Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Imprensa e o caso Lugo

Como leitora, ainda não sei até agora o fato político que gerou o impeachment de Lugo. Afinal, qual foi o contexto e fato político tão claro e grave de má política que gerou uma unanimidade e julgamento sumário? A imprensa fala de “ritos democráticos”, mas não fala dos conteúdos dos fatos julgados sumariamente. São duas discussões diferentes. Falta conteúdo na discussão de hoje, também (Fernanda Silveira, escritora, Rio de Janeiro, RJ)

 

Paraguai

Por favor, comentem o artigo de JAnio de Freitas. Fernando Lugo, muito pouco ativo quanto a muitos dos seus compromissos de campanha, cumpriu um deles sem concessão: não criou oportunidades para a corrupção e não fomentou a produção e o comércio ilícitos. Rompeu assim com a tradição das presidências locais e dos apoios parlamentares, sociais e judiciais que lhes permitem existir. As fábricas de produtos falsificados estão, sem mascaramentos, na própria capital, Assunção, como pelo Paraguai todo (Eliane Dantas, jornalista, Belo Horizonte, MG)

 

A queda do presidente Lugo

O que a imprensa discute é a consequência do fato: foi ou não golpe o que ocorreu no Paraguai? A meu ver, o papel principal da imprensa seria apresentar as causas que levaram ao impeachment de Lugo. Explicar de forma isenta os problemas que envolvem a questão agrária no Paraguai, o que fez com que o ex-presidente não tivesse base parlamentar alguma que lhe desse sustentação – como é que ele governava, então (à imprensa caberia a função de nos dar a resposta)? Seria no mínimo esperado que a grande mídia buscasse levantar questões que vão muito mais além do que a simples queda do presidente Lugo: a quem interessava a deposição do presidente? A posição dos norte-americanos seria normal e desprovida de interesses? O que representaria a deposição de Lugo para a direita paraguaia e também sul-americana (a brasileira, em especial)? Esperar isso da “nossa” grande imprensa e da dos hermanos seria querer demais! Outro fato absurdo é a desfaçatez de tentar explicar que a não cobertura da mídia nacional se deu por se tratar de algo que ocorreu no fim de semana. Isso é, no mínimo, atentar contra a inteligência do público brasileiro. Outra “cascata” (não cachoeira) da mídia brasileira é dizer que não se acompanham questões políticas dos países vizinhos, quando se sabe que há questões como a de Itaipu e a dos brasiguaios. Por outro lado, se houve ou não conspiração externa na deflagração do impedimento do mandatário paraguaio, não discuto. Agora, dizer que não há interesse político de outras nações, dentro da conjuntura continental – aí envolvendo não somente os interesses dos países sul-americanos, mas de outras nações, como os Estados Unidos – em torno da questão é querer ser simplista demais. Outro ponto: transferir o norte da discussão, deixando de lado o que ocorreu no Paraguai e centrando as análises nas reações tomadas por outros países do Mercosul, esse, sim, é o cerne da questão na postura da imprensa brasileira e argentina. Está claro: o choque de interesses entre a grande mídia desses dois países e os seus respectivos governos, daí a conotação dada ao caso. Por fim, tomando a liberdade de usar seu jargão, assistindo ao Observatório da Imprensa e conhecendo um pouco a grande mídia brasileira, nunca mais nem eu nem ninguém vai ler um jornal nem assistir à TV do mesmo jeito (Marcelo Leite de Macêdo, professor, Caruaru, PE)

 

Programa sobre o Paraguai

Acabo de assistir o Observatório de Imprensa na TV Brasil – canal 3. Uma vergonha, o velho jornalista Alberto Dines fazer um debate sobre imprensa brasileira na questão do Paraguai sem promover o mínimo contraditório. Colocaram um debatedor (um sociólogo com sotaque castelhano), completamente adepto do golpe branco, e um estadounidense da Newsweek bastante condescendente com a deposição do Lugo. Pra completar, ouviram dois repórteres, adivinhem de onde? Da Rede Globo! Ambos afirmando com firmeza que o povo paraguaio estava de acordo com o golpe. Dines, envergonhado com a merda de programa que fez, ainda tentou fazer algumas perguntas anti-golpistas aos “debatedores”! O incrível é que esse tipo de programa está na TV Brasil, que deveria existir justamente para fazer contraponto ao monocórdio do PIG [partido da imprensa golpista] (Santiago Abreu, cartunista, Porto Alegre, RS)

 

Globo e Corinthians

Na final da Libertadores, aconteceu uma coisa no mínimo “estranha”: enquanto os repórteres da Fox eram impedidos por um batalhão de seguranças de chegar perto dos jogadores do Corinthians, estes davam entrevista apenas para a Globo. Será que isso não mereceria um comentário neste Observatório? Grato pela atenção (José Beltrame, médico, Porto Alegre, RS)