Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O uso de drones em coberturas

O uso de drones pelo jornalismo, que antes se restringia a fotos ou documentários, começa a se disseminar pelas coberturas “quentes”.

É o que afirma Robert Picard, diretor de pesquisa do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao ser questionado sobre experiências como a do TV Folha – que usou drone para a cobertura dos protestos da semana passada.

Picard lançou há duas semanas um relatório do instituto sobre “Oportunidades e desafios dos drones na coleta de informações” e, na semana passada, comandou um dia inteiro de debates no congresso da Global Editors Network (GEN), em Paris.

“Uma série de grandes emissoras, como a CNN, a BBC e a ABC australiana, estão agora experimentando com o uso de drones para o jornalismo diário”, diz ele. “Alguns jornais também.”

O uso já chegou até à cobertura de zonas de guerra como Afeganistão e Síria, para garantir imagens de perspectivas diferentes, tomadas de posições “inseguras”.

Outras frentes

Um dos maiores desafios na nova atividade, diz Picard, é a ausência de regulação para o uso civil de drones, sobretudo do ponto de vista de segurança. Mas “as autoridades de aviação civil internacional já estão se mexendo para estabelecer padrões”, o que deverá chegar “à maioria dos países em algum momento”, inclusive ao Brasil.

Os debates no congresso jornalístico, na última quarta [12/6], também se concentraram em regulação. Representantes de BBC e ABC lamentaram que a insegurança normativa dificulta investir mais.

As regras já estariam mais definidas no Reino Unido, afirmou Guy Pelham, da BBC, porém: “Devo manter os mesmos princípios quando vou para um país em desenvolvimento, onde não há qualquer regime regulatório?”.

Além da regulação de segurança, o uso crescente dos drones se reflete em outras frentes. Uma “questão especialmente importante”, diz o diretor do instituto Reuters, é “o quanto se intrometem na privacidade das pessoas, quando sobrevoando.”

******

Nelson de Sá, da Folha de S.Paulo