O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem [quinta-feira, 16/10] um apelo aos militantes para que esqueçam os meios de comunicação tradicionais e utilizem as redes sociais para defender o legado dos governos do PT. O pedido evidencia o desgaste da relação do ex-presidente com a imprensa brasileira e a aposta do comando petista na internet como uma importante ferramenta nas eleições presidenciais de 2014. Os protestos de junho, agendados pelas redes sociais, reforçaram a percepção no partido. A própria presidente Dilma Rousseff reativou recentemente sua conta no microblog Twitter. Trata-se de nova ofensiva de comunicação do Planalto para recuperar a interlocução com os eleitores jovens após as manifestações.
A internet, observou Lula, tem sido cada vez mais usada para debater assuntos como a política. “Nós temos que estar presentes também nesse espaço, explicando nosso projeto, mostrando os resultados concretos que alcançamos e ouvindo o que as pessoas têm a dizer. Não existe tema em que não tenhamos grandes avanços para mostrar”, disse Lula em mensagem pelo Facebook. Afirmou ainda que cabe aos militantes mostrar nas redes sociais dados que não são divulgados pelos meios de comunicação.
“Não devemos ficar apenas reclamando que não temos espaço em outras mídias. Vamos utilizar essa ferramenta fantástica que é a internet para falar do nosso projeto, mostrar o que já fizemos e, claro, ouvir críticas, sugestões e questionamentos”, reforçou. Como exemplo de avanços, o ex-presidente citou que um milhão de jovens “filhos da classe trabalhadora” chegaram à universidade pelo Prouni, do governo federal, e que 14 mil famílias pobres melhoraram de vida “graças ao Bolsa-Família”, ampliado na gestão petista. Além disso, ressaltou que os governos do PT criaram 20 milhões de empregos em dez anos no poder. Alertou, no entanto, os militantes sobre a importância de checar as informações antes de divulgá-las. “Não vamos colaborar com a criação de uma série de informações e acusações falsas que têm surgido na rede.”
O ex-presidente já havia criticada a imprensa na terça-feira, quando participou, em La Matanza, na Grande Buenos Aires, de um congresso sobre responsabilidade. Na ocasião, disse que a mídia “age como partido político, mas sem coragem para assumir” este papel. “Se alguém algum dia acha que vou mover um dedo para mudar isso, meu dedo até já caiu. Quem tem que dar uma lição [à imprensa] é o leitor. Falem mal, mas falem de mim”, declarou.
******
Fernando Taquari, do Valor Econômico