Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A técnica do gato de Alice

A simplicidade é o melhor caminho.

Uma vez entrevistei um radialista que me disse que para ser jornalista era necessário apenas cultura. Eu o interrompi e completei: “Cultura e técnica”. Sou adepto da filosofia de que um jornalista deve ser um maior leitor para ser um bom escritor, mas não concordo que apenas cultura seja suficiente. É preciso o aprimoramento diário da técnica.

Escrevo para jornais – no início como colaborador – desde a adolescência e recebia elogios pelos textos, pensava escrever muito bem mesmo. Quando entrei na Faculdade de Comunicação Social, entediado com as aulas do 1º período, onde tinha de ouvir sempre que Kotlen era “o cara” e outras coisas mais para o pessoal do marketing, fui por conta própria buscar em livros, manuais, vídeos, internet e, acima de tudo, lia jornais e revistas de todos os tipos.

Ao encontrar a técnica, ou as técnicas, comecei a achar que os meus textos anteriores eram sem pé nem cabeça. Por mais que admire a vanguarda e seja um admirador do jornalismo gonzo, penso que ainda assim o domínio da técnica de escrita jornalística, tanto para o texto noticioso quanto para o texto opinativo, é necessária. Mas mesmo diante de tanto material de estudo que busquei e ainda busco, nada me abriu mais os horizontes que o conselho que o Gato Risonho, em Alice no país das maravilhas, dá a Alice: “Comece pelo começo; vá até o fim; aí pare.”

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Victor Viana é jornalista, escritor e repórter de O Noticiário dos Lagos