Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

TI e telecomunicação poderão crescer até 20% neste ano

Companhias e organizações que representam as indústrias de software, serviços e equipamentos de tecnologia preveem uma demanda aquecida no Brasil em 2013 e nos próximos anos. A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) estima que o setor de TI vai registrar receita de US$ 132 bilhões este ano no Brasil, equivalente a um crescimento de 7,3% em relação a 2012, quando o setor faturou US$ 123 bilhões. Porém, US$ 54 bilhões desse total não se referem a receita gerada a partir de vendas, mas sim de valorização das empresas por meio de desenvolvimento e inovação com suas equipes internas.

De acordo com a Brasscom, as vendas de equipamentos podem chegar a US$ 35,3 bilhões; as de software, US$ 9,5 bilhões; e as de serviços, US$ 21,2 bilhões (incluindo o segmento de serviços de terceirização de TI).

Antonio Gil, presidente da Brasscom, disse que o setor de TI responde por aproximadamente 5% do Produto Interno Bruto brasileiro, enquanto em economias maduras o setor movimenta algo em torno de 8% do PIB. “Uma participação de 8% no PIB é quanto deveria ser. Por isso, a meta para o setor é se desenvolver para alcançar essa marca até 2022”, afirmou. Esse crescimento equivale a uma expansão de 54% na receita do setor em dez anos. Gil considerou como fatores de estímulo o aumento do uso de TI em empresas pequenas e médias e o aumento das compras no setor público e nas áreas privadas de educação e saúde.

Crescimento expressivo

As taxas de crescimento variam de acordo com o segmento analisado. Gerson Schmitt, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), disse que o mercado de software e serviços cresceu 26,7% no ano passado, para US$ 24,43 bilhões, e estima expansão de 20% para este ano.

“Esse é um mercado que não para de crescer, mas temos capacidade de produzir melhor, mudando o modelo de negócios”, disse. Schmitt defendeu o estímulo à propriedade intelectual de softwares no Brasil e criticou a decisão do governo federal de estimular mais a produção de software livre – que tem como principal fonte de receita serviços de suporte aos softwares – em detrimento do desenvolvimento de tecnologia proprietária. “Perdemos dez anos discutindo software livre, enquanto o resto do mundo investiu em redes, nuvem e em outras tecnologias que dominam o mercado”, disse.

Em TI e telecomunicações a previsão de alta é mais modesta. Humberto Barbato, presidente Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), prevê crescimento em torno de 6% em 2013, chegando a R$ 69,9 bilhões, nessas duas áreas. Nesse cálculo ele inclui as vendas de equipamentos como computadores e celulares. O crescimento será impulsionado pela substituição de celulares por smartphones e pela ampla adoção de tablets.

Equipamentos de TI para o varejo poderão ter um desempenho melhor, com crescimento de pelo menos 10% nas vendas este ano, segundo cálculo de Cleber Morais, presidente da Bematech, especializada no segmento. Para o mercado de software, Morais prevê um incremento maior, mas não cita números. “O varejo apresenta uma demanda mais forte por software e serviços de TI este ano”, disse Morais. Ele afirmou que as empresas também elevaram as encomendas de serviços de gestão de grandes volumes de dados (“Big Data”) e softwares que facilitam o relacionamento entre a empresa e seus públicos.

Alexandre Dinkelmann, vice-presidente-executivo para estratégia e finanças da Totvs, não citou números, mas também afirmou que a companhia prevê crescimento este ano. “Um dos principais impulsionadores é a grande demanda das empresas por software e serviços de TI na nuvem [que podem ser acessados remotamente por internet]”, disse. Dinkelmann também antevê um crescimento expressivo da procura por centros de dados, softwares para desenvolver negócios a partir do grande volume de dados que as empresas possuem, softwares de gestão empresarial (ERP) e para gestão da rede de dispositivos fixos e móveis das empresas.

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Cibelle Bouças, do Valor Econômico