Com o perdão da palavra, é preciso pontuar o sentimentalismo hipócrita que estamos vivenciando. Em tempos de “guerra armamentista do capital”, a imprensa, longe de considerar a ética, explora a imagem humana como se esta fosse um produto, uma coisa. Verdadeiramente, estamos vivenciando a era da coisificação do ser humano, do desvanecimento do sentimento real.
Durante o ano, emissoras de televisão exploram os dramas sociais vivenciados pelo povo brasileiro. Longe de quererem solucionar as problemáticas sociais, buscam lucrar com a imagem coisificada de uma população humilde que não compreende que está inserida em um latifúndio midiático. Na disputa pelo ranking de audiência, exploram os sentimentos alheios a fim de fortalecer e multiplicar o capital. Nesse cenário, vidas valem mais e outras valem menos, sendo tal classificação dada de acordo com a condição socioeconômica de cada cidadão, ou melhor, o ranking econômico-social em que se encontra.
Humanização? Não. Cultura do valor. Mas ainda há quem diga que a sociabilidade capitalista oferece oportunidades, melhoria de vida aos cidadãos. Custa perguntar para quem são essas ditas “melhorias”? Sejamos francos, a melhoria que se promulga está para o capital, em sua reprodução e acumulação. Para os pobres, resta a cultura da desigualdade e a classificação ao ranking da miséria, miséria essa que vai para além do econômico, estando presente na capacidade de objetivação e na subjetividade. Pois quando não temos a capacidade de objetividade ampliada, por consequência teremos uma subjetividade também pobre. E aos pobres, resta a pobreza. E à mídia, restam-lhe explorar e coisificar a imagem humana.
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[Taysa Silva Santos é estudante de Serviço Social, Feira de Santana, BA]