Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Liberdade de imprensa segundo o ‘Globo’

Desde que a funcionária da Folha de S.Paulo e então presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) Judith Brito anunciou que, com a oposição fragilizada, os jornais deveriam ocupar o espaço, muita gente boa passou da teoria à pratica. Os jornais conservadores levaram a coisa ao pé da letra. Deixa-se o que é notícia de lado para investir em interesses escusos. Ou, no mínimo, suspeitos e que muitas vezes beiram o que ainda chamamos de imoralidade.

Então, vejamos: recentemente, os serventuários da Justiça do Estado do Rio de Janeiro foram surpreendidos por um anteprojeto de lei que concede auxílio-moradia aos juízes que militam em todo o estado. Tal auxílio é de 18% do salário dos magistrados e é retroativo a 10 (dez) anos. No total, a bagatela chega a R$ 400 milhões do orçamento do Tribunal de Justiça que, segundo o discurso oficial, começou o ano com um déficit estimado em R$ 180 milhões. E é deste mesmo orçamento que, coincidentemente, sai o salário dos serventuários, bafejados no ano passado por um “vigoroso reajuste” de 4%. O Sind-Justiça entendeu que a grana que vai chover nos bolsos de suas excelências e, por tabela, dos desembargadores, onera os cofres públicos, impede qualquer futuro reajuste salarial de quem trabalha na Justiça e barra o ingresso de 1.800 concursados que, se empossados, poderiam contribuir para amenizar um pouco a doente lentidão com que tramitam os processos nossos de cada dia.

Querendo explicar ao respeitável público o que (agora sim, sorrateiramente) ocorre no Tribunal de Justiça do Rio, os serventuários da Justiça decidiram procurar os jornais dispostos a publicar matéria paga relatando os fatos. O Dia aceitou os R$ 14 mil dos serventuários e publicou na quinta-feira (11/4) a íntegra do texto. Mas O Globo e sua versão segunda linha, o Extra, paladinos da liberdade de imprensa (segundo eles), se recusaram a dar curso ao material dos serventuários. O jornal da família Marinho foi além. Segundo um contato, o texto só poderia ser publicado depois de passar pelo crivo dos censores da casa. O material modificado revelou-se uma mixórdia mal escrita, na qual desaparecem as reivindicações da classe e, de certa forma, ameniza o novo ganho mensal dos juízes (salários em torno de R$ 25 mil). E como é possível presumir que alguns deles estejam com o aluguel atrasado há dez anos, faça-se justiça! Ou pague-se o reivindicado!

É lógico que O Globo – cuja tiragem pífia e pouca credibilidade não o recomendariam como veículo para esse tipo de publicação – sabe de que lado está. O interessante é a postura com que o jornal, onde pontificam Miriam Leitão e o literato da política (e membro da Academia Brasileira de Letras) Merval Pereira, defende a liberdade de imprensa. Liberdade, na versão de O Globo (e que todos nós devemos nos apressar em entender) é a que a imprensa corporativa tem de censurar textos com reivindicações de serventuários da justiça & trabalhadores assemelhados. Ou simplesmente se recusar a publicá-los. Mesmo quando esses trabalhadores se dispõem a pagar pela publicação (José Attico Lebrão Rocha, jornalista, Teresópolis, RJ)

 

Observatório na TV de 9 de abril

Infelizmente, nenhum dos debatedores apontou a principal origem dos problemas humanos, o absurdo excesso de seres humanos em um planeta com capacidade limitada de produção de tudo. Ninguém tem coragem de apontar que a origem é a hiper-super-população e que sem um forte estímulo ao autocontrole de natalidade a situação só vai piorar sempre. Boa sorte (Rick Cleansoul, fotógrafo, Rio de Janeiro, RJ)

 

Obrigada pela matéria

A quem escreveu a matéria “A moda agora é discriminar argentinos”, preciso dizer muito obrigada e meus sinceros parabéns por relatar a realidade. Fico mais contente ainda se quem escreveu é brasileiro porque jamais ouvi de nenhum brasileiro que discriminar, humilhar, debochar de um argentino seja algo ilegal. Aqui na Argentina tudo o que tem a ver com Brasil é idolatrado. Os brasileiros são muito bem recebidos. Sou argentina, vivi quase toda minha vida no Brasil e não pretendo voltar. É muito ruim viver sendo discriminada e perseguida. E, pior ainda, sem entender o porquê. Sim, porque sou argentina, me diziam. Mas por quê? Nunca nenhum brasileiro conseguiu me explicar qual é o problema de eu ter nascido na Argentina (Silvina Petit, engenheira, Buenos Aires, Argentina)