Meu filho morreu sob grande apelo midiático. A TV Globo produziu, com minha autorização, um Globo Repórter do qual participei. O tempo passou e eu tentando fazer passar o trauma que vivi, quieto, sem fazer alarde ou cobrar da justiça a execução clara do meu filho para fins político-eleitoreiros. E a vida se tornou amarga, sem sentido para mim. É lançada a novela Caminho da Índias em horário nobre, que fez sucesso inquestionável no mundo todo. Um dia deparei com um jornal do grupo de comunicação Globo, o Extra, que estampava na primeira página a foto do meu filho ao lado da foto de um ator com os seguintes dizeres: “O ator fulano vai viver Pedro Dom na novela Caminho das Índias… Não é mera coincidência”. Foi um claro uso indevido da imagem do Pedro Dom usada para fins comerciais. Dano moral. Esperei dois anos por um pedido de desculpas da emissora… Nada. Entrei na justiça. A emissora contratou um advogado da família do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Perdi em primeira instância porque o juiz julgou que a TV Globo tinha todo o direito de fazer o que fez. Recorri à segunda instância. Perdi novamente, pois os desembargadores concluíram que a TV Globo pode, sim, fazer esse tipo de coisa, usar a imagem dos outros para fins comerciais sob o nome de reportagem. Desisti de recorrer porque não mais posso crer que haja justiça isenta neste país. O que acho que aconteceu? Bem, é uma boa questão para o raciocínio do leitor. Julguem vocês mesmos (Luiz Victor Dantas Lomba, escritor, Rio de Janeiro, RJ)