Dos 10 jornais de maior circulação no Brasil, 3 já adotaram paywall (muro de pagamento em tradução literal do inglês, ou seja, a cobrança pelo acesso às edições digitais).
O número chega a 9, entre os 30 maiores no levantamento de agosto do IVC (Instituto Verificador de Circulação).
A Folha adotou há um ano e três meses o modelo poroso de paywall, que permite o acesso gratuito a até 20 páginas mensais.
Foi o primeiro jornal no país a adotar esse sistema, implantando também por publicações como o americano “The New York Times” e o britânico “Financial Times”.
Na última semana, “O Globo” também passou a cobrar pelo acesso on-line, no modelo poroso.
No anúncio, a diretora-executiva do jornal, Sandra Sanchez, disse que o paywall é “importante para assegurar um modelo de negócio sustentável, que mantenha a oferta de conteúdo de qualidade”.
Dos três jornais de maior prestígio no país, apenas “O Estado de S. Paulo” ainda não implantou a cobrança de conteúdo em seu site.
Em evento promovido pelo “Globo”, na semana passada, o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, disse que o “Estado” planeja a adoção de paywall para breve.
Entre outros títulos já com o sistema de pagamento no país estão “Valor Econômico”, “Correio Braziliense”, “Estado de Minas”, o gaúcho “Zero Hora” e o paranaense “Gazeta do Povo”.
Parte da solução
A proporção de jornais que optaram por paywall no Brasil segue a tendência observada antes no setor nos Estados Unidos.
Segundo o mais recente relatório “O Estado da Mídia”, do instituto norte-americano Pew, no final de 2012 a proporção de jornais americanos com assinaturas digitais já alcançava um terço do total.
O relatório destacou que a estratégia de cobrança “parece estar funcionando não só no New York Times’, mas também nos jornais pequenos e médios”.
Para Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas, “é importante lembrar que o paywal não é bala de prata”.
“Mas está claro que o paywall flexível [poroso] é parte da solução do problema dos jornais, que é a diversificação das fontes de receita.”
Neste sentido, ele ressalta que o “New York Times” anunciou na última semana que vai distribuir dividendos aos acionistas, no terceiro trimestre de 2013, pela primeira vez em cinco anos.