O gonzo é um estilo de narrativa jornalística que se assemelha muito à forma de narrativa cinematográfica, mas também faz uso de qualquer outra produção de mídia em que o narrador abandona total ou parcialmente qualquer pretensão de objetividade e se mistura à ação, tanto opinando quanto até mesmo decidindo os rumos da reportagem. É marcado pelo humor, sátira e liberdade na escrita. Pondo de ponta a cabeça algumas regras clássicas do jornalismo, o gonzo foi criado pelo jornalista doidão Hunter S. Tompsom. Hunter foi incumbido de cobrir uma corrida de carros no deserto e acabou gastando todo o dinheiro com bebida, drogas e prostitutas. Não tendo nada a apresentar para sua reportagem escreveu uma matéria narrando os acontecimentos pela perspectiva de sua mente entorpecida.
Da década de 1970 em diante, este gênero foi logo cooptado por jovens politizados que viram nessa forma anárquica de fazer jornalismo um ótimo esconderijo para – através do humor e símbolos – fazer crítica social. No jornalismo brasileiro, o gonzo deixou sua marca desde o aclamado Pasquim, passando pelo Planeta Diário e A Casseta Popular – de onde saíram todos os integrantes do Casseta e Planeta – assim como o Noticiário do Varela, feito por Marcelo Tas, que hoje usa e abusa do gonzo no CQC – principalmente pelos repórteres que se misturarem a narrativa, sempre citada também é a revista Trip – e entre outros não se pode esquecer o “trintão” O Perú Molhado, em Búzios, no Rio de Janeiro. O gênero gonzo tinha apenas 20 anos quando o Perú começou sua louca historia Nesses trinta anos, o Perú – que é o mais antigo jornal de interior em atividade no Brasil – conquistou fãs e inimigos na mesma proporção. Intencional ou não, o Perú realmente parece beber da fonte do jornalismo gonzo. É fácil ver os traços desse gênero – que os mais conservadores nem consideram jornalismo – em suas notícias cheias de opinião e textos onde, muitas vezes, o repórter e mesmo o editor falam de si mesmo e de suas aventuras interferindo muitas vezes na noticia.
******
Victor Viana é jornalista e escritor e produtor de conteúdo em O Perú Molhado