‘O bilionário da mídia Rupert Murdoch comprometeu-se a comprar a cobertura na Quinta Avenida do falecido Laurance S. Rockefeller, cujo preço de US$ 44 milhões é o mais alto já pedido por uma residência em Manhattan.
Murdoch, presidente do conselho da News Corp., pagará o preço pedido pelo apartamento tríplex num luxuoso condomínio no número 834 da Quinta Avenida, segundo uma pessoa a par da transação que pediu para não ser identificada porque o contrato ainda não foi assinado.
A oferta foi aceita na segunda-feira por representantes do espólio de Rockefeller, que estão encarregados da venda, segundo uma outra pessoa a par da transação.
As normas do condomínio exigem que o comprador pague em dinheiro vivo por qualquer um dos apartamentos do edifício, que fica em frente à entrada do Zoológico do Central Park.
Uma vez assinado o contrato, Murdoch, de 73 anos, precisa ser aprovado pelo conselho do condomínio, que provavelmente não vai decidir sobre a venda antes do próximo mês. Howard Rubinstein, porta-voz de Murdoch, recusou-se a fazer comentários quando perguntado sobre a venda.
Se a transação foi realizada, o preço de venda vai superar o recorde de US$ 42,25 milhões que o financista David Martinez pagou no ano passado para transformar num único apartamento duas unidades do condomínio no prédio sul do Time Warner Center, em Columbus Circle.
O recorde anterior foi estabelecido em 2000 por uma cobertura tríplex no n.º 740 de Park Avenue, que antes pertenceu a John D. Rockefeller Jr., o pai de Laurance Rockefeller. O preço dessa venda amplamente noticiada foi de cerca de US$ 36 milhões.
Murdoch está comprando um dos mais luxuosos apartamentos num dos trechos mais elegantes da Quinta Avenida. O apartamento ocupa do 14.º ao 16.º andares de um prédio projetado pelo arquiteto Rosario Candela, que foi concluído em 1931. Tem 20 cômodos, num total de 743 metros quadrados, e mais 370 metros quadrados de terraços que se espalham pelos três andares. O condomínio custa US$ 21.469,07.
‘Na minha opinião, é um dos cinco melhores apartamentos de Nova York’, disse Edward Lee Cave, um corretor de imóveis que já esteve no apartamento há alguns anos. ‘Atende a todas as exigências de todo mundo, porque a primeira coisa que as pessoas dizem é que querem um terraço, depois dizem que querem na Quinta Avenida, depois dizem que querem com pé direito alto. É um tríplex, com grande espaço para lazer e dormitórios muito espaçosos.’
Na lista dos mais ricos do mundo que a revista econômica Forbes publica anualmente, Murdoch ocupa o 27.º lugar, com patrimônio estimado de US$ 7 bilhões.’
ARGENTINA
‘Kirchner está alienado em relação a AL, diz ensaísta’, copyright Folha de S. Paulo, 20/12/04
‘Néstor Kirchner desconfia dos créditos que Lula vem angariando na América Latina. Essa é a opinião da ensaísta e crítica literária Beatriz Sarlo, 62, para quem o presidente argentino imagina estar numa competição com o brasileiro pelo posto de ‘progressista responsável’ do continente.
Sarlo, uma das mais influentes intelectuais do país vizinho, crê que Kirchner não é capaz de compreender a importância da aproximação da Argentina e do Brasil com o resto da América Latina.
Em entrevista à Folha, por telefone, de Buenos Aires, a ensaísta fez também um balanço dos três anos do ‘estallido’, maneira como os argentinos se referem às manifestações de rua que levaram ao fim do governo De La Rúa, em 20 de dezembro de 2001, e comentou o atual debate sobre o passado da ditadura no Chile e no Brasil.
‘O que diferencia o processo argentino em relação aos outros países do Cone Sul é o fato de ter julgado e processado os militares logo após o fim da ditadura (1976-1983)’, disse.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha – Qual sua opinião sobre a atual crise comercial entre Brasil e Argentina?
Beatriz Sarlo – Esse tipo de coisa deve abundar na construção do Mercosul. Mas creio que a ausência de Kirchner no lançamento da Comunidade Sul-Americana de Nações, no Peru, foi um fato muito mais grave. Nosso presidente tem uma visão de curto prazo a respeito dessas coisas. Ele desconfia dos créditos que Lula pode colher, um político com quem Kirchner imagina estar competindo, pelo lugar de ‘progressista responsável’ do continente.
Nesse sentido, Kirchner é provinciano, ainda que intelectualmente esteja convencido de que a Argentina não pode se dar nenhum luxo isolacionista.
Folha – Como vê a relação política entre os dois países hoje?
Sarlo – O Mercosul tornou-se algo fundamental para ambos, mas não sei se Kirchner tem isso claro.
Primeiro porque ele e Lula estão competindo de uma maneira infantil. Querem ver quem corre mais rápido os 50m. Parece mais uma disputa futebolística. Segundo, porque Kirchner tem uma visão provinciana do mundo. Não sei se compreende a importância de uma unidade regional.
Digo que o fato de não ter ido ao lançamento da Comunidade Sul-Americana de Nações é muito significativo até por razões simbólicas. Foi no Peru, no século 19, que o maior herói argentino, San Martín, enunciou o desenho de uma unidade. Quer dizer, até pelas mais tontas razões alegóricas, Kirchner deveria ter ido.
Isso demonstra que ele não compreende mesmo o significado dessas coisas.
Folha – A sra. acha que a reeleição de George W. Bush favorece projetos de integração da AL?
Sarlo – Eu li a íntegra dos três debates entre Bush e John Kerry antes das eleições e as palavras ‘América Latina’ não foram mencionadas uma única vez. Isso obviamente não é bom.
Mas creio que, ainda que os norte-americanos estejam com a atenção centrada no Oriente Médio, o Brasil é um país que não perderão de vista. Podem distrair-se um tempo com a Argentina, uma vez que comecemos a pagar a dívida. Mas não podem passar por alto pelo Brasil.
O destino de países como a Argentina e o Uruguai depende da relação com o Brasil e com o que aconteça com o Brasil.
Folha – Há três anos, a Argentina se viu à beira do abismo. Mas desde a eleição de Kirchner se pode notar certo ar de otimismo na sociedade. Como vê a Argentina hoje?
Sarlo – Não acho certo dizer que a transformação se produziu depois da eleição de Kirchner. Houve todo um processo, que começou com a decisão do Partido Justicialista, através de Eduardo Duhalde, de oferecer governo a um país em estado de dissolução.
Quase todos pensamos que Duhalde fracassaria. O que deveria ser estudado hoje são as razões pelas quais não fracassou.
Folha – E quais seriam elas?
Sarlo – Em primeiro lugar, o fato de as decisões econômicas tomadas por Duhalde e Kirchner terem estabelecido uma continuidade entre os dois governos.
Depois, é preciso ver a capacidade que tem o peronismo de impedir que qualquer outro partido governe. O peronismo é um especialista furioso em impedir que outros partidos exerçam o poder.
Mas também é preciso reconhecer a sua outra cara, que é de conseguir efetivamente governar, inclusive num período de transição.
Folha – E o que faz com que consiga governar?
Sarlo – Veja o exemplo de Kirchner. Ele era o candidato que Duhalde menos queria. Mas, uma vez que se impôs, houve um alinhamento imediato dos peronistas -exceto algum caudilho das províncias e exceto Menem, mas este já está fora da política.
Alinhar-se atrás do poder é uma característica do peronismo. Internamente, o partido dá a impressão de viver uma permanente disputa. Mas, se observarmos de maneira mais ampla, veremos que a história do peronismo é uma história de alinhamentos.
Foi o que aconteceu com Menem. Na época, pessoas que tinham ideologia oposta à sua revolução neoconservadora se alinharam com ele.
São características do peronismo que fazem com que, tragicamente, seja hoje o único partido que consiga governar o país.
Folha – O que aconteceu com a oposição?
Sarlo – A esquerda argentina cometeu um erro ao ir às eleições de 1999 com o radicalismo (UCR, a União Cívica Radical). E pagará por isso por muitos anos. Esse erro político teve que ver com um diagnóstico equivocado pelo qual se pensou que era necessário fazer qualquer coisa para impedir que Duhalde [então candidato peronista à Presidência] vencesse.
Mas era necessário fazer política, e não uma aliança baseada num equívoco. E o resultado foi catastrófico, pois se misturaram elementos que não podiam se misturar, de onde não sairia nem governo nem projeto.
Foi assim que desapareceu a força de centro-esquerda que havia crescido muito nos anos 90.
Folha – E o radicalismo?
Sarlo – Hoje se vê na UCR um partido que deixou duas vezes o poder no meio de crises imensas, com Alfonsín e De la Rúa. é muito difícil que esse partido, de imediato, possa ser considerado uma alternativa. Ainda assim, não se pode esquecer que se trata de um partido que tem deputados e poder nas províncias. Está desorganizado, desarticulado, mas não diria que está desaparecido.
Folha – Você vê uma mudança na sociedade desde o ‘estallido’? Houve uma reflexão, principalmente por parte da classe média?
Sarlo – Nos anos 90, a sociedade argentina havia mudado de modo catastrófico. Nunca fez parte da experiência argentina um desemprego tão alto como o que vemos agora. Isso terá conseqüências por muitas décadas.
Já a crise de 2001 forçou a classe média a reconhecer que vivíamos um processo de ‘latino-americanização’ dramática. A reconhecer que a Argentina já não era mais o país de ascensão social constante e de um mercado de trabalho que sempre incorporava.
Mas hoje não estou tão segura de que esse reconhecimento ainda exista. Tenho a impressão de que aqueles que não foram afetados pela crise voltaram a seus costumes sociais e culturais.
A crise pode ter sido um momento em que a classe média realmente olhou para o resto da sociedade, para os que empobreciam e sofriam suas conseqüências diretas, mas não sei se esse olhar se conserva com a mesma atenção e solidariedade que existiram em 2002.
Folha – O cinema argentino retrata bem esse momento político?
Sarlo – O fenômeno do cinema argentino é muito interessante. Poderia citar um punhado de filmes de caráter documental ou dos que oscilam entre a ficção e o documental que estão jogando luz a fatos importantes da história argentina recente. E que trazem à tona questões como a dos desaparecidos e dos setores populares.
Porém, se repararmos na lista dos filmes que realmente são assistidos pelo público médio argentino, veremos que é composta principalmente pelas produções dos grandes estúdios americanos.
O cinema argentino é um fenômeno cultural de base predominantemente urbana. Pertence a Buenos Aires. A circulação desse tipo de cinema no resto do país é limitada. E mesmo em Buenos Aires trata-se de uma produção que circula só em uma zona de classe média progressiva culturalmente. é preciso levar isso em conta.
Folha – No Chile, os militares acabam de reconhecer os crimes da ditadura; no Brasil, a questão ainda está em aberto e voltou à pauta do dia. é possível comparar esses processos com o argentino?
Sarlo – O que diferencia o processo argentino em relação aos outros países do Cone Sul é o fato de ter julgado e processado os militares logo após o fim da ditadura (1976-1983). Essa iniciativa de Raúl Alfonsín impediu retrocessos. Ainda que depois leis tenham surgido para impedir novos processos e militares tenham sido indultados, esse foi um feito essencial. Na minha opinião, o fato mais importante de nossa história nos últimos 20 anos.
Folha – Por que?
Sarlo – Por ter instalado na sociedade a prova jurídica do terrorismo de Estado e marcado a transição democrática. O indulto de Menem não pôde impedir que outros julgamentos começassem a operar. Armou-se uma trama contra os repressores de Estado.
A possibilidade de julgar Pinochet começou em Londres há apenas quatro anos. A transição chilena esteve baseada no acordo. Isso foi o que deu estabilidade a ela. Já a transição argentina foi muito tumultuada, com várias ameaças de golpe de Estado.
Folha – Lula tem sido criticado por não facilitar a abertura de arquivos sobre o regime militar brasileiro.
Sarlo – O Brasil também teve seus 20 anos de democracia e os governos anteriores tampouco tocaram na questão dos desaparecidos. Não se pode dizer simplesmente que Lula é um obstáculo.
O que define esses processos são os pactos das elites. Nossas sociedades, a argentina, a chilena e a brasileira, têm pactos diferentes, pois a natureza das nossas elites é diversa. Não é simples comparar.’
VENEZUELA NO BRASIL
‘Brasil pode ver TV oficial do governo Chávez’, copyright O Estado de S. Paulo, 16/12/04
‘A TV Venezoelana, porta-voz do governo do presidente Hugo Chávez, já conta com um canal repetidor em Brasília, a TV Comunitária (Canal 11), transmitida pela rede a cabo Net. Os brasileiros poderão acompanhar a programação ao mesmo tempo em que debate-se a lei que, há uma semana, impôs a censura prévia às emissoras de rádio e TV da Venezuela.
Quem tiver a curiosidade de sintonizar a TV na emissora venezuelana verá, por exemplo, todos os domingos, o próprio Hugo Chávez ao vivo, num discurso em que sempre defende a sua ‘revolução bolivariana’ e quase sempre ataca o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Também aos domingos, se o telespectador não tiver nervos para acompanhar o desempenho de seu time no campeonato brasileiro, poderá assistir a uma partida de futebol da Venezuela, certamente sem as mesmas emoções.
Durante a semana o principal atrativo é o programa comandado por Maria Tereza Gutiérrez, logo depois de um telejornal. Tereza faz entrevistas, ouve personalidades, emite opiniões e mostra alguns quadros. As entrevistas exibem sempre o lado oficial do país vizinho. A cada intervalo do programa é exibido um spot que termina com o slogan da ‘revolução bolivariana’.
Em artigo publicado domingo no Estado, Milagros Socorro, colunista política da Venezuela, conta como é a Lei da Mordaça de lá. Segundo ela, para não correrem o risco de serem multados ou perderem até para sempre a concessão, as emissoras fizeram uma severa autocensura desde a semana passada. Não transmitiram nem a briga entre ambulantes e a polícia, que os desalojava da área central de Caracas por ordem do prefeito chavista Freddy Bernal. Os horários diurnos são considerados infantis ou juvenis, portanto, não podem mostrar cenas que possam incitar à guerra, às alterações da ordem pública ou contrárias à segurança nacional.
O jornalista Paulo Miranda, 47 anos, é o diretor da TV Comunitária. Ele diz que foram dois os motivos que o levaram a retransmitir para Brasília a programação oficial do governo da Venezuela: ‘Problemas financeiros que nos impediam de manter a programação normal que teria de ser preenchida de alguma forma. Tivemos ainda a opção política de exibir, em Brasília, a televisão de um governo revolucionário’. Miranda assegura que não recebe nenhum centavo de Chávez e que a audiência é grande porque as embaixadas têm interesse de saber o que acontece na nação vizinha. ‘Temos uma parceria que não envolve dinheiro. Além do mais, temos a oportunidade de ver como é um governo revolucionário, ao vivo, sem a necessidade de nos informarmos sobre ele pela mídia.’ Para captar as imagens da TV de Chávez, é só virar a antena parabólica para o satélite da Venezuela.
A TV Comunitária de Brasília entrou em operação no dia 13 de agosto de 1997. ‘Foi a primeira emissora comunitária do Brasil’, diz Miranda. ‘Infelizmente, não temos dinheiro. Nossas duas linhas telefônicas estão cortadas e tivemos de demitir um funcionário.’ Os equipamentos da TV ficam na sede do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que empresta o imóvel.
Paulo Miranda tinha confiança que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva resolveria a penúria financeira das emissoras comunitárias. ‘Mas até agora, nada’, diz Miranda.’
FT
& RETOS CARTERAO Globo / Bloomberg News
‘‘FT’ vende participação em editora espanhola’, copyright O Globo / Bloomberg News, 15/12/04
‘O grupo britânico de comunicação Pearson Plc, controlador do jornal ‘Financial Times’, anunciou ontem a venda dos 79% que possui da editora espanhola Recoletos Grupo de Comunicación S.A. ao consórcio espanhol Retos Cartera por US$ 947 milhões. O consórcio é formado por um grupo de investimento liderado pelo Banco Espanhol de Crédito (Banaesto), que inclui membros da diretoria da Recoletos. A Retos Cartera fez uma oferta pública que valorizou as ações da Recoletos em 19% a US$ 1,2 bilhão.
‘A oferta está sujeita à aprovação das autoridades reguladoras da concorrência e deve estar concluída no primeiro trimestre de 2005’, disse a empresa britânica em um comunicado.
– A Recoletos não tem tido um bom desempenho para a Pearson – avalia Andrew Bell, analista da Carr Sheppards Crosthwaite.
A Recoletos, com sede em Madri, obtém metade de seu lucro por meio de publicações esportivas. Desse modo, não se encaixa no foco do grupo britânico de publicações com noticiário econômico, disse a Pearson. O grupo britânico, que é também a maior editora mundial na área de educação, vem cortando despesas com a queda de publicidade e dos cortes orçamentários dos EUA, que afetaram as encomendas de material didático da Pearson.
– O foco da Recoleto no esporte, estilo de vida e publicações genéricas a está afastando da estratégia editorial do grupo do FT, voltada para finanças – afirmou Marjorie Scardino, chefe-executiva da Pearson.’