Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

A necessidade de uma autocrítica geral

Há algumas semanas, li um delicioso artigo que questionava a noção de que a vida seria uma caixinha de surpresas. Nele, a autora sustenta que a vida é de fato um conjunto de ironias. É um texto bem bacana, gostoso de ler. O que mais me seduziu foi a figura de linguagem empregada, a ironia. Particularmente gosto do impacto que a ironia nos causa. Parece que perdemos o chão.

Em se tratando da nossa imprensa, acredito que foi uma imensa ironia que a melhor notícia que tivemos nos últimos tempos, ou pelo menos neste ano, tenha partido justamente das Organizações Globo. Refiro-me à retratação pública que fizeram em relação ao apoio ao golpe militar em 1964. Embora muitas pessoas e instituições tenham visto isso como uma estratégia de marketing, sobretudo depois dos ataques que as emissoras sofreram em diversos estados durante as manifestações e até mesmo depois delas. Discordo. Foi um gesto simbólico considerável e um importante passo rumo ao aprimoramento da nossa imprensa. Principalmente quando consideramos que não obstante críticas e queixas, as Organizações Globo foram e ainda são parâmetro para a maioria dos telejornais brasileiros. Por mais que critiquem, as emissoras concorrentes têm praticamente o mesmo formato de jornalismo e muitas vezes contam até com ex-profissionais contratados a peso de ouro. Quanto às acusações de uma suposta manobra para melhorar sua imagem, penso que foram levianas, pressurosas e carregadas de ressentimento.

Entretanto, seria leviandade também supor que quem suspeitou desta ação agiu única e exclusivamente de má-fé. Pertenço a uma geração que cresceu ouvindo e lendo tudo quanto é tipo de denúncia envolvendo a Rede Globo, como a monopolização, o favorecimento a grupos políticos obscuros, manipulações de tudo quanto é espécie. Vivenciei o auge disso quando participei da primeira campanha eleitoral para presidente em que Lula concorreu, em 1989, e houve aquela manipulação abominável no debate dos então candidatos Lula e Collor, com a emissora claramente a favor do segundo. Por isso, a ironia. Segundo Aluizio Maranhão, no programa televisivo do Observatório da Imprensa (ver aqui), esta postura das Organizações Globo também está sendo revista. Aliás, nesta mesma edição do Observatório na TV foi ponderado um fato que felizmente começamos a enfrentar: o apoio não só das Organizações Globo, mas também da maioria esmagadora da grande imprensa ao golpe militar de 1964 e as tragédias que sucederam durante 21 anos de ditadura militar no Brasil.

Uma autocrítica da imprensa em geral?

A grande questão é como isso será encaminhado daqui para frente. Percebo que há dois possíveis caminhos.

Um, mais cômodo, é o maniqueísmo, isto é, grupos com divergências comerciais e ideológicas se aproveitarem para estimular ainda mais ações contra as emissoras da rede. Cumpre notar que neste caso, por mais que gritem em nome do bem comum e da transparência, devemos levar em conta que há interesses poderosos em jogo. Não se trata de isentar a Globo de responsabilidades. Inclusive a mesma pagou um preço alto pelo tipo de cobertura que começou a fazer no começo das manifestações de junho, muito bem ilustrada nos comentários demagogos feitos por Arnaldo Jabor, que num primeiro momento dizia que os manifestantes não valiam nem 20 centavos para 48 horas depois se desdizer com a empáfia e pseudo-modéstia que lhe são peculiares. E também a vã tentativa de convencer a opinião pública que as manifestações não passavam de “vandalismo”.

Ocorre que do outro lado também houve manipulações. A imprensa simpática ao governo federal e subserviente aos delírios de poder de Lula, quando percebeu que as manifestações se voltavam contra todas as esferas de poder e contra os partidos brasileiros mergulhados no fisiologismo, tratou logo de descaracterizar as manifestações e a nos “alertar” para o perigo da ditadura, dentre outras sandices. Ambos os lados tiveram que recuar e rever seus posicionamentos.

O outro caminho, árduo, mas fecundo, seria o da imprensa em geral aproveitar a retratação das Organizações Globo e também efetuar uma profunda autocrítica. Tenho a impressão que em muitos momentos o incrível poder que a Globo acumulou nas últimas décadas serve de subterfúgio para outros veículos praticarem jornalismo parcial, viciado, em suma, ruim. Uma outra questão é se devemos encarar a Globo como um grupo empresarial poderoso que tem interesses também poderosos ou como uma organização sinistra a serviço do mal como querem nos fazer crer os seus concorrentes. Evidente que descarto completamente esta última.

Chico Buarque a Genoíno

Destarte, como em todo grupo empresarial é necessário controle social para que seus interesses não se sobreponham ao interesse público. E que isto não seja confundido com controle de conteúdo ou qualquer tipo de censura. Infelizmente, dado o atual panorama da imprensa, acredito que isso seja por enquanto uma utopia. A nossa imprensa insiste na crença de que é possível fazer críticas aos demais, pessoas, instituições, partidos, sem fazer a sua própria autocrítica.

Depois do racismo, de todos os vícios presentes em nossa imprensa penso que o mais explícito e repugnante é o maniqueísmo, esvaziando por completo o caráter republicano que toda imprensa efetivamente democrática deve ter. Em outras palavras, quando determinado grupo se diz “do bem” e acusa o outro de ser “do mal” empobrece a compreensão confundindo e não esclarecendo as pessoas para que elas possam formar a sua própria opinião. E o mais grave é que veículos de comunicação acabam sendo porta vozes de interesses particulares que atentam contra o bem comum. São interesses de grandes conglomerados financeiros e industriais, latifundiários, especuladores, que precisam de partidos e políticos dóceis, submissos enquanto a população tem progressivamente qualidade de vida ruim.

Dois temas dominaram o noticiário político nacional. Os recursos infringentes do mensalão e a contratação dos médicos estrangeiros. No caso do mensalão novamente a imprensa palaciana abriu mão do jornalismo para advogar em favor dos réus. Deram imensa publicidade ao “sofrimento” de José Dirceu, apresentado por esta imprensa quase como santo, mártir vivo, e também às manifestações de apoio ao deputado José Genoíno pelas críticas que recebeu após o seu no mínimo esquisito pedido de aposentadoria. Na egunda-feira (16/9), esse tipo de imprensa noticiou quase em tom de comemoração uma ligação de Chico Buarque para o ex-presidente do PT. Claro que qualquer manifestação de um artista do porte do Chico Buarque tem peso. José Genoíno foi e é réu e, nesse episódio, além das acusações e provas que pesam contra ele, se notabilizou pela afirmação de ter assinado um documento de extrema importância sem ler.

É claro também que a manifestação de apoio do artista não arranha em nada a sua valiosa contribuição para as artes em geral e para a música em particular. Como todo cidadão, tem suas motivações e convicções e quem não concorda que respeite e pronto. Porém tal manifestação de apoio não absolve o parlamentar. É legítimo e salutar quando artistas se manifestam, o problema é o tipo de tratamento jornalístico que estes meios empregam. [No momento em que escrevo, ainda não foi dado o voto do ministro do STF Celso Melo.]

Preconceito contra os negros

A imprensa precisa urgentemente sair da armadilha em que se enfiou a polarização PT-PSDB. Até porque esta não é mais uma polarização da sociedade como fora nos anos 1990, mas única e exclusivamente das classes dominantes. Quanto ao programa “Mais Médicos”, as manipulações persistem. De ambos os lados. Um detalhe específico chamou atenção. Depois de pesquisas demonstrarem a óbvia aceitação da população em relação ao programa, ver o Lula lançando o ministro da Saúde para concorrer o governo do estado de São Paulo levanta dúvidas. Será um procedimento natural da cena política, ou é resultado do frio cálculo político do ex-presidente e do PT? Por que este programa não veio antes? Uma coincidência macabra, para dizer o mínimo.

Por outro lado, a imprensa que faz clara oposição ao governo, liderada pela Veja, em nada contribuiu ao distorcer descaradamente fatos para depreciar o programa. Observamos de tudo, menos jornalismo. E para agravar o quadro acabou por estimular preconceitos arraigados em nossa sociedade. As ofensas que médicos estrangeiros –principalmente os cubanos – sofreram comprovaram uma triste realidade que a imprensa brasileira não discute de jeito nenhum: somos um dos países mais racistas do mundo. Talvez o mais.

Não é necessário ser sociólogo, acadêmico para constatar isso. Basta um pouquinho de sensibilidade e observação. Entre nós há um cardápio variado de preconceitos. Sejam eles contra nordestinos, índios, pobres, homossexuais, mulheres, enfim, a lista é grande, infelizmente. Todavia, o preconceito contra os negros é sem sombra de dúvida o que mais salta aos olhos. Basta considerarmos que no mundo todo, só a Nigéria tem mais negros do que o Brasil. Se observarmos quem ocupa os altos cargos nas empresas, bancos etc., isso fica ainda mais explícito. E também nos lugares que estudam e pesquisam o racismo, as universidades. Estudei Ciências Sociais na PUC-SP. Excelente curso, um dos melhores do país, mas, no entanto, nunca tive um professor negro.

A imprensa da Islândia

E na imprensa? Lamentavelmente igual. Aliás, quando houve manifestações racistas contra os médicos estrangeiros, e sempre que a imprensa noticia casos de racismo, sinto um profundo mal estar. Esta sensação advém do fato da imprensa brasileira noticiar sempre em terceira pessoa. Como assim? Vejo, ouço, leio a imprensa afirmar que os brasileiros são racistas, ou seja, “eles”. Por que não “nós”? Vejamos. Quantos veículos de prestígio têm negros chefiando uma redação? Quantas emissoras de televisão e rádio têm âncoras negros? Triste, mas é ainda pior. Quantos repórteres negros? Fico imaginando a cena. Um jornalista branco escrevendo sobre o racismo todo indignado enquanto uma negra lhe serve café e um negro limpa o chão em que pisa. Inclusive a segmentação da imprensa com programas, blogs, seções específicos para negros e realizados por negros, não obstante as boas e belas intenções contra o racismo ao invés de ser um antídoto o reforça ainda mais.

Ao Roda Viva da TV Cultura (9/9) foi o jornalista e escritor Laurentino Gomes. Esta edição do programa sintetiza bem o que estou argumentando. Estava em discussão a história e formação do Brasil e não havia nenhum negro presente. É talvez um dos programas mais tradicionais de entrevistas da televisão brasileira e raríssimas vezes tem negros e/ou negras entrevistando ou sendo entrevistados.

É provável que os setores em que observamos negros em destaque, são os esportes e as artes em geral e o futebol e a música em particular. E, por falar em futebol, quantos ex-jogadores negros têm como comentaristas esportivos as emissoras de televisão? Não estou me referindo aos eventuais convidados, mas aos efetivos, ou seja, que são funcionários contratados. Não se trata de depreciar o trabalho, competência e talento de quem não é negro. Não. Absolutamente. E também não é o caso de que brancos não devam falar de negros e vice-versa. O que se deve esperar de uma imprensa realmente plural e democrática é a de brasileiros falando de brasileiros. E é evidente que isto implica a diversidade do povo brasileiro e, volto a dizer, a população negra, que representa no mínimo quase a metade dos brasileiros. Tenho a impressão de que há mais negros na imprensa da Islândia do que na imprensa brasileira.

Luta inglória

Vale ressaltar que o racismo não é um problema apenas dos negros. Embora sejam sem dúvida os mais afetados, toda a nossa sociedade sofre e perde muito com o racismo. Quando houve o veto dos absurdos contidos no Estatuto do Nascituro li um comentário de uma mulher numa página feminista muito interessante e inteligente. Enquanto a maioria dos comentários ia no sentido de “vitória das mulheres”, neste comentário lia-se: “vitória da sociedade brasileira”. Sim, e esta talvez seja uma das principais lições da sociologia, independente de sua vertente. A vida em sociedade não suporta que determinados setores sejam privilegiados enquanto outros são oprimidos. Não há escapatória, todos sofrem. O exemplo mais didático e recorrente é o da violência. Mesmo quem tem dinheiro não escapa dela.

Passou da hora e faz tempo da imprensa enfrentar isso. E para tanto terá que compreender e aceitar que pertence a esta sociedade, não está à parte. Só assim a imprensa passa de reprodutora para questionadora do racismo insuportável que reina neste país. Como? Em primeiro lugar, abrir mão da empáfia e arrogância e fazer o que faz com os outros, isto é, se questionar. Caso contrário, a credibilidade da imprensa que há alguns anos vem caindo, pode acabar de vez.

Por falar em credibilidade, vou ilustrar isto de um modo prático. Peço licença para um exemplo estritamente pessoal.

Sou professor e como tal uma pessoa pública. Minha vida pessoal é problema meu. Até certo ponto. Não posso simplesmente sair do colégio atravessar a rua e encher a cara com alunos passando em frente ao boteco. Temos inúmeros exemplos de condutas mais ou menos óbvios que um professor não pode ter. Entretanto há os mais sutis e extremamente definidores se terá credibilidade ou não. Como professor e educador, abordo assuntos que envolvem não apenas os conteúdos exigidos pela disciplina mas, sobretudo, a vida. Por exemplo, vivemos uma época de epidemia de obesidade infanto-juvenil, obrigatoriamente tenho que tratar disto. Ocorre que desde criança travo uma luta inglória contra a balança. Nasci com 4,6 quilos. Ao tratar disto, tenho duas alternativas. Ignorar por completo este aspecto do meu metabolismo, pois é um assunto pessoal e os alunos não estão lá para me ouvir como pessoa, mas como o seu professor. E mesmo acima do peso, faço exames regulares e não sofro de nenhuma doença decorrente da obesidade. É bem mais confortável, mas a educação não acontece.

Credibilidade comprometida

Os alunos até prestam atenção, mais por uma questão de poder (sou professor, dou notas) do que interesse e, principalmente, credibilidade. A outra mais embaraçosa é a de antes de tratar do tema conversar com eles, reconhecer que estou acima do peso, me esforçando, fazendo acompanhamento com médico, nutricionista e que isso me traz consequências não só de saúde, mas sociais etc. É notória a mudança de postura por parte dos alunos. Ficam segurando o sorriso até um filho ou uma filha de Deus comentar: “Nossa, professor, nunca tinha pensado nisso. Quer dizer que se eu me alimentar mal corro o risco de quando crescer ficar igual a você? Amanhã mesmo pedirei para minha mãe comprar só brócolis.” Em seguida a classe toda cai na gargalhada. É deste jeito. Eles não perdoam.

Se tenho por objetivo a aprendizagem sobre boa alimentação sou obrigado a passar por esta situação. Não há outra forma. Ao ignorar, estarei falhando como educador. Não dizem nada pelo motivo que assinalei acima. Mas assim que viro as costas serei motivo de chacota e o que é pior, não assimilarão nada. Por outro lado, ao dialogar com eles as chances de êxito aumentam consideravelmente.

É isso que ocorre com a nossa imprensa em relação ao racismo. Falam de racismo, que são contra, mas a coisa não anda e nem muda. Pelo contrário. A credibilidade da imprensa fica comprometida. São contra o racismo, mas o reproduzem e mais grave, não admitem. A imprensa tem que sair desta zona de conforto se quiser continuar existindo como instituição séria. Não é fácil para ninguém admitir imperfeições, independente de quais sejam. Entretanto ao atravessar este penoso caminho só se tem a ganhar. Quando temos algum tipo de controle crítico, por assim dizer, nos incomodamos, mas também progredimos.

Doces e frituras

O tema alimentação é importante para crianças e adolescentes. Estão em formação, é bom destacar também a influência da alimentação numa prova de vestibular, por exemplo. Novamente me coloco como “modelo”. Uma vez tratei deste assunto com sextos anos, crianças de dez, onze anos de idade. Depois da conversa percebi que se interessaram e fiquei satisfeito. Na semana seguinte ao entrar numa sala notei certa agitação. Havia uma roda de alunos ao fundo da sala. Perguntei o que estava acontecendo. Veio um pequeno grupo (os líderes, as “cabeças” do “movimento”). Apareceram com uma cadernetinha, alguns artigos da internet e fita métrica. A “vanguarda” disse-me que as “matérias” que pesquisaram eram exatamente sobre o meu caso. Pessoas que estão acima do peso e não apresentam grandes complicações em seu quadro clínico. “E daí?”, indaguei. Foi então que me informaram que mesmo estando com a saúde em dia corria riscos. Ou seja, o que quiseram dizer é que estava propenso a doenças do coração, hipertensão e por isso estavam “preocupados”. Comecei a entender a fita métrica. Tiraram minhas medidas e me levaram à enfermaria e mandaram subir na balança. Hesitei, aí ouvi: “Pode subir, professor, aguenta até 300 quilos”. Eles não têm dó. Anotaram meus dados na cadernetinha e passaram a acompanhar minha dieta.

Mesmo que para aquelas crianças aquilo fora motivo de festa, atingi dois objetivos sendo um inesperado. O principal foi que o tema da alimentação saudável passou a fazer parte do cotidiano deles, com questionamentos inclusive aos próprios pais. O outro inesperado foi que emagreci bastante. Ninguém suporta um monte de crianças no pé.

Isto faz tempo, mas depois comecei a tratar do assunto com mais naturalidade sempre atingindo os objetivos. Mesmo que não trazem todo o aparato que como aquela vez, ficam de olho se estou comendo frituras, doces ou bebendo refrigerantes. Neste ano não estou lecionando e pretendo voltar logo. Foi o período mais longo que fiquei fora da sala de aula desde que comecei minha carreira e por incrível que pareça mesmo vigilante, ganhei peso.

Lógica perversa

Não é um exercício simples. Muitas vezes têm crianças acima do peso, tem que tomar muito cuidado. Mas é recompensador, pois, esta criança que está acima do peso também se sente estimulada, o possível buliyng se transforma em companheirismo.

Voltando a nossa imprensa. De uns anos para cá houve avanços. Sem dúvida há mais negros e negras nos meios de comunicação. Mas se considerarmos a proporção são avanços tímidos, para não dizer insignificantes. A publicidade também é um foco onde o racismo fica escancarado. Qualquer pessoa que observa os intervalos comerciais dos programas televisivos tem a impressão de estar assistindo alguma emissora da Noruega ou a triste constatação de que somos racistas.

A imprensa teria muito a ganhar também se aceitasse que reproduz a perversa lógica do racismo. Há diversas formas. Não sei se as cotas seria uma delas. O que sei é que antes da imprensa pensar em alguma fórmula é preciso reconhecer o que ela faz parte do grave e triste problema. Todos ganhariam. A imprensa, em credibilidade e independência. Aumenta a credibilidade, aumenta o interesse e aumentam as vendas. Não precisaria bajular poderosos. Pode até ocorrer que a nossa sociedade não se torne mais feliz, mas com certeza será bem menos triste.

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Cristiano Moura Gonzaga é professor e sociólogo, Santo André, SP