A imagem iconográfica (19/6) está nos grandes jornais e redes sociais de todo país. Ela é histórica. Afinal, reúne inimigos cujas ideologias políticas são contrárias. São eles o candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o ex-presidente Lula e Paulo Maluf (PP). De um lado, o Partido dos Trabalhadores, de orientação ideológica de esquerda; de outro, o Partido Progressista, cujas ideias são conservadoras e reacionárias.
O cenário da foto é lindo. Mostra um belo jardim ao fundo. O local do encontro é a mansão de Maluf, no Jardim América. Ilha de riqueza e prosperidade em São Paulo. Na verdade, a imagem celebra o acordo de apoio de Paulo Maluf ao candidato Haddad.
Qualquer pessoa que, em sã consciência, acompanha os embates entre as duas agremiações políticas, não imaginou que isso seria plausível. Na política, tudo é possível. Afinal, políticos não costumam cumprir o que prometem. É visível o esforço de Lula em esboçar sorriso. Não é natural. Por sua vez, ao menos Haddad demonstra um sorriso mais convincente.
Quem ganha e quem perde
Não se pode negar que a iconografia é reveladora. Com o acordo, Haddad ganha mais espaço na mídia eletrônica. Cerca de 1m30s, a cada inserção. É muito tempo para persuadir o paulistano a votar nele. É fato que Maluf tem seu eleitorado fiel. Os malufistas. Quem ganha e perde com essa aliança? É cedo para afirmar qualquer coisa.
Luiza Erundina, vice de Haddad, é contrária à aliança. Desiste de ser vice. O fato é que a iconografia entra para a história, pois é emblemática e altamente rica de simbolismo. É como colocar na mesma jaula um leão jovem e um tigre velho. O resultado dessa união, de interesses, fica a cargo do tempo. Quanto a Maluf, certamente, apoia o candidato petista em troca de algo valioso. Por fim, somente o tempo será capaz de nos dizer, efetivamente, quem ganhou ou perdeu com essa aliança, de interesses, entre velhos rivais.
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[Ricardo Santos é professor de História, São Paulo, SP]