Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mudanças na cúpula da Globo

Foram necessários apenas 17 dias na direção-geral da TV Globo para Carlos Henrique Schroder anunciar os primeiros passos de sua gestão.

Na manhã de ontem [quinta-feira, 17/1], o novo diretor-geral da rede iniciou uma série de mudanças nas centrais organizacionais da emissora. As maiores novidades são a chegada do publicitário Sérgio Valente, 48, à empresa e a promoção de Amauri Soares, 46, ao cargo de diretor de programação.

Ex-presidente da agência DM9DDB, Valente será o novo diretor da Central Globo de Comunicação, substituindo Luís Erlanger, que passará a ocupar a direção da Central Globo de Análise e Controle de Qualidade.

Em comunicado, Schroder diz que a missão de Valente será traçar a estratégia de relacionamento da empresa com o público, planejando as campanhas institucionais, cuidando de lançamento de programas e gerenciando campanhas de cunho social.

Após 12 anos no comando da Central Globo de Comunicação, Erlanger assumirá a Central Central Globo de Controle de Qualidade na vaga de Durval Honório, que deixa a emissora após 46 anos.

Outro diretor da velha guarda que está se aposentando é Roberto Buzzoni, 43 anos de casa. A sua Central Globo de Programação será comandada agora por Amauri Soares, atual diretor de Projetos e Eventos Especiais.

No jornalismo, a mudança veio em esportes. Há 16 anos chefiando a área, Luiz Fernando Lima deixa a emissora. A Central Globo de Esportes passará a ser comandada por Renato Ribeiro, atual diretor-executivo de jornalismo, que acumulará os cargos.

Ao contratar um publicitário premiado para cuidar da Central Globo de Comunicação, Schroder demonstra preocupação com a renovação da imagem da Globo junto ao público e busca uma aproximação ainda maior com o mercado anunciante.

A dança de cadeiras aponta também para uma necessidade de renovação no alto comando do canal, que deve se estender para as demais áreas nos próximos meses.

Jovem guarda

A emissora dá um adeus definitivo aos remanescentes da era Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que foi diretor-geral do canal de 1967 a 1997), profissionais com mais de 40 anos anos de Globo, e aposta nos mais jovens.

Desse time vêm Renato Ribeiro e Amauri Soares. O primeiro tem se destacado no “Jornal Nacional”.

O caso de Soares é mais curioso. Na Globo desde 1989, ele renovou o jornalismo local em São Paulo e, assim como Erlanger, chegou a ser apontado, no início dos anos 2000, como um candidato promissor à direção-geral da Central Globo de Jornalismo.

Mas nem Erlanger nem Soares chegaram ao posto máximo do jornalismo.

Em junho de 2001, com a morte do então diretor da CGJ, Evandro Carlos de Andrade, a função foi assumida por Carlos Henrique Schroder, atual diretor-geral da Globo.

O comando geral do jornalismo da Globo hoje está com Ali Kamel.

Soares, que é casado com a âncora Patrícia Poeta, do “Jornal Nacional”, passou então anos morando em Nova York, onde ocupou cargos na Globo Internacional.

O diretor ganhou pontos na rede ao ser o responsável pela recente aproximação da Globo com líderes evangélicos, que resultou em eventos como o festival de música gospel “Promessas”.

A direção da Central de Programação o traz de volta à linha de frente no alto comando da emissora.

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A íntegra do comunicado de Schroeder sobre as mudanças

“Ao longo do ano passado, alguns antigos companheiros, com inestimável contribuição para o sucesso da TV Globo, procuraram a empresa para anunciar que, depois de muitos anos de colaboração, gostariam de se afastar, de forma programada, no início deste ano, alguns para diminuir o ritmo de trabalho, outros para mudar o estilo de vida. Esse movimento, espontâneo e justo, me faz anunciar algumas mudanças.

 Durval Honório, diretor da Central Globo de Controle de Qualidade, funcionário desde 1967, ao longo desses 46 anos ajudou a Globo a construir a sua reputação. Desde 2008, desempenha a estratégica missão de zelar pelo nosso Padrão Globo de Qualidade, liderando a equipe que assessora a Direção Geral para que nossos programas estejam sempre em linha com os “Princípios e Valores TV Globo no Vídeo”. Para o lugar de Durval, convidei Luis Erlanger, até aqui diretor da Central Globo de Comunicação. Erlanger é jornalista de valor reconhecido, foi editor-chefe do Jornal O Globo e, desde 1995, está conosco, primeiro como diretor executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo e, desde 2000, na CGCOM, onde fez um trabalho extraordinário. Em sua nova função, agora ampliada, Erlanger terá também o papel de assessorar a Direção Geral na análise de propostas de novos projetos de programas, contribuindo, assim, para que as decisões sejam tomadas. Durval ajudará Erlanger para que a transição se faça da maneira mais efetiva. A nova área passa a se chamar Central Globo de Análise e Controle de Qualidade (CGACQ).

Para o lugar de Erlanger, tenho o prazer de anunciar o nome de Sergio Valente, um dos mais brilhantes e premiados publicitários brasileiros, cujo talento é reconhecido aqui e no exterior. Ele assumirá a Central Globo de Comunicação com a missão de traçar toda a nossa estratégia de relacionamento com o nosso público. A CGCOM é a responsável pelos contatos com a imprensa, planeja as campanhas institucionais e as de lançamento de nossos programas, gerencia nossas campanhas de cunho social, em estreito relacionamento com o chamado terceiro setor, e organiza os diversos canais diretos de relacionamento com o público. Sergio Valente é o profissional talhado para essa missão e, com certeza, emprestará todo o seu brilho para que a Globo possa ter uma comunicação ainda mais efetiva com um público sempre em transformação, especialmente na era digital.

Roberto Buzzoni, nosso companheiro desde 1970, contribuiu nesses 43 anos de forma decisiva para os êxitos que tivemos ao longo de nossa história. Nos diversos cargos que ocupou, e em especial como diretor da Central Globo de Programação, sempre demonstrou competência, criatividade e capacidade de antecipação. É um raro homem de televisão, dono de sensibilidade ímpar e enorme talento para captar o gosto do público, e, assim, contribuir para a formação de uma grade de sucesso. Para substituí-lo, convidei Amauri Soares, atual diretor de Projetos e Eventos Especiais. Amauri está na Globo desde 1989, primeiro na Central Globo de Jornalismo em São Paulo, onde ocupou diversos cargos, depois na Globo Internacional, baseado em Nova York e, mais recentemente, na Globo Rio, da qual se tornou coordenador. Sempre demonstrou capacidade de estreitar as relações da emissora com o público. Na CGJ, foi um dos primeiros a renovar o jornalismo local. Na Divisão Internacional, foi o responsável pela expansão do Brazilian Day, antes restrito a Nova York, e hoje já realizado em 8 cidades diferentes. E, como coordenador da Globo Rio, ajudou a criar eventos que acentuaram ainda mais os laços entre os cariocas e a Globo. Como diretor da CGPG, Amauri levará esse seu talento para assessorar a Direção Geral a montar a grade de programação que mais agrade ao público, como vem acontecendo há tantos anos. Buzzoni ajudará Amauri, num período de transição, transmitindo a ele o máximo de sua expertise na área.

Por fim, Luiz Fernando Lima, há 16 anos chefiando o Esporte na Globo, onde ingressou como repórter em 1983, depois de muitas conversas no último ano, também decidiu se afastar da rotina diária. Jornalista de mão cheia, inventivo, dedicado, comprometido e com uma visão estratégica que ajudou a Globo a ser a potência no Esporte que é hoje, Lima, depois de 30 anos conosco, decidiu se dar um semestre sabático durante o qual criará uma empresa de consultoria de marketing esportivo. Para o lugar dele, na Central Globo de Esporte, convidei Renato Ribeiro, atual diretor-executivo de jornalismo da CGJ. Ambas as Centrais compõem a Diretoria Geral de Jornalismo e Esporte (DGJE). Renato está conosco desde 1986, 16 anos no Jornal Nacional, cinco anos como diretor da Editoria Rio e, desde 2009 no atual cargo. Ao longo de sua carreira, participou de grandes coberturas esportivas, como a Copa do Mundo de 98 e 2002 e as Olimpíadas de Sydney, em 2000. Em 2007, foi o líder, na CGJ, do Projeto dos Jogos Pan-americanos do Rio. Sua ligação com o Esporte é antiga e profunda, o que dá a ele todas as condições para liderar uma equipe com tantos talentos. Lima também dará o apoio necessário para a transição.

Os queridos companheiros que deixam agora a empresa, Durval, Buzzoni e Lima, levam consigo a certeza e o orgulho de que o talento deles fica: mais uma vez, repito, foram fundamentais para o sucesso da Rede Globo de Televisão. Tenho convicção que este é o reconhecimento de todos que aqui trabalham. Em meu nome e no nome dos acionistas, agradeço a todos, imensamente, por tudo o que nos legaram. Aos que chegam, como Sergio Valente, e aos que assumem novos desafios, como Erlanger, Amauri e Renato Ribeiro, quero dizer que sei que, para vocês, o desafio à frente parece imenso, e é. Mas asseguro que vocês foram chamados a enfrentá-los justamente porque têm todas as condições de vencê-los. Aos que saem e aos que chegam, boa sorte.

Carlos Henrique Schroder”.

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[Keila Jimenez é colunista da Folha de S.Paulo]