Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

NYT procura novo diretor-executivo

Arthur Sulzberger Jr., publisher do New York Times, confirmou ontem [16/4], na abertura do Digital Media Europe 2012, em Londres, que procura um novo diretor-executivo para a empresa, cargo que acumula desde o fim de 2010, com a saída de Janet Robinson do grupo americano. “O mundo mudou, a economia mudou e o jornalismo e nossa mídia têm que mudar”, disse. A frase indica o principal desafio que os candidatos à vaga precisarão enfrentar: o desenvolvimento de produtos digitais rentáveis. Para Sulzberger, é preciso ter em mente que, acima de tudo, o diretor-executivo é um guardião da marca, independentemente da plataforma em que apareça.

Em sua palestra, durante evento organizado pela WAN-Ifra, associação mundial de jornais, o publisher sustentou a importância da publicidade do jornal impresso como fonte de receita para empresas de comunicação, mas destacou a oferta de conteúdo exclusivo e pago como segundo e fundamental meio de sobrevivência.

O New York Times foi um dos primeiros jornais a implementar, em março de 2011, cobrança de conteúdo online no modelo chamado paywall poroso (muro de cobrança), em que o internauta tem acesso limitado a textos (dez atualmente), pagando a partir de então por níveis de acesso. Hoje, a base de assinantes digitais é 500 mil. Segundo ele, a implementação dessa cobrança online estimulou os leitores a assinar o pacote que contempla a edição impressa do diário. Isso resultou em ligeiro aumento de circulação, favorecendo as receitas com publicidade.

“Nosso negócio é excitante”

A fórmula ideal, continua Sulzberger, não é obrigar o leitor a escolher entre o papel e a internet, mas mostrar que os dois, hoje, são indissociáveis. “Precisamos saber que continuaremos a mudar. Publishers devem entender que a concorrência é outra, blogs e Twitter nem sequer existiam há alguns anos”, diz.

Dono de um dos mais respeitados veículos de comunicação do mundo, ele disse ser “totalmente honesto” ao responder que não tem “a menor ideia” se os jornais acabarão no futuro breve. E brincou ao citar que, em 1850, já havia preocupação sobre o tema por conta da chegada do telégrafo. “Hoje, a mídia impressa é forte e viável. Pode desaparecer? Já nos perguntamos: o rádio vai matá-la? A TV? O digital? Talvez. Não sabemos, por isso nosso negócio é tão excitante.”

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Jornal mira quatro alvos para crescer

Quatro frentes de investimentos: produtos para tablet e celular, mídia social, fortalecimento global e vídeo. São as apostas do diário New York Times para manter a relevância e fazer “jornalismo de qualidade e com lucro”. “Afinal, somos um negócio que precisa ser rentável para ser socialmente importante”, afirma o diretor-executivo do grupo, Arthur Sulzberger Jr., a quem coube a abertura do Digital Media Europe 2012, ontem em Londres.

Para ele, uma das chaves do sucesso, além de manter a qualidade, é entender o quanto é preciso ir até o leitor, esteja ele onde estiver. “Não podemos usar as plataformas móveis só para distribuição, mas devemos pensar numa forma de tornar o conteúdo mais relevante, aproximado da realidade de quem o lê. Em celular, devemos ter mapa, geolocalizador, permitir ver um jogo, comprar ingressos.”

Se as mídias sociais devem ser vistas como uma forma de ganhar novos leitores e aproximá-los do jornal, complementando a notícia e oferecendo dados customizados, a ampliação de conteúdo global e internacional é, segundo o executivo, um caminho para aumentar a audiência. Isso inclui países emergentes – quanto maior a base de leitores, possivelmente maior a fonte de receitas com novos assinantes, diz.

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[Camila Marques e Rodrigo Russo, da Folha de S.Paulo]