Depois de quase uma década de fracassadas tentativas, a rede de TV Al Jazeera, do Catar, finalmente conseguirá penetrar em todo o território americano. A rede anunciou a aquisição da Current TV, que tinha entre seus acionistas Al Gore, vice-presidente dos Estados Unidos na gestão Bill Clinton.
O preço, apesar de não divulgado oficialmente, deve ser ao redor de US$ 500 milhões. Um quinto deste valor iria para Al Gore, que tem 20% do canal. O ex-vice-presidente, segundo informações não confirmadas, passaria a fazer parte do conselho de administração da Al Jazeera.
Com a Current TV, que deve passar a se chamar Al Jazeera America, a rede de TV do Qatar será exibida para cerca de 50 milhões de americanos que assinam as principais distribuidoras de TV a cabo.
Atualmente, a Al Jazeera Internacional, em inglês, passa apenas para alguns moradores de Nova York e Washington, além de pessoas que optavam por acessá-la por meio do site ou de aplicativos em celulares e tabletes.
Mudança
Os escritórios da Al Jazeera, em Doha (Qatar), seriam em parte transferidos para Nova York. O novo canal teria como base a versão em inglês da Al Jazeera, mas com alguns programas voltados especificamente para o público norte-americano. A versão em árabe da emissora, popular no Oriente Médio, não integrará a programação.
Os dois canais, em inglês e árabe, são distintos. As coberturas são voltadas para públicos que estão em partes diferentes do mundo. As reportagens da Primavera Árabe, especialmente no Egito, da Al Jazeera Internacional, foram elogiadas ao redor do mundo.
Nos Estados Unidos, os principais rivais da rede do Catar serão a Fox News, líder absoluta na área de notícias da TV a cabo e com um perfil mais conservador, a MSNBC, de viés liberal, e a neutra CNN-USA. Mas a CNN International, que costuma se destacar na cobertura de grandes eventos internacionais, especialmente no mundo árabe, deve ser o alvo principal da Al Jazeera.
A Current TV, antes de ser adquirida, possuía uma audiência de apenas 42 mil telespectadores no horário nobre e seu alvo era o público jovem interessado em notícias. Mas o canal nunca vingou.
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[Gustavo Chacra, correspondente do Estado de S.Paulo em Nova York]