Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Blogs e tabloides, ferramentas sociais

A mídia (ou os canais de mídia, se preferir) tem sido nas últimas décadas a maior formadora de opinião do mundo. A globalização fez da imprensa uma criação de objetos para exposição. Não há mais somente a notícia, e sim, qualquer coisa que se possa despertar o interesse do leitor ou do espectador, como diz a canção “O papa é pop” – tudo que se move é um alvo, ninguém está a salvo – já que a “notícia” pode ser apenas uma fotografia e basta! Neste processo acelerado e vertiginoso de criação de ícones (leia-se, celebridades, e não artistas) tudo, como era de se esperar, descamba para o comercial, o jabá. Resultado? Jornalismo comprometido até as veias bostéricas!

Pode-se dizer também jornalismo vendido, jornalismo para encher linguiça… A internet, mãe salvadora de todos nós, pode criar e está criando um jornalismo menos comprometido (ao menos não com os barões de sempre) feito por toda a sociedade através de blogs e sites. O blog é o tabloide da web! E tabloide é algo muito bom, o jornalismo impresso carece de bons tabloides. O formato tabloide (com suas diferentes variações) que quase salvou o Jornal do Brasil facilitou que outros jornais nascessem. O Dia já adotou o formato… O standard, aquele modelo usado pelo Globo, vai entrar em extinção, eu estarei vivo para ver! É claro que o sistema acha como capitalizar em tudo e as megaempresas da comunicação já estão há muito tempo usando a net e agora, cada dia mais com força, investindo nos blogs. Esses dias saiu no O Globo a grande notícia: “Os estagiários do Globo agora têm um blog!”. O que? Será que as Organizações Globo estão achando que há algum pioneirismo nisso?

A devida separação

O Globo está atrasado. Estagiários de outros jornais já têm blog há um tempão, professores como o Professor PC (do blog do professor Paulo César Guimarães) já incentivam seus alunos há séculos a terem seus blogs. O blog e o tabloide são duas fortes ferramentas sociais de nossos tempos. O tabloide pode estar mais atento e aprofundado na esfera local da sociedade e o blog levando isso para o mundo! Um jornalismo livre se forma e ganha força. Quando falo de jornalismo vendido de forma alguma estou criticando a importância dos anunciantes! O anúncio em um jornal é um meio de sustento comercial legítimo da imprensa, menos quando o veículo de imprensa é público.

Quanto critico a forma vendida de alguns veículos se trata da venda da verdade e da ética como mercadoria, essa venda está no próprio cerne da matéria ou do artigo e não nas logomarcas dos que pagam para ter suas marca exposta em um jornal que julgam dar retorno financeiro a seus negócios. Quanto mais propaganda de origem privada tem um jornal menos fica na mão do governo, não precisa ficar bajulando políticos e governos. Mas há de se dar a devida separação das coisas.

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Victor Viana é jornalista