Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A reinvenção da mídia moderna

A revolução da era global está nos afetando cada dia mais. Temos visto cada vez mais rapidamente as mudanças tecnológicas e costumes ficando ultrapassados. O mundo cada vez mais imediatista e descartável e nos faz, ainda que involuntariamente, vítimas do tempo. Velhos hábitos como ler um jornal ou revista, ou mesmo assistir um programa de televisão, estão se tornando menos importantes, na medida em que temos acesso a tudo de qualquer lugar, bastando portar um dispositivo móvel.

Gigantes da mídia tentam de forma desesperada se atualizar para conseguir acompanhar a evolução desse novo tempo, pois diferente de outras épocas em que as pessoas vinham atrás da informação, essa, ainda que não fidedigna, está escancarada em qualquer site de internet. Observamos diversas revistas, jornais e a própria televisão tentando atrair consumidores para seu meio, propondo novas formas de acesso e interação, nem sempre de forma assertiva.

Um dos fatores desse novo processo ainda não estar estabelecido é que os grandes do mercado ainda não entendam o público-alvo a ser direcionado, pois a exemplo da internet, onde a maioria são jovens e não são necessariamente consumidores de jornais e revista, e ainda que a televisão tenha monopolizado durante muito tempo a mídia de massa, estamos chegando à era onde o jovem não se importa mais em ver esse tipo de programação, pois a considera velha e ultrapassada.

A busca pelo público-alvo

Em vez de discutir meios de aproximar desse novo público que será o futuro consumidor, vemos várias reportagens de importantes veículos como jornais e revistas discutindo o processo de mídia ninja que teve um papel determinado nos protestos de junho, enquanto as grandes mídias não puderem estar tão próximas da notícia, às vezes sendo até hostilizada.

Ora, sabemos que um dos pontos da mídia ninja ter obtido sucesso foi justamente por falar a língua do público jovem, nas redes sociais, em Universidade, em movimentos jovens militantes (ainda que seja uma posição discutível) às vezes próximo do amadorismo, mas souberam estar no meio e passar a mensagem, que é a de fazer parte deste circuito jovem que não está preocupado com o que sai na capa da Folha de S.Paulo ou do Estadão e muito menos das manchetes do Jornal Nacional, e sim, de participar da notícia.

Um exemplo que talvez esteja indo neste caminho é a TV Folha, programa que vai ao ar na TV Cultura, de parceria dessas empresas, que tenta mostrar um resumo dos assuntos relevantes da semana por meio de reportagens rápidas, com ar de modernidade e design jovem. Ainda assim indo para um meio como a televisão será difícil obter êxito no longo prazo pois o público-alvo não está ali, mas apenas os seus pais, que com certeza preferirão Domingão do Faustão ou Silvio Santos na programação de domingo.

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Marcos dos Santos Farias é analista de logística, Campinas, SP