No ano passado, o mercado de mídia e entretenimento do Brasil ultrapassou o da Coreia do Sul e se tornou o nono maior do mundo. Nos próximos cinco anos, a previsão é de que os gastos com o setor continuem a crescer em ritmo acelerado, levando o país à sétima posição no ranking global, à frente de Canadá e Itália. As projeções constam do Global Entertainment and Media Outlook, estudo publicado pela consultoria PwC.
O relatório congrega dados de 13 segmentos – entre os quais música, livros, TV, revistas, jornais, games e internet – em 48 países, e destaca a perspectiva positiva para os países emergentes, especialmente para grandes países emergentes, como China e Brasil. Segundo estimativas da consultoria PwC, neste ano o mercado de mídia e entretenimento da China deve movimentar US$ 109 bilhões, um valor que deve crescer a uma taxa anual de 12% até 2016. No Brasil, o setor deve fechar o ano com faturamento de US$ 43 bilhões e uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano nos próximos cinco anos. O crescimento dos dois países está bem acima da média global, de 5,7% ao ano.
“O consumo forte no mercado interno é que garantirá o crescimento dos investimentos em mídia no Brasil”, disse o presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Luiz Lara. Com uma economia mais sólida, a população tende a se informar mais, o que puxará o mercado de comunicação, afirmou o publicitário. “Os pontos de contato de consumidores e marcas se multiplicarão.”
“A tendência é a convergência de mídias”
O setor de entretenimento e mídia movimentou US$ 1,6 trilhão em 2011 no mundo e deve chegar a US$ 2,1 trilhões em 2016. Segundo as estimativas da PwC, os projetos digitais devem representar uma parcela crescente desse valor. No ano passado, 28% dos gastos com entretenimento e mídia foram para o meio digital. A projeção é de que essa parcela chegue a 37,5% em 2016. De acordo com o relatório, os segmentos não digitais também devem crescer à medida que melhora a situação da economia global, mas a taxas mais modestas do que o segmento digital.
No ano passado, o gasto com entretenimento e mídia digital cresceu 17,6% – os gastos offline cresceram apenas 0,6%. Nos próximos cinco anos, a previsão é de crescimento anual de 12,1% para o digital ante 2,8% do não digital, Mesmo assim, o segmento offline deve gerar quase 67% da receita do setor.
O crescimento da representatividade dos conteúdos digitais levou a PwC a declarar, no título do estudo, o “fim do começo da era digital”. Segundo a consultoria, a explosão de vendas de smartphones e tablets está transformando o novo mercado digital em mais um mercado, integrado aos já existentes. Lara também espera um crescimento das mídias digitais mais forte do que a média no Brasil, mas diz que a expansão do mercado ocorrerá em todos os segmentos. “A tendência é de convergência de mídias. Uma alimentará a outra”, disse.
Internet, TV a cabo e publicidade digital
Uma das áreas de maior destaque para o futuro do setor de entretenimento e mídia é o acesso à internet móvel. Em 2011, o acesso a partir de aparelhos celulares, tablets, entre outros, cresceu 40%, atingindo 1,2 bilhão de pessoas. Em 2016, a expectativa é de que esse número chegue a 2,9 bilhões, ampliando o potencial de receita para conteúdo e publicidade em aparelhos móveis.
O acesso à internet (móvel ou fixa) no Brasil deve crescer à maior taxa entre os 48 países pesquisados. O acréscimo anual deve ser de 16,4%. Na China, o aumento deve ser de 12,1% ao ano. O Brasil já é o sétimo maior mercado publicitário mundial e, em 2016, deve ocupar a sexta colocação, passando a França. No ano passado, a publicidade brasileira movimentou US$ 14,6 bilhões, valor que pode chegar a US$ 22,5 bilhões em cinco anos, a uma taxa de 9% ao ano.
O gasto dos consumidores com mídia e entretenimento também deve aumentar. No Brasil, a expectativa é de que os consumidores gastem 9% mais por ano com esse tipo de conteúdo. Entre os segmentos que mais devem crescer nos próximos anos estão: acesso à internet, fixa e móvel (16,4% de crescimento ao ano); TV a cabo (14,4%); publicidade digital, em aparelhos fixos e móveis (12,4%); e rádio (12%).
***
[Letícia Sorg, do Estado de S.Paulo]