2006 reúne 6 mil voluntários


‘Cerca de 6 mil voluntários de 120 empresas participarão do Teleton 2006, evento realizado entre os dias 10 e 12 pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) em parceira com o SBT. Dentre os apoiadores do Teleton estão 21 restaurantes, Amir Slama (que criou uma coleção especial para o evento), Rei do Mate, Farmais e o call center da SPCOM. O objetivo é de superar os R$ 16,2 milhões arrecadados no ano passado.’



ANTUNES EM PRETO E BRANCO
Beth Néspoli


Antunes de volta à TV


‘Certamente vão se surpreender os telespectadores que se dispuserem a ver amanhã, na TV Cultura, o primeiro teleteatro do programa Antunes em Preto e Branco – uma série de 16, criados na década de 70, que levam a assinatura do diretor do Centro de Pesquisa Teatral do Sesc/SP (CPT). Recuperados do arquivo da TV Cultura, serão exibidos todas às quintas-feiras, às 22h40, até fevereiro. Impressiona a qualidade de A Casa Fechada, a atração de amanhã, uma peça de Roberto Gomes adaptada e dirigida por Antunes para a TV em 1975. Talvez só nas minisséries de Luiz Fernando Carvalho (Hoje É Dia de Maria) a televisão alcance atualmente tal nível de experimentação e sofisticação de linguagem.


O simbolismo marca a obra de Roberto Gomes, dramaturgo que teve projeção no início do século passado e se suicidou em 1922. ‘Era um autor estupendo. Essa peça eu fiz porque vi uma montagem feita pela Bibi Ferreira no Teatro Santana’, lembra Antunes em conversa com o Estado no CPT, sobre o programa. A estética simbolista – vozes veladas, vultos sob neblina, atmosfera predominando sobre ação – é retomada por Antunes nesse programa, todo filmado em externas, em Paranapiacaba, sob forte nevoeiro. O clima de mistério predomina nas primeiras cenas em que os habitantes de uma pequena cidade buscam locais estratégicos para observar uma casarão fechado, onde algo grave teria acontecido. Aos poucos, sabemos que supostamente houve um flagrante de traição e a vizinhança especula sobre a punição da adúltera.


Externas? Atualmente, quando se fala em teleteatro, muitos pensam em câmeras captando imagens num palco. Pois nesses programas da TV Cultura as peças eram recriadas em estúdio ou em locações. Em A Casa Fechada, enquanto os planos abertos ampliam o mistério e servem para adensar a atmosfera, os planos fechados, grandes closes no rosto dos atores, exploram interpretações interiorizadas e, para além das palavras, o prazer mórbido com a gente mesquinha da cidade aguarda a punição da adúltera, espécie de compensação para sua a falta de ousadia e paixão em suas próprias vidas. Chama atenção, no elenco, a mistura de gerações: veteranos como Dina Lisboa e Jofre Soares contracenam com atores atuantes na época como Jairo Arco e Flexa e Elisio de Albuquerque e ainda com jovens como Denise Stoklos e Elizabeth Savalla, em pequena participação, aos 18 anos.


‘Esses teleteatros provocavam uma confraternização entre artistas de formações e companhias diferentes. E também um treinamento muito importante, porque fazíamos Ibsen, Pirandello e Dostoiévski, mas também peça de novos dramaturgos brasileiros, Consuelo de Castro, Domingos de Oliveira. Tem outros aí que fiz e nem lembro mais quem são’, diz Antunes.’



‘Linguagem da tevê está apodrecida’, diz Antunes


‘Antunes Filho reconhece que nem todos os teleteatros que vão ser exibidos às quintas-feiras na TV Cultura – criados na década de 70 – têm a mesma qualidade de A Casa Fechada, o primeiro da série que vai ao ar amanhã. ‘Alguns eu fiz para tapar buraco.’ Mas destaca, por exemplo, Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. ‘Esse programa é até tema de estudo numa universidade norte-americana, esqueci o nome, sobre a qualidade que pode existir na TV’, diz. Além da iluminação, em constante jogo de luz e sombra, chama atenção nesse programa a forma como Antunes mescla a linguagem expressionista – nas cenas que brotam da imaginação de Alaíde, como no velório de Madame Clessi – com a linguagem realista, algo que é ressaltado pela atriz Denise Weinberg no debate gravado para ser exibido depois da exibição.


‘Acho que a Cultura deveria exibir não só os meus, mas todos os teleteatros feitos nessa época, os dirigidos por outros diretores: Abujamra, Cassiano Gabus Mendes, Adhemar Guerra. Esses programas podem, devagar, interferir na estética da TV que está apodrecida. Não consigo ver novela porque aquele jeito padrão de interpretar não dá mais, está congelado. A exibição desses filmes vai fazer bem até para aquela televisão que eu combato, que é a Globo. A Rede Globo deveria investir num teleteatro assim.’ Semelhantes são as argumentações do diretor Marco Antonio Braz e da atriz Denise Weinberg no debate após Vestido de Noiva. ‘Incrível que essa linguagem pudesse ir ao ar na década de 70. E o telespectador acompanhava’, argumenta Denise. ‘A televisão empobreceu’, constata Braz.


Coordenadora do Núcleo de Dramaturgia da TV Cultura, Analy Alvarez, a responsável pela iniciativa de exibição do programa Antunes em Preto e Branco, convidou diretores, críticos e acadêmicos para debater ao final de cada programa. Como ocorre com os próprios teleteatros, os debates acompanhados pelo Estado também têm altos e baixos, mas podem servir para ampliar informações para um público menos acostumado a freqüentar salas teatrais.


Qual foi o critério para a escolha desses 16 programas? ‘Foram os que conseguimos recuperar dos 31 que temos registro’, explica Analy. ‘Estamos digitalizando todo o acervo da TV Cultura.’ Ela explica que algumas das fitas exigiam um trabalho de recuperação bem mais complicado, pois apresentavam saltos ou até dobras. ‘Muitas foram apagadas mesmo. Mas é claro que queremos sim recuperar o trabalho de outros diretores como Adhemar Guerra, Walter George Durst. Do Abujamra, por enquanto, há quatro recuperáveis. Vamos fazer isso aos poucos.’


Em conversa no CPT, Antunes Filho resiste em relembrar a série, de início não quer nem mesmo ver as fotos, mas acaba cedendo (leia abaixo). ‘Estou mais interessado em pensar para a frente, em retomar hoje esse formato de teleteatro. Fui sondado pela TV Cultura e também pela Rede S de TV – Sesc e Senac’, diz o diretor. Analy Alvarez confirma ter pensado nessa retomada. ‘Chegamos a conversar com o Antunes, não necessariamente para dirigir, mas para ser uma espécie de curador, mas isso acabou não acontecendo’, afirma ela. ‘Não há, no momento, um projeto assim.’


Antunes, no entanto, está otimista. ‘Quero ser o curador, quero reunir toda a classe artística em torno dessas filmagens, discutir estética, será muito bom para o treinamento de todos e para o entrosamento de artistas de gerações e formações diferentes’, diz. Mas há alguma coisa fechada nesse sentido? ‘Ainda não, são planos, talvez para o ano que vem, mas pode ser uma parceria entre a TV Cultura e a Rede S de TV.’’



16 x Antunes Filho na Televisão


‘A Casa Fechada


De Roberto Gomes (1882-1922). Um adultério mobiliza a mentalidade tacanha de uma pequena cidade. Todo filmado em externas, em Paranapiacaba, numa estética simbolista. ‘Escolhi por causa da neblina’, diz Antunes. A marca do diretor aparece nas interpretações, interiorizadas, focadas em closes, em contraponto com tomadas abertas, sob nevoeiro. Com Dina Lisboa, Jofre Soares, Jairo Arco e Flexa, Denise Stoklos e Elizabeth Savalla.


A Implosão


De Consuelo de Castro. Paralelo entre implosão de um prédio e a de um casamento. ‘Ficou bom, não deixe de ver’, diz Antunes. Com Tony Ramos, Maria Eugênia Domenico e Célia Olga, ‘que tinha um vozeirão grave’.


Alô, Alguém Aí?


Do norte-americano William Saroyan (1908-1981) cuja ação de passa no Texas. ‘Não consigo lembrar desse aí’, admite Antunes Filho. No elenco, Antonio Fagundes e Beth Goulart aos 15 anos de idade.


Réveillon


Do mineiro Flávio Márcio (1945-1979), texto que lhe valeu o APCA 1976. Flagrante de uma família de classe média na passagem do ano. Com Nathália Timberg, Edney Giovenazzi e Ênio Gonçalves.


O Torniquete


Do italiano Luigi Pirandello (1867-1936). O tema é o triângulo amoroso. Em sua grande parte filmado, não em estúdio, mas nas dependências da TV Cultura, da lanchonete aos corredores. Impressionante o uso da luz, em feixes, filtrados por vitrôs e janelas. ‘Eu sempre buscava isso, ficou bonito ali’, relembra Antunes. No elenco, Lilian Lemmertz, Raul Cortez e Silvio Zilber.


Retrato de uma Solteirona


Do norte-americano Tennessee Williams (1911-1983). A solteirona do título é interpretada por Berta Zemel. ‘Esse aí vale ver pela interpretação dela’, diz Antunes. Berta tem um monólogo de cerca de quatro minutos, sem cortes. Quem viu não poupa elogios.


Solness, O Construtor


Um texto considerado difícil do norueguês Henrik Ibsen (1818-1906). ‘Gosto muito dessa peça. O Cláudio Correa e Castro é um grande ator. E atua também David Neto, marido da Laura Cardoso! Tinha um bom elenco aí.’


Crime e Castigo


Do russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881). A adaptação do romance é de Walter George Durst. ‘Filmamos em estúdio, em dois dias, e todo o elenco, todos nós ficamos intoxicados. Eu queria fumaça o tempo todo, queimávamos óleo, foi muito difícil, uma loucura’, lembra Antunes. Raskolnikov, o jovem estudante de direito que mata a velha agiota, é interpretado por Rodrigo Santiago. No elenco, Cláudio Corrêa e Castro e Madalena Nicol.


Vestido de Noiva


De Nelson Rodrigues (1912-1980). ‘Um exemplo de que pode haver experimentação na TV’, diz Antunes. Nessa belíssima recriação, na qual ele acentua os traços expressionistas da peça. Nathália Timberg como Madame Clessi e Lilian Lemmertz com Alaíde têm atuações impecáveis. ‘Filmei em quatro dias e por causa desse programa criou-se um mote: não me venha com idéia! Porque a cada vez que eu tinha uma nova idéia, dava um traballhão para a produção.’


A Escada


De Jorge Andrade (1922-1984). Retrato de uma família de quatrocentões paulistas decadentes. Antunes reconhece na foto o famoso ator Rodolfo Mayer, Carmem Silva e Benedito Corsi. ‘Isso era bacana, atores de três gerações juntos.’ Há mesmo muitas gerações nesse elenco: Antonio Fagundes, João Signorelli, Denise Stoklos e Ester Góes.


Somos Todos do Jardim da Infância


De Domingos de Oliveira, de 1963, sobre um grupo de jovens que se prepara para o vestibular.Um nome no elenco chama atenção de Antunes, Túlio de Lemos. ‘Ele era culto, um teórico, um homem muito respeitado na TV Tupi.’ No elenco ainda Raul Cortez, Antonio Fagundes, Olney Cazarré e Bárbara Bruno.


No Vale do Diabo


Do irlandês John Millington Synge (1871-1909), sobre um marido que finge estar morto para flagrar a mulher em adultério. Como A Casa Fechada, fala da vida provinciana. Antunes ressalta a presença do ator cômico Walter Stuart. ‘Ele tinha atuação estilizada, mas que funcionava muito bem em certas situações.’ Com Lilian Lemmertz e Nuno Leal Maia.


Lua Amarela


Drama psicológico escrito por Lygia Fagundes Telles especialmente para o programa. No elenco, Antunes ressalta a presença de Elísio de Albuquerque, que também está em A Casa Fechada. ‘Um excelente ator.’


Um Caso Extraordinário


Do húngaro Eugênio Heltai (1871-1957), tem como protagonistas dois misteriosos cirurgiões, vividos por Chico Martins e Carlos Koppa. No elenco, ainda, o empresário e ator Sandro Polloni, marido de Maria Della Costa.


Cordiais Saudações, Mr. Kissinger


De Lenita Plonckzynski, que mostra os efeitos da TV sobre a mente de um homem simples, vivido por Jofre Soares.


Tudo ou Nada


De Benedito Corsi, sobre um triângulo amoroso. Chama atenção, de novo, o jogo de luz e sombra criado por Antunes Filho.’


 


Programe-se


‘NOVEMBRO Amanhã: A Casa Fechada


Dia 16: A Implosão


Dia 23: Alô, Alguém Aí?


Dia 30: Réveillon


DEZEMBRO


Dia 7: O Torniquete


Dia 14: Retrato de uma Solteirona


Dia 21: Solness, o Construtor


Dia 28: Crime e Castigo


JANEIRO


Dia 4: Vestido de Noiva


Dia 11: A Escada


Dia 18: Somos Todos do Jardim da Infância


Dia 25: No Vale do Diabo


FEVEREIRO


Dia 1.º: Lua Amarela


Dia 8: Um Caso Extraordinário


Dia 15: Cordiais Saudações, Mr. Kissinger


Dia 22: Tudo ou Nada


Antunes em Preto e Branco, TV Cultura, quintas, às 22h40′




TV
Cristina Padiglione


Charme sai de linha


‘O Charme de Adriane Galisteu subiu mesmo no telhado, como vinha sendo antecipado pela imprensa. O programa que a loira comanda diariamente no SBT está longe de ser o produto de seus sonhos, mas opera no azul e é um dos raros títulos da casa que ainda faz frente ao avanço da Record. Talvez isso explique a decisão de Silvio Santos: sucesso além da média não é bem visto pelo patrão – ou não quando o palco não lhe pertence.


Oficialmente, o SBT informa que Galisteu voltará ao expediente em março, mas o programa deverá ser outro e a periodicidade, idem – talvez semanal.


Na vaga do Charme, entrará em cena a Vida de Novela. É uma série tipo Caso Verdade, baseada em relatos de vida real. A emissora vem coletando histórias por meio de seu site. As selecionadas serão adaptadas por Consuelo de Castro e dramatizados por atores da casa. A direção do novo programa está a cargo da filha do patrão, Daniela Abravanel.


É verdade que Silvio Santos encomendou lá uma seleção de 27 edições do Charme, para sacar sua reprise do baú, caso algum contratempo atropele as previsões de Vida de Novela. A ver.’



SOBRE PROCURADORES
Keila Jimenez


O2 Filmes planeja nova série na Globo


‘Nem estreou Antônia, novo fruto da parceria com a Globo e a 02 Filmes, Fernando Meirelles já aquece um novo projeto para TV. Trata-se de uma série sobre o trabalho da Procuradoria Geral da República, de autoria de Roberto Moreira.


‘Na história, os procuradores aparecem como heróis, em investigações de casos polêmicos’, conta Meirelles. ‘O projeto está entre os nossos planos de produção com a Globo. Antes de resolvermos fazer o Antônia, ele era um dos primeiros de nossa lista.’


Antônia é a série que estréia no dia 17, na Globo. Acabou passando na frente da história dos procuradores por ser fruto de um filme homônimo – pronto para ser lançado – de Tata Amaral. ‘Antônia estava mais concreto, tinha imagens, elenco, ficou mais fácil de a Globo comprar a idéia do que só vendo tudo no papel’, fala Meirelles.


Com contrato de parceria de cinco anos com a Globo, que vence no fim de 2007, a 02 vislumbra a possibilidade de renovação do acordo. ‘Tem dado certo até agora. Se Antônia emplacar, pode ganhar novas temporadas como Cidade dos Homens. Projeto é o que não falta para a parceria continuar.’’