Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Walmor Pamplona

‘Mais uma perseguição a artistas famosos acabou muito perto de uma tragédia, ontem à tarde, na praia de Copacabana. De volta de uma clínica pré-natal, com a mulher, Giovanna Antonelli, o ator Murilo Benício tentou escapar, em seu Audi, de um fotógrafo que os perseguia numa motocicleta e, fechado por outro carro, acabou batendo em vários automóveis na avenida Atlântica. A batida foi do lado de Giovanna, que está grávida, mas felizmente os exames posteriores no Hospital Copa D’Or mostraram que tudo está bem com o bebê, com ela e com o marido. O que poderia ter sido uma tragédia ficou apenas num grande susto provocado por uma rara espécie em expansão na imprensa brasileira – a dos paparazzi.

Os paparazzi nasceram de uma bela imagem. Federico Fellini comparou a ação dos fotógrafos de celebridades com o alvoroço natural de pardais famintos e deu o nome de ‘Paparazzo’ (pardal em italiano) ao personagem de Walter Santesso, o fotógrafo amigo de Marcello ‘Rubini’ Mastroianni na obra-prima ‘A doce vida’ (La dolce vita, 1960). Hoje os paparazzi já não têm o glamour de então. Há uma enorme controvérsia entre celebridades, jornalistas e as próprias aves fotográficas quanto à natureza e ao caráter da atividade. Só parece haver um consenso: os paparazzi povoam o único mercado que cresce na imprensa, o das revistas de celebridades.

Eles são um elo fundamental da cadeia alimentar que devora estrelas. Também no cinema a imagem da espécie mudou muito. Em ‘Paparazzi’, lançado por Mel Gibson em setembro nos EUA, o narrador descreve a câmera fotográfica como uma arma que ‘nunca perde o alvo’. Trata-se de uma história de vingança em que a celebridade encara os paparazzi como urubus em torno da carniça. Outra vítima freqüente dos caçadores de celebridades, Luana Piovani conta, em entrevista a NoMínimo, que, ao ver a foto em que apareceu sem calcinha na capa do jornal ‘O Dia’, sentiu-se muito agredida, mas rapidamente se lembrou da vez em que saiu de casa só para ver com uma amiga uma revista em que Gwyneth Paltrow e Brad Pitt foram flagrados nus na piscina de uma cobertura. ‘Senti uma dor física quando vi a minha foto, uma dor misturada com frustração. Se eu quisesse mostrar, já teria feito a ‘Playboy’, estaria rica’, diz, indignada.

E continua o desabafo sem pausa para tomar fôlego: ‘Estou, há tanto tempo, nadando contra a correnteza, pegando o caminho mais difícil… Eu poderia estar fazendo uma novela das oito atrás da outra, poderia estar fazendo propaganda de cerveja de biquíni, poderia ter feito quatro ‘Playboys’. Eu poderia fazer de mim uma máquina de fazer dinheiro. Mas, não, eu quero ser independente, porque eu quero produzir espetáculo infantil. Eu acho que a gente tem de levar criança carente ao teatro, tirar a criança da rua, acho que o teatro infantil tem de ser mais bem feito porque a criança de hoje é o formador de opinião e o consumidor de amanhã. É um trabalho árduo que eu venho fazendo. É a minha consciência. Eu não seria feliz fazendo a propaganda de cerveja, a ‘Playboy’ e a novela das oito, mas ninguém está aí para nada. As pessoas só pensam nisso, que eu fui sem calcinha a uma festa.’

Fotógrafo por acaso

Luana não esconde a própria contradição: ‘E o pior, por incrível que pareça, é que eu consumo isso. Depois do episódio da minha calcinha, quase morri de depressão. Ainda bem que eu sou rápida nos meus processos. Eu me lembrei do dia em que a minha amiga me ligou dizendo ‘você não sabe o que eu tenho aqui – uma revista com o Brad Pitt pelado.’ Eu falei: ‘mentira’ – e fui para a casa dela ver. Era a coisa mais absurda do mundo – ele e a Gwyneth, que são dois ícones hollywoodianos, brincando nus. Sorte é que ela só pagou peitinho. Então, era ele brincando de currar ela, era ele brincando de botar o pau para trás, fazendo menina, sabe? Um cara ficou 40 minutos clicando os dois brincando de serem um do outro. E eu fui consumir isso… E quando isso aconteceu comigo, eu me lembrei desse momento. Eu pensei: ‘meu Deus do céu, onde vai ter um ponto final?’ Depois que inventaram isso, bem depois do Fellini, depois que isso virou alvo de consumo mesmo e que neguinho descobriu que isso é uma máquina de fazer dinheiro, isso só aumenta. A fábrica de celebridades está cada dia maior. É uma foda. É o cachorro correndo atrás do rabo.’

O autor da foto é o carioca Cleomir Tavares, 40 anos, 20 de profissão. Ele descobriu que tinha conseguido o flagrante somente em casa, editando o material de um dia de trabalho. Tentou negociar a foto por R$ 3 mil, mas acabou fechando por R$ 250. A foto em alta resolução vazou e foi parar em blogs estrangeiros, por vezes sem a tarja preta usada na primeira página de ‘O Dia’. O paparazzo chegou a ficar preocupado com a repercussão da foto, mas se acalmou quando soube, através do blog da atriz, que Luana tinha prometido botar seu nome na boca do sapo. ‘Relaxei naquele momento. Eu tinha feito 450 fotos no dia da cruzada de perna da Luana. Eu nem me abaixei para fazê-la. Foi bom para ela. Os artistas levam vantagem com este tipo de foto. Nunca tive problemas com eles. Sou fotógrafo oficial do time dos artistas.’

Cleomir estudava contabilidade, mas sempre teve a fotografia como hobby. Em 1985, como conhecia o gerente do Copacabana Palace, conseguiu fotografar atrações internacionais hospedadas lá por causa do Rock in Rio. ‘Ele deu um jeitinho de eu entrar como hóspede para fazer fotos e depois o Copa comprou’, conta. Mas foi vendendo sistemas de contabilidade para boates badaladas que Cleomir encontrou, por acaso, uma maneira de transformar o hobby em ganha-pão. Os donos de boates lhe contavam quando artistas famosos freqüentavam suas casas e, um dia, um deles lhe perguntou se ele não queria fazer fotos de divulgação. Ele topou e, anos depois, chegou a fazer a assessoria do Café do Gol, boate do jogador Romário. Enfim, a clientela começou a crescer.

A foto mais difícil da carreira de Cleomir foi a de Sacha, filha da apresentadora Xuxa, no aniversário de três anos da menina. ‘Estudei todas as possibilidades de entrada no shopping’, revela. Chegou às 10h, embora a festa estivesse marcada para as 15h. Só foi apanhado por dois seguranças após ter passado por todas as câmeras do circuito interno de TV. Os outros fotógrafos fizeram escolhas coletivas, juntando-se às vezes quatro numa só entrada. ‘Apostei sozinho numa entrada e fui o único a fazer a foto’, orgulha-se.

Outra foto que está entre suas boas lembranças é a de Ronaldo jogando descalço uma pelada no Maracanã. Ele emplacou vários jornais no mesmo dia e conseguiu seu maior faturamento por uma foto: R$ 5 mil. ‘Soube do jogo através de amigos’, conta. Cleomir tem, como ídolo de profissão, o ex-editor de fotografia do jornal ‘O Globo’ Aníbal Philot, já falecido, e proclama um carinho especial por Xuxa. ‘Ela me dá muita sorte. Ganho dinheiro com fotografia, mas faço por amor, gosto de fotografar’, garante. Sacha aparece de novo na memória do paparazzo por causa de uma foto que ele não fez. ‘Eu estava sozinho no teatro quando a vi na platéia. Quando fui fotografá-la, a menina escondeu o rosto com a mão e eu abaixei a câmera na hora. Bateu um sentimento paterno que estava acima de qualquer dinheiro’, diz o pai de uma menina de idade bem próxima à da filha de Xuxa. E foi Cleomir que fez a polêmica foto de Luana beijando o ator Paulinho Vilhena na praia. ‘Tem quem goste de fotografar guerra, o que eu acho fascinante, mas tem que ter fotógrafo de artista’, filosofa.

Luana vai embora

O editor de fotografia do jornal ‘O Dia’, Leo Correia, define a linguagem paparazzi como aquela que mostra pessoas públicas da alta sociedade e da classe artística em situações inusitadas. ‘Mas não tem relação nenhuma com jornalismo’, admite. Para ele, a foto jornalística é a que ‘documenta fatos e tem uma função objetiva. Uma grande foto é aquela que responde a três perguntas: onde, quando e porquê.’ O interesse de Leo nos paparazzi é apenas profissional. ‘A mídia tem demanda por esse material’, reconhece o editor. ‘A foto jornalística, por sua vez, sempre vai ter a tutela editorial e, quando entra na página, assume uma organicidade própria.’ Questionado se a geração de paparazzi representa a mediocrização do meio profissional, ele afirma que há de tudo: desde pessoas menos preparadas intelectualmente até quem estudou ‘e tem a necessidade de trabalhar’. Leo não considera que o advento da câmera digital tenha representado uma queda na qualidade do material fotográfico. ‘Hoje em dia há bons equipamentos digitais’.

Do outro lado da câmara, Luana Piovani aproveita para anunciar: ‘Esse tipo de coisa gera em você um sentimento ruim de rejeição, de frustração em relação a tudo. Dá vontade de desistir, fechar a lojinha e ir embora. Na verdade é o que eu estou fazendo. Para minha sorte, as coisas sempre acontecem quando eu estou próxima de finalizar um ciclo. Acabou o ‘Casseta’ e eu estou me mandando. Vou para Nova York, para Buenos Aires e não volto tão cedo. Vou estudar e viver. Vou para a Europa. Como diz o meu terapeuta, vou me encher de conteúdo que a máscara um dia cai. Quando sou convidada para fazer uma capa de revista, eu pergunto: ‘mas o que eu vou divulgar?’ Não faz o menor sentido divulgar a minha vida. Só se eu tiver um trabalho para divulgar. Então, cobro uma grana para doar a instituições de caridade, mas, agora, eu não quero nem com esse intuito. Eu sei que vai se falar nisso e, como eu não tenho nenhum trabalho para divulgar… Quando eu tiver, vou precisar dos tais paparazzi e da mídia, ou seja, quando eu tiver prestes a estrear, mas isso vai levar um tempo.’

O jornalista italiano Rocco Cotroneo, correspondente do jornal ‘Corriere della Sera’ na América Latina, acha que o culto aos famosos no Brasil é tamanho que nenhuma forma de imprensa ousa incomodá-los, sob pena de se tornar extremamente impopular. Por isso é que não existe, em sua opinião, uma imprensa realmente agressiva nos assuntos light. ‘É impossível imaginar a protagonista da novela das oito incomodada por uma série de reportagens sobre sua vida privada que não sejam as fotos consentidas nas revistas masculinas e de celebridades. A mídia faria qualquer coisa para não quebrar o brinquedo durante a brincadeira. Paradoxalmente, a imprensa é mais agressiva com os políticos do que com famosos. Às vezes, claro.’ Rocco cita como exemplo de revistas paparazzi as italianas ‘Novella 2000’ e ‘Eva 3000’, feitas por fotógrafos que quase se matam em busca de uma foto inédita de uma famosa de topless numa praia do mediterrâneo.

Luana Piovani não crê que o alvoroço dos flashes acabe da noite para o dia, mas acha que deve haver um movimento de artistas e jornalistas ‘que conseguem ganhar a vida fazendo coisas bacanas em sua profissão’ para diminuir o apetite das aves vorazes. ‘Eu acho jornalismo uma boa profissão, mas, para fazer jornalismo hoje em dia, você não precisa de um fato, precisa inventar qualquer coisa. As pessoas tiram histórias de sua imaginação. Outro dia, me ligaram perguntando se eu tinha dado um tapa na secretária de Cultura de São Paulo (Claudia Costin)! Tinha até lugar: a Sala São Paulo. E eu estava no Rio! Liguei para ela, pois a conheço e eu estou fazendo todo um movimento com a secretaria por causa do Teatro Sérgio Cardoso. Consegui, através do Alkmin, que sejam feitas reformas importantes no teatro.’

Capital dos paparazzi

Alexandre Sant’Anna, editor de fotografia da revista ‘Isto É Gente’ no Rio, analisa a situação historicamente. Até a década de 80, os fotógrafos eram mais intuitivos e vistos até como broncos, desqualificados. ‘Em seguida, a classe média se interessou por fotografia e o nível profissional subiu. Virou coisa que dava status. Na década de 90, chegou a ser um boom.’ Para Alexandre, a máquina digital banalizou a fotografia ao mesmo tempo em que houve o crescimento das revistas e sites de fofocas num mercado recessivo em que cada vez se paga menos pelo trabalho fotográfico. ‘O problema é que todo mundo gosta’, reafirma, lamentando a ‘a mediocrização do conteúdo’. Segundo o editor, o maior fornecedor de paparazzi no mercado brasileiro é o Rio por causa da TV Globo, que criou um pólo de celebridades na cidade.

A fotografia representou a ascensão social do ex-contínuo carioca Francisco Silva, 35 anos, que tem o segundo grau e hoje chega a ganhar R$ 100 por foto. Ele personifica exemplarmente estes novos fotógrafos. Há quatro anos é paparazzo e hoje tem vários clientes fixos. Tudo começou pelo ‘Jornal do Brasil’, onde entrou como office-boy da editoria de fotografia. Teve a chance de trabalhar no laboratório e foi um dos primeiros a manusear equipamento digital, segundo conta. ‘Cheguei a montar uma agência de fotografia, mas não consegui concorrer com as grandes.’ Francisco conheceu uma pessoa que passou a lhe dar dicas de onde ocorriam gravações de TV pela cidade, alvos perfeitos para seu trabalho. ‘As amizades ajudam, ser sociável é fundamental’, ensina aos interessados na profissão.

A foto que deu mais trabalho a Francisco Silva foi da modelo Gisele Bundchen na filmagem de um comercial no Sambódromo do Rio. ‘Entrei escondido no set, com a adrenalina lá em cima.’ Teve de se misturar à multidão quando a polícia começou a desconfiar dele. ‘É um prazer pessoal ir além do limite’, diz. Francisco trabalha para muitos veículos sem fechar exclusividade para suas fotos. ‘A grana nunca é boa quando pedem exclusividade.’. Antigamente o paparazzo brasileiro saía para trabalhar sem saber o que iria acontecer depois. Hoje, tem clientes que lhe dão uma renda mensal em contrapartida de determinado volume de trabalho.

Ricardo Correia, editor de fotografia das revistas femininas do grupo Abril – entre elas ‘Contigo’, que usa material dos paparazzi -, é formado em jornalismo e em artes gráficas, mas não acha que isso seja fundamental. ‘Evandro Teixeira, por exemplo, é um dos mais geniais fotógrafos brasileiros e é um intuitivo’, lembra. Ele também não concorda com a afirmação de que a qualidade dos profissionais vem caindo. ‘No curso Abril de jornalismo, 90% têm formação universitária, inclusive no exterior.’ Quanto à relatividade da qualidade técnica, Ricardo cita o exemplo das grandes agências nas últimas Olimpíadas. É a quarta vez que ele cobre jogos olímpicos. ‘Como o momento é tudo, os fotógrafos passaram a trabalhar com enquadramentos mais abertos. É o flagrante, o momento a todo custo e sem riscos.’ Depois de uma carreira centrada nos esportes, Ricardo chegou ao atual cargo e descobriu que as revistas de celebridades usavam muitas fotos armadas ou tiradas por fotógrafos que ficam na cola das celebridades, mas não são paparazzi e sim profissionais que cobrem a vida noturna. ‘São fotojornalistas normais.’. Para ele, a linguagem paparazzi é a de flagrantes não consentidos.

‘Quantas vezes eu não fiquei de plantão, pela ‘Veja’, atrás de políticos? Se eu me escondo e faço o juiz Lalau comprando uma Ferrari, eu sou bacana; mas se eu flagro o Rodrigo Santoro fazendo o mesmo, eu viro paparazzo.’ Para ele, trata-se tecnicamente do mesmo procedimento profissional. ‘O tema da foto é que desperta o preconceito contra o paparazzo’. Um dos limites jornalísticos que ele impõe ao seu pessoal é ‘ocultar-se, sim, mas jamais se disfarçar’ para fazer um flagrante. Ricardo conta que o próprio Silvio Santos mandou, pelo seu cabeleireiro Jassa, os parabéns ao fotógrafo João Santos, que o flagrou na praia em Aruba. ‘Ele quis parabenizar o trabalho bem feito, já que o Silvio não faz idéia de onde o fotógrafo estava quando o clicou. A vida dos famosos infelizmente interessa ao público’. E afirma: ‘Não existem paparazzi de verdade no Brasil. Aquele que diz ‘eu sou paparazzo, tira uma foto minha’ não é paparazzo, é um mentiroso. Existe uma grande diferença entre o fotógrafo que vai atrás do impossível e o que cobre a noite.’

Sonho: trabalhar em jornal

De de dia ou de noite, os atores mais conhecidos perderam a paz. O ator Marcelo Faria (o bombeiro Wladimir na novela ‘Celebridade’) levou um soco quando tirava satisfação de um fotógrafo que o perseguiu num restaurante. ‘Eu estava conversando com minha ex-mulher quando o sujeito chegou fotografando. Ele tem o direito de me fotografar num evento, mas, quando estou na minha intimidade, isso se torna agressivo. As pessoas estão perdendo o discernimento e o foco. Estava na pré-estréia de um filme em que trabalho (‘O diabo a quatro’, de Alice Andrade) e disponível para fotos, mas eles queriam um beijo. Em nome disso me perseguiram até numa loja de lanches no baixo Leblon para fazer a tal foto do beijo. Foi o flanelinha que me alertou. Esse tipo de foto não autorizada, fora do evento, acaba tirando o nosso direito de ir e vir. Se a foto é feita num evento, não há porque dizer não. O que cria confusão é isso e só.’

Luana Piovani lembra de mais dois episódios em que se envolveu: a entrevista sobre maconha e o final do namoro com Rodrigo Santoro. ‘Eu já dei entrevista para um bilhão de jornais. Só que eu nunca disse para um grande jornal que eu fumo maconha, eu fui dizer a um jornal com dois mil exemplares de tiragem, um jornal de jovens, muito legal, que tinha todo um protótipo de ‘Pasquim’. Eles me mandaram as entrevistas anteriores, só gente bacana, polêmica também, eu ousei dizer que eu fumo maconha de vez em quando. A minha vida acabou. Eu fui praticamente presa. Eu pergunto: ‘será que não tem mais nada acontecendo no Brasil, será que não tem coisas mais importantes para as pessoas pensarem? Assassinatos e roubos acontecendo e as pessoas só pensam na porra de que uma pobre de uma atriz foi sem calcinha a uma bosta de um evento?’

A atriz não esquece também das notícias que apressaram a sua separação de antigo namorado Rodrigo Santoro: ‘Eu tive que chegar para uma pessoa que era muito especial e falar ‘olha só, bomba na sua cabeça’. Eu acabei com a vida de um ser humano por seis meses. Ele foi o corno brasileiro durante seis meses e é um cara maravilhoso, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. A coisa teria um tempo legal, a gente iria provavelmente ter uma relação bacana um com o outro. Porque ele iria ter o tempo de cicatrização dele. Eu ia dizer que eu estava com uma outra pessoa, mas aí Inês já era morta. O que aconteceu é que se adiantou um processo que poderia levar 20 dias, um mês, para que a coisa fosse em doses homeopáticas. Aconteceu numa tarde – e em dose cavalar! O que acontece, então? Eu entro num processo de preguiça do Brasil. Eu sei que esse tipo de coisa acontece no mundo todo, mas é aqui que eu moro. Me dá uma preguiça ter sido escolhida essa pessoa que o tempo todo está sendo perseguida. O que fazer? Nada, né? Me pico. Vou me embora pra Pasárgada completamente. Porque lá eu sou amiga do rei.’

O desencanta Luana preocupa profissionais como Paulo Vitale, editor de fotografia de ‘Veja’. Formado em História e com experiência profissional em várias coberturas internacionais, Vitale vê dois grandes grupos de profissionais de fotografia: os de publicidade, com boa formação e refinamento, e os fotojornalistas, que têm vocação para notícia e ‘gostam do contato com o social’, normalmente com formação em humanas. Para ele, na Internet, o filtro profissional é zero e isso criou o fotógrafo de máquina digital que trabalha para sites de fofocas. ‘Houve uma banalização do meio técnico. Qualquer um tem condições de filmar e fotografar. Há um certo saudosismo do glamour do fotógrafo’.

Segundo Vitale, popularizar é bom, mas são necessários limites éticos para qualquer atividade profissional. ‘O saco cheio com os paparazzi é um fenômeno mundial, mas há uma relação de amor e ódio com eles. Quando a pessoa quer se lançar, o assessor cava as fotos. Quando o sujeito está no mainstream, evita os fotógrafos. A discussão não deve ser maniqueísta. O limite tem de ser o respeito.’ Para ele, paparazzo ou não, ‘fotojornalista publica suas fotos, comunica com a fotografia.’ O resto é amador.

Bem diferente da vida profissional de Vitale é a rotina de Edson Teófilo, 42 anos, ex-pedreiro e ex-pintor de parede: quase todos os dias, ele pega um ônibus em Nova Iguaçu, onde mora, e chega por volta de 9h ao baixo bebê, na praia do Leblon. É onde o paparazoipaparazzo é melhor porque ele pode ‘fazer o próprio salário’. Normalmente, oferece as fotos que faz para a revista ‘Caras’ antes de procurar outros veículos.

Uma foto que lembra com orgulho foi feita na Lagoa. ‘Estávamos eu e uma fotógrafa quando chegou a Marieta Severo com os netos, acompanhada de Andréia Beltrão. A minha colega ameaçou fotografar e eu pedi para ela guardar a câmera e ter paciência. Vi que Marieta falava muito ao telefone e senti que era melhor esperar porque alguém estava para chegar. Valeu a pena: fiz as fotos de Marieta com o Chico Buarque curtindo os netos.’ As histórias não param por aí: ‘Já esperei um famoso cheirar cocaína e fumar maconha na praia e só depois que ele acabou eu tirei uma foto dele. Se ele soubesse disso, não teria me chamado de ‘mané’ como fez outro dia. Não me interessa queimar o filme de ninguém.’ Como ser um bom paparazzo ‘O importante é criar amizades com camelôs, quiosqueiros e guardas de trânsito. Mesmo que eles não tenham dicas, eu paro para conversar. E é preciso ainda saber andar no meio do público sem levantar suspeitas.’. Sem carro, Edson prefere trabalhar de dia e nutre um sonho: ‘Tenho vontade de trabalhar em jornal’.’



HIGH TIMES
Adriana Maximiliano

‘Uma maconheira balzaquiana’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 29/10/2004

‘ ‘Comecei a fumar maconha regularmente na época da faculdade. Sempre gostei, mas ela só virou parte do meu trabalho há dois anos.’ Quem diz isso não é um traficante. Tampouco um viciado que pedirá em seguida para ter o nome omitido ou uma atriz sem papas na língua, que depois será acusada de apologia às drogas. Editor sênior da ‘High Times’, revista americana que se dedica à cultura da cannabis, o jornalista David Bienenstock, de 29 anos, pode falar – e escrever – à vontade sobre a erva, graças à primeira emenda da constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão. Mas fumar, só se for escondido. O gosto pela maconha, que levou Bienenstock à revista em 2002, já o tinha colocado na prisão em 1999. Ele e um amigo foram flagrados dividindo um baseado depois da aula na New York University.

Ninguém deve pensar que Bienenstock tem hoje a vida que pediu a Deus, escrevendo o que lhe dá na telha e fumando maconha com os colegas de trabalho num pátio próximo à redação, na Park Avenue, em Manhattan. Símbolo da contracultura americana, a ‘High Times’ acaba de completar 30 anos em meio a uma grande turbulência editorial. Não é a primeira. A edição especial de aniversário (novembro/dezembro) reconta a história da revista, uma saga de resistência do começo ao fim: depois de quatro anos de festa, ela enfrentou o suicídio de seu fundador, Tom Forçade, em 1978; o domínio da cocaína nos anos 80; a pressão do FBI e da CIA a vida toda; uma série de conclusões médicas – nem sempre equivocadas – sobre os malefícios da erva, e George W. Bush. ‘No que se refere à política antidrogas, o governo Bush é um desastre. Policiais com metralhadoras invadem até plantações de maconha que têm fins medicinais. Esperamos que John Kerry vença as eleições e seja mais razoável. É uma vergonha as pessoas ainda terem tanto medo de uma planta inofensiva’, opina Bienenstock.

Bush mira nos anunciantes

No ano passado, enquanto John Kerry declarava apoio às pesquisas sobre o uso de maconha na medicina, o governo Bush atingia a revista em cheio ao criar a Operation Pipe Dreams. O objetivo era combater os vendedores online de utensílios para plantar e fumar maconha. Como eles eram um terço dos anunciantes, a ‘High Times’ sofreu um impacto financeiro imediato. Há cerca de um ano, voltou à chefia da redação seu primeiro editor, Richard Stratton – que, depois da prisão por porte de drogas (de 1982 a 1990), havia fundado a revista ‘Prison Life’ e chegou a trabalhar com cinema.

Numa tentativa de renovar a ‘High Times’, Stratton contratou como editor executivo o jornalista John Buffalo Mailer, de 25 anos. A idéia era abrir o leque editorial. ‘A gente está tentando sair um pouco dessa coisa de ser exclusivamente uma revista sobre maconha e dar ênfase a aspectos políticos e sociais da vida norte-americana’, declarou John Buffalo a ‘The New York Times’ e mais uma dúzia de jornais, na ocasião. Filho do escritor Norman Mailer, ele contou que era um ‘maconheiro muito esporádico’ e quase não lia a revista. Para não perder os antigos leitores, a Trans-High Corporation, empresa que edita a ‘High Times’, lançou a ‘Grow America’, revista voltada para o cultivo da erva.

Deu tudo errado. As reportagens de capa sobre temas como reforma na educação, preconceito racial, sexo e música irritaram os maconheiros ortodoxos e não conquistaram novos anunciantes. A tiragem da revista, que chegara a 400 mil exemplares nos primeiros anos, caiu para 100 mil. Há duas semanas, Stratton, John Buffalo Mailer e a editora Annie Nocenti deixaram a redação, sem qualquer sombra do estardalhaço que marcou a chegada do trio.

Agora, a revista voltou a respirar fundo na cultura da cannabis e a ‘Grow America’ periga morrer prematuramente, já que virou uma concorrente da irmã mais velha. ‘Não vou comentar as mudanças internas, mas é fato que voltamos às origens. E com um triunvirato no poder’, diz David Bienenstock, que está dividindo a edição com Steve Bloom e Richard Cusick.

Ranking dos serviços de entrega

Os boatos sobre a crise e suas conseqüências ainda são fortes. Mas uma coisa é certa: a próxima edição (janeiro/fevereiro) já está sendo impressa com pautas no velho estilo ‘High Times’ de ser. A publicação terá entrevistas com Snoop Dogg e com o americano que está há mais tempo na prisão por porte da erva, um artigo sobre a guerra às drogas na Tailândia e até um descarado ranking dos serviços nova-iorquinos de entrega em domicílio de maconha. Foi justamente esta ousadia que inspirou outras revistas sobre maconha, como a londrina ‘Weed World’ e a canadense ‘Cannabis Culture’.

A edição especial de aniversário da ‘High Times’, atualmente nas bancas, foi a última editada por Richard Stratton. Um dos destaques é a entrevista que ele mesmo fez com Norman Mailer. Velhos amigos, os dois conversaram sobre noitadas, livros, sexo, Deus e, claro, maconha. ‘Eu tinha idéias brilhantes enquanto estava sob o efeito da droga, mas dificilmente me lembrava delas depois’, disse Mailer, que parou de fumar com regularidade. O escritor entra para a lista dos ilustres entrevistados da publicação, ao lado de Charles Bukowski, Andy Warhol, Bob Marley e Mick Jagger, entre outros. ‘Não é sem motivo que a ‘High Times’ é a revista que mais passa de mão em mão no planeta’, exagera Bienenstock.

Há mais dois entrevistados na edição de aniversário: o roqueiro Iggy Pop e o rei do jornalismo gonzo, Hunter S. Thompson, que aos 67 anos continua tão irreverente quanto era aos 20. Um especial de sete páginas sobre o Afeganistão mostra a carta que um soldado americano mandou à redação com fotos dele em plantações de maconha. A revista traz também duas boas histórias esfumaçadas de ex-editores sobre Tom Forçade e os primeiros anos da publicação, uma resenha do filme ‘Diários de Motocicleta’, que só agora chegou aos Estados Unidos, e a tradicional seção Trans-High Market Quotations, com a cotação da droga pelo mundo. ‘Não seja estúpido. Isto não é um serviço de entrega em domicílio’, avisa no alto da página o editor, cansado de receber pedidos. E o pôster da página central, em papel nobre, mostra a ‘Evolução da cannabis nos 30 anos de High Times’, com 25 fotos de várias gerações da erva.

Anúncios doidões

A revista também tem leitores espalhados pelo mundo. Foi de um anúncio de uma marca canadense de roupas da ‘High Times’ que o grupo carioca Planet Hemp tirou o próprio nome. Os anunciantes, aliás, são uma atração à parte e refletem o incentivo que a revista dá ao usuário para cultivar em casa a erva para consumo próprio, evitando o contato com traficantes. Mas nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a pena para quem planta é a mesma aplicada a quem trafica. Três empresas do Canadá, primeiro país a liberar a maconha para fins medicinais, publicam anúncios de uma ou duas páginas sobre a venda de sementes de ervas pelo correio. O Seed Bank (!), por exemplo, exporta ‘sementes de vários tipos de maconha e cogumelos’.

Um pequeno anúncio mostra sapatos, tênis e botas com compartimentos secretos na sola para serem usados ao gosto do freguês. E os campeões de esquisitice são os kits ‘infalíveis’ para ninguém ser reprovado em testes antidroga, comuns em grande parte das empresas americanas desde 1986. ‘Escolha The Whizzinator, o número 1 em kits de substituição de urina’, diz o anunciante de um kit para ser usado junto ao corpo durante o dia-a-dia no trabalho. Não é à toa que a revista faz questão de deixar claro que não tem nenhuma responsabilidade sobre os anúncios.

Há também propaganda de fornos, vaporizadores, aparelhos para eliminar odor, livros, CDs e DVDs sobre a erva, galerias de arte e pôsteres psicodélicos, escritórios de advocacia e uma organização que luta pela liberação da maconha. O anúncio mais inusitado é o da National Arbor Day Foundation, que dá dez razões para plantar uma árvore e oferece brotos de flores, um livro sobre cultivo e outros brindes para quem virar membro. Propagandas de ervas legais que se parecem com maconha – e tinham preços equivalentes – provocaram tantas reclamações de leitores que acabaram sendo proibidas na revista.

Para completar a edição de aniversário, há uma linha do tempo desde 1974 com a evolução da revista, da cultura da maconha e dos poucos passos dados para sua legalização, principal bandeira da ‘High Times’. Estão registradas a descriminalização da erva na Holanda (1976), a revelação de que CIA tinha ligações com o tráfico de cocaína no escândalo Irã-Contras (1981), a criação da Cannabis Cup em Amsterdã (1988) e a decisão do Canadá de liberar a maconha para fins medicinais (2003).

As campanhas contra a erva e drogas mais pesadas criadas pelos ex-presidentes Ronald Reagan, George Bush e Bill Clinton também são citadas, assim como uma pesquisa da Universidade do Mississippi mostrando que a maconha de então (1985) tinha uma concentração de THC (o tetrahidrocanabinol, princípio ativo que causa dependência, deixa o raciocínio lento e atrapalha a memória recente e a coordenação de movimentos) dez vezes maior do que a erva dos anos 70.

‘Muitas dessas pesquisas são invenção do governo americano, que tenta dar motivos para que pais hipócritas, que fumaram maconha nos anos 70, possam contar mentiras a seus filhos’, acredita Bienenstock. O fato é que a maconha vicia como cafeína, e menos que álcool, e pode causar câncer, como o cigarro. Cerca de 147 milhões de pessoas fumam a erva regularmente no mundo. Deste número, 10 milhões são de americanos e cinco milhões, de brasileiros. A cada ano, 700 mil pessoas são presas por porte de maconha nos Estados Unidos. ‘Defendemos a descriminalização e o uso consciente. Claro que tudo o que é demais faz mal’, diz Bienenstock.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Tá tudo doido!’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/10/2004

‘Nosso considerado Roldão Simas Filho, diretor da sucursal desta coluna em Brasília, de cujo janelão oeste é possível acompanhar a faina presidencial para abrir os arquivos sobre a repressão, Roldão relia um velho exemplar da Tribuna da Imprensa e deparou com um título capaz de atirar o leitor nos braços dos enfermeiros da Casa de Saúde Doutor Eiras:

Militante saudita da Al-Qaeda se suicida antes de se entregar

Mais perplexo do que Marta Suplicy ao ler a entrevista de Mônica Dallari na Veja, Roldão só teve forças para balbuciar:

‘Esses terroristas são mesmo muito perigosos…’

Ao que Janistraquis acrescentou: ‘…E criativos’.

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Coisa de bêbado?

Em materinha que Janistraquis considerou ‘uma boa titica de galinha’, intitulada Hobby é revelado em autobiografia, a Folha de S. Paulo faz uma releitura das confissões mais íntimas de Duda Mendonça no livro Casos & Coisas e aproveita para divulgar falsas informações sobre brigas de galo:

(…)Colocados frente a frente num espaço cercado, em uma espécie de ringue, os animais são instigados por seus donos e pelos torcedores que acompanham a rinha. (…)Há casos em que os animais passam por maus tratos para ficarem mais irritados.

Meu secretário, que detesta o apaixonante esporte mas não é patrulheiro de nenhuma ONG, informa: ninguém ‘instiga’ galo de briga, visto como atleta por seu dono, e não se tem notícia de animais maltratados ‘para ficarem mais irritados’.

É verdade; galo de briga não é aquele que faz cocoricó no terreiro para impressionar as galinhas; desde pintainhos se pegam num cacete infernal e, se Duda Mendonça não os separa, morrem de brigar. Um vizinho aqui do sítio tem um perigoso exemplar da raça Combatente Japonês e este nem precisa de sparring nos treinos diários; basta o dono botá-lo defronte a um espelho que o bicho se dana e passa horas a distribuir esporadas nele mesmo!

Aliás, essa proibição às rinhas deveria ser derrubada, em nome da natureza agressiva dos galos; o decreto maluco nasceu da cabeça autoritária de Jânio Quadros, depois de Sua Excelência ter entornado, certamente, umas duas ou três garrafas de cachaça.

(Hoje, graças ao Altíssimo, não se bebe mais no Palácio do Planalto, como estamos carecas de saber. Então, é chegada a hora de se revogar esta lei cretina.)

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Criatividade

O considerado José Truda Júnior arquivou este que é, sem a menor dúvida, o título mais original, mais inovador do jornalismo cultural do país; saiu no Globo Online:

Morre no Rio o mineiro Fernando Sabino

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Arriando as calças

Deu na coluna do nosso considerado Ancelmo Góis:

Bumbum japonês

Depois da Europa e dos EUA, a calça Gang, que empina o bumbum das moças, ganha o Japão.

De 30 mil calças produzidas por mês na fábrica carioca, 50% vão para o exterior. Destes 50%, 10% seguem para as japonesas.

Indignado, Janistraquis garantiu que isso é propaganda enganosa e deveria ser exemplarmente proibida: ‘Considerado, então a gente sai atrás ‘daquilo tudo’, passa respeitosa cantada, paga lanchinho no Bob’s, leva pra casa e, quando a criatura arria a Gang, vê-se que é ‘quase nada’??!?!?!?’.

Pensei em reanimar meu desolado secretário, com o forte argumento de que as brasileiras não precisam de tal e feio expediente, porém recebi esta resposta: ‘Você não leu direito a notícia, considerado; metade da produção fica por aqui mesmo…’

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Sujou…

Saiu com necessário destaque no jornal Diário Online, da progressista Marília, terra do nosso sempre lembrado Osmar Santos:

Escola da Família terá pão e sexo

O Programa Escola da Família vai lançar duas novas atividades pedagógicas com atividades de educação sexual e formação de padeiros. O projeto, desenvolvido pelo governo do Estado, completou um ano em esgoto.

Cada escola prepara sua própria programação de atividades, envolvendo grupos de voluntários, educadores profissionais e estagiários universitários em grupos de esporte, cultura, formação profissionalizante e educação continuada.

Nosso considerado José Guido Fré, o Zefré, enviou link e o seguinte comentário:

Antanho, ofereceu-se panen et circensis para desviar a atenção dos incautos às mazelas dos políticos; hoje…. Acredito, porém, que o aprazível município paulista, eivado de belas e de belos (para quem gosta, está claro!) deve ser visitado – de imediato!

Janistraquis pensou em matricular o irmão mais moço, porém empacou na frase completou um ano em esgoto: ‘Sujou, considerado, sujou…’

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Alô, bajuladores!

Quem não tinha o que fazer leu na Folha Online:

China proíbe homem de batizar filho de ‘@’

O governo chinês proibiu um homem de batizar seu filho com o nome ‘Wang @’. O homem, que mora na região central da China, é aficionado pela internet, mas alegou às autoridades outro motivo para chamar seu filho de ‘@’.

Segundo ele, a pronúncia de @ (arroba) em chinês lembra a expressão ‘eu te amo’ em chinês. As autoridades locais não se sensibilizaram com o pedido do homem e negaram o registro.

Janistraquis enxergou nesta notícia um bom caminho para o pessoal puxar o saco de Luís Gushiken:

‘Considerado, agora basta enfiar a cara na fresta da porta e dizer, com mandarinato sorriso: arroba…, doutor Luís; o perigo é o chinês responder – mim arroba também…’

É, vai ser chato.

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Capez é capaz?

A Folha de S. Paulo protestou, em editorial:

TORCIDA ÚNICA

É inoportuna a proposta do promotor público estadual Fernando Capez de fazer que a Federação Paulista de Futebol estabeleça que os clássicos entre as equipes de São Paulo tenham somente a presença de torcedores de um dos times a partir de agora.

Janistraquis, que perdeu a paciência com o Ministério Público faz tempo, garantiu que o editorial foi muito complacente:

‘Considerado, a proposta não é apenas ‘inoportuna’; revela, isto sim, a típica confusão mental de quem passou no vestibular de Direito sem estudar pa-ta-vi-na, como dizia minha avó. Afinal, o que impede a torcida adversária de cercar o estádio e baixar o sarrafo na outra, quando o jogo terminar?’

É verdade; talvez Capez não seja capaz.

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Nota dez

O melhor desta semana ainda repleta de ‘galicismos’, como diz Janistraquis, saiu da verdadeira rinha de campeões que é a cabeça de nosso mestre Zuenir Ventura, em artigo publicado no site No Mínimo

O Brasil inteiro sabe

26.10.2004 | Pois é, agora o Brasil inteiro sabe o que o marqueteiro Duda Mendonça disse ao ser detido em flagrante numa rinha de galo no Rio. ‘É um hobby meu, o Brasil inteiro sabe’, ele declarou à imprensa, que acompanhava a operação da Polícia Federal. ‘Nada a declarar. Não estou fazendo nada de errado.’ O leitor, eu não sei, mas eu não sabia, e confesso que fiquei surpreso com tudo, a começar pela afirmação. Poucas vezes se viu tanta auto-suficiência em alguém que acabava de ser preso por formação de quadrilha, apologia do crime e maus tratos a animais(…)

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Errei, sim

‘A MORTA FALOU — Deu na coluna Frases, da Folha de S. Paulo: ‘Até cortar os defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Clarice Lispector, escritora (1925/1977), ontem em O Estado de S. Paulo’.

O leitor Carlos Antônio de Oliveira, o Caó, à beira da estupefação, reuniu forças para perguntar: ‘Como é possível uma criatura, falecida em 1977, ter estado ontem em O Estado de S. Paulo?’. Janistraquis responde, forçando um sotaque brizolista: ‘Tu não sabes do que é capaz a nossa imprensa, tchê! Ora ressuscita os mortos, ora sepulta os vivos!’. Pelo que se viu na cobertura das eleições, Janistraquis tem razão. (novembro de 1994)’’