Não precisava nenhuma voz da oposição ter se levantado para que todos se dessem conta do óbvio: foi, sim, uma sacada de marketing político a estratégia da presidenta da República, Dilma Rousseff, de fazer um retorno nada comum às redes sociais na semana que passou. Com a presença do universitário carioca Jéferson Monteiro, de 23 anos, em seu gabinete, Dilma resolveu reativar sua conta no Twitter, dialogando virtualmente com ninguém menos que Dilma Bolada, a personagem que Monteiro criou em homenagem à mulher mais poderosa do país.
A página da Dilma Bolada no Facebook tem mais de 500 mil fãs e o perfil do Twitter, mais de 150 mil seguidores. Os dois meios ficaram famosos por narrar de forma bem-humorada uma mescla do dia a dia real com um cotidiano fictício da presidenta que, aliás, tem até lema – “Sou linda, sou diva, sou presidenta. Sou Dilma”. Seguir a Bolada significa estar a par da intimidade de uma mulher que tem Marcela Temer como empregada, é fã dos sambistas do Raça Negra, ama a cor “vermelho PT”, detesta a “tucanada”, disputa com Cristina Kirchner o posto de “Soberana das Américas” e faz média com seus admiradores, os dilmetes, distribuindo agrados do tipo decretar suspensão do expediente no meio do dia para que os brasileiros possam assistir a algum clássico do cinema na Sessão da Tarde.
A verdadeira e a fake
Após o encontro, que durou cerca de uma hora na sexta-feira (27/9), Monteiro dividiu com seus seguidores a emoção de ter estado lado a lado com a presidenta. E garantiu que todas as expectativas que tinha a respeito dela foram superadas, com um acréscimo: disse ele que Dilma parece ser realmente a personagem que ele imagina ao escrever suas aventuras, dada sua descontração e simpatia.
Embora o efeito pré-eleições seja forte, apenas por esse retorno marcante não há como garantir que, de fato, Dilma seja – ou não – um espelho da personagem que povoa as ideias de Monteiro. Mas, uma coisa é certa, a simpatia da virtual pode e muito ajudar a real a subir novamente a rampa do Planalto em 2015, mesmo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha definido que manifestações via Twitter não mais são consideradas propaganda política. Uma das confirmações de que isso é verdade é o feedback do público que acompanha a página. Certa vez, no comentário de um dos posts engraçados e simpáticos de Monteiro, uma internauta chegou a desabafar que já estava com medo de começar a confundir a Dilma verdadeira com a Dilma fake. Se a confusão tomar conta da mente dos eleitores em frente à urna eletrônica, ponto para a rainha das hashtags.
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Taís Brem é jornalista, Pelotas, RS