A Biblioteca Nacional, uma das mais sólidas instituições da cultura brasileira, mais antiga que o Senado e a República, às vésperas de completar 202 anos de criação, e um século após se transferir para o majestoso prédio-sede no Centro do Rio de Janeiro, se prepara para um novo ciclo em sua história. E não só para fazer as reformas e ações, necessárias e urgentes, para preservar e proteger seu patrimônio físico e acervo. Mas, sobretudo, para pôr o pé no futuro.
Por isso, ela se preparou, no último ano e meio, para dar início a um ciclo virtuoso que começa com as obras da futura Hemeroteca Brasileira, a partir do acordo assinado, semana passada, com o BNDES e a Fundação Miguel de Cervantes. Já a sede, cartão-postal no coração da Cinelândia, terá como ponto de partida a restauração do telhado e dos vitrais, ao mesmo tempo em que ações pontuais e reparadoras – troca do sistema de ar-condicionado, contratação do projeto de reforma da rede elétrica etc. – começam a sair das pranchetas. Também estão previstas ações de preservação dos acervos, patrimônio valioso que inclui desde bíblias do tempo de Gutemberg, manuscritos do século 11 ou mesmo fotografias da Coleção Thereza Christina Maria registrada pela Unesco como patrimônio da humanidade. A partir de agora, e pelos próximos anos, a Biblioteca Nacional se transformará em um grande canteiro de obras, capaz de promover as grandes intervenções necessárias – a última grande, nesse sentido, data de algumas décadas atrás.
É certo que leva tempo para viabilizar tudo isso. Enquanto ações como os editais para promover a leitura ou apoiar bibliotecas podem gerar resultados imediatos, diagnósticos, estudos e projetos de engenharia e arquitetura de maior vulto consomem um tempo maior. A hora é agora!
Apoios e recursos para os investimentos
O tempo de boas-novas começou com o término recente da implantação do sistema de alarme contra incêndios e do Datacenter, que consumiram investimentos de R$ 7 milhões. O novo centro de tecnologia permitirá um incremento ainda maior da BN Digital e da Hemeroteca Digital Brasileira, recém-criada com mais de 600 jornais e 6 milhões de páginas.
No ano passado, a Biblioteca Nacional passou a abrir também nos fins de semana e feriados e multiplicou o número de exposições de padrão internacional e mostras. Em 2012, áreas do livro e leitura que estavam na estrutura do Ministério da Cultura foram incorporadas à FBN, fundação que é responsável, desde 1990, pela Biblioteca Nacional assim como pelas políticas de livro, leitura e bibliotecas. Com isso, ampliou seu alcance e visibilidade.
Essa maior presença na vida nacional foi importante para que fossem articulados mais apoios e recursos para os investimentos que começam a ocorrer na Biblioteca Nacional. As diretrizes estarão no Plano Diretor 2012/2022 (200 anos da Independência), obra coletiva a ser escrita, com ajuda dos servidores e usuários, nos primeiros meses de 2013. Portanto, mãos à obra, rumo ao futuro!
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[Galeno Amorim é presidente da Fundação Biblioteca Nacional]