O seminário “O futuro da confiança”, realizado em São Paulo pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) no final de agosto, foi um importante fórum de discussões de temas como o futuro da mídia impressa e o papel do jornalismo no combate à desinformação.
Na ocasião, foi concedido o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2018 à Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês), entregue ao presidente da entidade, Michael Golden, que atua no combate a iniciativas que ameaçam a liberdade de imprensa em diversos países. Executivos de jornais e do mercado publicitário participaram do evento.
Para o presidente Marcelo Rech, reeleito para um mandato de dois anos à frente da ANJ, confiança é um bem crescente e escasso em uma sociedade inundada por ondas de desinformação, mas é exatamente o produto emanado das rotativas e das telas de celular e computador associadas aos jornais.
As estratégias de alguns dos principais jornais do País para a cobertura eleitoral também foram debatidas no evento. Participaram do debate os editores responsáveis da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila; do O Globo, Alan Gripp; e do Grupo RBS, Marta Gleich, além do diretor de jornalismo do Estado de S.Paulo, João Caminoto. Todos se comprometeram a criar mecanismos internos para checar informações e esclarecer o eleitorado sobre o que é ou não verdadeiro.
Os jornalistas Alberto Dines, criador do Observatório da Imprensa e Otavio Frias Filho, Diretor de Redação do jornal Folha de S.Paulo, que morreram recentemente, foram homenageados no evento.
Maria Cristina Frias lembrou a revolução que Otávio Frias Filho empreendeu no jornalismo brasileiro e falou das qualidades humanas do irmão. “Era amoroso, presente, pronto a ouvir, compartilhar e buscar o consenso”, disse. “Perdi um pai pela segunda vez, e também meu melhor amigo.”
Maria Cristina disse que o comando da Folha permanece na família Frias. A melhor forma de homenagear Otávio, disse, é dar continuidade ao trabalho iniciado por ele. “Defenderemos obsessivamente o legado de Otávio. Faremos um jornalismo sobre as bases que ele nos ensinou. Mas não queremos congelar a Folha. Seguiremos inquietos, ousados, surpreendentes quando possível e sempre atentos à saúde financeira do jornal”.
A jornalista Norma Couri, viúva de Alberto Dines, comentou a trajetória profissional de mais de seis décadas do marido. “Dedicou a vida ao jornalismo, sempre com muita coragem. A fé que tinha no jornalismo precisa ser revivida. Estou engajada em criar um projeto que preserve a memória do Dines, em defesa da informação e da verdade”.
Norma Couri também deixou claro em sua fala a necessidade de distinção entre jornalismo e publicidade. “Os publicitários não deveriam se preocupar tanto com forma ou suporte mas com conteúdo, e conteúdo são os bons profissionais que estão no olho da rua”, disse.