O melhor jeito de filmar a destruição provocada pelo tufão Haiyan nas Filipinas era do alto. Mas o fotógrafo britânico Lewis Whyld não queria implorar por uma carona em um helicóptero do Exército. Então, ele usou um drone sobre a cidade de Tacloban. Além das imagens usadas na CNN, a aeronave não tripulada descobriu onde estavam dois corpos que depois foram resgatados pelas autoridades.
Whyld e a CNN não estão sozinhos em explorar o potencial dos drones. A agência Associated Press e a News Corp. também aderiram ao equipamento, que pode ser usado para filmar eventos esportivos, cenas da vida selvagem ou mesmo para perseguir celebridades.
Os drones foram desenvolvidos para serem usados com fins militares, mas seu uso civil é cada vez mais frequente. No futuro, é possível que seja capaz de portar sensores para ajudar na cobertura do meio ambiente, oferecendo dados sobre a qualidade do ar, por exemplo. “Os drones dão acesso ao céu a qualquer hora”, disse Chris Anderson, ex-editor da revista Wired e hoje à frente de uma empresa de drones. “Um jornalista jamais teria isso sem o auxílio do governo ou sem alugar um avião.”
Mais em conta
A BBC lançou um drone este ano para acompanhar a criação de uma linha de trem entre Londres e Manchester que, segundo os críticos, pode arruinar parte da zona rural inglesa. “Também penso em equipamento para detectar armas químicas”, disse Tom Hannen, à frente dos drones da BBC. “Você pode fazer jornalismo que antes não era possível.”
A regulamentação tem seguido caminhos diferentes. No Reino Unido, é necessário fazer muitos testes e gastar milhares de dólares para obter a permissão para voar. Nos Estados Unidos, as autoridades só permitem que fabricantes e órgãos do governo possam testar drones, mas devem ampliar em breve o escopo do uso das aeronaves não tripuladas. O uso de drones perto de pessoas pode ser problemático. Alguns deles são pesados. Em incidentes recentes, eles bateram contra arranha-céus em Nova York e caíram sobre uma multidão no estado americano da Virgínia. Outra preocupação é o uso de drones para violar a privacidade alheia.
Para Anderson, já é fato que os drones se tornarão uma ferramenta para o jornalismo. Segundo ele, a tecnologia está ficando mais barata, e em breve será possível abrir um aplicativo de celular, clicar em um mapa e fazer o drone voar até o ponto escolhido. “É parecido com o que aconteceu com o computador. Deixará de ser industrial para ser pessoal”, disse.
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Leslie Kaufman e Ravi Somaiya, do New York Times