“A informação jornalística não pode omitir dados que facilitem a compreensão do leitor ou do ouvinte.” (Antônio Luiz da Costa)
A campanha presidencial na Venezuela está polarizada em torno das candidaturas do controvertido Hugo Chávez, que concorre a um novo mandato debaixo de cerrado bombardeio midiático internacional, e Henrique Capriles, governador de uma das unidades federativas daquele país.
Os dois presidenciáveis apresentam propostas governamentais bem antagônicas. Deixam à mostra divergências profundas em questões fundamentais. Num ponto, porém, demonstram perfeita convergência de opiniões. Ambos, dizendo-se confessos admiradores de um mesmo líder político brasileiro, anunciam o propósito de seguir, no exercício do poder, caso as urnas se lhes mostrem favoráveis, a linha de atuação político-administrativa do dito cujo. O brasileiro em referência é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma perguntinha, agora, sem intenção de melindrar ninguém: por que será que os grandes órgãos e colunistas destacados do jornalismo brasileiro, que volta e meia insistem em atrelar as imagens de Hugo Chávez e Lula, teimam pirracentamente em sonegar tão sugestiva informação ao respeitável público leitor e ouvinte? Uma outra manifestação recente dessa proverbial má vontade da mídia quanto a certas figuras de relevo na cena nacional que não deve, igualmente, permanecer desapercebida, diz respeito à sucessora de Lula, presidenta Dilma Rousseff.
Avareza de detalhes
Em tempos ainda próximos, lamentava-se bastante, aqui por estas bandas, a desatenção extrema que envolvia lá fora as realizações brasileiras e os personagens de maior realce engajados no esforço de construção nacional em prol de um país moderno e pujante política, econômica e socialmente. De 2002 para cá muita coisa mudou no tocante à visão estrangeira da gente e coisas brasileiras.
Alguns veículos de comunicação de irradiação nacional parecem não se dar conta, todavia, em não poucas ocasiões, dessa significativa mudança. São movidos por preconceitos descabidos, ou parcialidades políticas suburbanas. Prova eloquente desse comportamento despropositado pode ser extraída de fato recente que colocou em foco, de maneira reluzente, a presidenta Dilma Rousseff. Pelo segundo ano consecutivo, ela foi apontada como terceira mulher mais poderosa e influente do planeta, pela conceituada revista Forbes. Na classificação geral, posicionou-se atrás apenas da chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e da secretária de Estado estadunidense, Hillary Clinton.
A publicação, enfatizando ainda mais a missão da presidenta, optou por estampar sua imagem na capa da edição que enfeixa a reportagem dedicada ao assunto. O trabalho jornalístico ressalta a influência política, econômica e social exercida pelas três líderes, “pessoas que impactaram fortemente a comunidade global”. Merkel é lembrada pela atuação na crise na zona do euro. Hillary, pela forma de gerir crises nos relacionamentos diplomáticos mundo afora. Dilma, pelos programas de cunho vanguardeiro na economia e na inclusão social.
E não é que, aí também, a grande mídia nativa, birrentamente, registrou o fato, aqui e ali, com avareza de detalhes, coisa só explicável diante de maroto intento de deixá-lo passar despercebido!
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[Cesar Vanucci é jornalista, Belo Horizonte, MG]