Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Caderno infantil: parte da estrutura ou conteúdo opcional?

Há três semanas, abro o jornal O Globo de sábado e não encontro o Globinho. Procurei saber o que teria ocorrido. O jornalzão, com entusiasmo [?!], nos informa que agora só haverá a edição virtual. O que em minha infância era um caderno, tornara-se nos últimos anos um magrelo encarte tabloide de duas folhas. Agora acabou. Ao parear esta decisão estrutural com outras conteudísticas, fica clara a intenção do jornal em não participar da formação de nossas crianças: é uma escolha, por mais bem escritas justificativas em contrário que possa apresentar.

O que questiono é o que verifico sobrar: um jornal nacional impresso a se contentar em ser pasquim de segmentos políticos e econômicos de seus interesses imediatos, que não se reinventa na forma de se expressar, nem na de anunciar. “Papai, cadê meu jornal?”, meu filho perguntou. Felizmente, ô meu, temos opções! Mas fico pensando nos meus amigos jornalistas, que respiram redação e terão que engolir mais essa, reféns de uma estrutura que não diferencia cabelo de nuca (Holmes Antonio Vieira Martins é pediatra e psiquiatra da infância e adolescência, professor universitário e editor)