Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Lições da primavera árabe

Após ler “Revolução para não mudar”, de Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo (27/6), vale pontuar o seguinte. A história é feita de avanços e recuos. É parte de sua dinâmica. Portanto, o que ocorre no Egito, no momento, é avanço. Por quê? Porque um ditador, Hosni Mubarak, foi deposto e um presidente, Mohamed Mursi, foi eleito democraticamente. Sendo assim, a primavera árabe egípcia não pode ser entendida como malsucedida. O grito de liberdade e democracia que tomou o Egito (e outros países) é inconcluso. Está candente.

É muito prematuro avaliar como malogro a onda revolucionária que tomou o Egito, que pede mais democracia, cidadania, educação, trabalho e avanços sociais. De outro lado, não dá para ignorar os militares. Na realidade, são ex-aliados de Mubarak. Logo, querem sua fatia de bolo. É necessário negociar. Mas não cabe uma ditadura militar. Por outro lado, o papel de Mursi é liderar a mudança política, bem como, negociar com as elites a transição para o regime democrático e reduzir a desigualdade abissal entre ricos e pobres.

Em conclusão, o que ocorre no Egito é um rescaldo de um movimento revolucionário vitorioso que contou ampla participação popular. No mais, é preciso aguardar.

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[Ricardo Santos é professor de História]