Duas das maiores empresas de publicidade, Omnicom Group e Publicis Groupe, anunciaram neste domingo uma fusão que criará a maior família de agências do mundo, com valor de mercado de US$ 35,1 bilhões e 130 mil funcionários.
A associação da Publicis, sediada em Paris, com a Omnicom, de Nova York, suplantará a atual líder do setor, a WPP, de Londres. Embora a Omnicom seja um pouco maior do que a Publicis, o acordo é considerado uma fusão de empresas de igual porte, cujo faturamento total foi de US$ 22,7 bilhões no ano passado. A nova companhia se chamará Publicis Omnicom Group.
Inicialmente, o novo grupo terá dois diretores executivos: John Wren, da Omnicom, e Maurice Lévy, da Publicis. Mas depois de 30 meses, Wren, que tem 60 anos, se tornará o único diretor executivo, e Lévy, 71, poderá exercer a função de presidente do conselho.
Se aprovada pelas autoridades antitruste dos Estados Unidos e da Europa, e se receber sinal verde do governo francês, a fusão unirá redes de agências de publicidade atualmente separadas – como BBDO, TBWA e DDB sob a Omnicom, e Leo Burnett e Saatchi & Saatchi sob a Publicis.
Ao todo, os conglomerados representam algumas das maiores marcas mundiais, como AT&T, Visa e Pepsi na Omnicom, e McDonald’s, Coca-Cola e Walmart na Publicis.
Dados e publicidade
Lévy e Wren abriram a coletiva à imprensa com a assinatura do acordo na cobertura da sede da Publicis, na Avenida Champs-Elysées, em Paris.
Os acionistas de cada uma das companhias serão detentores de 50% do capital acionário da nova empresa, que será listada na Bolsa de Nova York, na Euronext Paris e incluída no índice das 500 da Standard & Poor’s, e na CAC 40 em Paris. Haverá um único conselho diretor com Wren e Lévy e sete representantes de ambas as companhias.
Em comunicado, Lévy disse que a fusão foi motivada pelos avanços tecnológicos em publicidade e pelos chamados Big Data – a capacidade de acumular volumes muito maiores de informações sobre os consumidores, que permitirão lucrar de várias maneiras.
“O panorama atual do marketing passou por drásticas mudanças nos últimos anos, com o surgimento exponencial de novas gigantes da mídia, a explosão dos Big Data, a indefinição dos papéis de todos os participantes e com profundas modificações no comportamento do consumidor”, disse Lévy.
“Essa evolução deu origem a grandes desafios e a imensas oportunidades para os clientes. John e eu concebemos esta fusão a fim de beneficiar os clientes proporcionando-lhes uma oferta mais abrangente de serviços analógicos e digitais.”
Na coletiva, Lévy detalhou a questão. “Os bilhões de pessoas que agora estão online e fornecem dados às companhias oferecem uma oportunidade para a utilização de novas tecnologias na área de publicidade na coleta e análise de dados com uma mensagem relevante para um público muito menor.”
Wren salientou também a importância da tecnologia digital para o futuro da publicidade. “Daqui a três anos, a partir de agora, tudo será digital”, afirmou. “Até os outdoors hoje são digitais ou se tornarão digitais.”
A Omnicom, que, segundo os analistas, até agora se preocupou mais com uma expansão de suas operações digitais de maneira orgânica, e não mediante aquisições, se beneficiará com o poder aquisitivo da Starcom MediaVest Group, uma divisão da Publicis e uma das maiores agências de mídia do mundo. Em abril, a Starcom assinou um acordo plurianual com o Twitter que combina recursos usados por ambas para medir e monitorar dados e publicidade. Este acordo foi avaliado em centenas de milhões de dólares.
Em 2012, o faturamento da Publicis aumentou 14% para US$ 8,8 bilhões, enquanto o faturamento da Omnicom cresceu 2,5%, para US$ 14,2 bilhões.
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Tanzina Vega e Liz Alderman, do New York Times